Encurtemos as distâncias entre o salário mínimo e o salário dos desembargadores, dos coronéis da PM, dos senadores, entre um favelado e um banqueiro, entre os palácios e favelas

justiça social Amorim

Essa distância o papa Francisco vem mostrando nos sermões.

No Brasil as desigualdades são cruéis. Pastores, com seus palacetes e aviões de luxo, pregam o fanatismo religioso. É difícil neste mundo cruel ser cristão, pregar o amor, que apenas existem – ensinou Jesus – dois mandamentos que é um só: amar a Deus e amar o próximo.

Não existe justiça social nos despejos judiciários. Não existe amor em uma sociedade que convive com o trabalho escravo, o tráfico de pessoas e 500 mil prostitutas infantis.

Os governantes apenas trabalham pelos empresários financiadores de campanhas eleitorais. Nada se faz que preste para o povo. O Rio de Janeiro possui 1 mil e 100 favelas. São Paulo, 2 mil 627 favelas.

Jesus-prega-ao-povo

Aproximar-se das pessoas marginalizadas, encurtar as distâncias até chegar a tocá-las sem ter medo de se sujar: eis a «proximidade cristã» que nos mostrou concretamente Jesus libertando o leproso da impureza da doença e também da exclusão social. A cada cristão, à Igreja inteira, o Papa pediu que tenha uma atitude de «proximidade»; fê-lo durante a missa na manhã de sexta-feira, 26 de Junho, na capela da Casa de Santa Marta. A próxima celebração está prevista para terça-feira 1 de Setembro.

«Quando Jesus desceu do monte, grandes multidões o seguiam»: Francisco iniciou a homilia repetindo precisamente as primeiras palavras do Evangelho de Mateus (8, 1-4) proposto pela liturgia. E toda aquela multidão, explicou, «tinha ouvido as suas catequeses: ficaram maravilhados porque falava “com autoridade”, não como os doutores da lei» que eles estavam habituados a ouvir. «Ficaram maravilhados», especifica o Evangelho.

Portanto, precisamente «estas pessoas» começaram a seguir Jesus sem se cansar de o ouvir. A ponto que, recordou o Papa, elas «permaneceram o dia inteiro e, por fim, os apóstolos» deram-se conta de que tinham certamente fome. Mas « para eles ouvir Jesus era motivo de alegria». E assim «quando Jesus terminou de falar, desceu do monte e as pessoas seguiam-no» reunindo-se «em volta dele». Aquela gente, recordou, «ia pelas estradas, pelos caminhos, com Jesus».

Contudo, «havia também outras pessoas que não o seguiam: observavam-no de longe, com curiosidade», perguntando-se: «Mas quem é ele?». Aliás, explicou Francisco, «não tinham ouvido as catequeses que tanto surpreendiam». E assim havia «pessoas que olhavam da calçada» e «outras que não podiam aproximar-se: era-lhes proibido pela lei, porque eram «impuros». Precisamente entre elas estava o leproso do qual fala Mateus no Evangelho.

«Este leproso – realçou o Papa – sentia no coração o desejo de se aproximar de Jesus: tomou coragem e aproximou-se». Mas «era um marginalizado», e portanto «não podia fazê-lo». Porém, «tinha fé naquele homem, tomou coragem e aproximou-se», dirigindo-lhe «simplesmente o seu pedido: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me”». Disse assim «porque era “impuro”». Com efeito, «a lepra era uma condenação definitiva». E «curar um leproso era tão difícil quanto ressuscitar um morto: por esta razão eram marginalizados, estavam todos ali, não podiam misturar-se com as pessoas».

Porém havia, prosseguiu Francisco, «também os automarginalizados, os doutores da lei que olhavam sempre com aquele desejo de pôr Jesus à prova para o fazer cair e depois condenar». Ao contrário, o leproso sabia que era «impuro, doente, e aproximou-se». E «o que fez Jesus?», questionou-se o Papa. Não ficou parado, sem o tocar, mas aproximou-se ainda mais e estendeu-lhe a mão curando-o.

«Proximidade», explicou o Pontífice, é uma «palavra tão importante: não se pode construir comunidades a sem proximidade; não se pode fazer a paz sem a proximidade; não se pode fazer o bem sem se aproximar». Na realidade, Jesus poderia ter-lhe dito: «Que tu sejas curado!». Ao contrário, aproximou-se dele e tocou-o. «Mais ainda: no momento em que Jesus tocou o impuro, tornou-se impuro». E «este é o mistério de Jesus: assumir as nossas sujidades, as nossas impuridades».

É uma realidade, prosseguiu o Papa, que são Paulo explica bem quando escreve: «Sendo igual a Deus, não considerou esta divindade um bem irrenunciável; aniquilou-se a si mesmo». E, em seguida, Paulo vai além afirmando que «se fez pecado»: Jesus tornou-se ele mesmo pecado, Jesus excluiu-se, assumiu a impureza para se aproximar do homem. Por conseguinte, «não considerou um bem irrenunciável ser igual a Deus», mas «aniquilou-se, aproximou-se, fez-se pecado e impuro».

«Muitas vezes penso – confidenciou Francisco – que é, não quero dizer impossível, mas muito difícil fazer o bem sem sujar as mãos». E «Jesus sujou-se» com a sua «proximidade». Mas depois, narra Mateus, foi inclusive além, dizendo ao homem libertado da doença: «Vai ter com os sacerdotes e faz aquilo que se deve fazer quando um leproso é curado».

Em síntese, «aquele que estava excluído da vida social, Jesus inclui-o: inclui-o na Igreja, inclui-o na sociedade». Recomenda-lhe: «Vai para que todas as coisas sejam como devem ser». Portanto, «Jesus nunca marginaliza, nunca!». Aliás, Jesus «marginalizou-se a si mesmo para incluir os marginalizados, para nos incluir a nós, pecadores, marginalizados, na sua vida». E «isto é bom», comentou o Pontífice.

Quantas pessoas seguiram Jesus naquele momento e seguem Jesus na história porque ficaram maravilhadas com o seu modo de falar», realçou Francisco. E «quantas pessoas observam de longe e não compreendem, não estão interessadas; quantas pessoas observam de longe mas com um coração maldoso, a fim de pôr Jesus à prova, para o criticar e condenar». E, ainda, «quantas pessoas observam de longe porque não têm a coragem que teve» aquele leproso, «mas desejariam muito aproximar-se». E «naquele caso Jesus estendeu a mão primeiro; não como neste caso, mas no seu ser estendeu-nos a mão a todos, tornando-se um de nós, como nós: pecador como nós mas sem pecado; mas pecador, sujo com os nossos pecados». E «esta é a proximidade cristã».

«Palavra bonita, a da proximidade, para cada um de nós», prosseguiu o Papa. Sugerindo que nos questionemos: «Mas sei aproximar-me? Eu tenho a força, a coragem de tocar os marginalizados?». E «também para a Igreja, as paróquias, as comunidades, os consagrados, os bispos, os sacerdotes, todos», é bom responder a esta pergunta: «Tenho a coragem de me aproximar ou me distancio sempre? Tenho a coragem de encurtar as distâncias, como fez Jesus?».

E «agora no altar», sublinhou Francisco, Jesus «aproximar-se-á de nós: encurtará as distâncias». Portanto, «peçamos-lhe esta graça: Senhor, que eu não tenha medo de me aproximar dos necessitados, dos que se vêem ou daqueles que têm as chagas escondidas». Esta, concluiu, é «a graça de me aproximar».

