Ah, se fosse o José Dirceu…

por Gilmar Crestani

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Não digo que José Dirceu não seja culpado. Até porque vida longa na política, como a de Pedro Simon, para ficar num exemplo gaúcho, é resultado de muito compadrio e pouca serventia. A questão toda tem a ver com os pesos e medidas, tanto da imprensa quanto do STF. Ambos criminalizam tudo o que tenha a ver com movimentos sociais, mas aliviam para todos os que são anti-petistas. Se José Genuíno fosse banqueiro, como Índio da Costa, Salvatore Cacciola ou Daniel Dantas, Gilmar Mendes ou Marco Aurélio Mello arrumariam habeas corpus a mancheia. Se José Dirceu fosse um estuprador como o médico Roger Abdelmassih, poderia viver tranquilo em qualquer lugar com o beneplácito destes mesmos ministros. E, para concluir, se ao invés de trabalharem com Caixa 2 estes petistas tivesse comprado uma reeleição para o Lula, aí sim seriam levados ao paraíso em vida. No mínimo à Academia Brasileira de Letras.

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Secretário se reuniu 73 vezes com grupos citados em cartel

Auxiliar de Alckmin recebeu emissários de 8 empresas acusadas pela Siemens

Agenda de responsável por gerenciar metrô e trens em São Paulo também aponta três conversas com lobista

por Paulo Gama, para a FOLHA

O secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo se reuniu, desde o início da atual gestão, 73 vezes com representantes de oito companhias que foram citadas pela Siemens como integrantes de cartéis que atuaram em licitações da CPTM e do Metrô, empresas públicas vinculadas à pasta.

Dos 15 executivos dessas empresas que foram apontados pela multinacional alemã como “envolvidos na infração” relatada, seis tiveram audiências com o secretário nos últimos dois anos e meio.

Os encontros estão registrados na agenda de audiências concedidas por Jurandir Fernandes (PSDB) entre janeiro de 2011 e agosto de 2013, encaminhada à Folha via Lei de Acesso à Informação.

As reuniões, portanto, são posteriores às licitações em que o cartel agiu –entre 1998 e 2008–, de acordo com o relato feito pela Siemens ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

A secretaria disse, em nota, que da agenda “constam encontros óbvia e obrigatoriamente ligados ao cargo” que “trataram de assuntos de interesse público, como a apresentação de projetos e o andamento de obras”.

Fernandes diz não ver anormalidade nos encontros. Segundo ele, as reuniões com empresários da área servem para “vender o peixe” da secretaria e cobrar os executivos por eventuais atrasos.

Nos documentos que entregou ao Cade, a Siemens diz que o governo soube e deu aval à formação do cartel.

Os encontros não configuram ilegalidade, mas a legislação impede a atuação de agente público que frustre o caráter competitivo de uma licitação e favoreça empresa.

LOBBY

Quando as reuniões aconteceram, ao menos 6 das 8 empresas já eram investigadas pelo Ministério Público por suspeita de fraudes em licitações da pasta. Nesse intervalo, Fernandes também recebeu o lobista Arthur Teixeira três vezes.

Teixeira é apontado na investigação do Cade como intermediador do encontro que definiu o acerto que superfaturou contratos de manutenção dos trens da CPTM. Nas reuniões com Jurandir, ele esteve com representantes do grupo Efacec, de Portugal.

Na maior parte dos encontros, que duravam cerca de uma hora, Fernandes estava acompanhado dos presidentes do Metrô e da CPTM.

Nesse período, as duas empresas públicas firmaram seis contratos, no total de R$ 1,9 bilhão com duas dessas companhias, a T’Trans e a CAF, ou com consórcios dos quais elas participaram.

No intervalo, Fernandes também fez visitas a fábricas e escritórios de quatro dessas empresas –Alstom, Siemens, CAF e Bombardier.

Procuradas pela Folha, Alstom, Siemens, Tejofran, T’Trans e Bombardier informaram que as reuniões trataram de obras e projetos da pasta e fazem parte do contato normal entre contratantes e contratadas.

A Mitsui disse que não se pronunciaria porque as investigações do Cade ainda estão em curso. A CAF não respondeu, e a Balfour Beatty Brazil não quis se pronunciar.


Colaborou Bruno Boghossian, do Painel

Juíza Roberta Barrouin Carvalho de Souza solta Cacciola

 

A Justiça do Rio concedeu indulto e extinguiu a pena do ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola. O ex-banqueiro foi condenado a 13 anos de reclusão por crimes contra o sistema financeiro e cumpria pena em regime semiaberto desde 2011.

A decisão foi tomada pela juíza Roberta Barrouin Carvalho de Souza: Cacciola “cumpriu as exigências estabelecidas pela lei: ele tem mais de 60 anos, cumpriu 1/3 da pena e não cometeu falta grave nos últimos 12 meses anteriores à concessão do benefício”.

