Quem vai investigar a participação de Aécio nos desvios de Furnas?

por Miguel do Rosário

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Os escândalos envolvendo o PT, reais ou imaginários, ocupam milhares de repórteres, todos frenéticos e ambiciosos, tentando um lugar ao sol.

Investigar treta petista, mesmo inexistente, vale promoções, prêmios, aumentos de salário, tapinha nas costas dos patrões.

Investigar escândalo tucano, como sabem os jornalistas mineiros, paranaenses e paulistas, apenas serve para abreviar a carreira.

Há vários documentários sobre a brutalidade do PSDB contra jornalistas que insistem em investigar desvios do partido.

Vejam a desproporção no tratamento das notícias.

Todo o auê das últimas horas se dá porque o PGR protocolou, junto ao STF, a abertura de inquéritos envolvendo importantes políticos.

Só isso: foram abertos inquéritos. Agora os políticos serão investigados, poderão se defender, etc.

Pois bem, ao final de 2014, foi instaurado, junto à Polícia Federal, um inquérito para se investigar a sonegação da Globo.

Não se trata de qualquer sonegação, nem de qualquer empresa.

O valor cobrado pela Receita à Globo, superior a R$ 600 milhões em 2006, corresponderia hoje a mais de R$ 1 bilhão.

Não falamos de qualquer empresa, mas de uma concessão pública, a maior do Brasil, e o maior grupo de mídia da América Latina, um império construído sobre o cadáver da nossa democracia.

Por que a abertura do inquérito na PF não foi capa de nenhum portal ou revista?

É uma coisa apavorante: parece que não existiu.

Eu mesmo, que estive na superintendência da PF no Rio de Janeiro, conversei com o delegado, vi o documento, às vezes duvidava de mim mesmo.

O povo não teve esse direito básico: saber que foi aberto um inquérito para se investigar a sonegação da Globo.

Um ano depois, soubemos através de reportagem do Diário do Centro do Mundo que o inquérito foi arquivado.

Claro, o próprio pacto de silêncio da mídia ajudou neste sentido.

O caso apenas ganhou um pouco de notoriedade quando o então candidato ao governo do Rio, Anthony Garotinho, durante sabatina com uma repórter global que tentava acuá-lo com uma bateria de acusações, defendeu-se dizendo que as investigações contra ele eram apenas isso, investigações, e não condenações, da mesma forma que havia uma investigação em curso contra a Globo.

Por que abrir inquérito contra um político vale capa de todos os portais, jornais e revistas do país, e abrir inquérito contra a Globo não aparece em lugar nenhum?

As investigações sobre a sonegação da Globo já haviam motivado a abertura de inquérito preliminar no Ministério Público do Distrito Federal.

A notícia saiu em vários sites alternativos, até mesmo num portal ligado à Globo, o Comunique-se (que publicou, naturalmente, num viés chapa-branca).

Saiu também no portal da EBC.

O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro havia fugido pela tangente, através de uma nota escorregadia, em que afirmava que sabia da sonegação, do roubo do processo, mas que não podia fazer nada.

Nada como ser educado e usar palavras bonitas para dizer ao povo, como Poncio Pilatos, que “lavo as mãos”.

Nada de hotsite especial, como fizeram agora para a Lava Jato.

Nada de cartilha para crianças, como fizeram com o mensalão.

O MPF-RJ, ao menos, fez uma coisa boa. Foi ele que repassou o caso à Polícia Federal, superintendência do Rio de Janeiro, Delegacia Fazendária, que abriu um inquérito.

Mais tarde, quando a íntegra do esquema foi divulgada pela blogosfera, com os nomes das empresas usadas pela Globo para praticar uma evasão fiscal bilionária, notou-se novamente o estrondoso, quase atômico, silêncio da nossa mídia corporativa.

Ninguém quis investigar, ou mesmo noticiar, um esquema que mostra, de maneira emblemática, como os grandes grupos econômicos fazem para sonegar dezenas de bilhões de reais por ano.

O mesmo silêncio se viu para o estudo do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional, estimando a evasão fiscal brasileira em 2014 em mais de R$ 500 bilhões.

*

Voltando a Lava Jato, a grande novidade dela é trazer informações novas sobre a Lista de Furnas, um caso de corrupção que envolve diretamente Aécio Neves.

Ora, Aécio Neves quase foi presidente da república, é presidente do principal partido de oposição e as forças políticas que o apoiam tentam derrubar Dilma para colocá-lo em seu lugar.

Qualquer coisa ligada a seu nome deve ser investigada profundamente, porque é de interesse nacional.

E agora descobrimos que alguns delatores até tentam apontar o dedo para a oposição. Mas as autoridades, assim como fizeram no caso da sonegação da Globo, não parecem se interessar.

Alberto Youssef mencionou propina paga a Aécio Neves com dinheiro público, de uma estatal federal, Furnas, de 1994 a 2001.

Youssef não é o primeiro a falar do caso.

Há um sujeito engaiolado nos presídios de Minas Gerais, Nilton Monteiro, que sempre quis ajudar a Justiça, mas nunca recebeu os benefícios da “delação premiada”.

Será porque Monteiro sempre deixou claro que queria delatar os esquemas tucanos, mais particularmente de Aécio Neves, em Furnas?

(Ouça o áudio da entrevista do Viomundo com Nilton Monteiro. Serve para entender porque Ali Kamel tenta, tão desesperadamente, asfixiar a blogosfera com processos.)

Há inúmeras reportagens sobre a lista de Furnas na blogosfera, todas embasadas em documentos. A delação premiada de Youssef apenas chega para reforçá-las.