Saad Murtadha
Saad Murtadha

El racismo institucional en grado de genocidio

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por Juan Luis Berterretche
Rebelión
En la víspera de la conmemoración de la abolición de la esclavitud en Brasil -la Ley Áurea firmada por la princesa Isabel el 13 de mayo de 1888- en el auditorio del brazo cultural de uno de los mayores bancos privados del país -Itaú- se realizó un debate, luego de cancelarse la función de una vieja comedia circense que repite los estereotipos racistas de la visión blanca sobre los negros.

La suspensión de la función fue abordada por algunos como una muestra de censura. Mientras Stephanie Ribeiro, bloguera negra y estudiante de arquitectura, fue la iniciadora de una serie de manifestaciones contrarias a la obra por utilizar recursos -blackface- que calificó de racistas.

Para la periodista Eliane Brum, el debate fue “un señalizador de un momento muy particular de la sociedad brasileña, en que la tensión racial ya no puede ser más contenida y atravesó una frontera inédita” /1.

Para los luchadores negros contra el racismo, la abolición de la esclavitud que se conmemoraría al día siguiente es una tarea, 127 años después, jamás completada.

De 2003 a 2012 la sociedad brasileña testimonió, sin inmutarse el asesinato por armas de fuego de 320 mil negros. Para tener una noción del significado de este hecho, Brum nos propone imaginarnos recorriendo una ciudad de tamaño medio para Brasil, poblada sólo por cadáveres con heridas de bala y donde todos los cuerpos son del mismo color. Imagine también que este cuadro de horror sea observado con naturalidad por una parte importante de sus coterráneos.

Esta es la trama de la historia que se desarrollo hoy en las periferias de las grandes ciudades, en las favelas, en las comisarias, en las prisiones. Y esas cifras no nos muestran “hechos aislados de racismo” sino un verdadero genocidio. Es así como le movimiento brasileño negro lo define. Se trata de un genocidio que tiene identificada con precisión a su víctima principal: los niños, las mujeres y los jóvenes negros.

Pero esta grave situación no es resultado de un racismo expresado por un grupo de ciudadanos exaltados o algún movimiento retrogrado aislado. Se trata de un racismo que proviene directamente de los gobiernos estaduales, de las instituciones del Estado, de los funcionarios gubernamentales. Y que se expresa en forma letal en los distintos “batallones de operaciones especiales” (como BOPE, ROTA o Rondesp) que funcionan en las ciudades, y en los “grupos de exterminio” parapoliciales y paramilitares así como en las “milicias” de las favelas de Rio de Janeiro y São Paulo integradas por policiales en sus horas “libres”, que actúan con anuencia gubernamental en todo el país. La policía militarizada es la principal ejecutora de esta política de violencia letal racista. Emulada en Rio de Janeiro por la unidades militares provenientes de la Minustah.

Como ya afirmamos antes, las favelas de Rio son el Haití de Brasil

No sólo la policía estadounidense tiene su origen en las “patrullas de esclavos”. En el siglo XVII y XVIII existió en Brasil los llamados Capitão-do-mato, que eran en los hechos “empleados públicos” -muchos de ellos negros o mulatos- encargados de reprimir delitos ocurridos en el campo. En una sociedad esclavista como fue Brasil hasta 1888, su tarea principal era la de cazar esclavos en fuga. Actuaban a sueldo y armados por los terratenientes para devolver los negros fugados a sus “dueños”. También intervenían arrasando y exterminando en los Quilombos /2.

Rio de Janeiro por haber sido capital de Brasil, en sus favelas quizá arrastre la más fuerte tradición de racismo estructural, institucional e interpersonal del país. La relación que el Estado siempre creó con la favela de “lazos de clientelismo electoral y de corrupción política con el dinero del tráfico” ahora ha pasado a un segundo plano.

Mientras que en esta década y media del nuevo siglo, la violencia letal estatal contra los favelados se ha ido agravando día a día y se ubica como el principal medio de garantizar la explotación y discriminación de clase y étnica en estos guetos urbanos.

Veamos someramente cómo ha variado el método de violencia letal en Rio en los últimos 15 años. En los primeros años del siglo XXI regía para aprovechamiento de la policía el tipificado como “auto de resistencia” en la jerga policial, es decir muertes de civiles en falso “enfrentamiento con la policía” que eran la norma para catalogar oficialmente las ejecuciones sumarias policiales que no se investigaban. Como las cifras de éstas se hacían cada vez más difíciles de encubrir, en el período 2007-2013 bajo el mandato de Sérgio Cabral (PMDB) como gobernador de Rio, se modificó la forma represiva y los “auto de resistencia” pasaron a ser desapariciones sin autor explícito. En realidad se trataba de “desapariciones forzosas” realizadas en plan de extermino por la policía militar. Las propias estadísticas del Instituto de Seguridad Pública (ISP), vinculado a la Secretaría de Seguridad institucional de Rio, contabilizaron en esos años, en dicha ciudad, 35 mil desaparecidos. Un verdadero genocidio que supera las desapariciones en Chile bajo Pinochet y lo asemeja con la actuación de la junta militar argentina, y de los gobiernos fantoches del México actual y su fraudulenta “guerra contra las drogas”.

La notoriedad nacional e internacional que tomó el caso del trabajador de la construcción Amarildo de Souza, de la favela Rocinha, desaparecido en manos de la policía carioca el 14 07 2013 en una operación que los uniformados bautizaron oficialmente como “Paz Armada”, llevó a tomar consciencia de una situación delictiva de las fuerzas de seguridad del estado: el aumento de los desaparecimientos estaba encubriendo crímenes policiales.

La investigación presionada por la movilización social, terminó demostrando que Amarildo fue torturado dentro de la propia sede de la Unidad de Policía Pacificadora (UPP) y luego ejecutado y que ese “método” era utilizado en esas unidades con asiduidad.

En el modelo UPP de seguridad 1- todos los pobladores de la favela “pacificadas” pasan a ser potenciales criminosos y todo pequeño delito pasa a ser un atentado contra la “calidad de vida” pues puede provocar un posible surgimiento de desorden que amenaza la “paz” establecida por la violencia; 2- las políticas de seguridad son aplicadas en función de una domesticación/pacificación de conflictos y 3- esto presupone a la supresión del conflicto por la interferencia autoritaria del Estado /3. De esta forma las UPP terminaban imponiendo la paz de los sepulcros.

El gobierno del PT, desde 2008, agravó la situación con la intervención militar de varias favelas con unidades del ejército que venían de hacer su experiencia de laboratorio en la represión a la población de Haití, con la Minustah. En junio de 2008 los militares invadieron el Morro da Previdencia; en noviembre de 2010 ocuparon el Complexo do Alemão que reúne 13 favelas; desde mayo de 2012 irrumpieron en la favela Santo Amaro, y en abril de 2014 entraron masivamente en el Complexo da Maré con 2700 soldados del ejército y la marina /4.

La ocupación militar de las favelas ha sido tan violenta y letal como la intervención de la policía militarizada. Y el actual gobernador de Rio Luiz Antonio Pezão, al igual que su antecesor Cabral, son ejecutores de una evidente orientación de extermino racial genocida institucional.

racismo negro morte

Veamos tres ejemplos sintomáticos de lo que afirmamos donde los gobernadores de grandes ciudades se identifican como representantes del racismo institucional genocida. Y para comprobar que el racismo oficial no es exclusivo de sólo algunas corrientes políticas, ejemplificamos con dos gobernadores pertenecientes a los dos partidos mayoritarios en el gobierno: Ruí Costa del PT en Bahía y el gobernador Luiz Antonio Pezão del PMDB en Rio de Janeiro y un mandatario estadual de la “oposición”, el gobernador Geraldo Alckmin del PSDB en São Paulo.

