Não existe democracia com censura de programa eleitoral

jornalismo censura polícia

 

Tempo de Tv é para mostrar a realidade. Nada de esconder o passado de candidatos corruptos. O silêncio é conivência. É cumplicidade.

Campanha política é debate. Discutir propostas é discutir promessas. Promessa não é dívida. Ninguém abre falência ou perde votos por prometer. O povo vota em candidato ficha suja porque não conhece o passado do sujeito, ladrão todo!

Censura é coisa de ditadura. Não existe democracia quando um tribunal censura um candidato. E mais grave ainda, um candidato a presidente da República.

Lá em Minas Gerais, o Tribunal de Justiça do Estado prendeu o jornalista Marco Aurélio Carone para ele parar de denunciar os crimes de Aécio Neves. Carone continua acorrentado e amordaçada. Uma prisão arbitrária, injusta e cruel, a pedido dos irmãos Aécio e Andréa Neves.

O espancamento de jornalistas e o aprisionamento são mordaças. O Brasil é campeão mundial em censura judicial.

A morte é a solução final da censura.

 

TSE suspende anúncio de Dilma e diz que tempo na TV deve ter propostas

 

censura eleitoral juiz TRE

 

Maioria dos ministros decidiram que horário eleitoral gratuito deve ser propositivo, para a discussão de propostas, não para o ataque entre adversários

 

 

Jornal O Tempo – Por 4 votos a 3 os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram tirar do ar uma propaganda da presidente Dilma Rousseff (PT) em que o senador Aécio Neves (PSDB) é acusado de perseguir jornalistas que o criticavam quando estava à frente do governo de Minas Gerais.

De acordo com a maioria, o horário eleitoral gratuito deve propositivo, para a discussão de propostas, não para o ataque entre adversários. A decisão foi tomada numa representação apresentada pelo PSDB contra a campanha de Dilma.

Ao proclamar o resultado do julgamento, o presidente do TSE, Dias Toffoli, destacou que a corte estava mudando sua jurisprudência, uma vez que ataques nunca foram motivo para a suspensão de propagandas.

Por isso, a corte deverá começar a usar, a partir de agora, um critério mais rígido contra ataques, o que pode levar à suspensão de um maior número de propagandas no rádio e na televisão.

 

Sergei Tunin
Sergei Tunin

Portal Terra – Na quarta-feira (15), o programa de Dilma Rousseff na propaganda eleitoral na TV abordou um ponto sensível de Aécio Neves: a relação do tucano com a imprensa.

“Aécio perdeu as eleições em seu estado. Sabe por quê? Entre outras coisas, porque durante o seu governo, ele levou a imprensa mineira com mão de ferro, processando veículos e jornalistas críticos da sua administração”, anunciou o locutor do programa petista.

Eneida da Costa, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, fez um desabafo em tom de denúncia contra a mordaça em relação ao caso do aeroporto construído em terras de um tio de Aécio.

“Essa história todinha lá da questão do aeroporto de Cláudio, aqui dentro de Minas Gerais a gente tinha essa história. Nós sabíamos disso. Nós, os jornalistas. A gente nunca pôde publicar”, declarou a sindicalista.

Outro jornalista mineiro, Geraldo Elísio Lopes, surgiu na tela para reafirmar a acusação de censura: “Simplesmente castraram a liberdade de imprensa, fazendo com que Minas, durante doze anos, tivesse todos os atos negativos escondidos”.

Ao contabilizar doze anos, Lopes se referiu aos dois mandatos de Aécio Neves como governador e aos 4 anos da gestão de seu sucessor, o também peessedebista Antonio Anastasia, eleito senador no dia 5.

Os conflitos de Aécio Neves com a imprensa antecedem estas eleições. O político já tentou na Justiça a remoção de links em sites de buscas como Google, Yahoo e Bing, nos quais seu nome é associado ao uso de entorpecentes e irregularidades durante sua administração em Minas.

O presidenciável também tentou autorização judicial para obter dados cadastrais de usuários que, de acordo com sua argumentação, formariam uma rede de boatos a fim de prejudicar sua imagem e a candidatura à Presidência.

 

[Aécio Neves comprou jornais e mandou demitir e prender jornalistas. Entrou na justiça com centenas de pedidos de censura. Isso é perseguir. É querer esconder a verdade tendo, muitas vezes, juízes como parceiros. Veja links]

 

 

A justiça de Goiás facilitou e um dos assassinos do jornalista Valério Luiz terminou preso em Portugal

Açougueiro Marquinhos fugiu de Goiás e terminou preso em Portugal
Açougueiro Marquinhos fugiu de Goiás e terminou preso em Portugal

Portugal/ TSF – Um homem procurado pelas autoridades brasileiras pelo assassinato do jornalista desportivo Valério Luiz foi capturado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nas Caldas da Rainha, onde se encontrava a residir, anunciou hoje o organismo.

O homem, de 30 anos, de nacionalidade brasileira, «era procurado pelas autoridades do seu país de origem, para cumprimento de pena até 30 anos de prisão, pela prática do crime de homicídio qualificado do jornalista, radialista e cronista desportivo Valério Luiz», esclareceu o SEF em resposta à Lusa.

Na sequência do crime, praticado em julho de 2012, em Goiânia (Brasil), o homem tinha pendente um mandado de captura internacional e, segundo o SEF, após ter sido confirmado o seu paradeiro em Portugal, na madrugada de quinta-feira foi montado um dispositivo operacional junto à sua residência.

O homem ter-se-á apercebido do dispositivo e, por volta das 10:00, «pôs-se em fuga, saltando de uma altura de um 3.º andar para as traseiras da sua residência e descendo através das varandas dos outros andares do mesmo imóvel», explicou o SEF.