A Folha hoje publica uma matéria em que menciona a delação de Youssef contra Aécio Neves. Mas faz de tudo para esconder o nome de Aécio, que aparece apenas no fim do texto.

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FACÇÃO CRIMINOSA. SUMIU PROCESSO CONTRA GRUPO DE AÉCIO COM PROVAS DE CORRUPÇÃO, ASSASSINATO E SUBORNO

por Marco Aurélio Carone/ Novo Jornal

 

Aécio e Anastasia. Os processos contra eles desapareceram
Aécio e Anastasia. Os processos contra eles desapareceram

Só mesmo por meio da interferência de organismos internacionais a moralidade e a legalidade poderão ser restauradas em Minas Gerais. A princípio imaginava-se que uma intervenção federal seria suficiente para pôr fim as constantes quebras das garantias civis e do Estado Democrático de Direito, porém sabe-se agora que a organização criminosa que opera em Minas Gerais tem apoio e até mesmo participação de integrantes da máquina pública federal.

Hoje sem medo de cometer injustiça, pode-se afirmar que os diversos poderes do Estado de Minas Gerais encontram-se reféns de um grupo criminoso que ameaça, intimida, frauda, sequestra e mata sob a proteção das instituições do governo do Estado. A Polícia, o Ministério Público e a Justiça que deveriam combater a organização criminosa estão imobilizadas devido o comprometimento de seus dirigentes.

Não se pode isentar de culpa nem mesmo o governador, Antônio Anastasia, uma vez que é de seu total conhecimento o que vem ocorrendo no Estado. É bem verdade que Anastasia herdou de Aécio o esquema criminoso já montado, entretanto a permanência do mesmo assim como de seus integrantes junto à máquina pública estatal indiscutivelmente depende de sua cumplicidade.

Como já narrado em outras reportagens, Minas Gerais se transformou em um Estado perigoso de se viver, e principalmente para constituir família e criar filhos, em função da inversão de valores após a eleição de Aécio Neves em 2002. Diante de seus vícios e hábitos, sua ida para o Poder representou a captura das instituições do governo por seus companheiros de vício e práticas.

Literalmente, a droga, a corrupção e a pederastia, (não confundir com homossexualismo, opção sexual) passou a ser quesito primordial para escolha de seus assessores e auxiliares. Evidente que a imprensa pouco falou a este respeito devido à censura imposta, contudo os que não eram adeptos do vício e das práticas de Aécio foram afastados do círculo do Poder.

Até mesmo no interior do Estado, tal fato ocorreu através da eleição de prefeitos e vereadores adeptos do que se convencionou chamar de “modelo Aécio”.

Por justiça, é necessário destacar que a grande maioria dos integrantes do TJMG e do MPMG vem lutando contra este estado de desmanche institucional, porém, desembargadores, juízes, promotores e procuradores são impotentes diante do comprometimento de seus dirigentes com o “modelo Aécio”.

Durante seis anos tramitou no TJMG o processo nº 0024.06.001.850-4 oriundo do inquérito nº 1027539, colhendo provas e depoimentos de integrantes e vítimas do esquema criminoso montado no Poder Judiciário, no Ministério Público e na Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, até que o mesmo foi noticiado por Novojornal.

A partir deste momento o processo passou a tirar o sono de Aécio Neves, pois as investigações fatalmente chegariam a ele devido seu envolvimento em fatos apurados e citados nas investigações e da comprovada participação de seus principais assessores e amigos no esquema criminoso.

Além de Aécio, grandes empresários, advogados e alguns integrantes dos Poderes, Executivo, Legislativo, Judiciário do Ministério Público e da Polícia Civil de Minas Gerais também passaram a temer o processo.

Após a instauração do inquérito nº 3530 no STF em Brasília devido ao atentado contra Nilton Monteiro atribuído a Césio Soares Andrade, Eduardo Azeredo e Walfrido dos Mares Guia o processo anteriormente citado passou a ser cobrado insistentemente pela Polícia Federal, pelo STF e CNJ e ninguém o encontrava.

Segundo seus colegas, incansável foi à busca pelo advogado Dino Miraglia, nas diversas varas por onde passou o processo para encontrá-lo e comprovar serem verdadeiros os documentos e fatos narrados por Milton Monteiro, que embora não condenado, se encontra preso por prazo “indeterminado” sob a acusação de falsificação de documentos. Diante da insistência do Dr. Dino o TJMG foi obrigado a certificar que o processo havia desaparecido.

Consta da representação do Dr. Dino ao CNJ que o delegado Nabak vem avocando todas as investigações que tenham relação com o grupo criminoso a exemplo dos inquéritos que estavam sob sua presidência quando de sua transferência do DEOESP e de ser o responsável pelo desaparecimento do processo.

A atuação do delegado é igualmente investigada em vários procedimentos instaurados pelo Ministério Público Mineiro e através da Ação Penal do processo nº 0024.13.003.776-6 por ter ameaçado de morte o advogado de Monteiro, Dr. Dino Miraglia.

Enquanto isto, Nilton Monteiro permanece como preso político do PSDB mineiro, tendo em vista ter entregado a “Lista de Furnas”, a “Lista do Mourão”, AP 2280 ao STF e por ser a principal testemunha de acusação no processo do Mensalão tucano. Segundo versão corrente no meio jurídico, dificilmente o mesmo sairá vivo da prisão, principalmente, após o atentado conforme apurado no inquérito 3530 do STF.

Novojornal teve acesso à representação do Advogado Dino Miraglia e de Milton Monteiro ao Conselho Nacional de Justiça – CNJ, acompanhada das principais peças constantes do processo desaparecido. Tais peças são disponibilizadas com exclusividade para nossos leitores. Trata-se de documentos que chocam qualquer cidadão comum, pois mostram as vísceras do Poder construído por Aécio Neves e seu grupo.

