No dia 1º de abril de 1964, enquanto Miguel Arraes era deposto e preso no Recife, o vice Paulo Guerra (que horas mais tarde seria nomeado governador de Pernambuco) seguia para o comando do IV Exército, onde, aliás, se deparou com Cid Sampaio que já estava lá, conversando com o general Justino Alves Bastos. Que os dois foram fazer naquela unidade militar? …
Detalhes deste e de outros episódios vivenciados por jornalistas pernambucanos estão no livro “Histórias Contadas – Memória da Secretaria de Imprensa de Pernambuco Desde a Segunda Metade do Século XX”, dos jornalistas Marcos Cirano e César de Almeida, que foi lançado quarta-feira última, durante confraternização do governador João Lyra Neto com os profissionais de imprensa, nos jardins do Palácio do Governo.
Noite dos Secretários de Imprensa
por Fernando Machado
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Para quem não sabe eis a lista dos jornalistas que ocuparam aquela pasta. O primeiro foi Fernando Câmara Cascudo (falecido), no Governo de Cordeiro de Farias (1955/1958), o segundo foi Carlos Garcia, o terceiro Edmundo Moraes no Governo de Cid Sampaio (1959/62), o quarto foi Alexandrino Rocha no Governo de Miguel Arraes (1962/64), o quinto foi Talis Andrade no Governo de Paulo Guerra (1964/67), o sexto Pedro Jorge Leitão de Andrade (falecido), o sétimo Márcio Maciel no Governo Nilo Coelho (1967/71), o oitavo Aldo Paes Barreto no Governo Eraldo Gueiros (1971/1975), o nono Fernando Menezes no Governo Moura Cavalcanti (1975/79), o 10º Ângelo Castelo Branco, o primeiro secretário de Imprensa, antes eram diretores ou assessores, no Governo Marco Maciel (1979/82), o 11º José Almir Borges nos Governos José Ramos e Roberto Magalhães (1982/1986), o 12º Aldo Paes Barreto no Governo Gustavo Krause (1986/1987), o 13º Ricardo Leitão no Governo Miguel Arraes (1987/1990), o 14º Luiz Faria (falecido) no Governo Carlos Wilson (1990/1991), o 15º Magno Martins, o 16º Divane Carvalho no Governos Joaquim Francisco (1991/1995), o 17º Jair Pereira, o 18º Evaldo Costa no Governo Miguel Arraes (1995/1998), o 19º Terezinha Nunes no Governo Jarbas Vasconcelos (1999/2002), o 20º Patricia Raposo no Governo Jarbas Vasconcelos (2002/2003), o 21º Ceça Britto no Governo Jarbas Vasconcelos (2004), o 22º Ennio Benning no Governo de Jarbas Vasconcelos (2005/2006), o 23º Nádia Ferreira no Governo Mendonça Filho (2006), o 24 Evaldo Costa no Governo Eduardo Campos (2007/2014) e o 25º Ivan Maurício no Governo João Lyra (2014).
Durante o encontro tivemos como fundo musical o DJ 440 e a cantora Gerlane Lops. Não esquecer que aconteceu a exibição de um documentário com os secretários de Imprensa de Pernambuco.
Na sequencia o secretário Ivan Mauricio convidou os secretários que foram prestigiar o encontro, assim como o governador João Lyra Neto, para subirem ao palco. Em nome dos homenageados falou Ricardo Leitão. Encerrando falou o anfitrião João Lyra Neto, que fez uma saudação especial para o mais antigo secretário no evento: Carlos Garcia.
Depois Ivan Mauricio também falou e agradeceu a todos seus assessores e não esqueceu a maravilhosa Rosa Buarque, que conviveu com quase todos da lista.
Ivan Mauricio você vai deixar muita saudade. Nunca liguei para você para não ser atendido. Espero que o próximo seja pelo menos 50% igual a você. Pois já está de bom tamanho.