Na fuga o homem foi auxiliado por um conterrâneo (também residente nas Caldas da Rainha e cujo local de trabalho se situa perto da casa do homicida), que «o transportou de carro para um local afastado».

Na operação de captura, durante cerca de duas horas foram «controladas as centrais de transportes rodoviárias e ferroviárias da zona, todas as artérias da cidade e a morada de onde tinha encetado a fuga», pode ler-se no mail com os esclarecimentos pedidos pela Lusa.

O homicida acabou por ser localizado novamente cerca das 12:30, junto da sua morada, tendo sido detido pela equipa que aí se encontrava em vigilância, sem resistir à detenção.

O detido estava ao final da tarde hoje a ser ouvido no Tribunal da Relação de Lisboa para validação da detenção e aplicação das respetivas medidas de coação.

Conversa de sogra

Em entrevista ao Jornal Opção nesta segunda-feira (11/08), Rozamar José Leite de Souza, sogra de Marcus Vinícius Pereira Xavier, confirmou a participação do genro no assassinato de Valério Luiz. “Meu genro é uma pessoa muito boa e se arrependeu do que fez. Ele é o menos culpado. A participação dele foi emprestar a moto e ter feito amizade com gente errada”, disse a senhora.

Segundo investigação da Polícia Civil de Goiás, Marquinhos emprestou a moto utilizada no crime e disponibilizou o açougue, bem próximo ao local dos tiros, como ponto de apoio para o PM Ademá Figueredo executar o radialista. O sargento Da Silva e o faz-tudo Urbano Malta articularam o assassinato, a mando do ex-cartola e ex-cartorário Maurício Sampaio.

Apesar do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal ter publicado nota informando uma verdadeira operação de captura de Marcus Vinícius, a sogra do réu afirma que este se entregou após uma revelação divina concedida a Azelina Xavier, esposa do então procurado: “Ela pediu orientação para Deus e Ele falou para o Marquinhos se entregar”.

Brasil registra maior número de jornalistas mortos nas Américas em 2013

expresão jornalista liberdade

O Brasil é o país que mais registrou mortes de jornalistas no exercício da profissão durante o ano de 2013 em todo o hemisfério ocidental, apontou um relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras.

De acordo com a Folha de S.Paulo, ao todo, foram cinco vítimas, mesma quantia registrada em 2012. A entidade relacionou as mortes aos “altos índices de violência” do país e aos riscos envolvidos em coberturas jornalisticas sobre o crime organizado e suas atuações com o tráfico de drogas, com a corrupção e a venda ilegal de matérias-primas.

A RSF cita a pressão sofrida por jornalistas durante os protestos de junho do ano passado, que começaram em São Paulo e se alastraram pelo país. A organização alerta que houve “grande repressão policial” sobre os profissionais de mídia.

Segundo o relatório, ocorreram pelo menos cem atos violentos contra os profissionais de imprensa, durante o que classificou como “primavera brasileira”. Além de apontar as mortes, a entidade abordou os riscos sofridos por jornalistas investigativos, intimidados por “coronéis” da polícia. O texto menciona o caso do jornalista Lúcio Flávio Pinto, do Pará, que denunciou o tráfico de madeira no Norte e acumulou 33 processos.

A organização fala também sobre países da América Latina, como a Bolívia, o Paraguai e a Argentina, indicados como locais com problemas para a liberdade de imprensa. Em 2012, o México ocupava a primeira posição como o país mais perigoso para os profissionais.(Transcrevi do Portal Imprensa. Veja links.

Nada a festejar: Dia Nacional do Jornalista

A mídia esqueceu. Ninguém lembrou:

Dia do Jornalista

Na verdade o certo seria dizer:

– Pêsames

Clique nos links. Você saberá porquê.

 

 

Presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão anuncia que vai matar jornalista

por Feitosa Costa

 

 

Deputado Arnaldo Melo
Deputado Arnaldo Melo

O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, o deputado Arnaldo Melo (PMDB), anunciou no inicio da noite de ontem, segunda-feira, diante de vários colegas, que vai matar o jornalista Luis Pablo, filho de uma família de blogueiros comandados por Luis Cardoso, um dos mais acessados de toda a região. O deputado disse que não está preocupado com a possibilidade de ir para a cadeia e encerrar a sua vida política.

O jovem jornalista Luis Pablo disse que  “a atitude irascivel” do presidente do Poder Legislativo do Estado do Maranhão se dá em função de matéria que divulgou em seu blog, denunciando a utilização de carros alugados irregularmente pela Assembléia Legislativa pela mulher do deputado, dona Valderês Melo, presidente de um órgão conhecido como Gedema.

Luis Pablo
Luis Pablo

A fúria do presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão foi testemunhada também por profissionais de imprensa que imediatamente comunicaram o fato ao colega. Luis Pablo procurou se cercar de garantias e, segundo jornalistas de São Luis, fez chegar a ameaça ao secretário de Segurança do Estado do Maranhão.

Consta que colegas do parlamentar tentaram acalmá-lo, ponderando que ele não podia fazer determinada afirmação, que observasse a sua posição de presidente do Parlamento e de homem experiente, ao que Arnaldo Melo respondeu que “não estou nem um pouco preocupado com isso, vou matar esse sujeito”.

Décio Sá

O jornalista Décio Sá, repórter do jornal O Estado do Maranhão, de propriedade da família Sarney, e titular do “blog do Décio Sá”, o mais lido do Maranhão, foi assassinado em abril de 2012, em um bar da avenida Litorânea, em São Luis, por um pistoleiro que estaria agindo sob encomenda de um esquema de agiotas, acusado de ter mandado executar, também, dias antes, em Teresina, o negociante de automóveis Flávio Brasil.

