Deputados ficha suja votam lei para não ser chamados de bandido. Talvez seja possível usar a classificação racista: no máximo praticam crime de colarinho (de) branco. É o velho ditado: quem rouba um milhão, barão.
Que rouba um tostão, ladrão. Veja quanto é exemplar este caso:
Faxineira é presa pela Polícia Federal por comer chocolate sem pedir
Agostinho Cascardo, delegado da PF, prende faxineira que comeu chocolate que estava em sua mesa. Em entrevista, a mulher disse que não imaginou que o delegado fizesse tanta questão por um bombom. Internautas indignados (e bem humorados) iniciaram campanha para arrecadar chocolates ao delegado. A campanha ficou conhecida como Operação Sonho de Valsa

Pragmatismo Político/ Agência Estado – A faxineira E.R.S., de 32 anos, foi detida pela Polícia Federal de Roraima acusada do furto qualificado de um chocolate que estava na mesa do delegado-corregedor Agostinho Cascardo. Ela retirou o bombom de uma caixa e comeu. Após sentir a falta do produto, o delegado analisou as câmeras de segurança da sala e a fez pegar a embalagem do chocolate na lata do lixo, para servir como “prova do crime”.
A acusada trabalhava para uma empresa terceirizada que presta serviço à Polícia Federal e foi demitida por justa causa por “quebra de confiança”.
O caso aconteceu na quinta-feira (30), mas só foi divulgado nesta terça (6), ganhando de imediato repercussão em redes sociais.
Os internautas de Roraima iniciaram uma campanha para arrecadar chocolates e doar ao delegado. A campanha ficou conhecida como Operação Sonho de Valsa.
Em entrevista a veículos de comunicação de Roraima, a faxineira, que tem quatro filhos menores de idade, admitiu ter comido o chocolate, mas disse que não imaginou que o delegado fizesse tanta questão de apenas um dos bombons.
Ela prestou depoimento por quase uma hora e assinou a “notícia-crime” se dizendo constrangida e envergonhada.
Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Federal, o caso foi encaminhado para Brasília e a instituição não vai se posicionar sobre o assunto. Ainda conforme a assessoria, não houve prisão em flagrante e foi pedido arquivamento do caso ao Ministério Público Federal pelo “valor irrisório” do crime. A comunicação da PF confirmou que foi feita uma notícia-crime e que a demissão da mulher aconteceu por justa causa.
O Ministério Público Federal em Roraima ainda não recebeu os autos do procedimento e disse que “tão logo tome conhecimento formal dos fatos, analisará o caso em todos os seus aspectos”.
Em nota, a Diretoria Regional da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal em Roraima (ADPF-RR) negou que tivesse sido instaurado inquérito policial ou que tivesse sido feito autuação de flagrante ou de qualquer procedimento investigatório de natureza criminal.
“Na ocasião, simplesmente se observou os protocolos e as normas internas do Departamento de Polícia Federal ao promover o registro de ocorrência, cujo conhecimento foi dado à empresa prestadora de serviços terceirizados contratada pela Superintendência Regional no Estado”.
Quando o pobre rouba a imprensa, a polícia, a justiça usam os seguintes termos: pechelingue, ladravaz, ladravão, furtador, capoeiro, agadanhador, agafanhador, escamoteador, abafador, lapim, lapinante, ventanista, roubador, rapinador, pilhante, pandilheiro, mão-leve, malandrim, malandréu, rato, ladro, larápio, bandido, gatuno, rapace, rapinante, pilha, ratoneiro, malandro.
Cadeia é feita para preto. Que temos uma polícia PPV, e uma justiça também PPV. Os presídios brasileiros têm cor.

Também fica proibido classificar de corrupto um deputado que desvia verbas da saúde, roubando o futuros de milhões de crianças e jovens, e da saúde, apressando a morte de quem procura os hospitais e postos de saúde, sem médicos, enfermeiros, medicamentos etc.
Corrupto tem os seguintes sinônimos: putrefato, podre, devasso, pervertido, depravado, venal, viciado, sórdido, imoral, perverso.
A justiça eleitoral limpa as fichas sujas e a imprensa lava os nomes

TV Brasil – A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, na tarde de ontem, o projeto de lei 215/2015, que garante o “direito ao esquecimento” no Brasil. Mas aqui a ideia é um pouco diferente daquela que vigora na Europa.
A ideia é que os cidadãos tenham poder para fazer sumir todo o conteúdo disponível na internet que os associem a fatos caluniosos, difamatórios, injuriosos ou a algum crime de que tenham sido absolvidos sem chances de recurso.
Embora pareça positiva, a iniciativa ultrapassa alguns limites aplicados na legislação europeia. Isso porque no Brasil os deputados querem que as informações simplesmente desapareçam, enquanto que na Europa a lei só obriga buscadores a desindexar esses materiais. Além disso, lá o direito ao esquecimento não se aplica a pessoas públicas, mas aqui, sim.
Segundo a Folha de S.Paulo, o projeto tem patrocínio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acelerou a tramitação para que o texto sequer precisasse passar por comissões de mérito – ou seja, nem os deputados responsáveis por avaliar projetos sobre ciência e tecnologia foram consultados.
O Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional divulgou parecer contra a ideia, que precisa ser aprovada em plenário para ser enviada ao Senado, onde teria de passar por comissões de mérito, pelo CCJ da Casa e, só depois, pelo plenário. Mas já no plenário da Câmara haverá enfrentamento de deputados contrários, segundo a Folha.