Senti falta de Divane Carvalho e José Almir Borges (este último meu colega de turma na Unicap).
Informação Importante: A data de criação da Secretaria de Imprensa de Pernambuco, ainda não foi encontrada.
NESSE MOMENTO QUERO CONVIDAR A TODOS OS AMIGOS PARA QUE JUNTOS POSSAMOS A #LUTAR COM A NOELIA BRITO QUE TEVE A CORAGEM DE FAZER GRANDES DENÚNCIAS ENVOLVENDO O #PSB E #PSDB. A MESMA AGORA SOFRE COM ATAQUES DOS ACUSADOS! PRECISAMOS NOS MOBILIZAR!
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Este alerta circula na internet. O Brasil é um dos raros países que tem jornalista como preso político. Acontece em Minas Gerais com Marco Aurélio Carone. A máfia do PSDB mineiro mandou acorrentar e amordaçar Carone, que denunciou o Mensalão Tucano engavetado pela justiça tarda e falha.
Em Pernambuco, o jornalista Ricardo Antunes foi preso político de Eduardo Campos.
As denúncias de Noélia já foram publicadas pelos sítios dos jornalistas verdadeiros de todo o Brasil. Esta propagação irritou os corruptos denunciados.
Os jornalistas brasileiros e correspondentes internacionais, os blogueiros e jornalistas onlines, que amam a liberdade de imprensa, precisam urgentemente evitar essa trama assassina, essa morte anunciada.
Conheça o sítio de Noélia Brito. http://noeliabritoblog.blogspot.com.br
Se Ivan Maurício participar do Secretariado do novo governador de Pernambuco, a partir de março, João Lyra prenuncia que vai formar uma excelente equipe.
Ivan é uma personalidade humana notável, mais estudioso da ciência Política do que um político profissional. Conhece profundamente a História do Brasil e a alma do povo. Basta ler os livros que já publicou.
Lembra Magno Martins:”Em 1986, o recém-fundado PSB em Pernambuco teve como candidato ao Senado o jornalista Ivan Maurício, que aparece na foto do panfleto ao lado de Miguel Arraes, à época filiado ao PMDB e que seria eleito Governador de Pernambuco. Na reta final da campanha Arraes pediu votos para Mansueto e Antônio Farias, ambos eleitos, enquanto Ivan obteve cerca de 80 mil votos. A foto foi enviada pelo jornalista Marcos Cirano, do site http://www.pe-az.com.br.”
Eram duas vagas de senador. Votei em Farias e Ivan. Fui o coordenador e planejei a estratégia e idealizei as peças de propaganda de Farias. Também criei o evento “Trem da Esperança”, que terminou imagem marca visual e símbolo da campanha de Arraes.
As pesquisas indicavam como candidatos a senador mais votados: primeiro, Roberto Magalhães; segundo, Mansueto Lavor; terceiro, Antônio Farias.
Ainda Magno: “O primeiro nome – Entre os nomes que João Lyra desenha para o secretariado está o nome do jornalista Ivan Maurício, cotado para a Casa Civil ou Imprensa. Ivan já passou por todas as redações dos mais importantes jornais do Estado, coordenou campanhas e disputou as eleições para o Senado em 1986. Em 1988 foi candidato a prefeito de Olinda pelo PSB”.
Jornalista, líder de redações desde garoto, formou várias gerações de célebres profissionais da imprensa. Escritor, enciclopedista, artista plástico, pesquisador de História e folclore, Ivan pode exercer, também, as Secretarias do Governo, Planejamento, Turismo, Educação e Cultura. Bom para Pernambuco, um secretário culto, inteligente, honesto, e que ama o povo.
A música de Pernambuco, decretada pela Globo, Governo de Pernambuco e Prefeitura do Recife, é da Bahia. Pernambuco terra do frevo, apenas no Carnaval.
Em Pernambuco, não tem virada de ano com forró. Forró, música considerada brega, pelos recifenses, fica para o São João de Caruaru. Que promete, neste 2014, ser para lá de animado.