I – Gobernador Pezão: “apenas mirando los detenidos ya sabemos que son culpables”

En una turbia acción policial con la detención de tres adolescentes y evidentes abusos de autoridad practicados, se dio por concluida la “investigación” del crimen de un médico cometido el 20 de mayo pasado. Ante la protesta y denuncia de los defensores de Derechos Humanos por las evidentes contradicciones de la policía con los testimonios de testigos del caso, el gobernador Luiz Fernando Pezão, salió en defensa de la comisaría de homicidios afirmando que “apenas mirando los detenidos ya sabemos que son culpables”…“Allí no hay ningún inocente”. Agregando que el menor no reconocido por los testigos, era pasible de punición mismo no habiendo participado del asesinato /5.

Ante la saña punitiva del gobernador Pezão, el abogado Rodrigo Mondego, le recuerda que con ese mismo criterio deberíamos aprobar de inmediato su prisión sin juicio por la supuesta intervención en los crímenes investigados por la operación Lava-Jato /6, porque aún no siendo comprobada todavía su participación en las coimas, el es político, fue citado por los delatores y ya fue sospechoso en otros procesos similares. Colocando de ejemplo al propio equívoco gobernador, el abogado Mondego pone en evidencia como se atropella, y se criminaliza en Rio a la juventud pobre y negra. Mientras la élite política y económica blanca de Brasil, mayoritariamente parásita del Estado, disfruta de toda clase de inmunidades y privilegios.

II – Matanza de Cabula, Salvador, Bahía.

Según el Mapa da Violência 2014 Brasil es el país que mata más negros en el mundo y el índice de Homicidios en la Adolescencia ratifica que Bahía tiene el segundo lugar en Brasil con la mayor concentración de asesinatos de jóvenes entre 12 y 18 años.

El dia 6 de febrero de 2015 policías de las Rondas Especiales (Rondesp) de Bahía ejecutaron 13 jóvenes negros e hirieron por lo menos otras dos personas en el barrio Vila Moisés, en Cabula, Salvador. Esta es la conclusión de una investigación independiente realizada por el Ministerio Público -una fiscalía- del estado de Bahía.

Para el promotor Davi Gallo que condujo el grupo de investigación: “los laudos necrológicos afirman que las víctimas estaban en posición de defensa cuando fueron alcanzados por las balas. No se trató de un enfrentamiento sino de una verdadera ejecución. Ejecución sumaria, donde las víctimas recibieron en total 88 tiros”.

Sin embargo el mismo día del hecho el secretario de Seguridad Pública del estado, Mauricio Barbosa afirmó sobre la matanza que “La respuesta es esa. El estado tiene que actuar de forma enérgica en el combate a la criminalidad y al crimen organizado” /7.

Y en la entrevista colectiva, el gobernador de Bahía Ruí Costa (PT) justificó la matanza haciendo un símil entre la decisión de un artillero al patear la pelota para hacer un gol y la de un policía para apretar el gatillo “tienen que decidir en pocos segundos” y según como sea el resultado serán elogiados o denigrados. Comparar la violencia letal policial con un partido de futbol es lo mismo que decirle a la policía “sigan haciendo ‘goles’ como hasta ahora”.

Para Hamilton Cardoso, líder de la Campanha Reaja ou Será Morto (Reaccione o será muerto): “nosotros hemos demostrado en los últimos 10 años que nuestras muertes son mucho más que simples estadísticas: es resultado de una política racial del Estado” /8.

Chacina do Cabula. PM da Bahia: humilha e mata
Chacina do Cabula. PM da Bahia: humilha e mata
Chacina do Cabula. Durante o trajeto manifestantes foram xingados e ameaçados pelos policiais.  Foto Rafael Bonifácio/ Ponte Jornalismo
Chacina do Cabula. Durante o trajeto manifestantes foram xingados e ameaçados pelos policiais. Foto Rafael Bonifácio/ Ponte Jornalismo

III – Lucas, 16 años: “Não precisa me matar, senhor”

Un estudio de la Universidad Federal de São Carlos (UFSCar), coordinado por la socióloga Jacqueline Sinhoretto, muestra que entre 2010 y 2011, 61% de las muertes cometidas por policiales era de negros, 97% masculinos y 77% con edad entre 15 y 29 años. Los policías envueltos en los crímenes eran mayoría blancos (79%) y el 96% pertenecían a la Policía Militar.

El 27 de mayo pasado un joven negro, Lucas Custodio de 16 años fue muerto por policías en la favela Sucupira, en Grajaú, al extremo sur de la ciudad de São Paulo. Habría implorado a uno de los policías: “Não precisa me matar, senhor”. Estaba desarmado, fue esposado, llevado para un matorral y ejecutado. La Policia Militar no dio explicaciones, la Secretaría de Seguridad Pública no se pronunció, y el gobernador del estado Geraldo Alckmin (PSDB), se hizo el desentendido.

Los periodistas Claudia Belfort y Luis Adorno enviaron cinco pedidos de respuesta, de esclarecimiento y de entrevista a la Policía Militar y a la Secretaría de Seguridad Pública, que no obtuvieron respuesta. Durante los días siguientes enviaron nuevos mensajes para obtener información sobre el hecho. Ninguna contestación. En 2013 ante la muerte de un universitario blanco de 19 años, Casper Líbero, el gobernador Alckmin no sólo se pronunció indignado sino que anunció que encaminaría al Congreso Nacional un proyecto de ley para tornar más rígido el Estatuto del Niño y del Adolescente en caso de violencia cometida por menores. Menos de 10 días después fue a Brasilia a 1.000 km. de la sede de su gobierno a entregar su propuesta. Pero no se molestó el mes pasado en ir a Grajaú a 26 km. para dar una explicación o una palabra de conforto a la familia de Lucas, un joven favelado negro /9.

La conclusión de los periodistas es inevitable “en São Paulo, policía militar que mata joven negro favelado, cumple con una política de Estado”.

Así como en EUA, la violencia policial y militar letal ha sido complementada con una intolerancia judicial institucional de criminalización de jóvenes negros y pobres. El mapa de encarcelamiento de Brasil nos dice que entre 2005 y 2012 la población presa aumentó 74%. Mientras en el mismo período la prisión creció 146%. Agreguemos que las características de la mujer presa en Brasil es joven, negra y de baja escolaridad. Los negros fueron presos 1,5 veces más que los blancos; el 70% de las prisiones tienen como víctimas autores de pequeños robos o minoristas del trafico de drogas. En 2012 el 55% de los presos tenían menos de 29 años /10.

Kike Estrada
Kike Estrada

Hemos seleccionado sólo tres ejemplos reveladores de la política institucional criminal contra la juventud negra en Brasil en los primeros cinco meses de 2015. Ellos son una ínfima muestra del panorama general de racismo genocida en el país. El seguimiento de estos hechos nos muestran que esta política institucional brasileña está inspirada en el esquema “guerra contra las drogas”; “tolerancia cero” y “violencia letal policial” de origen estadounidense.

No podemos asegurar -como afirma Elaine Brum- que la tensión racial está en una situación límite. Lo que sí es evidente es que la población negra brasileña y sus movimientos sociales que la organizan y la defienden, es consciente que éste es un momento clave para no aceptar más ninguna clase de prejuicios o violencia racista, letal o no, de las élites blancas del país.