Importante: Todos os documentos apresentados nesta reportagem estão autenticados e a disposição do TJMG com o advogado Dr. Dino Miraglia, caso o Tribunal queira restaurar o processo desaparecido.

 

Transcrito do GGN e diferentes blogues 

Violência mineira: Vingança e censura prenderam o jornalista Carone

Juíza fala em “intimidação” e “formação de quadrilha”, mas não apresenta provas. Site atingido fez denúncias constantes contra governo mineiro e Aécio Neves. Denúncias que se transformaram em notícias na imprensa.

Por Altamiro Borges, em seu blog:

Numa operação no mínimo suspeita, a polícia de Minas Gerais prendeu o jornalista Marco Aurélio Flores Carone, diretor de redação do sítio Novo Jornal. Ele foi detido em Belo Horizonte por solicitação da juíza Maria Isabel Fleck, da 1ª Vara Criminal. Em novembro passado, o Ministério Público do Estado o denunciou por formação de quadrilha, falsificação de documentos, falsidade ideológica, denunciação caluniosa e fraude processual. Todas as acusações tiveram como base os contatos estabelecidos pelo jornalista com o lobista Nilton Monteiro, que tornou pública a explosiva “Lista de Furnas” sobre o esquema de desvio de dinheiro da estatal nos governos tucanos de Minas Gerais.

De forma arbitrária, a juíza argumentou que ambos fazem parte de uma quadrilha com o objetivo de “difamar, caluniar e intimidar” adversários políticos e autorizou a prisão preventiva do jornalista para impedir novas edições do site. Ela também afirmou, sem provas, que o Novo Jornal é financiado com dinheiro de origem ilegal. O jornalista nega todas as acusações. “Eu sou um preso político. Estou sendo preso por questões políticas. Quem me conhece sabe do meu trabalho, tenho 30 anos de profissão. Estou tranquilo e vou provar que isso não corresponde à verdade. Fiquei conhecendo o promotor hoje aqui, ele chegou me agredindo verbalmente. Meu passado me defende”, afirmou ao Portal R7.

De imediato, o bloco parlamentar “Minas Sem Censura”, que reúne deputados estaduais do PT, PMDB e PCdoB, acusou os aliados do senador Aécio Neves, o cambaleante presidenciável do PSDB, de orquestrar a prisão como forma de censura. “Se você estabelece a prisão para evitar a publicação de material jornalístico, está oficializada a censura prévia”, reagiu o deputado Rogério Correia (PT), vice-líder do bloco.

Como relembra a Rede Brasil Atual, “a Lista de Furnas é um documento que revela as quantias pagas a políticos do PSDB, PFL (hoje DEM) e PTB em esquema de desvio de verbas intermediado pelo publicitário Marcos Valério em 2000, com o objetivo de abastecer o caixa dois de campanha desses partidos nas eleições de 2002. O caso ficou conhecido como ‘mensalão tucano’ por envolver os mesmos personagens denunciados contra o PT em 2005. O PSDB nega a existência do esquema, que pode ter movimentado mais de R$ 40 milhões, e a autenticidade da Lista de Furnas, embora a Polícia Federal tenha comprovado, em perícia, que a lista tem a caligrafia de Dimas Toledo, então presidente da estatal de energia”.

“Em entrevista realizada em agosto do ano passado e divulgada pelo Youtube, o ex-advogado de Nilton Monteiro afirmou que o caso de Furnas envolveria até o assassinato da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, em agosto de 2000. Segundo ele, além de trabalhar como garota de programa para os envolvidos no esquema, ela era ainda responsável por transportar o dinheiro desviado da estatal em malas. O assassinato, registrado como suicídio até a revelação de sinais de asfixiamento da modelo, seria queima de arquivo, uma vez que a modelo queria abandonar a quadrilha”, conclui a reportagem da Rede Brasil Atual.

Transcrevi trechos. Azeredo renunciou o mandato de deputado federal, para ser julgado pelo STF. Há um pedido de prisão para ele, que pretende ser julgado pelo Tj-MG. Certo ele.

Sobre Aécio volta o noticiário de suas transações governamentais:

Esquema de Aécio Neves com a light paga dívida de US$ 269 milhões da Rede Globo

Conforme noticiado pelo Novo Jornal, o governador Aécio Neves na montagem de um esquema capaz de alavancar sua candidatura à Presidência da República vem utilizando, sem qualquer fiscalização, o patrimônio público de Minas Gerais. Isto porque tem contado com a omissão de parte da Assembléia Legislativa e da alta direção do Ministério Público mineiro.

Após utilizar-se das ações da Copasa, conforme matéria publicada pelo Novo Jornal em 19 de dezembro de 2006, intitulada “Aécio vende Copasa e investe no Rio” (clique no link para ler), transferindo para a empresa Capital Group International Inc., pertencente ao mesmo grupo econômico da Editora Abril e Folha de S. Paulo R$ 800 milhões em ações da Copasa agora através da Cemig monta a empresa RME – Rio Minas Energia Participações S/A, sem qualquer autorização legislativa para compra da concessionária de energia carioca Light, transferindo para os fundos credores da Rede Globo, GMAM Investment Founds Trust I, Foundations For Research, WRH Global Securities Pooled Trust, um crédito em ações de US$ 269 milhões, através do pagamento feito a maior que a quantidade de ações adquiridas na Bovespa pela RME – Rio Minas Energia Participações S/A, na operação de compra.