O caso de Luis Pablo é diferente: ele não está sendo ameaçado por membros de uma quadrilha, nem por pistoleiros profissionais e sim pelo presidente do poder Legislativo do Estado do Maranhão, homem que deveria atuar como um guardião da democracia e sobretudo da liberdade de expressão.

Na contramão de suas verdadeiras atribuições, o Senhor Arnaldo Melo irrompe como um coronel de um terra sem lei intimidando publicamente um profissional que utilizou a sua capacidade e o direito de se expressar.

O Maranhão não merece ter um parlamentar com esse nível de descontrole.

Tijoladas do Mosquito mataram o principal jornalista de Santa Catarina

 

Mosquito

Poucos defenderam Mosquito, que a imprensa tradicional preferiu esconder a morte de Amilton Alexandre, um dos movimentadores da opinião pública de Santa Catarina, e que colecionava inimigos devido às críticas e denúncias postadas em seu blog. Era parte em mais de 40 ações que corriam na Justiça catarinense. A maior parte dos processos eram por calúnia, difamação ou pedidos de indenização por danos morais.

Um de seus alvos no blog  Tijoladas do Mosquito era o prefeito de Florianópolis Dário Berger, que movia uma ação penal privada contra o comunicador. Em audiência desse caso, Mosquito foi advertido com um termo de prisão em flagrante por proferir ofensas ao prefeito durante a sessão. Entre os casos de maior repercussão,  denunciou um de estupro envolvendo adolescentes de famílias tradicionais da capital catarinense. O estupro aconteceu na casa do filho de um delegado de polícia. Participou da curra um filho de Sérgio Sirotsky, diretor do Grupo RBS. O nome do terceiro violentador jamais foi revelado. A vítima uma menina de 13 anos, colega de escola.

Dentre os 25 boletins de ocorrência policial feitos pelo blogueiro, levantados pela polícia, a maioria era sobre ameaças de morte.

Azevedo dos Santos, junto com o colega Edson Jardim, advogava gratuitamente para o jornalista, que estava com sérios problemas financeiros. “Ele sofria processos criminais, cíveis e até de natureza tributária”, conta o advogado, acrescentando  que “não era isso (os problemas financeiros) que o angustiava, o principal motivo era a iminência de ser preso (por conta de alguma condenação que pudesse vir)”.

Santos acredita que a hipótese de um homicídio forjado não pode ser descartada. Mosquito foi encontrado morto, enforcado na escadaria de sua residência. “As denúncias que fazia eram contundentes, e envolviam gente poderosa. Pelo rol de denunciados, qualquer um pode ser um inimigo em potencial”, comenta.

Residência de Mosquito, em Palhoça, na Grande Florianópolis
Residência de Mosquito, em Palhoça, na Grande Florianópolis

 

Mosquito colecionava muitos desafetos, desde o prefeito de Florianópolis Dário Berger (PMDB) à atual ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti (PT) – ambos moveram ações contra o jornalista.

E pelo menos duas pessoas ameaçaram, publicamente, Amilton de morte. O vereador de Florianópolis Márcio Souza (PT), e o ex-diretor do Departamento de Administração Prisional de Santa Catarina Hudson Queiroz. Souza ameaçou Mosquito durante uma audiência judicial, na frente da juíza. E Queiroz agrediu fisicamente o jornalista, durante um evento na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, ameaçando-o de morte pelas redes sociais.

Mosquito sem dinheiro, sem equipe, sem costas quentes, fazia uma jornalismo ousado, criativo, investigativo, e sem o medo que hoje impera nas redações de Santa Catarina.

Merece ser lembrado. Não pode ser morto pela censura imposta pelos seus algozes, nem pela cumplicidade do silêncio dos jornalistas e dos líderes dos movimentos sociais, que ele tanto defendeu.

O ex-diretor do Deap é um dos envolvidos nas denúncias de torturas contra detentos do Complexo Prisional de São Pedro de Alcântara. As imagens de policiais, afogando presos em vasos sanitários, foram reproduzidas pela mídia internacional, em novembro de 2009. O que levou Queiroz a perder o cargo.

Uma pessoa ligada a Amilton acredita que Hudson pode ser um dos principais suspeitos, caso tenha havido realmente um assassinato. “Ele mostrou sinais de ser desequilibrado, a ponto de ameaçá-lo nas redes sociais. E é policial, sabe os procedimentos para mascarar um suicídio”, aponta.

Mosquito, um apelido dos tempos da faculdade, ou Muska.

Transcrevi de várias fontes. Notadamente do blogue Pragmatismo Político.

(Continua)

 

O perigo de ser jornalista: violência e abandono

PROFISSÃO PERIGO

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por Raphael Tsavkko Garcia

 

Não há qualquer tipo de segurança ou mesmo garantia de segurança para quem exerce a profissão de jornalista. Caso você seja um freelancer, a situação tende a piorar. Sequer sobra a possibilidade de ter um jornal, uma estrutura como barreira ao menos para processos.

Casos recentes de assassinatos de jornalistas em Minas Gerais, as ameaças sofridas pela jornalista Lucia Rodrigues por parte do coronel Telhada, da Rota de São Paulo (e agora vereador), que também ameaçou e fez ser exilado o jornalista do Estado de S.Paulo André Caramante, ou mesmo a tentativa de assassinato de blogueiros como Ricardo Gama, no Rio de Janeiro, e o suposto suicídio do blogueiro catarinense Mosquito denunciam a total insegurança em que vivem aqueles que decidem denunciar poderosos e perigosos e também as ameaças e pressões sofridas por eles.