Quizá lo que los haya llevado a ese convencimiento es la abierta degradación moral de la partidocracia instalada en el actual Congreso, donde es mayoritaria la bancada conocida como BBB: Boy, Bala y Biblia. Una alianza reaccionaria de los terratenientes, los represores violentos y los intolerantes evangélicos, que pretende arrastrar al país a una reeditada Edad Media.

Notas

1/ Eliane Brum No Brasil, o melhor branco só consegue ser um bom sinhozinho El País, 25 05 2015 http://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/25/opinion/1432564283_075923.html

2/ Quilombos son Comunidades o agrupamientos rurales de negros huidos de la esclavitud entre los siglos XVI y XIX. Y luego de la Ley Aurea, poblaciones de esclavos liberados o descendientes de esclavos, viviendo en una cultura de subsistencia.

3/ Miranda, A. P. M. e R. C. Dirk (2010), “Análise da construção de registros estatísticos policiais no Estado do Rio de Janeiro”, in R. Kant de Lima et al. (org.), Conflitos, direitos e moralidades em perspectiva comparada, Rio de Janeiro, Garamond, II, 2010.

4/ JLB Rio de Janeiro, Haití de Brasil agosto 2014. http://www.rebelion.org/noticia.php?id=188334

5/ Antropóloga e Advogado rebatem a fala de Pezão Geledés 04 06 2015-06-05 http://desacato.info/brasil/racismo-institucional-antropologa-e-advogado-rebatem-a-fala-de-pezao/

6/ Operación Lava-Jato es el nombre que le adjudicó la justicia a un amplio esquema de coimas en los contratos que otorgaba Petrobras a las empresas privadas. La gobernabilidad empujó a los gobiernos petistas a apartar las inquietudes éticas de sus fundadores y usufructuar de ese pacto político inter-burgués con el engaño de que no serían punidos. Tarde se han dado cuenta que no eran bienvenidos a los pactos de corrupción de la oligarquía. Esta investigación ha sido usada por la oposición para desestabilizar el gobierno de Dilma Rousseff.

7/ Secretário defende PMs que mataram 12 em suposto confronto Salvador, Jornal A Tarde 06 02 2015 http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/1658145-tiroteio-entre-a-policia-e-bandidos-deixa-11-mortos

8/ Entrevista coletiva del Governador Rui Costa en Bahia noticias http://www.bahianoticias.com.br/noticia/167091-rui-compara-policiais-no-confronto-do-cabula-com-um-artilheiro-prestes-a-marcar-um-gol.html http://reajanasruas.blogspot.com.br/2015/02/pai-faz-mae-cria-e-rondesp-da-sumico.html

9/ Claudia Belfort Em SP, PM que mata jovem negro favelado cumpre uma política de Estado Portal Ponte 02 06 2015. http://ponte.org/em-sp-pm-que-mata-jovem-negro-favelado-cumpre-uma-politica-de-estado/

10/ Mapa del Encarcelamiento – Los jóvenes de Brasil, lanzado el 05 06 2015 por el Programa de Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD) y la Secretaría Nacional de la Juventud (SNJ) como parte del programa Juventud Viva. El informe íntegro puede leerse en: http://www.pnud.org.br/arquivos/encarceramento_WEB.pdf

A pobreza leva à loucura

Estudos estabelecem relação direta entre a desigualdade social e a incidência de doenças mentais nos desassistidos

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por Gabriel Bonis

Na Londres do século XIX, Charlie Chaplin viveu uma infância atormentada pela pobreza e a instabilidade familiar. O ícone do cinema mudo perdeu o pai para o alcoolismo e acompanhou o declínio mental da mãe em meio à miséria. Embora evidências recentes sugiram que a “loucura” de Hannah Chaplin tenha sido causada pela sífilis, o comediante registrou em sua autobiografia que os problemas mentais da matriarca, surgiram porque ela passava fome para que os filhos pudessem comer.

Ainda que cientificamente incerto, o caso é um exemplo longínquo da relação entre pobreza e transtornos mentais, estudada ao menos a partir dos anos 1930. Desde então, surgiram pesquisas mais contemporâneas, entre elas uma análise que transplanta essa correlação ao Brasil. Feita em 2013 com dados do Censo do IBGE de 2010, um levantamento da ONG Meu Sonho Não Tem Fim indica que das mais de 2,4 milhões de pessoas com problemas mentais permanentes acima de 10 anos no Brasil, 82,32% são pobres.

pobreza loucura estatística

Dentro desta proporção, 36,11% não possuíam rendimentos mensais e 46,21% viviam com até um salário mínimo. Outras 15,49% estavam na faixa entre um e cinco salários e apenas 2,19% recebiam acima desse patamar. “É preciso considerar que esses problemas também são causados por aspectos como a genética, mas a falta de uma alimentação mínima pode contribuir para o aparecimento de doenças que afetam o desempenho mental”, afirma Alex Cardoso de Melo, responsável pela pesquisa e idealizador da ONG, focada em trabalhos educativos com populações carentes.

A ideia de traçar a relação entre pobreza e problemas mentais no Brasil, diz Melo, surgiu após a divulgação de um estudo de 2005 de Christopher G. Hudson, Ph.D em politicas de saúde mental. O trabalho analisou dados de 34 mil pacientes com duas ou mais hospitalizações psiquiátricas em Massachusetts, nos Estados Unidos, entre 1994 e 2000. E concluiu que condições econômicas estressantes, como desemprego e impossibilidade pagar o aluguel, levam a doenças mentais. E mais: a prevalência destas enfermidades nas comunidades ricas analisadas foi de 4%, contra 12% nas mais pobres.

Os estudos sobre o tema percorrem as décadas e suas conclusões são similares nestes períodos, descobriu o doutor em Psicologia Fernando Pérez del Río, do projeto Homem de Burgos, na Espanha. No estudo Margens da Psiquiatria: Desigualdade Econômica e Doenças Mentais, ele analisou mais de 20 levantamentos sobre o tema e reuniu as principais conclusões.

Entre elas, está a de que em países desenvolvidos como EUA e Reino Unido existem mais doentes mentais, proporcionalmente, que na Nigéria, Dinamarca, Noruega e Suécia. E que estudos estabelecem uma relação entre o grau interno desigualdade econômica de um país como condicionante direta da saúde mental de seus cidadãos.

Exemplo disso é o estudo The Distribution of the Common Mental Disorders: Social Inequalities in Europe, de 2004. O documento, citado por Del Río, indica que dos 20% da população europeia de baixa renda, 51% possuem algum transtorno menta­l grave. São pessoas que, devido a suas dificuldades de adap­tação social, acabam condenadas a trabalhar em condições precárias e com salários insuficientes, levando a má nutrição e à manutenção do circulo de pobreza e exclusão.

A integração social, por outro lado, é determinante para o acesso dos cidadãos aos seus direitos e a suas expectativas de futuro. “Ser pobre em uma sociedade rica pode ser ainda mais danoso à saúde que o ser em uma área de extrema miséria”, conta Del Rio, a CartaCapital. “É obviamente muito difícil trabalhar a frustração em uma sociedade rica, onde as expectativas são mais altas e se deprecia o fracasso.” Algo que pode ser retratado por um estudo da Organização Mundial da Saúde de 2004, no qual foi identificada a prevalência de 4,3% de transtornos mentais na conturbada Xangai, na China, contra 26,4% nos EUA.

Del Río destaca, em seu estudo, que os problemas de saúde de uma população também estão ligados a forma como a desigualdade de poder econômico e social condiciona as políticas públicas. “As doenças mentais são uma construção social. A desigualdade torna as sociedades mais classistas, o que significa que as origens familiares interferem mais nas posições sociais, o que implica na transmissão intergeracional da pobreza”, diz a CartaCapital.