O novo governador de Pernambuco, depois de março, é caruaruense e, para completar, tem o nome do santo.
João Lyra Neto vai fazer tudo para que a “Princesinha do Agreste” mereça o título – disputado com Campina Grande – de “Capital do Forró”. São 31 dias contados de festejos de rua.
Vão queimar muito dinheiro público nas fogueiras. Que pra festa nunca falta grana.
Começar o Ano Novo com forró é coisa de Goiânia. Publica o CN Goiás hoje:
O forró surgiu no século XIX no tempo do chão batido. A palavra forró é uma abreviação de Forrobodó que significa: arrasta pé, confusão, farra. Uma característica é o ato de arrastar os pés durante a dança, sempre realizada por casais que dançam com os corpos bem colados. Por muitos anos o forró foi uma dança tipicamente nordestina, que se espalhou por todo Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Virou uma febre, grandes nomes da nossa música somaram para que a dança do nordeste se espalhasse mais e mais país a fora. Existem vários gêneros do forró: forró eletrônico, forró tradicional, forró universitário, forró pé de serra e agora o forronejo. Como as coisas mudam, a dança também teve mudanças, com novos ritmos surgindo a cada momento o forró sumiu, casas antes lotadas, abriu espaço para o sertanejo universitário e os mais jovens também aderiram a outros ritmos. Um exemplo da mudança frenética é a nova onda funk que alastrou e também passou por mudanças; o Funknejo essa mistura quase que improvável tentou, mas não está sendo o “boom” do momento. A moda retrô voltou e junto a onda forro pegou mais uma vez. O sertanejo universitário já não é mais o mesmo, e o universo do forró está com força total, trazendo grandes bandas que arrasta o publico dançante. Diversas casas hoje apostam 100% no forró. As academias apostam no retorno do ritmo misturado com o zouk, uma dança sensual em que os dançarinos se posicionam lembrando a “lambada” porem com uma sensualidade mais explicita onde simulam um prazer incondicional, visto que: a dança além de modelar o corpo, queima calorias, resultado de escolas de dança cheias. Hoje as Casas de Shows, usam meios da semana e promovem festas que atraem multidões, pessoas que bebem pouco e dançam muito. Goiás é um estado sertanejo? Errado Goiás é um estado forronejo. Na nova mistura entre forró e sertanejo, a lambada também está de volta e nessa salada musical fez com que novos ritmos surjam. Muitos dizem que o excesso de romantismo musical de certa forma afasta as pessoas, já no forró a dança envolve mais. Prova disso é o mega sucesso que Marcya Delukas vem fazendo na noite Goiana. Considerada como a ”Rainha do Forró Goiano”, Marcya vem sendo disputada para grandes Shows na Capital e interior, usando em seu repertorio a raiz do forró. Musicas que foram engavetadas por muito tempo, ressurge agora com força total, atraindo um publico que curtia dançar, o publico da dança de salão, lambada e agora o zouk . Marcya Delukas nasceu em Londrina PR. Mas se mudou com a família para Bauru SP onde viveu até os 15 anos. Iniciou sua carreira cantando musicas evangélicas. Já em Goiânia animava festas e cantava em bandas. Além de ser um sucesso cantando forró e hoje se considerar uma Goiana de Coração, Marcya já é figura carimbada nos carnavais do interior de Goiás, que todos os anos ela faz com a Banda Extremo Desejo. Após retornar sua carreira, Marcya Delukas coloca em pratica um grande projeto, lançar um CD até o final do ano e continuar seus shows tanto na Capital, quanto no interior. Marcya já está com um repertorio formado para as festas de fim de ano, onde canta ao lado do esposo Castro Junior em confraternizações e outros eventos um repertorio voltado para MPB e músicas mais lentas. Confira entrevista concedida por Marcya Delukas ao jornal CN/Goiás.
