Favela protesta no Rio após enterro do menino Patrick. Mais um negrinho executado pela polícia de Pezão

* Manifestantes fecharam a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá à tarde.

* Patrick, que faria 12 anos neste sábado, levou um, dois, três, quatro tiros na quinta-feira.

 

Os negros enterram mais um filho de negro no Rio de Janeiro, capital do rock
Os negros enterram mais um filho de negro no Rio de Janeiro, capital do rock

 

Foi enterrado por volta das 15h no Catumbi, na Região Central do Rio, o menino Patrick Ferreira de Queiroz. O menor, que completaria 12 anos neste sábado (17), foi executado na quinta-feira (15), por um bando de policiais da UPP Camarista Méier. Parentes e amigos acompanharam a cerimônia num clima de comoção e revolta. Na despedida, familiares cantaram “parabéns”.

Após o enterro, os moradores da favela invadiram as pistas da Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá em protesto contra a morte do menino. A mesma Polícia Militar, que matou Patrick, foi chamada para evitar que a via permanecesse fechada.

 

Patrick é enterrado ao som de ‘parabéns’

 

O pai com o menino de colo e o menino de pé, Patrick
O pai com o menino de colo e o menino de pé, Patrick

por Carmen Lucia/ Jornal O Dia

 

Rio – Ao som de ‘Parabéns pra você’, o menino Patrick Ferreira de Queiroz, 11 anos, foi enterrado na tarde deste sábado no Cemitério do Catumbi, na Zona Norte do Rio.

“Era um menino alegre e divertido, gostava de soltar pipa e jogar videogame. Patrick era conhecido pela comunidade, todo mundo gostava dele. Gostaria de pedir ao governador Pezão uma polícia mais preparada na rua. Os policiais precisam fazer cursos, se preparar. Isso que aconteceu com meu filho não pode acontecer mais”, disse Daniel Pinheiro de Queiroz, 48 anos, pai da vítima.

Durante o enterro, familiares cantarem parabéns para Patrick, que faria 12 anos neste sábado. Pai do garoto estava inconsolável Foto:  Márcio Mercante / Agência O Dia
Durante o enterro, familiares cantarem parabéns para Patrick, que faria 12 anos neste sábado. Pai do garoto estava inconsolável
Foto Márcio Mercante / Agência O Dia

Emerson Nascimento, 16 anos, conhecia Patrick desde a infância. “Éramos melhores amigos, fomos criados juntos. Ele nunca foi de briga ou confusão. Quando aconteceu, os policiais não deixaram que eu cobrisse o corpo dele, mas eu fui lá e cobri”, disse o adolescente, emocionado.

No protesto na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá contra a morte do menino, Daniele Sampaio, irmã do Patrick, estava indignada. “Ninguém quer quebrar ônibus ou causar confusão aqui. Era para a família estar fazendo festa e tivemos que chorar a perda dele. A UPP não trouxe nada de bom pra comunidade”, disse Daniele. Por conta do protesto, a via foi interditada parcialmente no sentido Jacarepaguá. O tráfego ficou intenso no trecho. Pelo menos 60 PMs acompanharam o ato.

Família vai processar o estado

A família de Patrick decidiu procesar o estado . A ajuda virá do advogado João Tancredo, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ). “A bala ‘perdida’ da PM tem alvo: pretos, pobres e moradores de favelas. É preciso que algo seja feito contra os autos de resistência que, com o mínimo de investigação, se revelam como homicídios cometidos pelos agentes do estado”, disparou João Tancredo.

'Deram um tiro e ele caiu sentado. Ao chegar perto, os PMs deram os outros tiros pelas costas', Denise Silva 24 anos, tia do garoto Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
‘Deram um tiro e ele caiu sentado. Ao chegar perto, os PMs deram os outros tiros pelas costas’, Denise Silva 24 anos, tia do garoto
Foto Severino Silva / Agência O Dia

Nesta sexta-feira, versões diferentes foram dadas, mas nenhuma esclareceu a morte de Patrick. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) informou quinta-feira que houve uma troca de tiros entre policiais e traficantes e que Patrick foi baleado. Na delegacia, os PMs envolvidos no caso registraram o fato como auto de resistência (morte em confronto com policiais). No entanto, testemunhas contaram à família que o menino [foi] executado.

“Deram um tiro e ele caiu sentado. Quando chegaram perto, os PMs deram os outros tiros pelas costas. Patrick disse que estava com sede e o policial pegou água e jogou na cara dele”, afirmou a prima do garoto, Denise Balu da Silva, de 24 anos.

Delegado da 25ª DP (Engenho Novo), Niandro Lima, acompanhou a perícia no Morro da Cachoeira Grande, Complexo do Lins, e disse que não foram encontradas cápsulas deflagradas de pistola. Esta seria a arma que, segundo a PM, Patrick portava. O armamento foi apreendido e encaminhado ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli. A perícia vai verificar se algum disparo foi feito com a pistola calibre 9 milímetros, se há impressões digitais de Patrick ou de outras pessoas. O laudo sairá em 30 dias.