Recordo-me quando, em 2001, fotografei e gravei um protesto de neonazistas em plena Avenida Paulista. Eram neonazistas, fascistas, integralistas, enfim, toda a nata do submundo do ódio de extrema-direita reunida para defender o deputado Jair Bolsonaro. Até hoje, dois anos depois, ainda recebo ameaças por parte de neonazistas e similares, mas nada mais grave me ocorreu. Infelizmente o mesmo não pode ser dito no caso de dezenas de outros jornalistas.

Apuração e veracidade

Toda esta facilidade com que se ameaça e mata jornalistas é reflexo da falência não só do Estado de Direito, mas dos sindicatos, que deveriam representar nossa categoria. Os sindicatos não atuam sequer na luta por salários decentes, contra os PJ e excesso de “frilas”, que o diga na proteção de seus filiados e não-filiados. Para eles interessa mais a “luta” pelo diploma que pela vida dos jornalistas, de quem, com paixão, exerce esta profissão, independentemente de possuir ou não um pedaço de papel.

Não adianta contar com a polícia, pois uma parte significativa dos assassinos de jornalistas são policiais e ex-policiais, nem com o governo, pois muitas vezes os jornalistas são ameaçados e mortos por criticar governos e, infelizmente, não podemos contar com quem deveria nos representar, pois os sindicatos estão mais interessados em decidir quem pode ou deve sequer ter direito a ser chamado de jornalista baseados em um pedaço de papel e não em capacidade, habilidade e mesmo amor pelo que faz (fazemos).

Enquanto na grande mídia jornalistas se vendem pelos melhores preços (em muitos casos pelo preço possível, ou passam fome), vendem sua ideologia, sua ética, sua integridade para reportar aquilo que querem os patrões, na mídia alternativa – vide a Caros Amigos – resta a precarização. Os jornais não conseguem conviver com a internet, ampliando a precarização e as demissões (passaralhos) em redações, desprezando o importante papel dos jornalistas hoje de curadoria e de análise de dados e notícias. Apenas neste mês, a Abril pretende demitir mil funcionários e em momento algum o sindicato se insurgiu ou sequer planeja se insurgir, pressionar e buscar alternativas. Ao menos tempo, na Argentina, funcionários de jornais realizaram paralisações conjuntas e organizadas por todo o país.

O jornalista hoje não apenas escreve, mas se coloca como um diferencial de qualidade, analisa, seleciona, faz curadoria, é um modelo. Qualquer um pode ter um blog, mas a responsabilidade pela apuração e a garantia da veracidade dos fatos recai, ainda, sobre o jornalista. E isto é desprezado.

***

Raphael Tsavkko Garcia é mestre em Comunicação

Transcrito do Observatório da Imprensa

Crimes cometidos contra jornalista sujam o nome do Brasil no exterior

Violência-contra-Jornalistas

São crimes divulgados pela imprensa internacional, e diferentes organizações que defendem os direitos humanos e a imprensa livre nunca culpam os governadores de Estados, e sim, exclusivamente o presidente do Brasil. Pesquise tags.

Publica o Portal de Notícia do Senado: A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve examinar hoje (24) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/10, que transfere para a Justiça Federal a competência para processar e julgar crimes cometidos contra jornalistas em razão do exercício profissional.

De iniciativa do ex-senador Roberto Cavalcanti, a PEC e recebeu adesão de outros 28 parlamentares. Segundo o autor, a proposta é justificada pelo fato de os crimes praticados contra profissionais da imprensa terem dimensão [internacional e porque os fatos noticiados atraem o interesse de toda a opinião pública – nacional e estrangeira. O Brasil é considerado um dos países de alto risco para exercício da profissão de jornalistas, e campeão mundial em assédio judicial}.

Mudanças

O relator é o senador Vital do Rego (PMDB-PB), que fez uma série de ressalvas à proposta e apresentou um substitutivo. Para o parlamentar, o argumento de que os crimes praticados contra jornalistas têm dimensão nacional, não justifica, por si só, a atribuição de competência à Justiça Federal, como estabelece a PEC. “Diversas profissões têm uma atuação que extrapolam a esfera local e os interesses privados. Se a razão que justifica a competência federal para julgar os crimes contra determinada pessoa é a relação de sua atividade profissional com a defesa de direitos fundamentais, então, por uma questão de isonomia e coerência, estaria justificado o mesmo tratamento a outras profissões”, diz em seu relatório. [O deputado Vital do Rego parece desconhecer que no ano de passado foram assassinados um jornalista a cade mês. E que neste ano 14 começou com dois jornalistas presos, dois exilados, e um assassinato logo no dia 5 de janeiro último. Este ano dois jornalistas foram assassinados em Minas Gerais, três no Rio de Janeiro. Para citar apenas dois Estados.

De acordo com Vital do Rêgo, se a preocupação dos autores é com a defesa da liberdade de imprensa e de expressão, do direito à informação e da integridade física dos jornalistas, é preciso ter em vista que a chamada “federalização” de crimes contra os direitos humanos já é uma possibilidade contemplada pela Constituição, por meio do chamado incidente de deslocamento de competência (IDC).

O substitutivo de Vital do Rêgo apresenta então uma ampliação no rol de legitimados para proposição de IDC, hoje tarefa exclusiva do procurador-geral da República. Com isso, seriam legitimados também o presidente da República, as Mesas do Senado e da Câmara, Mesas de Assembleias Legislativas, governadores, o Conselho Federal da OAB, partidos políticos com representação no Congresso e confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.