A jornalista Fabiana Moraes não foi entrevistar o secretário de Defesa Social do Estado, Wilson Damázio, para pedir a cabeça dele.
Fabiana apresentou uma denúncia, que Wilson Damázio confirmou – por revelar um caso-, e que o governador Eduardo Campos não informou se vai tomar as devidas providências.
Eis a denúncia: ” O abuso sexual de policiais sobre jovens que vinham sendo acompanhadas há semanas [pela jornalista], entre elas, duas menores. (…) e abordagens criminosas de policiais do Grupo de Ações Táticas Itinerantes (Gati), da Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicleta (Rocam) e da Patrulha do Bairro. Foi justamente a menção do mais ‘novo’ projeto de segurança do governo estadual relançado ano passado (a primeira experiência aconteceu nos anos 80, gestão de Roberto Magalhães) que causou assombro desde o início. Faz sentido: a Patrulha do Bairro é a menina-dos-olhos da SDS e, por tabela, do governo Eduardo Campos (…).
Assim, enquanto a Rocam e o Gati (campeão de registros na Corregedoria) já são velhos conhecidos da SDS quando os tópicos são denúncias e reclamações, a Patrulha até então figurava como estrela brilhante e inquestionável. No entanto, como foi dito no início desta série de reportagens que termina hoje, foram vários os relatos, de diferentes pessoas, de práticas abusivas da Patrulha localizadas na Rua da Mangabeira/Alto José do Pinho (também na Tamarineira). José, o homem que apanhou sete vezes em sua própria rua, sempre chegava perto quando eu ia a mais um dos encontros com Carol, Patrícia e Stephanie. Na última vez que nos falamos (29/11), dois dias depois de ser agredido novamente, ele disse: ‘A raiva tá guardada em mim. Eu não desconto em ninguém. Mas na próxima tapa que esses Robocop me derem, eu dou outra. Eu morro com dignidade e respeito. Vou ficar nesse lixo aí. Mas como indigente não’, falou, apontando para o grande depósito de plástico, comida, móveis quebrados e dejetos diariamente colocados no fim da sua rua. O lixo que rodeia tudo. O lixo do canal, o lixo que Carol joga na rua, o lixo que todo um bairro joga sobre a casa sem banheiro da jovem grávida.
Não relatei a história durante a entrevista realizada no gabinete do secretário, que durou cerca de 1h30 e foi bastante amigável. No entanto, por duas vezes, ele sugeriu que eu poderia estar inventando as denúncias. Segundo Damázio, a veracidade das minhas palavras seria melhor considerada caso eu informasse os locais onde os policiais estavam cometendo os delitos, pois, a partir daí, a SDS poderia abrir um procedimento. Traduzindo: eu deveria informar previamente ao chefe de segurança do governo estadual o cerne da reportagem que seria publicada apenas semanas depois. Educadamente, preferi não dizer nada. Não era o meu papel. Acredito que, desde domingo (15), quando a série começou a ser publicada, o delegado (com mais de 30 anos de carreira e cumprindo seu segundo mandato no governo Eduardo Campos) tenha passado a acreditar na realidade das meninas que circulam pelo Matagal informaram. Pessoalmente, não duvidei em nenhum momento do tipo de coisa que acontecia ali. Seria um interessante caso de criação ficcional coletiva, já que o lamentável comportamento da polícia foi relatado por pessoas das mais variadas idades e trajetórias. A conversa foi gravada em dois arquivos, um de seis minutos, outro de 51. Uma parte importante não foi registrada – o telefone tocou e interrompeu a captação, só retomada 30 minutos depois. Assim, nenhuma palavra dita durante o tempo em que o gravador não funcionou foi escrita aqui. Está publicado apenas aquilo o que se pode provar.”
