A Prefeitura do Recife recebe os impostos, mas esquece de realizar os serviços que cobrou. Constata o Jornal de todos os comércios hoje:
No Córrego do Deodato, lixo em frente à escola municipal tem fogão, estante, ventilador e restos de comida Foto: Guga Matos
Geladeira, fogão, estante, cama, aparelhos de som e DVD, ventilador, caixa d’água. Mais restos de comida e de embalagens, sacolas, metralha. Tudo isso em frente à Escola Municipal Alda Romeu, no Córrego do Deodato, bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, onde dezenas de crianças circulam diariamente. O montante de lixo impressiona e incomoda. Também obstrui canais, entope canaletas, polui rios, provoca alagamentos e contribui para deslizamentos de barreiras, como ocorreu anteontem na Bomba do Hemetério. Um problema que atinge a Região Metropolitana do Recife e que fica mais evidente neste período de chuvas.
Com uma população de cerca de 1,6 milhão de habitantes, a capital pernambucana tem 530 pontos críticos de lixo, segundo a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). Moradores das áreas de morro e comunidades de baixa renda são os que mais sujam as vias públicas. “Fizemos um mapeamento e identificamos em maio 530 pontos críticos de descarte irregular de lixo, número que cresceu em junho. As pessoas precisam entender que ao jogarem lixo na rua estão prejudicando a si mesmas e a cidade, pois os entulhos entopem galerias e canaletas”, ressalta a diretora de Limpeza Urbana da Emlurb, Maria Carolina Azevedo.
Quando a Prefeitura vai começar a retirar o lixo dos rios, canais, galerias, canaletas e encostas?
Governar o Recife é construir os caminhos do shopping, que não se faz nada que preste para o povo
A primeira leitura que fiz foi lixo. Esta de Recife capital do luxo é uma piada. Certamente que existem fausto, esplendor, magnificência e ostentação privativas das mansões e apartamentos de executivos de empresas estrangeiras, de marajás e Marias Candelária do executivo, do legislativo e do judiciário. E nos shoppings, que a Prefeitura, para servir os novos mascates, pretende transformar em passeio público e locais substitutos das antigas praças.
Os grandes empresários de Pernambuco não moram no Recife, preferem a lonjura das praias particulares e de secretos condomínios fechados. Ou a vida no além-mar.
Vi hoje na página Direitos Urbanos – Recife, no Facebook:
Rafael Andrade: Canal do lixo, localizado em Afogados, Estrada dos Remédios (ao lado do bar do Caboclinho)Wellington Lima: É assim que se encontra a chamada “Veneza Brasileira”, no Cais da AlfândegaRILDO FERNANDES: A EMPRESA QUE ESTá CONSTRUINDO O TIP DA JOANA BEZERRA CONCRETIZOU E SOTERROU AS ÁRVORES CENTENÁRIAS DO SÍTIO HISTÓRICO DO CAJUEIRO DO COQUE, E ELAS ESTÃO MORRENDO! JÁ ENVIAMOS OFÍCIO A SECRETÁRIA DO MEIO AMBIENTE, PEDINDO QUE INVERTESSE E, ATÉ HOJE, NENHUMA PROVIDÊNCIA
O Recife é uma cidade suja e escura.
Ninguém sabe para onde vai o dinheiro da Prefeitura, que nada se faz que preste para o povo.
Governar Recife é construir os caminhos dos shoppigns.
Após oito dias de paralisação, a greve dos garis chegou ao fim. A Prefeitura aceitou a contraproposta dos trabalhadores de R$ 1.100 e com todos os devidos adicionais, incluindo hora extra, e o sonhado ticket alimentação de R$ 20 que os trabalhadores exigiam na pauta de reivindicações. Coube aos garis do Rio uma vitória histórica que aponta novos caminhos e muda o rumo da luta dos trabalhadores, e do povo pobre do Brasil.
Não foram poucos os obstáculos que os grevistas enfrentaram para chegar a este acordo. Primeiro, o seu próprio sindicato, que vinha pelegando e fechando acordos ilegítimos com a Prefeitura, no intuito de encerrar a greve de maneira arbitrária. Houve também a tentativa de desqualificar a greve, dizendo que eram apenas 300 em paralisação, apesar das montanhas de lixo acumulado pela cidade provando o contrário.
Os guerreiros que não se renderam ao sindicato pelego, muito menos ao prefeito Pinóquio-autoritário-carreirista, à manipulação dos “principais” veículos de comunicação, ao abuso policialesco, nem a chantagem alguma, conquistaramum novo acordo salarial que elevou o piso da categoria.
A organização e a resistência de um dos setores mais explorados do serviço público do país pode ser um divisor de águas, e abre um novo capítulo na luta por direitos, iniciada nas jornadas de junho. Vem aí o tempo de vitórias públicas que impactem na vida dos brasileiros, que nos garantam ampliar direitos e viver com Democracia real e justiça social.