O senador ressalta ainda que atualmente o incidente de deslocamento de competência raramente é utilizado. Apenas dois casos foram interpostos pelo procurador-geral e julgados pelo STJ desde 2004, quando o instrumento foi introduzido na Constituição.

 censura tv rádio

A matança de jornalistas não tem divulgação. Repórteres da capital “veem jornalistas do interior como tendenciosos, corruptos e coniventes com políticos locais”

O separatismo – elitista, ideológico e partidário – sempre existiu. Os confrades, que atuavam no jornalismo impresso, não conceituavam jornalísticas várias funções. O fotógrafo  era considerado um retratista. Inferiores as funções de repórter policial, de repórter esportivo, de repórter sindical. O colunista social, uma bicha de nascença. Analfabetos os redatores dos jornais falados (classificados como speakers ou locutores em off), que terminaram ‘fundadores’ do jornalismo televisivo. Os empresários e políticos, donos de jornal, exigiam ser chamados de ‘jornalistas’; e picaretas, os desempregados jornalistas que caiam na besteira ou sabedoria de rodar jornal no interior. Este o cenário, que encontrei  como foca no final da década de 50, congelado na ditadura militar, e que nã0 mudou muito.

Na excelente e esclarecedora reportagem de John Otis: “Marcelo Moreira disse que repórteres no Rio de Janeiro e São Paulo frequentemente veem jornalistas do interior como tendenciosos, corruptos e coniventes com políticos locais. Dessa forma, explicou, a grande mídia presta menos atenção quando esses repórteres e blogueiros são alvos de ataques. O assassinato de Randolfo nem chegou ao principal noticiário da TV Globo no Rio de Janeiro, apesar de o blogueiro ter sido morto numa cidade próxima. ‘Se não estão escrevendo para os grandes meios de comunicação, são praticamente inexistentes,’ disse Moreira ao CPJ. ‘Mas esses blogueiros tiveram a coragem de escrever sobre as coisas ruins que estavam acontecendo em suas comunidades.”

O espelho é um só. Os jornalistas da capital são vistos “como tendenciosos, corruptos e coniventes com os políticos locais”, e  atuam como lobistas. Em Brasília, os chefes de sucursais residem em palácios, onde oferecem festanças para os empresários, os industriais, e os cardeais do executivo, do legislativo, do judiciário.

“A presidente Dilma Rousseff tentou minimizar os perigos que os jornalistas brasileiros enfrentam”, e permanece na tentação. A justiça se tornou campeã mundial em censura.

Quantos coleguinhas morreram neste ano 13 (contando os radialistas, os blogueiros, os cinegrafistas, os fotógrafos – eles são ou não jornalistas)?  A média de 2012 foi de um por mês. Temos Estados com dois mortos neste 2013. E, na maioria das mortes, policiais ou ex-policiais envolvidos como executores.

censura liberdade censor jornalista

Blogueiros na mira enquanto aumenta o número de assassinatos no Brasil

por John Otis

Em 23 de abril de 2012, Décio Sá, o jornalista e blogueiro mais influente do Maranhão, estado localizado no nordeste brasileiro, foi baleado três vezes na cabeça por um atirador que fugiu de motocicleta. Sá foi morto dois meses depois do assassinato de Mário Randolfo Marques Lopes, um combativo blogueiro que era editor de um site de notícias em Barra do Piraí, cidade localizada a aproximadamente 145 quilômetros ao noroeste do Rio de Janeiro.

A presidente Dilma Rousseff tentou minimizar os perigos que os jornalistas brasileiros enfrentam. (AFP / Yasuyoshi Chiba).

A presidente Dilma Rousseff tentou minimizar os perigos que os jornalistas brasileiros enfrentam. (AFP / Yasuyoshi Chiba).

As mortes de Sá e Randolfo, os primeiros blogueiros brasileiros a serem mortos devido ao seu trabalho informativo, fazem parte de um aumento mais amplo no número de assassinatos de jornalistas no país desde 2011. O caso de Randolfo também é emblemático da difícil situação dos repórteres interioranos no Brasil: sem vínculos com os principais meios de comunicação de grandes centros urbanos, esses jornalistas não têm visibilidade e o apoio de colegas em nível nacional. Um perfil tão discreto pode significar que as autoridades se sintam menos pressionadas a investigar atentados contra a imprensa regional. Ataques não resolvidos contra jornalistas, por sua vez, podem dissuadir os repórteres locais de investigar crimes e corrupção em suas regiões.

“Quando ocorre qualquer tipo de violência contra jornalistas, ela ameaça outros repórteres que poderiam querer fazer o mesmo tipo de trabalho,” afirmou Marcelo Moreira, editor-chefe da TV Globo no Rio de Janeiro e presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a ABRAJI. “Isso é especialmente verdadeiro no Brasil, onde o número de ataques está aumentando. É por isso que estamos tão preocupados.”

Repórteres e agentes encarregados de manter a lei disseram ao CPJ, durante visitas realizadas em setembro de 2012 às cidades de São Luís, Barra do Piraí e Rio de Janeiro, que Sá e Rodolfo provavelmente foram visados por suas enérgicas reportagens sobre a corrupção política local e o crime organizado; histórias que foram, em grande parte, ignoradas pela grande mídia estabelecida no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Jornalistas de rádio foram amiúde baleados em áreas remotas do Brasil devido a reportagens agressivas e, muitas vezes,  politicamente tendenciosas. Mas, os blogueiros que produzem notícias, vistos como mais independentes do que repórteres de rádio, vêm ganhando influência em muitas das pequenas e médias cidades do país. Dessa forma, eles se tornaram os alvos mais recentes daqueles que querem silenciar a mídia brasileira.

“Tradicionalmente, o maior número de mortes de jornalistas no interior ocorria entre os que trabalhavam em rádio,” disse ao CPJ José Reinaldo Marques, pesquisador da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), um grupo do setor com sede no Rio de Janeiro. “Mas isso foi até o surgimento dos blogueiros.”