A primeira pergunta de Fabiana Moraes: “– Estou há cerca de dois meses ouvindo relatos a respeito da questão da exploração sexual, a matéria tem relação com o livro Casa-grande & senzala. Estamos fazendo um paralelo, mostrando que o sofrimento de meninas e mulheres naquele momento não se extinguiu nos dias de hoje. Entre as falas, algumas feitas por menores, há relatos sobre a atuação da Rocam, do Gati, da Patrulha do Bairro. Eles chegam ao local, dizem as entrevistadas, como se fossem fazer uma abordagem, mas, na verdade, os policiais pedem para ver os seios das meninas, há relatos de sexo oral. Falei com a corregedoria para ver se existem registros de casos assim e informaram que não.
A resposta de Damázio: “– Tivemos um caso desses em Barra de Jangada (Jaboatão). Nós prendemos em flagrante um policial (interrompe a fala e dirige-se ao corregedor adjunto, Paulo Fernando). Eles já foram demitidos? Tem que ver lá. Anote aí, por favor, veja se aqueles dois policiais foram demitidos.”
O principal no jornalismo investigativo é a causa, e não os efeitos sempre apresentados pela imprensa como catarse.
As manchetes dos jornais de hoje são meias-verdades:
O termo desvio de conduta é sempre usado para certos comportamentos de policiais. Quando incluiu o homossexualismo, o secretário Damásio reconheceu que ele existe na polícia, como acontece com qualquer outra profissão.
Disse: “(…) Desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na casa da gente, tem um irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão, entendeu”. O que deve ter ofendido ao corporativismo militar foi a constatação de uma realidade.
Na sua carta de pedido de demissão, Damásio afirma que a frase não constitui seu pensamento nem sua visão do mundo, razão pela qual “peço desculpas a todos aqueles que porventura tenham se sentido ofendidos”.
Já destaquei o fraseado do ex-secretário em um texto, porque todo título precisa chamar a atenção do leitor, de convidar par a leitura.
Pura coincidência esta manchete publicada no dia da queda de Damásio:
Paraná
Homofobia existe, sim, no pastor Marco Feliciano, que pretende se candidatar à presidência da República pelo PSC.
A outra frase polêmica: “Não sei por que mulher gosta tanto de farda”. São vários os fascínios sexuais. Muitos são fugazes.
Vários livros e romances tratam do assunto. Transcrevo de um blog feminino: “O uniforme cria uma fantasia sexual que, mesmo sem saber, agrada o universo feminino naquilo que nem Freud explica.
E vale tudo: bombeiro, policial militar, piloto, oficial da aeronáutica – e até jogador de futebol. Parece que o que as mulheres gostam se esconde atrás de uma roupa alinhada e com muito significado“.
Acho exagero: “O Grupo de Trabalho da Mulher Policial Federal vem publicamente expressar seu repúdio às declarações machistas e homofóbicas do delegado da polícia federal Wilson Damázio.”
A danação é a violência policial contra as mulheres, notadamente estudantes, nos protestos de rua: os espancamentos, as balas de borracha, as bombas de efeito imoral e de gás lacrimogêneo, as prisões por desacato à autoridade e debaixo de vara.
O dia amanheceu com a notícia da prisão de vereadores em Caruaru. Ao entardecer, o todo poderoso chefe de polícia caia.
A prisão de dez vereadores aconteceu no curral eleitoral do vice-governador João Soares Lyra Neto, que sucederá Eduardo Campos em março próximo.
Uma ação militar comandada por Damásio.
Qual a opinião do futuro governador? Será que Damásio, certo de que seria demitido em março, preferiu sair antes?
Para a História da Imprensa, fica o registro das prisões de jornalistas pela polícia do governador Eduardo Campos, comandada pelo secretário Wilson Damásio.
João Lyra é o deputado federal mais rico do País, com uma fortuna pessoal avaliada em R$ 240,39 milhões
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por seis votos a quatro, abrir ação penal contra o deputado federal João Lyra, acusado de submeter trabalhadores a regime escravo em uma de suas usinas de cana-de-açúcar em Alagoas. Caso seja condenado, o deputado pode ficar de dois a oito anos preso.