Sob esse ângulo, revelam os estudos, países com menos diferenças econômicas entre seus habitantes possuem os cidadãos mais sãos. Enquanto nações com políticas neoliberais mais agressivas e individualistas estariam mais sujeitas a problemas mentais por retratar as pessoas necessitadas como “parasitas sociais”. Um cenário que reforçaria ansiedades e os níveis de estresse, favorecendo o aumento destas doenças.

No artigo The Culture of Capitalism, Jonathan Rutherford, docente de Estudos Culturais da Universidade de Middlesex, na Inglaterra, acrescenta que uma sociedade desigual é mais violenta, pois não dá o apoio correto aos seus cidadãos. O que evidencia uma vulnerabilidade capaz de gerar ansiedades. E isso pode piorar com a crise mundial e os cortes de benefícios sociais na Europa, defende Del Río. “Hoje a situação é pior, pois está se produzindo um corte das ajudas, que levam as pessoas a situações limites.” In Carta Capital, maio 2013

Baltimore sitiada enquanto policiais e manifestantes se enfrentam nas ruas

Após o funeral de Freddie Gray, que faleceu sob a custódia das forças policiais devido a lesões na medula espinhal, violentos protestos continuam a se espalhar pela cidade de Baltimore.

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Iniciadas no shopping Mondawmin, no noroeste de Baltimore, as manifestações se espalharam para outras partes da cidade, o que resultou na implantação de equipes da SWAT. Reforços policiais foram enviados de todo o estado enquanto saques são realizados na zona comercial da cidade. Foram feitas várias detenções.

Dos protestos que aconteceram desde a morte de Gray em 19 de abril, a polícia está considerando o de hoje o mais violento.

A tragédia tem causado grande indignação nos residentes de Baltimore devido a ilegalidade na ação da detenção de Freddie, e pelos indícios de ter sido submetido a maus-tratos.

Após a detenção, um dos policiais que participou da ação, disse que 80 % de vértebras do pescoço do homem foram quebradas. Grey foi levado para o hospital, e depois de ser operado entrou em coma.

“Nós sabemos que antes de ser preso ilegalmente pela polícia, Gray era um saudável jovem de 25 anos de idade. Após a detenção ilegal, ele recebeu uma grave lesão na coluna vertebral, o que resultou na morte”, disse o advogado da família Grey, Jason Downs. A maioria das perguntas surge do fato de que Freddie foi preso muito perto da delegacia. No entanto, levou 40 minutos desde a sua detenção até a chamada da ambulância.

Os protestos contra a violência policial continuam desde agosto de 2014, quando um policial branco matou o adolescente negro chamado Michael Brown.
Segundo as estatísticas, os cidadãos negros dos Estados Unidos são mortos 21 vezes mais, em confrontos com a polícia, do que os brancos.

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Doze assassinatos covardes. A polícia lava as mãos de sangue

 

 

 

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Mortes de doze rapazes ocorreram há quase dois meses, após operação policial na comunidade da capital baiana

 

 

Os laudos cadavéricos produzidos pelo Departamento de Polícia Técnica da Bahia apontam que as doze vítimas da operação policial, que ficou conhecida como Chacina do Cabula, em Salvador (BA),  foram executadas. As informações são do jornal baiano Correio.

De acordo com os relatórios, parte dos disparos foi realizada de cima para baixo. Além disso, alguns dos rapazes baleados apresentam perfurações na palma da mão, braços e antebraços. As análises indicam ainda que a maioria possuía pelo menos cinco marcas de tiros — alguns deles disparados a curtas distâncias, de menos de 1,5 metro.

Em um dos casos, as perfurações em um dos suspeitos dá a entender que o projétil entrou pela base da cabeça e saiu pelo queixo. Consultada pelo Correio, uma fonte ligada à investigação declarou que disparos desse tipo ocorrem normalmente quando as vítimas foram mortas em posição de defesa, e afirmou que há “sinais evidentes de execução”.

Também procurado pela reportagem, um perito baiano que preferiu permanecer anônimo disse que os diparos de cima para baixo indicam “que a pessoa morta está numa região mais baixa do que quem atirou”. “Isso subentende que a pessoa baleada estava deitada, agachada ou ajoelhada”, adiciona. Quanto aos corpos com marcas de perfurações no antebraço e braço, a situação sugere que a pessoa deve ter sido “pega de surpresa e que por isso elevou o braço”.

Relembre o caso

Chacina da polícia petista
Chacina do Cabula 

As doze mortes ocorreram há quase dois meses, na madrugada do dia 6 de fevereiro, durante ação levada a cabo por policias militares das Rondas Especiais (Rondesp). A versão da PM é a de que o grupo – suspeito de planejar um assalto a uma agência bancária –, ao perceber a chegada das viaturas, disparou em direção a elas. Em resposta, os agentes teriam iniciado o tiroteio. Os homens fugiram e adentraram um matagal, onde se encontravam outros integrantes da quadrilha, em um total de trinta pessoas. A ocorrência deixou, ao todo, 16 baleados.

No entanto, os moradores da comunidade de Vila Moisés, onde tudo aconteceu, contam outra história. Testemunhas afirmam que os “suspeitos” foram executados. “De repente, ouvi rajadas. Me abaixei. Quando ouvi que não tinha mais nada, todos os rapazes estavam no chão”, contou um dos moradores da região.

 

Com a turma do Bolsonaro eu não caminho

por Manuela D’Ávila

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Sei que muitas pessoas pensam em se juntar aos manifestantes com os melhores sentimentos de combate à corrupção. Mas o combate à corrupção precisa de respostas muito mais consistentes (como a reforma política) do que se unir à quem não aceita uma derrota eleitoral.

Semelhança entre 1964 e...
Semelhança entre 1964 e…

 

2015
… 2015

 

A história se repete como farsa… Quanta semelhança entre 1964 e 2015!! Esse discurso anti-comunista, em defesa da liberdade e da “família” é o mesmo que une os “Bolsonaros” ao “Marco Feliciano”. Não é uma casualidade que o mesmo Bolsonaro que combate aos negros, gays e mulheres seja autor do pedido de impeachment. Porque ele não respeita a democracia! Acha que a ditadura foi a maior maravilha que o Brasil já viveu (leiam os discursos).

Então, vamos lutar pelo fim da corrupção? Sim!! Quem sabe o diagnóstico de que ela é sistêmica nos ajude a refletir sobre a mudança do sistema? Eu luto pela reforma política. Quero mudar profundamente nosso sistema político. Vamos ser aliados dessa marcha? Com a turma do Bolsonaro eu não caminho. Afinal, como diz o sábio ditado popular: “de boas intenções o inferno está cheio”.

 

 

Democracia mineira espanca candidata a governador: “Dissolve a PM agora, sua negra vagabunda”

A candidata do PCO ao governo de Minas Gerais, Cleide Donária, foi agredida de maneira covarde por levantar a bandeira da extinção da Polícia Militar

PSOL

No dia 15 de setembro, a candidata ao governo de Minas Gerais pelo PCO, Cleide Donária, a única candidata mulher, trabalhadora e negra, foi agredida de maneira covarde quando se dirigia à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Venda Nova, como parte das atividades da campanha eleitoral.

Quando  transitava pelo canteiro central da Avenida Vilarinho, Cleide foi abordada por um elemento de aproximadamente 30 anos, vestido à paisana, que atravessou a rua e se dirigiu diretamente a encontra-la. Sem mais, aplicou um forte soco na altura do estômago da Cleide e a derrubou no chão, enquanto gritava com raiva e cuspia em cima da candidata que acabou ficando paralisada pela dor e a surpresa da agressão.