Não há estimativas oficiais do número de blogs noticiosos no Brasil. Uma pesquisa realizada em 2011 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, criado pelo governo brasileiro, mostrou que 16% dos usuários online em áreas urbanas e 11% em áreas rurais haviam criado blogs. Os dados nada revelavam sobre a natureza das postagens, mas está claro que blogs e sites de notícias sérios, focados em eventos atuais, estão se originando por todo o país. Por exemplo, na cidade de São Luiz, capital do estado do Maranhão, onde Sá foi morto, cerca de 20 blogs com ampla difusão abordam notícias e política, segundo Marco Aurélio D’Eça, blogueiro que era um dos amigos mais próximos de Sá.

D’Eça contou ao CPJ que blogs e sites de notícias suplantaram o rádio como a mídia mais importante em muitas cidades e capitais no interior. Nestas regiões, frequentemente faltam jornais ou canais de TV locais com cobertura agressiva e elas são amplamente ignoradas pelos grandes e massivos meios de comunicação brasileiros.

As estações de rádio já supriram algumas destas lacunas, mas muitas emissoras pertencem a políticos, e seus repórteres frequentemente produzem relatos que favorecem seus chefes, disse ele. Embora alguns blogueiros também estejam alinhados e sejam e pagos por políticos, comentou D’Eça, ele e muitos outros blogueiros independentes “têm mais liberdade para investigar” assuntos como tráfico de drogas, tráfico de pessoas e crimes ambientais.

Além disso, o noticiário de rádio geralmente visa audiências menos sofisticadas e fica no ar só por alguns minutos antes de desaparecer. Em contraste, disse D’Eça, notícias locais e comentários publicados online podem ter maior impacto porque as postagens são normalmente voltadas a uma audiência mais letrada, composta por políticos, líderes empresariais, e formadores de opinião. Além disso, textos de blogs ficam disponíveis na internet por meses e podem ser reproduzidos e enviados por e-mail para atingir um público mais amplo. O resultado é que casos de corrupção, escândalos políticos e rumores em áreas rurais de Pernambuco, Mato Grosso, Bahia e outros estados – histórias que no passado teriam permanecido no âmbito local – podem agora ser lidas por usuários de internet em todo o país e repercutidas pela grande mídia.
Sá, 42, era um repórter político veterano do maior jornal da região, O Estado do Maranhão, pertencente à família Sarney, uma dinastia política liderada pelo ex-presidente brasileiro e atual presidente do Senado José Sarney, cuja filha, Roseana Sarney, é governadora do estado. O jornal geralmente evita fazer investigações ou reportagens críticas sobre os Sarney, disse Saulo McClean, repórter policial de O Estado do Maranhão. McClean escreve notícias com base em boletins policiais, mas disse que seus editores raramente o pressionam a investigar mais fundo.

Sá, entretanto, tornou-se conhecido fora do jornal em 2006, quando iniciou seu independenteBlog do Décio, que vigorosamente abordava a intersecção entre a política e o crime organizado. “Décio tinha que seguir a linha editorial em seu trabalho no jornal, mas não em seu blog,” disse McClean. “O blog dele era mais informal. Incluía boatos e rumores, mas ele sempre ia atrás dos ‘peixes grandes’”. Logo se tornou um dos blogs mais lidos no estado. As fontes de Sá eram tão boas que, às vezes, ele ia longe demais e comprometia investigações policiais, disse Aluísio Mendes, chefe da polícia do Maranhão. “Ele era muito agressivo,” disse Mendes ao CPJ. “Todo mundo lia seu blog.”

As postagens que podem ter levado ao assassinato de Sá diziam respeito ao homicídio, ocorrido em março, de um empresário local. Mendes disse que Sá se antecipou à investigação policial ao conectar o caso a uma rede maranhense de agiotas que frequentemente emprestava enormes quantias para candidatos políticos em troca de contratos governamentais quando seus clientes fossem eleitos. O empresário morto, Fábio Brasil, aparentemente não pagara sua dívida, disse Mendes. Embora Sá não tenha publicado nomes, diversos comentários publicados sob sua postagem original alegavam que o assassinato tinha sido encomendado por Gláucio Alencar e seu pai, José de Alencar Miranda Carvalho – renomados líderes do grupo de agiotas.

Como os líderes da quadrilha contavam com policiais corruptos e políticos em sua folha de pagamento, disse Mendes, eles estavam mais preocupados com o que Sá poderia revelar em seu blog do que com a investigação oficial da polícia. Assim, contrataram o mesmo atirador que assassinara Brasil para matar Sá, contou Mendes. Sá levou um tiro enquanto estava sentado em um bar em São Luís. Ele deixou esposa, que na época estava grávida, e uma filha.

Mendes contou ao CPJ que solucionar o crime era uma enorme prioridade. Sá não apenas trabalhava para a família Sarney, que exigia respostas, como era o jornalista mais conhecido do Maranhão. “Havia a sensação de que se eles podiam matar o Décio, podiam matar qualquer um,” afirmou Mendes. Um homem foi logo preso, confessou ser o atirador, e disse que o crime havia sido encomendado pela família Alencar, segundo Mendes. Gláucio Alencar, seu pai, e sete outros suspeitos – incluindo um subcomandante da polícia militar que supostamente forneceu a pistola usada para matar Sá – foram presos. Alencar e os outros suspeitos negaram as acusações e, assim como o suposto atirador, aguardavam julgamento no final de 2012.
O assassinato de Sá atraiu grande atenção da imprensa brasileira e foi considerado solucionado em 50 dias. Em contrapartida, o assassinato de Randolfo permanece sob investigação e pouco chegou aos noticiários, segundo Moreira, presidente da ABRAJI. Ao contrário de Sá, Randolfo não trabalhava para um grande jornal e não tinha conexões políticas de peso. Ele também vivia em uma cidade muito menor, Vassouras, no estado do Rio de Janeiro, onde era fundador, editor-chefe e o principal blogueiro do site de notícias Vassouras na Net.