A denúncia foi formulada pela Procuradoria-Geral da República a partir de um flagrante realizado entre os dias 20 e 26 de fevereiro de 2008 pelos integrantes do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, do Ministério do Trabalho. De acordo com o processo, foram detectadas mais de 40 irregularidades trabalhistas nos canaviais e na sede da usina Laginha Agroindustrial, uma das empresas do Grupo João Lyra, no município de União dos Palmares.
De acordo com a denúncia, 56 cortadores de cana realizavam jornada de trabalho superior a 12 horas por dia, inclusive em período noturno, sem respeitar o direito de descanso aos domingos. Denunciou-os, ainda, por não oferecer a eles equipamentos de segurança do trabalho.
Da acusação consta também, entre outros, que os operários em questão – conforme relato e autos de infração lavradas pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego – seriam mantidos em condições desumanas, com alojamentos precários, sem a devida ventilação. Ademais, as condições sanitárias do local de trabalho não teriam banheiros. Também estariam sujeitos ao consumo de água não filtrada e, no campo, matavam a sede com gelo sem qualquer cuidado de higiene.
O grupo do Ministério do Trabalho também afirmou que não eram oferecidas instalações sanitárias, e os ônibus utilizados para o transporte ofereciam risco de vida. Além disso, os trabalhadores exerciam carga acima de seis horas extras diariamente sem receber qualquer adicional.
O relator do processo, ministro Marco Aurélio de Mello, votou a favor de não receber a denúncia, no que foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Marco Aurélio argumentou que os trabalhadores tinham carteira de trabalho, moravam em um alojamento e, nas horas vagas, podiam visitar suas famílias.
“Um leigo deve imaginar que a escravidão voltou ao Brasil. O que vejo é uma série de fatos que levam a infligir não em ação penal, mas trabalhista. Deve-se caminhar para a distinção de situações”, disse o relator.
A ministra Rosa Weber abriu a divergência, na linha de que, para a recepção da denúncia e início da ação penal, bastavam os indícios existentes nos autos de “condições degradantes” de trabalho. Acompanharam seu entendimento os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Ayres Britto e Cezar Peluso, presidente da Corte.
Peluso ainda ressaltou que estava em causa a “dignidade da pessoa, considerada sua condição de trabalhador”.
“Para a tipificação do crime, não é preciso haver escravidão escancarada, com grilhões, mas sim condições análogas, semelhantes às de escravidão”, justificou em seu voto o ministro Ayres Britto.
João Lyra é o atual presidente do Partido Social Democrático (PSD) em Alagoas e foi eleito deputado federal em 2010 com 111.104 votos, representando 7,85% dos votos válidos, pelo PTB. Acabou indo para o PSD após a aprovação do partido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2011, e é pré-candidato à prefeitura de Maceió nas eleições de outubro.
Rejeição
O ministro Marco Aurélio, relator do inquérito, votou pela rejeição da denúncia. Ele entendeu que o crime narrado pela acusação é diverso do tipificado pelo artigo 149 do Código Penal, cujo bem jurídico tutelado é a liberdade do ser humano, sob o aspecto ético-social. No mesmo sentido votaram os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello. O primeiro deles disse entender que não houve cerceamento da liberdade dos trabalhadores em virtude de dívida para com seus patrões, conforme previsto na norma em que se fundamenta a denúncia.
Também o ministro Gilmar Mendes sustentou que “o bem jurídico protegido pelo artigo 149 do CP é o da liberdade individual” e que os fatos narrados na denúncia não compreendem a esse tipo penal.
O ministro Celso de Mello também rejeitou a denúncia. Ele disse ter dificuldades em uma imputação a ser demonstrada apenas com a posterior individualização da conduta. Segundo ele, “não existe causalidade subjetiva a demonstrar liame entre os fatos narrados na denúncia e o comportamento individual” do acusado. Mas, segundo ele, o MPF poderá formular nova denúncia.