IMPUNIDADE O poder de engavetar inquéritos e processos

Mehdi Amini
Mehdi Amini

 

 

 

A impunidade faz o ladrão. Começa pela certeza de que nenhum inquérito vai ser aberto. E se acaso surgir um, provocado pela indignação do povo nas ruas, o acertamento de que será engavetado, por um desembargador, ou por um ministro da justiça suprema.

(In) certas operações de investigação policial e comissões parlamentares de inquérito são para passar a impressão de combate à corrupção, e lavam mais branco o dinheiro roubado.  Pura farsa. Peças de propaganda da mídia inimiga do Brasil e do povo em geral, para atender interesses coloniais do império e do capitalismo predador e selvagem.

 

 

 

 

 

Denúncia de tortura na Lava Jato

Violência psicológica, por Alex Falco
Violência psicológica, por Alex Falco

 

É uma operação policial com dor. Com tortura. Que assédio moral é tortura psicológica.

Além de stalking.

Escreve Fernando Brito: “O relato repugnante enviado a Paulo Henrique Amorim sobre as condições em que estão sendo mantidos há três meses os detentos – sem condenação ou julgamento – da Operação Lava Jato se configura em um escândalo de proporções internacionais”.

Escreve Janise Carvalho: “Essa denúncia é muito grave precisa ser investigada urgentemente, e caso se comprove a veracidade, esse juiz “murrinha” deve ser não apenas afastado, mas punido. Porque tudo isso é só pra conseguir DELAÇÃO SOB ENCOMENDA, mirando a presidenta Dilma!”

Parece que a dita dura já começou. Em uma democracia verdadeira, os três poderes – o judiciário, o legislativo e o executivo – agiriam.

Trata-se de uma violação dos direitos humanos. Nenhum preso, pobre ou rico, merece um tratamento desumano e cruel.

Uma operação que vem sendo manipulada politicamente. E que virou propaganda da imprensa golpista.  

A Justiça justiça esclareça se a Operação Lavo Jato visa destruir a frágil e noviça Democracia brasileira, e roubar a Liberdade do povo com o retorno da ditadura, conforme os modelos vitoriosos aplicados em Honduras e Paraguai. Um modelo que, em recente entrevista, sem pejo, imoral e traiçoeiramente foi proposto pelo ex-presidente Fernando Henrique.

Acrescente-se que pesa sobre togados e policiais da Lava Jato outra denúncia grave: de que são fanáticos simpatizantes do PSDB, partido de FHC, com participações, na campanha presidencial, favoráveis ao derrotado candidato Aécio Neves.

 

 

A conspiração que visa privatizar a Petrobras e o que resta de estatais e derrubar Dilma

República Federativa do Brasil
República Federativa do Brasil. Não esquecer que a República é simbolizada por uma mulher nua

 

A Operação Lava Jato e a CPI da Petrobras são parte de uma conspiração golpista, pelo retorno da ditadura, orquestrada pela imprensa estrangeira e barões brasileiros da mídia corporativa.

Todo golpe pode ser o começo da uma guerra civil ou de uma guerra interna, conforme definição do general e geopolítico Golbery, criador do  Serviço Nacional de Informações (SNI)
Todo golpe pode ser o começo da uma guerra civil ou de uma guerra interna, conforme definição do general e geopolítico Golbery, criador do Serviço Nacional de Informações (SNI)

Hoje, escandalosamente, a British Broadcasting Corporation (BBC)  denuncia:

Que o novo presidente da Petrobras tem que realizar o impossível: “primorar a governança corporativa” da empresa. Que esconde este título? Eis a  frase que nomeia:

“O escândalo da Lava Jato lançou uma nuvem de incertezas sobre os mecanismos de governança corporativa da Petrobras ao sugerir que seus controles não são suficientes para evitar fraudes e abusos”.

Fica explícita a manobra de que a Petrobras deve ser governada pelos acionistas privados, cujos investidores estrangeiros são majoritários.