Só podemos agradecer e aprender com os valorosos e indispensáveis Garis, assim mesmo com letra maiúscula. Vocês estão contribuindo com a luta de classes, fazendo o povão enxergar que precisa voltar, ou ir, para as ruas. Estão colaborando com a tarefa de abrir o caminho das lutas vitoriosas de 2014, nos lembrando o quanto é importante à organização popular. Clareando e limpando nossas esperanças.
Acordo firmado entre a COMLURB, a Prefeitura Municipal, o Sindicato dos Garis, a Comissão de Greve e a OAB definiu o fim da Greve dos Garis com novo piso salarial acertado em R$ 1100,00 + Hora Extra + Ticket Alimentação. Na segunda feira o movimento estará atento a publicação dos termos no Diário Oficial e promete nova paralisação caso o acordo não seja rapidamente cumprido
“Liberdade de empresa”
O jornalismo de mercado, em especial as Organizações Globo, durante toda a semana omitiu informações, fez o que de pior se pode fazer em matéria de jornalismo. A cobertura da TV Globo minimizou a importante luta e as manifestações, criminalizou o movimento grevista, esteve sempre ao lado da Prefeitura e de um sindicado pelego que não responde ao conjunto das reivindicações dos trabalhadores. Chegou a dizer que haviam partidos políticos por trás da greve, assim como no caso das manifestações populares e na morte do cinegrafista da Band.
As jornadas de junho evidenciaram para as camadas mais pobres da sociedade que precisamos de outra imprensa, de jornalismo crítico, que possa expor e debater todas as mazelas do sistema. A cobertura da greve feita pela mídia corporativa reforçou a evidência e o caráter venal do TV Globo e similares. O Blog Tribuna da Imprensa online e a imprensa alternativa, cumpriram um papel relevante, reportar e informar os fatos reais. O descrédito, cada vez maior, é a marca do jornalismo de mercado que só pensa na “liberdade de empresa”.
Formação politica de rua e mídias-redes! A mídia de mobilização nas redes impulsionou a onda laranja para além das ruas e dos guetos. Depois de uma semana de desqualificação, suspeitas e dissuasão do movimento dos garis, pela mídia corporativa, o Jornal Nacional deu “uma linha” seca e rápida sobre o fim vitorioso da greve, sem qualquer imagem de celebração!
Nas redes sociais, as imagens dos garis postadas pelos midialivristas ou mídiativistas inundaram as timelines. A transmissão ao vivo pela Midia Ninja mostrou o movimento desde o primeiro ato e fez circular fotos lindíssimas. Imagens que produzem comoção. O “ao vivo” nas redes traz a experiência de “estar na rua” e é hoje uma ferramenta decisiva para os movimentos populares.
Muitos garis compartilharam suas imagens pelos celulares. A linguagem usada nas ruas de um carnaval-politico, com marchinhas criticas, a linguagem do humor e dos memes nas redes, e a própria estratégia dos garis de deixar o lixo acumular, apodrecer, feder e incomodar até o limite, são formas complementares e táticas de pressão e visibilidade. Essa greve foi uma aula de ativismo e de comunicação com a cidade. Essa vitória foi mais que especial, apesar de parcial, ainda não atende as necessidades básicas para a subsistência, mas vermos os garis nas ruas, não varrendo, mas lutando e conquistando seus objetivos foi uma imensa satisfação.
Os Garis de forma pacífica fazendo uma despedida simbólica do carro da Rede Globo, na porta do TRT, que durante toda a semana omitiu informações, minimizou as manifestações, criminalizou o movimento grevista e esteve sempre ao lado da Prefeitura. Viva os Garis e o povo que luta pelos seus direitos!
Quando a reivindicação de uma categoria é justa, quando essa categoria está unida, determinada, acontece o que estamos vendo nas ruas da Cidade Maravilhosa. O Rio de Janeiro tem uma das piores distribuições de renda e uma burguesia com mentalidade ainda escravista. Um gari no Rio, trabalhando em condições insalubres, ganha muito pouco.
Todo mundo sabe que R$ 803,00, salário antes do reajuste de 9%, não faz jus aos que livram a cidade dos seus dejetos. Eles defendem que o piso vá de R$ 803,00 para R$ 1,200,00, mais adicional e outros direitos trabalhistas: o que pedem é tão pouco que a resposta do prefeito dá vergonha alheia; eles têm direito a muito mais! A população está reclamando que pagam caro, que suas ruas estão imundas, que é um absurdo, mas não compra a briga. Não são poucos os que não veem problema em atacar a greve para defender um governo que os escraviza.