Cacciola era dono do extinto Banco Marka e foi condenado no Brasil por peculato (apropriação indébita ou desvio de verbas ou bens públicos) e gestão fraudulenta do Banco Marka.

Sempre achei injusta a prisão desse ladrão. Por que ele sozinho? A quadrilha dele foi condenada pela justiça, e nenhum bandido foi preso.

 

Cacciola, turista da justiça, foi pego pelo Príncipe de Mônaco, em um cassino, com uma amante, gastando o suado dinheiro dos brasileiros. Foi preso por engano, que esqueceram de tirar o nome dele da lista de criminosos procurados pela Interpol.

 

Cacciola foi condenado em abril de 2005. Por estar foragido, a Justiça negou a ele o direito de apelar em liberdade. No mesmo processo foram condenados a penas variadas o presidente e os diretores do Banco Central envolvidos na operação (Francisco Lopes, Demosthenes Madureira do Pinho Neto e Claudio Mauch), Tereza Grossi que exercia interinamente a chefia do Departamento de Fiscalização do Banco Central e Luiz Augusto Bragança (todos por peculato) além dos banqueiros Roberto Steinfeld e Luiz Antonio Gonçalves (por cumplicidade em peculato e gestão temerária de instituição financeira), mas todos com o direito de apelar em liberdade. A revisão dessas sentenças em segunda instância foi iniciada pelo Tribunal Federal da 2a Região ao final de 2008. As condenações da primeira instância foram confirmadas, mas todas as penas foram reduzidas, com exceção apenas para o caso de Cacciola em que foi confirmada a pena de treze anos.

 

Cacci tem em Roma o mais luxuoso hotel, construído com a grana que traficou do Brasil. Continue lendo a biografia desse mafioso de dupla nacionalidade.

 

Roubar no Brasil é um bom negócio

Preso pelo príncipe de Mônaco, Salvatore Cacciola já está solto para gozar a grana que roubou do Banco Central. A quadrilha dele foi condenada, mas nenhum bandido viu o sol quadrado. Roubar no Brasil é vantajoso

Cacciola foi preso em um cassino de Mônaco. Estava lá com uma amante, gastando o dinheiro dos brasileiros. Turista da justiça, foi pego por que esqueceram de tirar o nome dele da lista de procurados da Interpol.

A prisão me pareceu injusta. Que toda sua quadrilha, formada por dirigentes do Banco Central, também condenada, e só Cacciola terminou na cadeia. Preso em Mônaco, esqueceu de trazer o dinheiro que levou do Brasil para a Itália.

Em 2001, lançou o livro

“Eu, Alberto Cacciola, Confesso: o Escândalo do Banco Marka”

Neste livro Cacciola não apresenta uma confissão, apesar do seu título. No livro faz acusações contra Fernando Henrique Cardoso, policiais, juízes, senadores, procuradores e economistas e jornalistas. E mostra como funciona a venda de sentenças, intermediada por advogados de renome, na justiça do estado do Rio de Janeiro. Clique e fique sabendo quantos bilhões o Brasil perdeu.

Escreve Leonardo Attuch:

A algumas quadras do Coliseu, na Via Petroselli, em Roma, há um pequeno

monumento à corrupção brasileira

Chama-se FortySeven. Sim, este é o nome de um hotel em Roma, que pertence a ninguém menos que Salvatore Cacciola, o ex-dono do Banco Marka, que acaba de deixar o presídio, em Bangu, no Rio de Janeiro, tendo cumprido apenas um terço de sua pena.

Tido como um dos mais sofisticados endereços de Roma, o FortySeven ganhou esse nome porque tem 47 quartos, minuciosamente decorados. Um luxo. Era lá que Cacciola desfrutava sua dolce vita depois de ter fugido do Brasil, após o escândalo do Banco Marka. Para quem não se lembra, em 1999, na desvalorização do real, o banqueiro tomou um jatinho, pousou em Brasília e praticamente obrigou o Banco Central a vender dólares para o Marka de forma subsidiada. Uma operação que, segundo os procuradores, causou prejuízos de R$ 1,5 bilhão ao sistema financeiro nacional. E o trunfo de Cacciola era o vínculo estreito que ele mantinha com dois economistas do Rio de Janeiro – os irmãos Bragança – que lhe repassavam informações privilegiadas do Banco Central.
Um pacote explosivo.

Quando o escândalo veio a público, o governo FHC foi colocado nas cordas, com a queda do então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, e a quase demissão do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Cacciola foi condenado pela Justiça e preso, mas, valendo-se de um habeas-corpus, protagonizou uma fuga espetacular pelo Uruguai, de onde zarpou para a Itália. E lá, com o pé de meia que acumulou no Brasil, fez do FortySeven um pequeno oásis romano. Leia mais. Veja como é fácil roubar no Brasil, quando se tem um amigo ladrão na presidência de um banco