Este detalhe só é percebido se verificado o constante na folha 4 – II do parecer nº 06326/2006/RJ da Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, que analisou e aprovou a transação. Lá consta que a RME-Rio Minas Energia Participações S/A adquiriu 75,40% da Light, embora tenha comprado e pago 79,57%, inclusive é esta a quantidade de ações constantes nas atas da Cemig que autorizaram a compra assim como é informado no próprio site da Light.

Esta diferença aparece apenas como uma operação (escrituração no pregão da bolsa) e só foi possível devido a diferença entre avaliação patrimonial da empresa (valor real com deságio) e o valor pago.

Trata-se, mais uma vez, da utilização da desonesta operação do “pagar a maior”, algo vulgarmente utilizado pelas empresas particulares para esconder ou desviar lucros, onde compra-se nota fria. Leia mais . Essa notícia também foi compartilhada por Geraldo Elísio, outro jornalista que teve a casa invadida pela polícia tucana, da página do Po Serra, com a ilustração abaixo:

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Polícia do governador Anastasia (PSDB) invade residências de jornalistas da oposição. A cumplicidade da justiça

A justiça e a polícia não param de atazanar os jornalistas que fazem oposição aos tucanos, em Minas Gerais, principalmente a Aécio Neves. Tudo se faz para anestesiar o povo. Com a cumplicidade dos jornais governistas, comprados a peso de ouro.

Escreve Conceição Lemes:

Os bastidores da política mineira estão em ebulição. Na Justiça, o delator do mensalão mineiro, Nilton Monteiro, o jornalista Marco Aurélio Carone e o advogado Dino Miraglia são acusados de formar quadrilha com o objetivo de disseminar documentos falsos, inclusive por meio de um endereço na internet, com o objetivo de extorquir acusados. Os dois primeiros estão presos. Houve busca e apreensão na casa do advogado.

Esta é a versão oficial, que tem sido noticiada em Minas Gerais.

Mas há outra, que deriva de um fato político: Nilton, Carone e Miraglia se tornaram uma pedra no sapato dos tucanos em geral e do senador Aécio Neves em particular, agora que ele concorre ao Planalto.

Nilton é testemunha nos casos do mensalão mineiro e da Lista de Furnas, esquemas de financiamento de campanha dos tucanos nos anos de 1998 e 2002. Carone mantinha um site em que fazia denúncias contra o ex-governador mineiro. Dino representou a família de uma modelo que foi morta em circunstâncias estranhas. O advogado sustenta que ela era a intermediária que carregava dinheiro vivo no esquema do mensalão mineiro e levou a denúncia ao STF.

Desde 20 janeiro, quando ocorreu a prisão de Marco Aurélio Carone, diretor-proprietário do site Novo Jornal, o bloco parlamentar de oposição a Aécio Neves na Assembleia Legislativa Minas Sem Censura (MSC) denuncia: a prisão preventiva do jornalista é uma armação e tem a ver com o chamado “mensalão tucano” e a Lista de Furnas no contexto das eleições de 2014.

Na última sexta-feira, 31 de janeiro, um lance evidenciou o roteiro. Segundo o Minas Sem Censura, há indícios de um amplo complô de políticos do PSDB e governo mineiro associados a setores do Judiciário e Ministério Público contra a oposição.

O plano A, de acordo com a oposição mineira, era prender o jornalista e pressioná-lo a assinar uma falsa acusação contra vários adversários.

A começar pelo ministro Fernando Pimentel, da Indústria e Comércio, que sempre foi muito próximo dos tucanos, mas se tornou uma pedra no caminho deles.

Na eleição de 2008 à prefeitura de Belo Horizonte, o senador Aécio Neves (PSDB) e Pimentel apareceram juntos na propaganda eleitoral na TV, apoiando Márcio Lacerda (PSB).

Porém, a relação começou a azedar, quando Aécio se colocou como candidato à presidência da República contra a presidenta Dilma Rousseff. E desandou de vez com disposição de Pimentel, nas eleições de 2014, ser o candidato do PT ao Palácio da Liberdade, ocupado há 16 anos pelo PSDB.

Na lista de “incriminados”, também estariam, entre outros:

* Rogério Correia, deputado estadual, líder do PT na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALEMG).

* Durval Ângelo (PT), deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALEMG.

* Sávio de Souza Cruz (PMDB), deputado estadual, líder da oposição na ALEMG.

* Protógenes Queiroz, deputado federal (PCdoB-SP) e delegado licenciado da Polícia Federal (PF).

* Luís Flávio Zampronha, delegado da PF, responsável pelo relatório do mensalão tucano.

* William Santos, advogado, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil– seção Minas (OAB-MG).

Em troca da delação premiada, o jornalista ganharia a liberdade. A proposta teria sido lhe oferecida pelo promotor André Luiz Garcia de Pinho. O mesmo que pediu a sua prisão preventiva e já havia sido alvo de denúncia no site do próprio preso.

Marco Aurélio Carone fez essas e outras revelações na quarta-feira 29 a Rogério Correia e Durval Ângelo. Junto com eles, representando a OAB-MG,  estava o advogado Vinícius Marcus Nonato.

Os três ouviram-no no Hospital Biocor, onde ficou internado de 25 a 28 de janeiro, sob vigília policial.

A conversa durou 31min15s.  Foi gravada e dividida em duas partes (na íntegra, sem qualquer edição, ao final desta reportagem).  É que aos 7min28s, a pedido da enfermagem, teve de ser interrompida, para o jornalista receber medicação.

Carone recusou a delação premiada: “Sou filho de pai e mãe cassados, vou morrer, não tem problema. Mas de mim eles não conseguem nada, em hipótese alguma”.