O agressor, que saiu das proximidades de uma casa de shows, fez questão de mostrar que portava uma arma enquanto gritava “Cadê o seu partidinho de merda para dissolver a PM?” “Dissolve a PM agora sua prostituta” “Sua negra vagabunda”.

Depois de ter batido e cuspido na Cleide várias vezes, o agressor acabou se afastando.

O acontecimento não faz parte de uma mera casualidade, de um ataque isolado de um desiquilibrado, mas revela os crescentes ataques contra a liberdade de expressão no Brasil, assim como acontece com os demais direitos democráticos.

Por que o fim da Polícia Militar?

A defesa das chamadas “políticas de segurança”, defendida pela direita e pela quase totalidade da “esquerda” nacional não é outra coisa senão o fortalecimento do braço armado do Estado capitalista e, consequentemente, da burguesia. Medidas como o aumento do efetivo policial e o aparelhamento das polícias militares necessariamente se voltam contra a população. A única maneira de garantir uma verdadeira segurança para a classe operária só pode acorrer com a dissolução da PM e a constituição de milícias populares para proteger os trabalhadores dos ataques do braço armado do Estado.

Até a própria ONU (Nações Unidas), que é um órgão controlado pelo imperialismo, tem se posicionado pelo fim da Polícia Militar, tal o escandaloso grau de violência e o alto índice de mortes causadas pelas PMs brasileiras. E o problema não reside na insuficiência do treinamento dos policiais, uma vez que o problema se encontra na estrutura da instituição e não na conduta individual de determinados membros da corporação. Isto fica ainda mais claro quando observamos a atuação da PM na história e na forma de agir que sempre segue a mesma tendência truculenta.

A morte de diversos jovens nas favelas e nos bairros da periferia, principalmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, fez com que esta se tornasse também uma das principais bandeiras dos movimentos sociais. No campo, o assassinato de camponeses diretamente pela polícia, ou por jagunços a serviços dos latifundiários, acobertados pela polícia, são rotineiros. O movimento estudantil também tem entrado em confronto em reiteradas ocasiões, com a polícia devido à presença da polícia em várias universidades.

Pelas bandeiras de luta da classe operária

Pelo fim das ocupações das comunidades operárias do Rio de Janeiro e de todo o País (UPP’s) pela PM e tropas federais, realizadas para defender os interesses dos especuladores imobiliários e outros tubarões capitalistas e para intensificar o terror contra a população pobre.

Acabar com a máquina de guerra e terror contra a população pobre e negra que é a Polícia Militar.

Pela dissolução da PM e de todo o aparato repressivo.

Abaixo a ditadura civil, pelos direitos democráticos dos trabalhadores e da população oprimida. Pelo direito irrestrito de greve; pela plena liberdade de organização sindical; pelo fim da censura, liberdade de expressão; pela liberdade para todos os presos políticos, fim dos julgamentos fraudulentos; pela punição para os assassinos dos trabalhadores.

Pelo direito da população a se armar. Substituição da polícia e do exército permanente e controlado pelo Estado por um sistema de milícias populares.

Contra a constituição golpista, por uma assembleia Nacional Constituinte, livre e soberana, onde as organizações sociais estejam representadas.

Por um partido operário, revolucionário e de massas (do qual o PCO é O MAIS IMPORTANTE NÚCLEO E O ÚNICO PARTIDO QUE DEFENDE DE MANEIRA CONSCIENTE ESSA PERSPECTIVA, que impulsiona esta política de forma consciente e organizada) que organize a vanguarda da classe operária e dos seus aliados e impulsione a mobilização dos explorados em direção à derrubada da ditadura capitalista e a sua substituição por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo e pela conquista do socialismo em escala internacional. (Causa Operária)

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Hoje, o Grito dos Excluídos busca liberdade e direitos

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“Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos” é o lema da 20ª edição do Grito dos Excluídos, que acontece em todo o Brasil, neste domingo, 7 de setembro, dia em que se celebra a Independência do Brasil. O conjunto de manifestações populares, que há duas décadas trata da temática “Vida em primeiro lugar”, prioriza neste ano a linguagem criativa e simbólica em suas ações, como música, teatro, poesia, redações, exposições e feiras. A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participa das mobilizações por meio das Pastorais Sociais, com apoio da Cáritas Brasileira e da Pastoral da Juventude.

A edição de 2014 organiza o máximo de ações na defesa da vida humana, na luta pelo acesso e qualidade dos serviços públicos básicos e na construção de espaços e ações de denúncia de injustiças. Os grupos também marcham contra as privatizações de bens naturais e serviços e denunciam a criminalização dos movimentos e lutas populares.

Vários eixos foram articulados para trabalhar questões como participação popular, comunicação, impactos de megaprojetos e megaeventos, extermínio da juventude negra, meio ambiente e os povos indígenas e tradicionais.

“O grito tem uma função como se fosse um pequeno grande professor que contribui para levar informação e formação ao povo brasileiro, que é daquilo que o povo precisa para se manifestar”, afirma o coordenador nacional do evento, Ari Alberti.

Desde 1995, quando aconteceu a primeira edição do evento, houve grande repercussão internacional e reconhecimento na Assembleia Geral da CNBB, ocasião em que os bispos refletiram sobre o tema e o abordaram no Documento 56, “Projeto Rumo ao Novo Milênio”.

Outro fato é o contraste da manifestação civil com o desfile militar. “A Semana da Pátria deixou de ser uma semana de plateia, que assiste a desfiles, para ser uma semana de mobilização, de atividades, de lutas e de botar nas ruas suas necessidades e seus direitos que não estão sendo respeitados”, aponta Alberti.

Saiba mais sobre a organização e locais onde acontecem as ações do Grito dos Excluídos no site www.gritodosexcluidos.org.

 

 

1997 justiça

O inteligente brasileiro funk & Ariano Suassuna “um velho burro, burro e burro”

RS

 

O que sei de Alex Antunes? Nadinha de nada. Li na internet: “Jornalista, escritor e produtor musical, escreve ou já escreveu para a Rolling Stone, Veja, Folha Ilustrada, Bravo! e outras publicações. Foi diretor de redação das revistas Bizz e Set. Seu livro a Estratégia de Lilith foi adaptado para o cinema, no filme Augustas (em finalização). É estudioso de xamanismo e de rituais de transe”.

Produtor musical sempre usa dinheiro dos governos da União, estados, municípios e empresas estatais e privatizadas. Mais ainda quando faz cinema. Também não sei se é o caso de Alex Antunes.

A abertura de um filme parece mais uma lista de classificados de empresas multinacionais. Todo filme lava mais branco as faturas frias do mecenato brasileiro para desconto no imposto de renda. O Brasil produz assim uma cultura de esquentar faturas numa verdadeira feira e queima de dinheiro público, notadamente de impostos sonegados e vaidades e vaidades.

Passei muitas tardes de domingo, na tranquilidade da Várzea, no Recife, conversando com Francisco Julião, fundador das Ligas Camponesas, no seu velho casarão colonial de senhor de engenho. E questionei suas imunidades, isso antes de 64. E ele me respondeu: “Um líder só deve ser preso quando convém ao movimento”.

Aqui lembro a sabedoria de João Grilo. Graciliano Ramos saiu da cadeia de Vargas para trabalhar no DIP, convidado por Lourival Fontesque, o Goebbels de Getúlio Vargas.