Esta proposta vai além. Significa a tomada do comando do que resta de estatais brasileiras. Conclui a inglesa BBC:

“O pior é que essas suspeitas sobre a governança corporativa da Petrobras prejudicam também outras empresas brasileiras listadas em bolsa”, diz Michael Viriato, professor do Insper.
“Se nem os controles da estatal funcionaram, por que os investidores vão acreditar que os de outras empresas brasileiras funcionam?”

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Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe do impeachment

por Luis Nassif

A MORTE DA DEMOCRACIA
A MORTE DA DEMOCRACIA

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Já entrou em operação o golpe do impeachment, articulado pelo Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Antonio Dias Toffoli em conluio com seu colega Gilmar Mendes. O desfecho será daqui a algumas semanas.

As etapas do golpe são as seguintes:

1. Na quinta-feira passada, dia 13, encerrou o mandato do Ministro Henrique Neves no TSE. Os ministros podem ser reconduzidos uma vez ao cargo. Presidente do TSE, Toffoli encaminhou uma lista tríplice à presidente Dilma Rousseff. Toffoli esperava que Neves fosse reconduzido ao cargo (http://tinyurl.com/pxpzg5y).

2. Dilma estava fora do país e a recondução não foi automática. Descontente com a não nomeação, 14 horas depois do vencimento do mandato de Neves, Toffoli redistribuiu seus processos. Dentre milhares de processos, os dois principais – referentes às contas de campanha de Dilma – foram distribuídos para Gilmar Mendes. Foi o primeiro cheiro de golpe. Entre 7 juízes do TSE, a probabilidade dos dois principais processos de Neves caírem com Gilmar é de 2 para 100. Há todos os sinais de um arranjo montado por Toffoli.

3. O Ministério Público Eleitoral, através do Procurador Eugênio Aragão, pronunciou-se contrário à redistribuição. Aragão inovou o artigo 16, parágrafo 8o do Regimento Interno do TSE, que determina que, em caso de vacância do Ministro efetivo, o encaminhamento dos processos será para o Ministro substituto da mesma classe. O prazo final para a prestação de contas será em 25 de novembro, havendo tempo para a indicação do substituto – que poderá ser o próprio Neves. Logo, “carece a decisão ora impugnada do requisito de urgência”.

4. Gilmar alegou que já se passavam trinta dias do final do mandato de Neves. Na verdade, Toffoli redistribuiu os processos apenas 14 horas depois de vencer o mandato.

5. A reação de Gilmar foi determinar que sua assessoria examine as contas do TSE e informe as diligências já requeridas nas ações de prestação de contas. Tudo isso para dificultar o pedido de redistribuição feito por Aragão.

Com o poder de investigar as contas, Gilmar poderá se aferrar a qualquer detalhe para impugná-las. Impugnando-as, não haverá diplomação de Dilma no dia 18 de dezembro.

O golpe final – já planejado – consistirá em trabalhar um curioso conceito de Caixa 1. Gilmar alegará que algum financiamento oficial de campanha, isto é Caixa 1, tem alguma relação com os recursos denunciados pela Operação Lava Jato. Aproveitará o enorme alarido em torno da Operação para consumar o golpe.

Nesse caso, automaticamente abre-se o processo de impeachment.

Toffoli foi indicado para o cargo pelo ex-presidente Lula. Até o episódio atual, arriscava-se a passar para a história como um dos mais despreparados Ministros do STF.

Durante a campanha, já tomara decisões polêmicas, que indicavam uma mudança de posição suspeita. Com a operação em curso, arrisca a entrar para a história de maneira mais depreciativa ainda.

Ontem, em jantar em homenagem ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, o ex-governador paulista Cláudio Lembo se dizia espantado com um discurso de Toffoli, durante o dia, no qual fizera elogios ao golpe de 64.

Se houver alguma ilegalidade na prestação de contas, que se cumpra a lei. A questão é que a operação armada por Toffoli e Gilmar está eivada de ilicitudes: é golpe.