Segundo a oposição mineira, fracassado o plano A, partiram para o plano B, devassar os documentos do jornalista e do Novo Jornal, cujas matérias desagradam politicamente a cúpula do PSDB e do governo mineiro, para descobrir suas fontes de informação.

Por determinação da 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte, agentes da Polícia Civil (Depatri) realizaram busca e apreensão de agendas, computadores e documentos na sede do Novo Jornal.

Fizeram o mesmo na casa de Carone e na do jornalista Geraldo Elísio, Prêmio Esso Regional de Jornalismo e que trabalhou no Novo Jornal até sete meses atrás.

Harondo André Toscano de Oliveira

“Uma equipe composta por um delegado e três outros investigadores do Depatri visitou-me com ordem de busca e apreensão de meu netbook, minhas cadernetas de telefone, CD’s e anotações, principalmente em um livro no qual escrevo poesias”, postou na sua página no Facebook . “Fizeram uma relação de objetos levados perante testemunhas legais, mas nada me mostraram.”

“Esses atos são obra de Andréa [Neves] e seu irmão [senador Aécio Neves, PSDB-MG], para tentar desqualificar a Lista de Furnas e o mensalão tucano, para que não entrem em julgamento no STF”, afirma Geraldo Elísio ao Viomundo. “Para isso não estão titubeando em lançar mão de tentativas loucas e desmesuradas, inclusive incriminar os deputados Rogério Correia e Sávio Souza Cruz, que certamente o doutor Tancredo Neves reprovaria. Eles não herdaram a inteligência nem o bom senso do avô.”

Durval Ângelo: O “promotor André Pinho (foto acima) não tem isenção para atuar no caso, é suspeito”
Durval Ângelo: O “promotor André Pinho (foto acima) não tem isenção para atuar no caso, é suspeito”

LIBERDADE DE IMPRENSA VIOLADA COM A CUMPLICIDADE DA MÍDIA

Rogério Correia está perplexo: “É estranho uma ordem de busca e apreensão na residência do jornalista Geraldo Elísio. Evidencia o caráter de censura da operação em curso”.

O bloco Minas Sem Censura, integrado por PT, PMDB e PRB, denuncia:

O bloco parlamentar Minas Sem Censura vem a público mais uma vez registrar sua perplexidade e sua indignação com mais essa atitude do Judiciário mineiro, no caso do Novo Jornal.

A ordem de busca e apreensão expedida contra o diretor proprietário do Novo Jornal e contra o repórter Geraldo Elísio configura mais um absurdo do caso.

Depois de vários dias da prisão de Carone, sem fato concreto que pudesse incriminá-lo, vasculhar sua residência e a de Elísio, só tem sentido como ato de intimidação.

Se a credibilidade dessa atípica atitude de censura já era mínima, agora chega ao limite da desmoralização. Não conseguindo forjar a delação premiada, só restou essa truculência: busca e apreensão.

Qual será a próxima ousadia? Qual a credibilidade de supostas “provas” que eventualmente “apareçam”?

Invadir casas de jornalistas é um precedente perigoso. Em Minas não se respira liberdade.

Na verdade, nesse 31 de janeiro de 2014, Minas sofreu um atentado à liberdade de imprensa digno dos tempos da ditadura civil-militar no Brasil.

(Transcrevi trechos. Leia mais sobre o terrorismo tucano e a morte anunciada de Carone)

Justiça mineira manda prender jornalista adversário de Aécio Neves

 Rede Brasil Atual – [Diego Sartorato] Alegação da detenção é formação de quadrilha com Nilton Monteiro, denunciante do mensalão mineiro; bloco Minas sem Censura quer depoimento de jornalista na Assembleia Legislativa.


O jornalista mineiro Marco Aurélio Flores Carone, diretor de redação do sitenovojornal.com, foi preso na manhã de hoje (20) em Belo Horizonte por autorização da juíza Maria Isabel Fleck, da 1ª Vara Criminal da capital mineira. Carone foi denunciado pelo Ministério Público estadual em novembro por formação de quadrilha, falsificação de documentos públicos e particulares, falsidade ideológica, uso de documento falso, denunciação caluniosa majorada e fraude processual majorada – todas acusações relativas ao contato entre o jornalista e o lobista Nilton Monteiro, que tornou pública a Lista de Furnas após ter colaborado com suposto esquema de desvio de dinheiro da estatal. A juíza entende que ambos fazem parte de uma quadrilha cujo objetivo é “difamar, caluniar e intimidar” adversários políticos, e autorizou a prisão preventiva do jornalista para impedir novas publicações. Além disso, aponta o fato de que o NovoJornal seria financiado com dinheiro de origem ilegal, uma vez que o site não contaria com anunciantes suficientes para manter a página.

Carone, amparado pelo bloco parlamentar Minas Sem Censura, que reúne deputados estaduais de PT, PMDB e PRB, negam as acusações e denunciam perseguição política e investida dos aliados do senador Aécio Neves (PSDB) para calar o NovoJornal. “Ora, se você estabelece a prisão preventiva para evitar a publicação de material jornalístico, está oficializada a censura prévia”, lamenta o deputado Rogério Correia (PT), vice-líder do bloco Minas sem Censura.

IRMÃ DE AÉCIO COMANDA

“Assim que voltarmos do recesso, vamos convocá-lo para prestar depoimento na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. Nesse caso, ele pode vir mesmo estando preso, para denunciar a perseguição promovida pelo PSDB de Minas contra seus adversários políticos”, defende o parlamentar, que afirma já ter sido alvo de prática similar. “Quando do surgimento da Lista de Furnas, encaminhei o relatório à Polícia Federal e, por isso, o vice-presidente nacional do PSDB tentou a cassação do meu mandato. É a mesma situação. A censura tem agentes no Ministério Público e no Judiciário, mas, quando é com a imprensa, quem organiza a perseguição é a própria irmã do senador, Andréa Neves.”