Como muitos jornalistas de internet independentes, Randolfo se sustentava com a venda de publicidade em seu site para empresas locais, de acordo com Wilians Renato dos Santos, repórter policial para a RBP Rádio na cidade de Barra do Piraí, onde Randolfo foi assassinato. Em suas postagens, Randolfo frequentemente acusava funcionários locais de corrupção e havia noticiado sobre uma suposta rede de assassinos de aluguel liderada por um ex-chefe de polícia de Vassouras. “Ele desafiava todo mundo,” disse dos Santos. “Denunciava crimes. Ele pôs muita gente em uma situação difícil, e queriam silenciá-lo.”

Ele descreveu Randolfo como um repórter honesto e ético. J. C. Moreira, amigo de Randolfo e presidente do sindicato dos jornalistas, disse que o blogueiro proclamava com frequência: “Ninguém pode me comprar”. Mas o chefe de polícia de Barra do Piraí, José Mário Salomão de Omena, contou ao CPJ que Randolfo também publicou boatos e investigou a vida pessoal de funcionários públicos, até escrevendo sobre seus casos extraconjugais. “Ele era como um franco-atirador desarmado. Não tinha limites,” disse Omena, que não era um dos alvos das investigações de Randolfo. “Em uma cidade pequena, esse tipo de informação pode ser devastadora. Você não ia querer matar alguém que dissesse que sua mãe era uma prostituta e seu pai infiel?”

Em julho de 2011, um desconhecido entrou na redação do Vassouras na Net e disparou contra a cabeça de Randolfo, deixando-o em coma por três dias com uma bala alojada atrás de sua orelha direita. Ele sobreviveu e posteriormente denunciou em seu site que foi alvo de retaliação por ter revelado irregularidades na investigação de um assassinato. Ninguém foi acusado ou preso pelo atentado. Para sua segurança, Randolfo se transferiu em janeiro de Vassouras para Barra do Piraí, uma cidade de 88.000 habitantes. Mas as duas cidades estão a apenas 25 quilômetros de distância, e Randolfo não parou de escrever em seu site. “Depois do ataque, eu disse a ele pra tomar cuidado e esquecer o jornalismo,” seu amigo Moreira disse ao CPJ. Como Barra do Piraí era muito perto de Vassouras, comentou Moreira, “achei que ele era louco de se mudar para cá”.

Randolfo foi assassinado em 9 de fevereiro de 2012, junto com sua companheira, Maria Aparecida Guimarães. Omena disse que os corpos foram encontrados na beira de uma estrada, nos arredores de Barra do Piraí. Ambos foram raptados da casa de Randolfo na noite anterior e mortos a tiros no início da manhã.

Omena disse que, em sua maioria, os homicídios em Barra do Piraí são solucionados, mas  admitiu uma falta de progresso no caso de Randolfo. Pouco tempo após a morte de Randolfo, eledisse a repórteres que o jornalista tinha criado “um número tão grande de inimigos que é difícil saber por onde começar” a investigação. Em resposta às questões escritas pelo CPJ, Ramon Leite Carvalho,  promotor público encarregado do caso de Randolfo, se recusou a discutir detalhes, argumentando que a investigação ainda estava em curso.

Na esteira dos assassinatos de Sá e Randolfo, o governo da presidente Dilma Rousseff tentou atenuar a noção de que o Brasil está se tornando uma zona vermelha para jornalistas, de acordo com Moreira, presidente da ABRAJI. Ele assinalou que a Copa do Mundo de 2014 vai ocorrer em 12 cidades por todo o Brasil e que, em meio a um maior escrutínio internacional, o governo está tentando defender a ideia de que o país é pacífico e amistoso para repórteres. Mas pelo menos sete jornalistas brasileiros foram mortos por motivos diretamente relacionados ao seu trabalho entre janeiro de 2011 e outubro de 2012, tornando o país um dos mais letais para a imprensa. E o governo, às vezes, pareceu insensível ao problema. Em abril de 2012, a delegação brasileira se opôs a um plano liderado pela UNESCO para combater a impunidade em assassinatos de jornalistas em todo o mundo. Depois que a posição do Brasil atraiu muitas críticas da ABRAJI e de outros organismos, em junho a embaixadora do país junto à ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que o país apoiaria o plano à medida que este avançasse nas Nações Unidas.
Sá e Randolfo se apraziam em cutucar os poderosos, mas nenhum deles tomou qualquer medida especial para se proteger, de acordo com amigos e companheiros de profissão. Seus colegas blogueiros reagiram às mortes de maneiras diversas. Gildean Farias, editor online de O Imparcial, o jornal diário mais antigo de São Luís, disse que o assassinato de Sá o persuadiu a passar ao largo de política no blog que escreve para o jornal. D’Eça, ao contrário, tem usado seu blog para continuar a investigação de Sá sobre os agiotas do Maranhão.

Amigos repórteres de Sá têm mantido seu blog ativo. Mas, no interior do estado do Rio de Janeiro, o site de Randolfo foi tirado do ar; com sua morte, há uma sentinela a menos em uma parte do país já com poucos jornalistas. Não houve quase nenhum acompanhamento da mídia brasileira sobre o seu caso. De acordo com Moreira, da ABRAJI, isso significa bem menos pressão sobre as autoridades locais para encontrar os assassinos.

Moreira disse que repórteres no Rio de Janeiro e São Paulo frequentemente veem jornalistas do interior como tendenciosos, corruptos e coniventes com políticos locais. Dessa forma, explicou, a grande mídia presta menos atenção quando esses repórteres e blogueiros são alvos de ataques. O assassinato de Randolfo nem chegou ao principal noticiário da TV Globo no Rio de Janeiro, apesar de o blogueiro ter sido morto numa cidade próxima. “Se não estão escrevendo para os grandes meios de comunicação, são praticamente inexistentes,” disse Moreira ao CPJ. “Mas esses blogueiros tiveram a coragem de escrever sobre as coisas ruins que estavam acontecendo em suas comunidades.”