Se não houver uma reação firme das cabeças legalistas do país, o golpe se consumará nas próximas semanas.

 

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A delação premiada tem mais furos que uma peneira para beneficiar Aécio. Até Eduardo Campos aparece como ladrão

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Simch

 

A Justiça Federal do Paraná divulgou nota rebatendo a acusação de que houve “vazamento” dos depoimentos dos delatores do esquema de corrupção apontado na Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. O texto lembra que os depoimentos são relativos a uma das dez ações penais do caso, deflagrado com a Operação Lava Jato da Polícia Federal, na qual ambos foram presos. “Referidas ações penais não tramitam em segredo de Justiça e, portanto, estão sujeitas ao princípio da publicidade”, afirma a nota.

A presidente Dilma Rousseff criticou em entrevista nesta sexta (10) a divulgação dos depoimentos. “O que eu considero incorreto é divulgar parcialmente num momento eleitoral”, disse Dilma. Diversos petistas, inclusive o presidente da sigla, Rui Falcão, criticaram o que chamaram de vazamento com interesses eleitoreiros – uma vez que ambos os delatores comprometem o PT, o PMDB, o PP, todos partidos aliados de Dilma, e indicam o uso do dinheiro desviado de contratos das estatais para a campanha eleitoral de 2010. Como lembra a nota da Justiça Federal, os depoimentos relativos à delação premiada de Costa e Youssef permanecem sob sigilo e não têm a ver, apesar de tratarem do mesmo tema, com as declarações disponibilizadas na internet na quinta-feira (9).

Como a justiça tarda e falha explica a machete safada, parcial e eleitoreira do pasquim Diário do Comércio de São Paulo?

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Dois pesos e duas medidas. TSE suspende propaganda da Veja contra Dilma no rádio

Decisão do ministro Admar Gonzaga concedeu liminar à Coligação Com a Força do Povo e Dilma Rousseff, a fim de que seja imediatamente suspensa veiculação de propaganda da Revista Veja no rádio. Sustentam que a Editora Abril, a pretexto de veicular publicidade comercial, estaria veiculando propaganda eleitoral no rádio em favor do candidato à Presidência da República Aécio Neves, em ofensa ao disposto no artigo 44 da Lei nº 9.504/97.

As autoras alegam que a revista Veja estaria repetindo uma conduta já realizada no período eleitoral de 2006. Afirmam que a Editora Abril, na ocasião, teria pago pela publicação da capa de sua revista em diversos outdoors para promover apoio ao candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin, acrescentando que, naquela oportunidade, o TSE determinou a retirada das propagandas.

Assim, pediam, liminarmente a suspensão imediata da propaganda ilegal até o final do período eleitoral em curso, sob pena de multa diária, bem como a apresentação do contrato de compra do espaço da propaganda no rádio em favor do candidato Aécio Neves para fins de contabilização do tempo de veiculação ilícita. No mérito, solicitam a procedência da representação para confirmar a liminar de proibição da publicidade, além de determinar a perda do dobro do tempo na propaganda eleitoral em rádio a que fazem jus a Coligação Muda Brasil e Aécio Neves, em relação ao tempo total de veiculações da propaganda eleitoral irregular questionada na presente representação.

Em sua decisão, o ministro Admar Gonzaga considerou presentes os pressupostos para a concessão da liminar solicitada. Ao examinar atentamente o áudio, o ministro entendeu que houve divulgação de conteúdo próprio do debate eleitoral, porém veiculado na programação normal do rádio, na forma de publicidade comercial, em desacordo com a regra contida no artigo 44, da Lei nº 9.504/97,segundo a qual a propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-se ao horário gratuito definido nesta lei, vedada a veiculação de propaganda paga.