O NovoJornal, em texto publicado no ano passado, acusa a irmã de Aécio, que é jornalista e integrará a direção da campanha a presidente do tucano, de ter procurado anunciantes do portal à época e intimidá-los para que parassem de investir no “jornaleco da oposição”. O senador Aécio Neves foi procurado pela RBA por meio do diretório nacional do PSDB para comentar o caso, mas não deu resposta à reportagem até o momento da publicação.

LISTA DE FURNAS

A Lista de Furnas é um documento que revela as quantias pagas a políticos de PSDB, PFL (hoje DEM) e PTB em esquema de desvio de verbas intermediado pelo publicitário Marcos Valério em 2000, com o objetivo de abastecer o caixa dois de campanha desses partidos nas eleições de 2002, caso que ficou conhecido como “mensalão tucano” por envolver os mesmos personagens e operações envolvendo denúncias contra o PT em 2005. O PSDB nega a existência do esquema, que pode ter movimentado mais de R$ 40 milhões, e a autenticidade da Lista de Furnas, embora a Polícia Federal tenha comprovado, em perícia, que a lista conta com a caligrafia de Dimas Toledo, então presidente da estatal de energia. O caso aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal; o julgamento contra o PT foi realizado entre 2012 e 2013, e condenou 36 pessoas.

Em entrevista realizada em agosto do ano passado e divulgada pelo Youtube, o ex-advogado de Nilton Monteiro Dino Miraglia afirmou que o caso de Furnas envolveria até o assassinato da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, em agosto de 2000 – segundo ele, além de trabalhar como garota de programa para os envolvidos no esquema, ela era ainda responsável por transportar o dinheiro desviado da estatal em malas. O assassinato, registrado como suicídio até a revelação de sinais de asfixiamento da modelo, seria queima de arquivo, uma vez que a modelo queria abandonar a quadrilha.

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AMEAÇA DE MORTE

Miraglia abandonou a defesa do lobista Monteiro após ter a casa invadida por dez policiais militares que tinham mandato para procurar um documento falso, mas que teriam aproveitado a oportunidade para ameaçar sua vida. O motivo teria sido o pedido do advogado para enviar a Lista de Furnas ao STF. (Transcrito do Diário Liberdade)

Aécio e Andréa Neves sobreviveram protegidos pelo silêncio da mídia mineira. Ao tentarem alçar vôo nacional, sendo observados pela mídia digital a máscara caiu

O abraço de afogados: quem conhece sabe que é o início do fim

por Marco Aurélio Carone/ Novojornal

Aécio e Andréa Neves
Aécio e Andréa Neves

No passado, os veículos da imprensa nacional mantinham ativas e independentes sucursais nos diversos Estados do País. Minas não era exceção. Houve um tempo em que os funcionários destas sucursais na capital mineira, somados, suplantavam o número de funcionários trabalhando nos veículos da imprensa local.

Como exemplo, basta citarmos as sucursais: do “Estado de São Paulo”, “Folha de São Paulo”, “Última Hora”, “Jornal do Brasil”, “O Globo”. O que ocorria em Minas Gerais era rapidamente repassado. É evidente que naquela época, como agora, os Poderes econômico e político interferiam nas publicações das matérias. Mas, por meio de relatos e conversas informais entre os jornalistas das sucursais mineiras com seus colegas de outros estados, transmitia-se com fidelidade o que aqui estava acontecendo.

Com a crise batendo na porta destes veículos, e diante do “acordo” celebrado com o Governo de Minas − quando se instituiu o FEE mensal, valor pago aos veículos para publicação de releases − estas sucursais foram sendo extintas, permanecendo algumas poucas com reduzido número de jornalistas, com a adoção da pré-aprovação das pautas a serem cumpridas por seus jornalistas.

Desta forma, a imprensa nacional ficou refém, pois, tem que utilizar como informação o que a imprensa local publica, sendo induzida ao erro. Como é de amplo conhecimento, essa imprensa local, vivendo uma enorme crise financeira, viu-se obrigada a subordinar-se a vontade do maior e praticamente exclusivo anunciante, o Governo de Minas.

Até 1991, no segundo governo de Hélio Garcia, esta relação era sutil, embora irregular e sem maiores imposições. Porém, na mesma porta que entrou Washington Mello para exercer o cargo de assessor de imprensa, entrou junto o modelo que vigora hoje. É evidente que, diante do que vem ocorrendo a partir de 2003, o esquema de Mello pode ser considerado “juvenil”.

Com a posse de Aécio em 2003, implantou-se um modelo draconiano, por meio de negociação das verbas de publicidades, pertencentes ao Governo. As verbas das autarquias e empresas públicas foram concentradas em uma secretaria, sendo administradas e direcionadas para os veículos segundo a vontade de Andréa Neves.

O critério para o recebimento desta verba passou a ser o de total submissão editorial ao Governo de Minas. A esta degradada relação houveram resistências, assim como e em idêntico número as vítimas, mas ela se manteve protegida pelas montanhas de Minas. O comportamento e costume de Aécio, de seus auxiliares e de seu governo passaram a ser assunto proibido na imprensa regional. Dar espaço e voz à aqueles que pensavam diferente do Governo, passou a ser crime.

Denúncias não eram toleradas, os veículos que as ousassem fazer eram punidos severamente com a perda da propaganda oficial e demissão do profissional que as fizera, além da perseguição pelos órgãos de repreensão do governo que, para surpresa de todos, eram capitaneados por integrantes do MPMG − participantes da ala do ex-procurador Jarbas Soares e sucessores.

