Uma cachoeira e ilhas e lagoas e matas privatizadas. Ninguém sabe quem é o dono da Cachoeira da Água Branca neste imenso Brasil do estado mínimo.
O país do segredo. Gastei a manhã inteira para localizar onde ficava a Cachoeira de Água Branca. Tente descobrir em que município da Bahia.
No Brasil são desconhecidas as ilhas fluviais, marítimas e oceânicas. As cachoeiras, os lagos, os aquíferos e fontes d’água. Não estou referindo a Região Amazônica, que existe uma legal e outra ilegal. Mas ao Brasil mapeado desde antes da conquista portuguesa.
Não falo do potencial turístico, que no Brasil o turismo está nos bilhões da Copa do Mundo, no Carnval, e algumas festas de santo padroeiro. Mas da riqueza da água que é mais cara do que o ouro, cuja posse motivará as guerras do futuro.
Foto Jefferson Nagata
Situada dentro de uma área de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, dentro da Fazenda Água Branca, a cachoeira, de mesmo nome, cai numa deslumbrante cortina de espuma branca de 30 metros de altura.
Para chegar até lá, o visitante passa por uma trilha ecológica, a maior parte dela sombreada e úmida, em meio à mata densa, moradia de animais silvestres, incluindo fazendas de criação de búfalos, e uma fauna diversificada.
No mesmo local, há uma ilha fluvial (de desconhecido nome), onde foi construído um quiosque que permite apreciar a bela vista ao redor.
Além disso, uma vista deslumbrante do alto do mirante, com panorâmica de toda a cidade [que cidade?] e do encontro do Canal de Taperoá com o mar.
A queda d’água é formada pelo Rio Gereba [Também encantado rio].
Paulo Magalhães, membro da Quercus, investigador em Sociologia na Universidade Nova de Lisboa e autor do livro “O condomínio da Terra – Das alterações climáticas a uma nova concepção jurídica do Planeta”, alerta:
– Temos de inverter valores. Uma floresta só entra no PIB de um país quando é transformada em madeira, quando está viva vale zero.
É o que acontece em São João da Barra com as matas e bosques e propriedades rurais desapropriadas pelo governador Sérgio Cabral e a prefeita Carla Machado. Trata-se de uma doação para Eike Batista construir uma siderúrgica e um porto, em Barra do Açu.
BELEZA ROUBADA POR EIKE BATISTA
Barra do AçuO límpido mar da Praia do AçuPraia virgem do Açu
Com a cumplicidade do governador corrupto Sérgio Cabral e da prefeita bandida Carla Machado, Eike Batista vai destruir praias, poluir o mar e o Rio Paraíba do Sul, devastar o que resta da Floresta Atlântica. Matas e bosques vão passar pela serra elétrica.
Formado em Direito, Paulo Magalhães integra a equipa da associação ambientalista Quercus que está a ultimar a proposta que vai levar à próxima conferência das Nações Unidas sobre Ambiente, a Rio+20. O nome é tudo: esta conferência (que se realiza em Junho de 2012) acontece 20 anos depois da famosa Cimeira da Terra, também no Rio de Janeiro. Foi nessa altura que se abordou pela primeira vez à escala das Nações Unidas a questão das alterações climáticas.
Uma Cimeira de Copenhaga (2009) falhada depois, a economia verde deixou de ser uma ideia para se ir pensando e tornou-se uma urgência. O que a Quercus sugere é que se tome medidas à escala global para mudar o paradigma econômico, reorientando o Mundo para a economia verde, à luz de um princípio de justiça universal. Um sistema em que se lucra ao contribuir para o bem comum e se paga pelo prejuízo causado – o chamado eco-saldo.
“Tem de haver um suporte jurídico global que seja a base para esta contabilidade”, refere Paulo Magalhães. No final do processo, a Terra seria gerida como um condomínio, isto é, um lugar que é de todos, com a vigilância das regras a caber a uma Organização Mundial do Ambiente. Isto contraria a competitividade histórica da Humanidade, admite. “O grande desafio deste século é organizar a interdependência ecológica”, refere.
Esperamos que Eike Batista e Sérgio sejam denunciados na Rio + 20. Se a política do arrasa da natureza, do aniquilamento do meio-ambiente de Eike bundinha de ouro e do governador Sérgio Cabral não for discutida, para que realizar a Conferência, particularmente no Rio de Janeiro?
Que São João da Barra seja salva! De que vale uma São João da Barra de Ferro, da Barra de Aço e da Barra de Cimento? Uma São João da Barra de Ouro apenas faz Eike Batista mais rico.
Em São João da Barra, cidade fundada em 1677, ficam as belas praias do Grussai, Chapéu de Sol, Açu e Atafona, e as lagoas de Iquipari e Salgado.
No Pontal de Atafona, o encontro do Rio Paraíba do Sul com o mar.
Toda uma beleza que será roubada pelo projeto do Porto do Açu e do Distrito Industrial que o acompanha. Veja vídeo do crime contra o povo. Clique aqui. Segundo ambientalistas fluminenses, tais projetos poderão ocasionar a degradação ambiental dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, trazer impactos à pesca e provocar o êxodo de milhares de agricultores que vão inchar as favelas cariocas. Favelas que já passam de mil na ex-Cidade Maravilhosa.
Agricultores e pescadores que condenam o projeto estão sendo ameaçados de morte, inclusive ambientalistas, assistentes sociais da Apae e líderes sindicais. Isso em um município cuja prefeita Carla Machado, condenada por corrupção, possui uma forte ligação com a pistolagem.
O site da prefeitura foi desativado. Veja fotos aqui. Veja vídeo do paraíso que será destruído.
O DESASTRE ECOLÓGICO
Eike Batista está anunciando investimentos de R$ 40 bilhões em São João da Barra.
Trinta empresas nacionais e estrangeiras assinaram protocolo de intenções para investirem R$ 30 bilhões na retroárea do porto do Açu.
Ele anunciou também que o grupo italiano Techint irá investir R$ 10 bilhões na instalação de uma siderúrgica que produzirá chapas de aço e tubos.
Disse Eike que o Complexo Logístico e Portuário do Açu ocupará uma extensão de 100 quilômetros de praias.
É uma imensidão de terra, cuja origem precisava ser investigada, principalmente a participação da prefeitura.
Casal XX é Barra. Carla Machado condecorou Eike Batista com medalha de ouro pelos benefícios recebidos de São João