“A propaganda da Editora Abril, no trecho ‘Aécio Neves (…) promete tirar a Petrobrás das mãos de uma quadrilha’, incorre em propalar, de forma clara, discurso empreendido pelo candidato Aécio Neves sobre tema em voga e polêmico, que vem sendo o cerne das discussões entre os dois candidatos na disputa pelo cargo de presidente da República, tudo isso sob forma de divulgação da nova edição de sua revista”´, entendeu o relator.

De acordo com ele, apesar de a revista poder abordar esse tema sensível – confirmando sua linha editorial de maior simpatia a uma das candidaturas -, “entendo que a transmissão dessa publicidade por meio de rádio, ou seja, de um serviço que é objeto de concessão pelo Poder Público e de grande penetração, desborda do seu elevado mister de informar, com liberdade, para convolar-se em publicidade eleitoral em favor de uma candidatura em detrimento de outra”.

Juiz e procuradores armaram depoimento de Costa, diz Tereza Cruvinel

Divulgado na coluna de Luis Nassif no GGN
Divulgado na coluna de Luis Nassif no GGN

Utilidade eleitoral da delação premiada

por Tereza Cruvinel

A colaboração premiada foi instituída no Brasil para facilitar à Justiça a obtenção de provas na investigação de crimes e organizações criminosas. Mas sem apresentar provas, dois corruptos confessos e um juiz de primeira instância, que autorizou a gravação e divulgação de seus depoimentos, podem decidir a eleição presidencial. A alternância no poder é salutar para a democracia mas não pela criação de fatos destinados a afetar o resultado eleitoral.

Há uma sincronia entre as investigações das irregularidades na Petrobrás e a eleição presidencial em curso, que lembra a sintonia entre o julgamento dos réus do mensalão pelo STF e as eleições municipais de 2012. O acordo de delação premiada com Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef foi firmado antes do primeiro turno mas os depoimentos foram programados para acontecerem logo depois. O Juiz e os procuradores que o conduzem sabem o que estão fazendo.

E tanto sabem que recomendaram aos réus que, nos depoimentos gravados para serem divulgados, não mencionassem o nome de nenhuma autoridade com mandato eletivo. Se isso acontecesse, por força do foro privilegiado, o processo subiria imediatamente para a esfera do STF. E ali o presidente já não é Joaquim Barbosa, mas Ricardo Lewandowski, que não transigiria com as formalidades legais e rituais, evitando que os procedimentos judiciais ganhassem conotação eleitoral, a favor ou contra qualquer força política. Por isso Costa e Youssef falaram tanto em “agentes políticos” quando se referiam a figuras do PT, PP e PMDB que teriam relação com o esquema. Não se furtaram, porém, a mencionar três diretores da Petrobrás e o tesoureiro do PT, Vacari Neto, que não tendo mandatos, não forçam a mudança do processo para a instância superior. Os outros implicados serão citados mas eles podem ficar para depois. O alvo agora é o PT e a reeleição de Dilma Rousseff. E para isso, é bom que o processo continue na primeira instância.

A delação somente deve render vantagens aos delatores se as informações por eles fornecidas forem provadas e realmente contribuírem para o esclarecimento dos fatos. Youssef e Costa não apresentaram provas do que disseram mas jogaram uma bomba de alta potência sobre a campanha eleitoral. Embora a figura da delação seja considerada um avanço pelo meio jurídico em geral, há críticas à sua adoção e principalmente, à frágil regulamentação de sua aplicação.

O presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, Augusto de Arruda Botelho, em artigo hoje na Folha de São Paulo, pede o fim do instituto, alegando que os réus são submetidos a “um sombrio e triste percurso” até optarem pela delação: prisões ilegais, depoimentos coercitivos, torturas psicológicas e ameaças a parentes, entre outros recursos utilizados para quebrar a moral dos investigados. Este é um ponto de vista relacionado com a garantia democrática do direito de defesa.