O Novojornal vem destoando desta realidade desde 2006, pois além de seu mínimo custo, foi criado e mantido através da venda de patrimônio pessoal de seu diretor responsável. Esse, por ter dirigido diversos veículos da mídia, inclusive dois jornais diários na capital, planejara o retorno do investimento em 10 anos, prazo normal para o setor.

Com a lógica de que os veículos da imprensa só sobreviveriam se recebessem verba de publicidade do governo, Andréa Neves não aceitava que o Novojornal sobrevivesse. Através de uma “parceria” com Jarbas Soares, o então procurador Geral do Ministério Público, tentou em 2008 fechar e desmoralizar o portal jornalístico, não obtendo sucesso.

Vieram dezenas de processos, o que igualmente, não surtiu qualquer efeito, pois, continuávamos a noticiar. Passou-se então, a perseguir nossos colaboradores e funcionários, além de ameaçar e constranger nossos anunciantes. Desesperados, passaram a utilizar a máquina policial no intuito de intimidar e tentar obter acesso às nossas fontes de informação. Por último, utilizando-se de um promotor que “disposto a tudo”, como demonstra seu passado, acusou o diretor responsável do Novojornal de ser relações públicas de uma quadrilha de falsários.

O motivo: o Novojornal deu voz ao denunciante do esquema criminoso, denominado “Lista de Furnas”, montado para abastecer financeiramente a campanha do atual senador, Aécio Neves ao governo de Minas. O documento foi periciado e atestado como autêntico pela Polícia Federal.

Para a grande maioria dos amigos e familiares tratava-se de uma luta inglória, pois o poder que Aécio e seu grupo conseguiram no País e no exterior era gigantesco. Impossível de ser confrontado.

Devo admitir que por diversas vezes me perguntei se valia a pena. As ofertas milionárias e a cobrança de familiares e amigos defendendo a busca de um acordo para levar vantagem, obrigaram-me a afastar dos mesmos. Agora, anos depois, leio entrevista do próprio assessor de marketing de Aécio afirmando ser impossível sua pretensão de ser candidato a presidência, diante do que foi noticiado pelo Novojornal.

A mídia nacional vem diariamente recorrendo ao trabalho do Novojornal para fundamentar suas pautas e noticiar sobre o Aécio Neves que ninguém conhecia. Os documentos que comprovam as matérias são solicitados e fornecidos. Desesperada, Andréa busca ajuda do “Gangster da Imprensa” Leonardo Attuch, para plantar uma matéria na revista “IstoÉ” com a finalidade de denegrir a imagem do portal e de seu diretor responsável.

Mais uma vez deu errado. “IstoÉ” esqueceu-se que fora ela o primeiro veÍculo a noticiar que a “ Lista de Furnas” era verdadeira.O que provocou, além de enorme insatisfação e discussão na redação, a internação de um de seus melhores jornalistas.

O questionamento da mídia independente quanto aos motivos que levaram a revista a praticar tal absurdo, acabaram por trazer à tona um esquema montado por Aécio Neves junto a Editora Três, dona da publicação.

Descobriu-se que, assim como em relação ao livro “Privataria Tucana”, existia a digital de Aécio nos ataques que a “IstoÉ” vem fazendo ao PSDB paulista. Desmoralizado, ele é hoje conhecido nacionalmente como um garoto mimado, despreparado e teleguiado por sua irmã, que cuida até de suas constantes internações por dependência química. Aécio busca o Poder por capricho e vaidade, visando atender os seus interesses financeiros, de seus familiares e patrocinadores.

Sem falsa modéstia, entendemos que dentro de nossas limitações, contribuímos para que a população tenha conhecimento de quem é Aécio Neves e sua irmã Andréa, assim como, o que ocorreu em Minas Gerais neste período sombrio.

Nosso diretor responsável, quando questionado pelo já falecido pai dos irmãos Neves, Aécio Cunha, sobre os motivos das críticas do Novojornal ao comportamento de sua filha a quem ele considerava um gênio, respondeu:

Ela o criou, o escravizou e vai matá-lo.

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Ditadura mineira. Perseguido por Aécio Neves, Nilton Monteiro operador e delator do Mensalão Tucano e da Lista de Furnas, preso sem condenação, tem medo de morrer

Por Lúcia Rodrigues, de Belo Horizonte, especial para o Viomundo

Milton Monteiro
Milton Monteiro

Quem vê aquele homem de cabelo grisalho, algemado, com uniforme de presidiário e chinelo de dedo nos pés, sendo escoltado por dois policiais militares pelos corredores do Fórum Lafayette, no centro de Belo Horizonte, não tem ideia de que se trata da mesma pessoa que entregou à Polícia Federal um esquema de corrupção do PSDB.

Nilton Monteiro é a principal testemunha contra a cúpula do partido em Minas Gerais. Em 2005, revelou a trama urdida pelos tucanos para desviar dinheiro público para o financiamento das campanhas de Eduardo Azeredo à reeleição ao governo do Estado e de parlamentares de vários partidos, em 1998.

Preso desde maio de 2013, agora no complexo penitenciário de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de BH, sob a acusação de coagir testemunhas em um processo em que aparece como falsário, Monteiro decide denunciar quem tem interesse em vê-lo atrás das grades. Ele se declara inocente e jura ser vítima de uma armação de políticos denunciados no esquema do mensalão tucano, que querem mantê-lo na cadeia afastado dos holofotes.

O nome do senador Aécio Neves (PSDB-MG) encabeça a relação. “Por detrás da minha prisão está o Aécio Neves… Eu fui operador do esquema junto com o Marcos Valério”, frisa.