Prestes, o líder máximo do comunismo no Brasil, também saiu da prisão para apoiar a volta de seu carcereiro à presidência.

No Brasil, da última ditadura militar, valeu o ame-o ou deixe-o. E muita gente brincou de exílio como Fernando Henrique. Saia e voltava quando queria. Milhares foram mortos. Principalmente camponeses, operários, negros e índios. E continuam sendo trucidados, principalmente os negros e os índios. Nunca se faz a contagem dos anônimos. Vide lista de desaparecidos, hojemente, no Brasil da ditadura judicial-policial nos Estados.

Os que tentaram a luta armada foram mortos. Escaparam os julgados pela justiça militar. Caso de Dilma Rousseff.

Os que deram uma de João Grilo foram salvos. Nem todos os funcionários do governo de Hitler eram nazistas. Nem todos os funcionários do governo de Stalin eram comunistas. Nem todos os soldados de Israel defendem o genocídio de Gaza.

E para completar, a contribuição do negro escravo na cultura do Brasil foi pequena, e está sendo destruída pela imposição da cultura estadunidense, via gêneros afro-culturais como rock and roll, blues, country, rhythm and blues, jazz, pop, techno, hip hop, soul, funk, inclusive a música religiosa (gospel) divulgada por igrejas Neopentecostais, apoiadas pela CIA e pela ditadura militar, como revide à Teologia da Libertação, apesar de seu criador ser um presbiteriano, o esquecido Rubem Alves, que também faleceu neste fatídico mês de julho de 2014.

“Jornalista e poeta, João Suassuna, pai de Ariano, escrevia para jornais do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Compunha versos e tocava violão, executando música do cancioneiro popular. Apaixonado pelas coisas do Sertão, mesmo quando presidente do Estado, costumava realizar festivais de violeiros em sua residência ou no palácio do governo. Estimulou a publicação de livros, entre os quais o romance A Bagaceira, de José Américo de Almeida, que teve repercussão imediatamente ao seu lançamento”.

Nair de Tefé von Hoonholtz1 (Petrópolis, 10 de junho de 1886 — Rio de Janeiro, 10 de junho de 1981), mais conhecida como Nair de Tefé, foi uma pintora, cantora, atriz e pianista brasileira. Considerada, por Hermes Lima e por artistas e intelectuais, a primeira caricaturista mulher do mundo. Wikipédia Além disso, Nair de Tefé foi a primeira-dama do Brasil de 1913 a 1914.
Nair de Tefé von Hoonholtz1 (Petrópolis, 10 de junho de 1886 — Rio de Janeiro, 10 de junho de 1981), mais conhecida como Nair de Tefé, foi uma pintora, cantora, atriz e pianista brasileira. Considerada, por Hermes Lima e por artistas e intelectuais, a primeira caricaturista mulher do mundo.
Além disso, Nair de Tefé foi a primeira-dama do Brasil de 1913 a 1914 (Wikipédia)

Também de pele branca, Nair de Tefé, filha de barão e esposa do marechal presidente Hermes da Fonseca, “promovia saraus noutro palácio, o do Catete – o palácio presidencial da época -, que ficaram famosos por introduzir o violão nos salões da sociedade. Sua paixão por música popular reunia amigos para recitais de modinhas.

As interpretações de Catulo da Paixão Cearense fizeram sucesso e, em 1914, incentivaram Nair de Teffé a organizar um recital de lançamento do Corta Jaca, um maxixe composto por Chiquinha Gonzaga (sua amiga). Foram feitos críticas ao governo e retumbantes comentários sobre os ‘escândalos’ no palácio, pela promoção e divulgação de músicas cujas origens estavam nas danças lascivas e vulgares, segundo a concepção da elite social. Levar para o palácio presidencial do Brasil a música popular foi considerado, na época, uma quebra de protocolo, causando polêmica nas altas esferas da sociedade e entre políticos. Rui Barbosa chegou a pronunciar o seguinte discurso no Senado Federal a 7.11.1914:

‘Uma das folhas de ontem estampou em fac-símile o programa de recepção presidencial em que, diante do corpo diplomático, da mais fina sociedade do Rio de Janeiro, aqueles que deviam dar ao país o exemplo das maneiras mais distintas e dos costumes mais reservados elevaram o Corta-jaca à altura de uma instituição social. Mas o Corta-jaca de que eu ouvira falar há muito tempo, o que vem a ser ele, sr. Presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o Corta-jaca é executado com todas as honras da música de Wagner, e não se quer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria!”

O que a mulata tem para oferecer no Globeleza e nas escolas de samba?
O que a mulata tem para oferecer no Globeleza e nas escolas de samba?

Não vejo nativismo (os índios eram chamados de negros da terra), negritude, nem brasilidade na Globeleza, nas escolas de samba da TV Globo, na música brega, no funk, nas revistas Rolling Stone, Veja, em Lilith, no monarquista e escravocrata Zambi.

Transcrevo o transe:

Suassuna, velho burro

por Alex Antunes

 

João Grilo e Nossa Senhora
João Grilo e Nossa Senhora

Me perguntei algumas vezes se deveria escrever este texto. Porque o principal que tenho a dizer sobre Ariano Suassuna é que ele era um velho burro e chato. E o homem, como se sabe, acabou de morrer – o que o eleva automaticamente aos píncaros da genialidade e da infalibilidade nos textos que se espalham pela imprensa.

Mau momento para lembrar o seu principal defeito: a profunda e total incompreensão da natureza da cultura pop. Eu tinha desistido de escrever. Mas eis que a televisão de domingo o mostra numa entrevista, atacando, com volúpia e deboche, Michael Jackson e Madonna, além da réplica da estátua da Liberdade na Barra da Tijuca.

Ora, é fácil concordar com ele que a réplica da estátua é um monumento à imbecilidade playba. E que Michael Jackson (esse trecho não passou no domingo) é digno de pena, pela forma como foi explorado e depois massacrado pela mesma indústria cultural.

Mas Suassuna os atacava pelas razões erradas. Não há “superioridade” da cultura brasileira, e em particular da nordestina, sobre a cultura pop internacional. Por uma razão muito simples: o sistema arquetípico sobre o qual elas se constroem é exatamente o mesmo.

A mesma graça que há nos modos e sotaques regionais pode ser vista em expressões culturais globais. A cultura pop é simplesmente o “folclore sintético”. O que está por trás do Batman, do Super Homem, dos filmes policiais negros da blaxploitation ou da Madonna são os mesmíssimos arquétipos que animam os mitos gregos do Monte Olimpo, as lendas dos orixás das religiões africanas ou os arcanos do Tarô.

Não é à toa que Suassuna implicou tanto com os tropicalistas (de maioria baiana) quanto com o manguebeat que surgiu no seu estado de adoção, Pernambuco. Dizia que falaria com Chico se ele tirasse o Science do nome, e que a música da Nação Zumbi era “de quarta categoria”.

Suassuna se irritava porque esses nordestinos decifraram as matrizes em comum que existem na cultura popular brasileira e em qualquer expressão cultural. Ao mesmo tempo em que escapavam do purismo elitista e castrador, propunham uma forma nacional, desinibida e não-colonizada de cultura pop.