Mas é também relevante o impacto das divulgação das delações premiadas – antes de provadas – sobre os processos sociais, entre eles o eleitoral. A Lei 12.850/2013 estabelece que as informações obtidas através da colaboração premiada (este é o verdadeiro nome da coisa, na lei), não bastam para incriminar terceiros. Essa é uma cautela para evitar que o premiado invente informações contra outros para se beneficiar. A lei teve esta preocupação com as supostas vitimas individuais dos delatores mas não considerou o impacto das denúncias sobre o coletivo e a vida social, nela incluído o processo eleitoral, questões de segurança ou mesmo de política externa.

Seu aprimoramento exigirá, em algum momento, que se regule melhor a questão da divulgação dos depoimentos, levando em conta o direito de terceiros e as circunstanciais sociais.

A imprensa golpista pretende cassar a reeleição de Dilma

Nota do redator do blogue: O TSE precisa investigar a peneira da delação premiada. Que a justiça faz secreta para todos os brasileiros, mas abre para a empresa Abril (revista Veja), que faz parte do Partido da Imprensa Golpista, PIG.

Brasil precisa acabar com os monopólios da mídia. A manipulação dos inquéritos sob segredo de justiça e dos julgamentos da justiça secreta é facciosismo, partidarismo e parcialidade escruta e corrupta.

A claridade tem que vencer a escuridão. Reforma já do judiciário.

MENTIRA DO CORREIO BRAZILIENSE
MENTIRA DO CORREIO BRAZILIENSE

Duvido o Correio Braziliense apresentar a fonte, o informante. O delator não foi. Se ele informar qualquer depoimento perde o direito à delação premiada.

ISTO É NOTÍCIA INVENTADA de propaganda eleitoral safada, paga por George Soros e CIA.

E pelo tal “esquema do delator”, Eduardo Campos está envolvido.

Acreditar nesta história de bandidos é acreditar que Eduardo Campos é ladrão. (T.A.)

 

 

 

Venezuela capital Kiev. Os padres ortodoxos voltaram aos seus cânticos. Manifestantes continuam a marchar armados. E a usar bandeiras com suásticas

Ucrânia
Ucrânia

A onda de manifestações libertárias, em vários países, pode ter um final infeliz: a queda de um presidente eleito substituído por um governo de transição, um presidente títere do capitalismo estrangeiro, ou por um ditador militar.

Os sonhos da Praça da Libertação no Egito estão hoje controlados pelos punhos de um general. O mesmo destino previsto para a Ucrânia.

Na América do Sul tudo começou com um golpe do judiciário em Honduras. No Paraguai, com um golpe parlamentar. O que a direita apronta para a Venezuela?

Ucrânia entre o luto, a reconstrução e a sombra da violência

por Paulo Moura/ Público, Portugal

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Maidan, 10 da manhã de segunda-feira. Um casal jovem de surdos-mudos conversa por gestos com cravos vermelhos nas mãos. O que estão a dizer relaciona-se com o pequeno monumento no chão, lembrando que ali caiu um dos mártires. Depositam as flores entre milhares de outras. Cada um dos mais de 80 manifestantes assassinados pela polícia tem o seu memorial no chão, que começou por ser uma fotografia, duas velas e por vezes um pouco de sangue, mas não pára de alastrar em flores.

Palco da Maidan, 10h30 da manhã. O líder do Sector Direito, o mais proeminente grupo de extrema-direita do país, consegue uns minutos de tempo de antena para exortar a assistência a ir manifestar-se em frente ao Parlamento. “Temos de obrigar os deputados a aprovarem uma lei libertando todos os presos políticos”, disse Igor Krivoruska, um homem baixo, de fato de treino preto. Na véspera, o seu grupo tinha tentado atacar a prisão de Lukianska, para libertar os presos, mas optaram por vir ao palco tentar mobilizar mais gente. A seguir ao curto discurso de Igor, os padres ortodoxos voltaram aos seus cânticos.