John Otis, correspondente do Programa das Américas do CPJ nos Andes, também trabalha como correspondente para a revista Time e para o Global Post. Ele escreveu em 2010 o livro Lei da Selva, sobre contratantes militares norte-americanos raptados por rebeldes colombianos. Ele vive em Bogotá, na Colômbia.

Mato Grosso do Sul: Quantos jornalistas foram assassinados em 2012?

Terra sem governo, terra sem justiça, o jornalismo também tem gosto de terra e sangue.

A lei da bala impera na fronteira do Mato Grosso do Sul.

Transcrevo um artigo de Eduardo Carvalho, que pode ser seu próprio epitáfio e nomeação dos seus possíveis assassinos:

Em Mato Grosso do Sul vagabundo morre, vira herói ou ‘empresário’

Um vagabundo dos piores, e foi abatido a tiros por algum desafeto, e em virtude de sua morte vira herói, ou ainda é denominado ‘’empresário de comunicação’’, tão somente por ter adquirido sabe-se Deus como, um Jornal.

Por sinal, veículo de imprensa que era tido, e havido, como arma de ataque a juízes, e outras profissionais da área  de segurança pública na área de fronteira.

Foi esse justo, amável, e trabalhador  ‘’empresário’’, que era acusado de ter financiado a morte de um jornalista de verdade, e que foi brutalmente, e covardemente assassinado por gente que não aceita o processo democrático reinante no país, apesar desse sério profissional ser um paraguaio de origem, mas que incomodava com seu trabalho na área de comunicação realizado do lado de lá de Ponta Porã. Tulú foi acusado pela prática de mando do assassinato.

Tulú como gostava de ser chamado o ‘’quase capo’’ fronteiriço, não era flor que se se cheira, assim como seu irmão, um outro covarde metido a bandido, de vulgo ‘’tatá’’ e que age pelas costas de suas vítimas, ou ainda as cagueta, assim como fez ano passado, quando aqui na capital esteve, e para entregar a uma autoridade, todo esquema de contrabando de cigarros, e outros coisas que ele mesmo disse ser “anormais’’, e que ocorrem na área de fronteira.

O cagueta safardana,  com fama e jeito  de  ‘’sanguinário perigoso’’, e que por sinal está pedido pela INTERPOL, mandava recados de morte para jornalistas, e desafetos, e há quem diga que a morte de Paulo Rocaro pode ter seu ‘’dedinho’’ para incriminar inocentes.

Foi no casino, ou melhor, no ‘’Bingo Guarani’’ de propriedade do contraventor, misto de empresário TULÚ que encomendaram quem pudesse  dar conta de minha vida, o convescote criminoso, e sob os olhos complacentes do tal  TULÚ, é que vagabundos iguais a si, tramaram minha morte, e que segundo quem me repassou as valiosas informações, essa deveria ser feita com requintes de crueldade.

Deus amante, e justo pela vida, e sapiente da justiça, não deixou que comigo nada acontecesse, o mesmo não ocorrendo com o marginal apelidado de TULÚ, esse que agora acompanha o satanás nas fornalhas do mais profundo inferno, restou seu fiel puxa saco, outro bandido igual a si, o tal ‘’Ananias’’ um paraguaio safardana,  seria o ‘’contratante’’ dos pistoleiros, e segundo informes,  os trazer ia a Campo Grande, a fim de fazer o serviço de morte.

Deus me protegeu! Agora tenho recebido e-mails, tais quais os aqui apresento em público para que as pessoas saibam que bandido defende bandido igual a si, e pelo que vejo tenho que me proteger tendo em vista que iguais protegem iguais e bandidos familiares tais quais ao vagabundo que morreu, por pura paixão, ou ainda  pela moleza do dinheiro fácil que acabou, devem estar tramando minha morte, ao qual deixo o aviso: “Pode vir que encontra resistência, não morrerei que nem a porco escanteado, em reais chances de defesa, todo aquele que vir, pode também levar. Dado o recado! Leia o e-mail e saibam que lado a verdade prevalece.

[Eduardo escreveu este texto em 8 de outubro. No dia 21 de novembro foi assassinado. Por que usou apelidos? Que tipo de polícia insinua defender? Que justiça? Polícia e justiça atacadas por um jornal concorrente, cujo proprietário também foi morto. Temos, no texto, quatro mortes anunciadas: 1. um dono de jornal, 2. um “jornalista verdadeiro”, 3. Paulo Rocaro, 4. Eduardo Carvalho]
Em 11 de novembro, Israel Espíndola escreveu no UH News:
Jornalista entrega vídeo e farta documentação à PF para ser enviada ao CNJ
O jornalista Eduardo Carvalho entregou, na Sede da Polícia Federal, farta documentação impressa e em video dando conta das falcatruas perpetradas pelo ”doutor” Joseph Sleiman, vulgo ”zuzão” e sua quadrilha. Segundo a denuncia, ”zuzão” alega ser vedendor de sentenças, essas proferidas por desembargadores e juízes do TJ MS.Num dos trechos da gravação, ”Zuzão” diz saber quem matou o ex-policial civil Serjão, e aponta como mandante o pecuarista Antonio Dameto; noutro trecho diz que o também advogado Paulo Macetti é um estelionatário, e que seu traballho consciste em jogar dois dos lados da clientela que atende; fala sobre decisões judiciais e, tempos atrás, Zuzão estaria arquitentando a morte desse jornalista, na cidade de Ponta Porã, com seu cumpadre de alcunha Tulú e outros de seu bando. É aguardar e conferir!