Será que quem se diz contra a paralisação e ataca o legítimo movimento de um grupo de homens e mulheres que ganha 803 reais por mês aceitaria fazer uma experiência de um dia na função? Ou acham que resolvem o problemas de salários defasados desde o governo de Cesar Maia somando um adicional de insalubridade para fingir que é maior do que realmente é? A maioria que se posiciona contra os garis afirma que foi oportunismo da parte deles ter iniciado a greve justo durante o carnaval. Devem pensar: “Ah…que absurdo pararem de nos servir logo no carnaval, que é quando a gente mais gosta de emporcalhar a cidade”. É também vergonhosa a postura do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio do Rio de Janeiro, que não tem apoio das bases. Seus dirigentes criminalizam os grevistas e, para dar fim aos atos, acertaram com a Prefeitura a demissão dos que não voltassem ao trabalho após a assinatura de um acordo que é apenas vantajoso para o lado dos mais fortes.
Ah, e ainda inventaram que há infiltração partidária na greve. Por acaso, como sempre, do Psol. Quem me dera todos esses garis serem filiados ao Psol! Eu teria muito orgulho disso! Mas quem fala em infiltração partidária esquece de falar das doações à campanha do prefeito de algumas lideranças do sindicato que hoje se colocam do lado dos patrões, da filiação de alguns deles a partidos da base governista, enfim… parece que aí não veem interesses políticos. Enquanto isso, a Prefeitura não recebe os garis; prefere colocar escolta armada para forçar o trabalho dos que não estão no movimento por medo de perder seus empregos, já que foram anunciadas a demissão de 300 profissionais. Escolta? Estão tratando garis como bandidos! Agora parece que todo aquele que protesta e exerce seus direitos constitucionais é um bandido no Rio de Janeiro. Os garis afirmam estar sendo ameaçados caso não furarem a greve. A Justiça do Trabalho também considera a greve ilegal. Como pode um gari, um serviçal invisível que tem “apenas” a função de limpar a nossa sujeira, reivindicar aumento? Gostaria de ver esses juízes tentando sustentar suas famílias com o salário de um gari…
De mal parecido, sofrem os professores do ensino público que também ganham um salário que mais parece piada de mau gosto para ajudar a construir o futuro do país, e a resposta do prefeito Eduardo Paes sempre é a mesma: bala de borracha! Gás lacrimogêneo! Ele já parece o policial do vídeo do Porta dos Fundos! Nossos garis são verdadeiros heróis. Essa bravura merece ser valorizada com a pressão e a solidariedade da sociedade!
Como carioca que nasceu e sempre viveu no Rio, constrangido e envergonhado com a sujeira da cidade. Vergonha e constrangimento que Paes não tem.
Como cidadão, estou revoltado com o que fazem e pagam a esses garis, simpaticíssimos, eles e os “bombeiros do fogo”, sempre aplaudidos.
Mas depois de somar tudo, com os 40% de insalubridade, chegam a um mil, 124 reais. Comparem essa miséria com os supersalários da Câmara, Senado, Justiça e até do ínclito Tribunal de Contas, e concluam.
Parabéns à Justiça, que está multando diariamente os “sindicatos governistas”, que condenam a greve. É preciso uma solução imediata, mesmo que não fique isolada sob o comando desse prefeito do “Engenhão”. URGENTÍSSIMO.
Mais de mil garis, em sua maioria negros, pais e mães de família, moradores das periferias e favelas do Rio, foram ovacionados hoje pelos cariocas em uma inesquecível passeata que começou na Prefeitura do Rio e tomou o centro da cidade como uma verdadeira onda laranja abolicionista. Porque a primeira coisa que o Brasil precisa reconhecer é que a luta dos garis se ergue contra os resquícios de escravidão mais arraigados em nossa sociedade.
Foram sucessivas as tentativas de desqualificação do movimento grevista. Elas partiram tanto do executivo municipal quanto da mídia corporativa, os fiéis representantes das posições mais conservadoras de uma elite tão escravocrata que é capaz de conviver com uma das mais aberrantes desigualdades econômicas de todo o planeta e ainda patrocinar um genocídio cujo maior homicida é justamente o Estado, através da Polícia Militar.
Resquício de DITADURA e resquício de ESCRAVIDÃO combinados dantescamente na mesma cena. Mas havemos de amanhecer, há esperanças e os garis são a prova! A luta dos trabalhadores da Comlurb tocou o coração dos brasileiros e conquistou de imediato o apoio da população carioca que, emocionada, já vê como vitoriosa a luta protagonizada por eles.
Venceram um sindicato pelego. Venceram a intimidação e as ameaças do prefeito. Venceram o assédio desmobilizador da mídia que insiste na ‘versão oferecida pelo patrocinador’ em detrimento de sua própria função social. Venceram o açoite do tronco e a mão opressora do chicote no lombo.
Quem viu os carros do Choque seguindo os caminhões de lixo, viu com os próprios olhos que a greve dos garis é um levante da senzala. É povo pobre, negro e trabalhador daqui, inventando por si próprio este país que é seu. Não se pode perder a esperança num país em que os garis aproveitam o carnaval para derrubar os portões da senzala e sambar em cima do lixo, nas portas da Casa Grande.