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A lista com os nomes dos políticos arrolados no mensalão tucano é extensa. O senador Aécio Neves, pré-candidato à Presidência da República, é um dos que aparecem, como beneficiário de R$ 110 mil.

O dinheiro chegou a suas mãos pelo esquema do publicitário Marcos Valério, que esquentava os recursos públicos nas agências de publicidade que comandava: a SMP&B e a DNA, as mesmas empresas acusadas de servir ao mensalão petista anos mais tarde.

Dois pesos e duas medidas

Apesar de a lista do mensalão tucano ou mineiro, como a grande mídia prefere classificar o escândalo, ter sido reconhecida por peritos da Polícia Federal como verdadeira, nenhum dos envolvidos no desvio de dinheiro público pelo esquema de corrupção do PSDB foi julgado até agora.

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Em 2009, o relator do processo no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, atendendo a solicitação dos réus, entre eles Marcos Valério, desmembrou o inquérito e remeteu para Minas os casos dos envolvidos no mensalão tucano que não tinham foro privilegiado.

Desmembramento semelhante não aconteceu no caso dos petistas.

Quatro anos depois, Valério foi condenado por Joaquim Barbosa a mais de 40 anos de prisão em regime fechado pelo mensalão que teria sido encabeçado pelo ex-ministro José Dirceu. O crime pelo qual Valério foi julgado é absolutamente similar ao que teria cometido no esquema do PSDB. Nos dois casos, sua função era mesma: dar cobertura legal a esquemas de desvio de dinheiro público.

Neste caso, Valério será julgado pela justiça estadual mineira.

Em Brasília só permaneceram os casos do agora senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), do senador Clésio Andrade (PMDB-MG), além do ex-ministro do Turismo e das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PSB-MG), por terem foro privilegiado. Posteriormente, quando deixou a pasta ministerial, o processo de Mares Guia também seguiu para Minas. Ele teria se beneficiado da prescrição do crime ao completar 70 anos, no ano passado.

A conta-gotas

O processo que tramita na Justiça de Minas envolve 10 réus. O promotor de justiça de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte João Medeiros Silva Neto, responsável pela acusação, considera que os réus do mensalão tucano devem ser julgados no final de 2014, início de 2015. Ele considera o prazo plausível devido ao número elevado de testemunhas arroladas no processo.

Antecipa que vai pedir a condenação dos réus por peculato e lavagem de dinheiro. Esses crimes prevêem penas de dois a 12 anos e de três a 10 anos de reclusão, respectivamente.

“O Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470 fixou penas bem elevadas. Esperamos que isso sirva de parâmetro para as penas na justiça estadual”, ressalta o promotor.

Até agora só testemunhas foram ouvidas no processo. A próxima fase prevê o depoimento dos réus, mas ainda não há data marcada para que isso aconteça. No último dia 10, a oitiva de uma testemunha foi cancelada.

A reportagem do Viomundo procurou a juíza da 9° Vara Criminal, Neide da Silva Martins, no fórum de Belo Horizonte, para obter mais detalhes sobre o processo. Ela solicitou, por meio de sua secretária, que as perguntas fossem encaminhadas por escrito, mas ainda não retornou o contato.

Personagem conturbado

Nilton Monteiro tornou-se peça-chave no esquema de acusação contra os tucanos, conduzido pelas mãos de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro da campanha de Eduardo Azeredo e ex-secretário do governo de Minas.

De aliado político, Mourão passou a desafeto do ex-governador. O motivo seria uma dívida de campanha, da ordem de R$ 700 mil, que Azeredo não queria saldar com o filho do ex-secretário Mourão. Nilton Monteiro teria passado, então, a pressionar Azeredo com a lista de Mourão que denunciava o mensalão mineiro.

Azeredo entrou em acordo com Mourão e os dois reataram politicamente. O que eles não contavam é que Monteiro não devolvesse a lista, que em seu poder se transformou em instrumento de poder político.

Pressionados pelas denúncias, os tucanos passaram a desqualificar as acusações. Monteiro, de repente, começou a ser identificado por eles como aliado do PT, quando é cria do ninho tucano.

Apesar de afirmar que não se arrepende de ter denunciado o esquema de corrupção do PSDB, Monteiro viu sua vida virar de ponta cabeça. De braço direito do ex-empreiteiro e ex-deputado federal Sérgio Naya, hoje Nilton Monteiro dorme em um colchão no chão da cela que divide com outro detento e trabalha como jardineiro no presídio.

A escolha por uma prisão de segurança máxima foi dele, que teme pela própria vida. Ele acusa o delegado Márcio Nabak de comandar várias retaliações que já sofreu. Segundo Nilton, Nabak seria aliado de políticos denunciados no esquema de corrupção tucana.

O medo de retaliação à família também preocupa Monteiro. Ele quer a federalização de seus processos.

A reportagem do Viomundo entrevistou Nilton Monteiro em uma sala reservada dentro do gabinete do juiz da 3° Vara Criminal de Belo Horizonte, Guilherme Sadi, no último dia 6, quando ele compareceu ao fórum da capital mineira para participar de audiência. O recinto é reservado para conversas entre réus e advogados.

Durante toda a entrevista Nilton foi mantido algemado e um policial militar permaneceu dentro da sala. A pedido do advogado de Nilton, William Souza, a reportagem garantiu que a fotografia do réu não o identificaria com as algemas.

*Os leitores do Viomundo financiaram a viagem e a série de reportagens de Lúcia Rodrigues a respeito do mensalão tucano. Para ajudar, clique aqui.

 Veja a entrevista completa, clique aqui
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