Diz uma letra do Mundo Livre SA, “O Ariano e o Africano”, de 1998:
“Há quatro séculos a alma africana tem sido um motor
Da inquietação, da resistência, da transgressão
O negro sempre quis sair do gueto
Fugir da opressão fazendo história
Ganhando o mundo com estilo
E é assim que a alma africana sobrevive com brilho e vigor
Em todo o novo continente o africano foi levado para sofrer no norte e gerou,
entre outras coisas, o jazz, o blues, gospel, soul,
r&b, funk, rock’n’roll
No centro, o suor africano fomentou o mambo, o ska,
o calipso, a rumba, o reggae, dub, ragga,
o merengue e a lambada, dancehall e muito mais
Mas é o ariano que ignora o africano ou
é o africano que ignora o ariano?
E ao sul a inquietude negra fez nascer,
entre outros beats, o bumba, o maracatu, o afoxé,
o xote, o choro, o samba, o baião, o coco, a embolada
Entre outros, os Jacksons e os Ferreiras,
os Pixinguinhas e os Gonzagas,
as Lias, os Silvas e os Moreiras
A alma africana sempre esteve no olho do furacão
Dendê no bacalhau, legítima e generosa transgressão
É Dr. Dre e é maracatu
É hip hop e é Mestre Salu
Mas é o ariano que ignora o africano ou é o
africano que ignora o ariano?”

Ariano Suassuana
Ariano Suassuana

É um flagra perfeito da condição elitista de Suassuna, branco cristão e filho do governador assassinado da Paraíba em 1930, que abraçou concepções culturais marxistas, não para libertar a cultura popular mas, pelo contrário, para mantê-la sob controle.

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Suassuna era um artista inspirado. Surpreendentemente pop, a se julgar, por exemplo, pelo filme e microssérie da Globo “O Auto da Compadecida”. E o seu Movimento Armorial teve grande impacto na cultura pernambucana. Mas fazia sempre a trajetória inversa do tropicalismo, do manguebeat e do modernismo antropofágico – as mais generosas e brasileiras das expressões, exatamente pelo não-purismo.

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Suassuna não aceitava os aspectos bastardos da cultura popular; pelo contrário, queria adensá-la e refiná-la numa expressão erudita. Ou seja, como pensador cultural, era um conservador odioso. Declarava-se “inimigo da colonização e do poder do dinheiro”, mas ele mesmo um colonizador de consciências e um guardião do status quo.

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Não é de se estranhar que Ariano tenha sido membro-fundador, um dos “cardeais” do Conselho Nacional de Cultura. Uma estranha convergência entre intelectuais (inclusive de esquerda) e a ditadura militar entre 1967 e o anos 70, baseada na busca de uma identidade de Brasil com um sentido cívico, tradicionalista e otimista. Foi a experiência no Conselho que impulsionou Suassuna na organização do movimento Armorial em Recife.

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Acontece que o negro, ou qualquer oprimido que busca sua libertação na lida cultural, como bem explica a letra do Mundo Livre, é amigo da eletricidade, da cultura em movimento e reinvenção, da provocação bastarda e dessacralizada, da incorporação e inversão de termos pejorativos (funk, punk, junky, nigga etc) – e não do reconhecimento institucional.

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O momento mais memético de Suassuna na internet é um fruto, bastante humorístico, de seus equívocos. Em suas aulas-espetáculo gostava de contar o causo de um músico punk ou funk que cantou-lhe uma letra. Ela falava de modelos atômicos, dos físicos Rutherford e Bohr, de um cavalo morto e que “fora do buraco tudo é beira”. Naturalmente sua “interpretação” jocosa da tal letra virou um vídeo viral, o “Funk do Suassuna”.

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Reza a lenda que Suassuna se divertiu com a adaptação (parece que com o trocadilho no nome do bloco carnavalesco Arriano Sua Sunga ele já não lidou tão bem). E, mesmo brigado com o manguebeat, chorou copiosamente no velório de Chico Science. Seria essa sua dimensão humana e generosa.

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Mas sua teoria cultural elitista e (anti) popular continua inaceitável. O pior de dois mundos, a convergência da culpa cristã com a marxista. Se Michael Jackson e Madonna são meramente “lixo cultural”, como gostava de dizer de boca cheia, Ariano Suassuna era um velho burro, burro e burro.

 

A elite branca vaiou Dilma

A elite branca promove as procissões pela paz nos bairros nobres. As virgens de branco, com uma vela acesa na mão, cantam as músicas religiosas da TFP – Tradição, Família e Propriedade. E contra o slogan “o povo unido jamais vencido”, respondem com “a família que reza unida, permanece unida”.

Nada mudou no Brasil desde 1964. A justiça é a mesma. A polícia é a mesma. Povo no Brasil é sinônimo de negro.

A elite jamais fez uma passeata pelas 500 mil crianças prostitutas, os sem teto, os sem terra, pelo Fome Zero, pelo Bolsa Família; e contra os fuzilamentos de negros e negras – as Cláudias, os Amarildos.

 

Jogadores negros, público branco

por Antonio Jiménez Barca

El País/ Espanha

Imagem de uma parte da torcida no Itaquerão. / F. A. (AP)
Imagem de uma parte da torcida no Itaquerão. / F. A. (AP)

seleção-Brasileira-amistoso

Em 1914, um jogador mulato do elitista clube Fluminense, do Rio de Janeiro, para dissimular a cor de sua pele, lambuzou sua cara com pó de arroz. No começo tudo bem. Mas quando começou a suar, seu truque foi descoberto. O jogador ficou marcado, para sempre, como o Pó de Arroz, assim como o próprio clube. A relação entre as tensões raciais (ou distensões) e o futebol no Brasil é extensa.

Na verdade, há muitos historiadores e especialistas que sustentam que o futebol serviu precisamente para unir as diferentes raças que povoam este país-continente, que é uma das poucas coisas que todos fazem juntos, ricos e pobres, brancos e negros, ou que todos assistem juntos. E a seleção seria o ponto alto desse sentimento de irmandade acima das cores. Sim, mas há também quem afirme que em 1950, o goleiro Barbosa, por ser negro, foi injustamente culpado por tomar o gol definitivo de Ghiggia no infeliz Maracanazo. Se fosse branco, teria sido perdoado. No vídeo no Youtube, podemos comprovar que a ação de Barbosa tampouco foi um erro enorme, nem sequer pode ser catalogado como erro. Mas que digam isso ao pobre goleiro que carregou por toda a vida, até sua morte em 2000, a culpa imensa de ter servido de instrumento da desgraça. Até nos supermercados ele era apontado com o dedo: “Olha, filha, o homem que fez o Brasil chorar”, disse uma vez a mãe para sua filha na presença do atribulado Barbosa.

Pelé, Garrincha e outros redimiram sua raça e converteram a seleção brasileira em uma máquina mestiça e perfeita, capaz de fabricar o melhor futebol da história. Desde então, a seleção do Brasil foi uma radiografia fiel da sociedade, onde mais da metade da população é negra ou mulata.

E assim era mais ou menos a equipe que entrou na quinta-feira no estádio do Itaquerão e ganhou da Croácia graças a Neymar e a um árbitro armado com um spray de grafiteiro.

No entanto, as arquibancadas estavam cheias de milhares e milhares de brasileiros brancos, quase todos brancos, os únicos que, em sua grande maioria, têm dinheiro neste país para pagar a entrada, os únicos que, no geral neste país, vão ao cinema, ao teatro, às exposições ou aos restaurantes de categoria, os que dominam as melhores oportunidades…

Dentro do campo era fácil: Marcelo, Daniel Alves, Thiago Silva, Hulk, Ramires…. Mas olhem as fotos da partida e brinquem de encontrar um negro entre o público do estádio que, vestido de amarelo, animava com euforia sua seleção. Tentem encontrar algum negro que não estivesse assistindo à seleção de todos pela televisão, do lado de fora.