Sempre repito: onde tem dengue tem prefeito ladrão. Prefeitos que não investem em saneamento, que permitem que ruas e calçadas permaneçam esburacadas, com suas poças d`água e esgotos abertos, e não realizam a limpeza das praças, dos parques, dos cemitérios, dos terrenos baldios da agiotagem imobiliária.
Informa o Estadão: De 2010 a 2014, o governo federal gastou ao menos R$ 4,2 bilhões em ações de prevenção e tratamento da dengue, segundo dados inéditos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo com o Ministério da Saúde. No período analisado, o custo da dengue para a pasta aumentou 48% – passando de R$ 613,4 milhões em 2010 para R$ 911,8 milhões em 2014.
O valor do ano passado só não foi superior ao de 2013, quando o País viveu a pior epidemia de dengue da história, com 1,4 milhão de pessoas infectadas e 674 mortes. Naquele ano, a doença custou R$ 1,1 bilhão ao governo federal, elevando as despesas com dengue ao patamar de outros programas estratégicos do ministério, como o de aids, que teve custo de R$ 1,2 bilhão no ano passado, e o Mais Médicos – R$ 1,1 bilhão anuais em 2013 e 2014.
As despesas informadas pela pasta reúnem os principais, mas não todos, os gastos com a dengue. Estão incluídos os valores gastos com internações, verba fixa repassada aos municípios e Estados para ações de prevenção e recursos adicionais exclusivos para a doença. O repasse fixo é usado também para a prevenção de outros problemas, entretanto, segundo o ministério, em média 60% desse valor são destinados a ações contra a dengue.
Não estão incluídos nesses valores, portanto, despesas com a assistência a doentes com quadros mais brandos, que não precisam de internação. Nesses casos, o paciente procura uma unidade de atenção básica, como um posto de saúde ou uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA), e as despesas com esses atendimentos entram no repasse geral para atenção básica. Se fosse possível calcular esses valores, os custos com a dengue subiriam ainda mais.
“É preciso lembrar que não é só o Ministério da Saúde que tem gastos com dengue. As prefeituras têm grande despesa porque são as responsáveis por fazer o trabalho direto de prevenção”, explica Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Prevenção

Foi a área de prevenção e combate à dengue a responsável por elevar os custos do ministério com a doença. Somados os valores do piso fixo de prevenção com os adicionais específicos, houve crescimento de 54% entre 2010 e 2014. De acordo com a pasta, foi graças a esse aumento que ocorreu uma redução de internações pela doença e, consequentemente, dos custos hospitalares com esses pacientes. O número de internações por dengue caiu de 93.934 em 2010 para 35.667 em 2014 – derrubando o custo no período de R$ 31,2 milhões para R$ 11,8 milhões.
Entre 2010 e 2014, 4,4 milhões de brasileiros foram contaminados pela dengue, dos quais 2.544 morreram. Neste ano, até 9 de maio, foram 845,9 mil casos notificados – dos quais 585 tiveram a forma grave da doença – e 290 mortos.
As informações do jornal O Estado de S. Paulo não revelam que as campanhas realizadas são para culpabilizar o povo.
Recomendações do tipo:
* “Não deixar água parada em pneus fora de uso. O ideal é fazer furos nestes pneus para evitar o acúmulo de água”. Ninguém guarda pneu velho. Pneu velho é jogado no lixo que fica acumulado nas ruas. Quanto mais suja a cidade, mais peste. Pneu velho serve para ser queimado como protesto nas manifestações populares
* “Não deixar água acumulada sobre a laje de sua residência”. É preciso investir no calçamento de ruas e avenidas. Ruas terraplenadas, cobertas por matagais, também enriquecem as máfias do asfalto. Que asfaltam ruas de mentirinha.
* “Não deixar a água parada nas calhas da residência. Remover folhas, galhos ou qualquer material que impeça a circulação da água”. Qualquer chuvinha alaga ruas. E os esgotos a céu aberto nos bairros pobres, principalmente nas favelas, não incomodam os prefeitos que residem em luxuosos edifícios, coincidentemente construídos por alguma empreiteira das principais obras do município.
* “A vasilha que fica abaixo dos vasos de plantas não pode ter água parada. Deixar estas vasilhas sempre secas ou cobri-las com areia”. Jarro de flores existe nos palácios do executivo, do legislativo, do judiciário, e nos condomínios de luxo. Desde o aparecimento da dengue, o pobre quebrou o jarro e pisou na fulô.
* “Caixas de água devem ser limpas constantemente e mantidas sempre fechadas e bem vedadas. O mesmo vale para poços artesianos ou qualquer outro tipo de reservatório de água”. Poços artesianos possuem os engarrafadores de água (Na maioria, empresas estrangeiras), os donos de caminhões pipa, as fábricas de bebidas frias e quentes, de soverte, e os edifícios da classe média alta. Em cidades com racionamento d`água, com o serviço de abastecimento privatizado, como acontece hoje em São Paulo, a classe média baixa e os pobres e miseráveis pouca água têm para guardar. A água está mais cara do que a gasolina.
* “As piscinas devem ter tratamento de água com cloro (sempre na quantidade recomendada). Piscinas não utilizadas devem ser desativadas (retirar toda água) e permanecer sempre secas”. Quem tem casa com piscina? Que prefeito multa ou eleva os impostos dos edifícios fechados?
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Fumacê
O dinheiro da dengue evapora-se, vira fumaça, quando as prefeituras deveriam realizar a pulverização espacial UBV.
Por que não se faz o necessário e real fumacê, para eliminar os focos do Aedes aegypti nas residências e ruas?
Falta fiscalização dos vereadores, dos promotores públicos, dos ministros dos tribunais de conta, dos procura dores e não acham.