Nesta sexta-feira, as investigações passaram para a 26ª DP (Todos os Santos). Outra análise, do Instituto Médico-Legal (IML), vai mostrar se havia pólvora nas mãos do menino. Se positivo, o resultado vai contradizer a versão do confronto dada pelos policiais da UPP. O pai de Patrick, o ajudante de caminhão Daniel Pinheiro de Queiroz, 48, voltou a afirmar que foi ameaçado pelos PMs e impedido de socorrer o filho. “Os policiais disseram que, se eu desse mais um passo eu também ficaria estirado no chão igual a ele”, contou Daniel.

[Esta a Polícia Militar do Rio de Janeiro, comandada pelo governador Pezão, que continua a mesma do governador Sérgio Cabral: inimiga do povo, e assassina de mulheres e crianças pobres e negras. Desmilitarização já]

 

 

“En las favelas estamos organizados para parar la privatización del espacio”

Ali Sargent

Niños jugando a fútbol en una de las favelas de Rio de Janeiro
Niños jugando a fútbol en una de las favelas de Rio de Janeiro

 

Julio Condaque | Miembro del Movimento Luta Popular en Rio de Janeiro.

¿Cuál es la historia del Movimento Luta Popular?

Hay una falta grande de vivienda en Brasil. En los años 70 y 80 movimientos populares lucharon solamente por la vivienda, pero nosotros tenemos varios enfoques. Comenzamos en los 90 no solamente con las ocupaciones, sino que también empezamos a articular un movimiento en que pudiéramos estar juntos con la clase obrera en sus manifestaciones culturales. Por eso, el Movimento Luta Popular (MLP) se organiza dentro de las comunidades, las favelas. Muchos son trabajadores fluctuantes; vienen del norte y nordeste y trabajan en la construcción civil. Después se quedan en paro y muchas veces se quedan en las favelas. Nuestra política se concentra en áreas como salud, luz y agua que el estado no gestiona en las comunidades. La infraestructura de las ciudades está cada vez más elitizada y todo se centra en el mercado.

¿Cuál es la experiencia del MLP en relación a la Copa del Mundo?

Rio de Janeiro es la punta de lanza en el proceso de la Copa. Hay un política de “embellecimiento” de la ciudad; el diseño de la ciudad está cambiando, pero solamente para la Copa. No tiene nada que ver con que la población tenga derecho a la vivienda que necesita. De hecho trasladan a la población del centro de la ciudad a la periferia.

En Rio no hay dialogo entre gobierno y movimientos sociales. Solo existen formas de lucha directa para evitar desahucios –el MLP es parte de estas luchas y fue así como evitamos algunos desahucios. Ellos inventan varias excusas; como por ejemplo que es una “área no ecológica”, pero no ofrecen nada para compensar a las comunidades. El mensaje es: te vas o vamos a echarte por la fuerza. A través de programas como Minha Casa, Minha Vida (Mi Casa, Mi Vida) los movimientos sociales se organizan para intentar parar este proceso violento de privatización del espacio.

¿Cómo se lleva a cabo esa represión en las favelas?

unidade-de-policia-pacificadora UPP polícia favela

 

En las favelas se ha desarrollado una forma de control militar. En Rio de Janeiro por ejemplo tenemos 32 Unidades de Policía Pacificadora (UPP) y va creciendo. El proyecto original era colocar centros de la UPP dentro de las favelas controladas por el narcotráfico y después construir servicios públicos. Pero no ocurrió eso. Ahora llega más dinero pero es para la seguridad de la Copa y que podrían haber usado de otra manera. Las UPPs construyeron una guerra interna dentro las comunidades, acelerando los conflictos con el narcotráfico. La población se ha queda en medio y hoy en día hay un aumento de homicidios que son verdaderamente números de exterminio, de genocidio.

Ahora se han dado un serie de casos bárbaros vinculados a las UPP. El caso de Amarildo, que fue torturado y asesinado por las UPP. O el de Claudia, una mujer negra, trabajadora y muy pobre, que fue disparada por las UPP y después tirada desde el coche militar. Fue arrastrada por la calle todavía viva hasta que murió. El MLP apoyamos a su familia para luchar para que se haga justicia.
De hecho, el laboratorio del proyecto de las UPP tiene como telón de fondo la ocupación militar brasileña de Haití, que es usado como el lugar para fortalecer a las fuerzas armas brasileras. En Brasil no necesitamos más programas para que se lleven el dinero del país a mercados internacionales. Y es lo que hace la FIFA a cambio de la sobreexplotacion del pueblo pobre y negro.

 

BRA^SP_AC branco favela

 

Florianópolis. Por tras de cada incêndio sempre existe um Nero
Florianópolis. Por tras de cada incêndio sempre existe um Nero
Santos
Santos

BRA^SC_DDL chacina favela