Edifício da Câmara Municipal de Kiev, 11 da manhã. Três rapazes envergando pesadas armaduras feitas com protectores de canelas, braços e peito (emprestadas do hóquei, râguebi e esgrima) aproximam-se de um balcão: “Queremos ir embora”. A voluntária começa a preencher um papel. Os rapazes têm o ar extenuado de quem viveu uma guerra. “Lviv”, respondem à funcionária. A revolução está feita, querem regressar à sua terra. Ela continua a preencher o papel.

O enorme e monumental edifício da Câmara, na Avenida Kreschatik, está ocupado pelos serviços de apoio dos manifestantes de Maidan. Corredores e salões inteiros albergam manifestantes que vieram de outras regiões, e que vivem aqui, em pequenos alvéolos de mantas e caixotes. A organização foi lesta a providenciar autocarros para os trazer a Kiev, deu-lhes guarida e alimentação, treino militar e armas rudimentares. Agora tem de lhes organizar o regresso. A funcionária entrega aos rapazes da grande cidade do Oeste dois folhetos com números e manda-os para uma sala de espera.

Noutras divisões funciona um hospital, noutras uma cantina, os serviços burocráticos, etc. Galia Radziervska, 34 anos, está a receber pessoas atrás de um computador. “Damos informações sobre os que morreram, ou os que foram feridos”, diz ela, em português. “Temos médicos, medicamentos, roupas. Há autocarros para levar as pessoas para as suas terras”.

Galia trabalhou dois anos em Portugal. Voltou porque o marido não conseguiu emprego nem papéis de residência. É esteticista de profissão, mas não tem emprego na Ucrânia. Trabalha aqui como voluntária. “Recebemos muito dinheiro, de donativos, mas é todo para financiar os protestos”.

Meio-dia. Perto da câmara um jovem alto, louro e muito magro encosta-se a uma parede para não cair, exangue. Tem o rosto pisado e um olho ensanguentado, um braço inchado e negro. Pensou que os ferimentos iam sarar, depois de ter sido, há dias, espancado pela Berkut, a polícia especial do regime. Afinal agravaram-se. Veio até aqui para procurar ajuda médica, mas agora não quer entrar. “Tenho medo que me entreguem à Berkut”, diz ele. Não acredita que a revolução tenha triunfado.

Museu Histórico de Kiev, duas da tarde. Num cubículo do segundo andar do edifício agora ocupado pelos serviços da autodefesa de Maidan, decorre uma reunião de mulheres. “É preciso limpar e arrumar a Praça. Temos de distribuir tarefas”, diz Anna Kavalienko, 22 anos, a chefe desta unidade de autodefesa, o Sotnia número 39. Os sotnia são os grupos de base, militarizados, que executaram a revolução. Este é o primeiro constituído por mulheres.

“Como podemos preparar-nos para acções violentas, como atacar o Parlamento?”, pergunta uma jovem morena de olhos claros.

“Nesta fase já não vamos atacar coisa nenhuma. A revolução está feita. Agora, temos de mudar para o modo pacífico. Já não estamos em modo de guerra, lamento. Não vamos para o Parlamento, porque acabou, já é nosso. O que há agora a fazer é reconstruir. Cada uma tem de escolher uma tarefa”, responde Anna à rapariga visivelmente decepcionada. Só deixaram entrar as mulheres quando a revolução tinha terminado.

Das 14 presentes, dez têm menos de 30 anos. Mas é Vira Schved, 49 anos, a primeira a oferecer-se para uma tarefa. É pedreira free-lance, de profissão, portanto oferece-se para reparar o edifício onde agora todas elas trabalham e vivem, que foi incendiado e não tem água nem electricidade.

“Vamos trazer os nossos homens para casa”, lê-se à porta da sala do Sotnia 39. A seguir à reunião, o grupo de mulheres entra num autocarro para uma visita à mansão de Ianukovich. “É preciso fazer um vídeo do local para mandar para as regiões do Leste, antes das eleições”, dissera Anna.

Parlamento, cinco da tarde. O grupo de combatentes do Sector Direito, depois de horas a gritar e a bater ritmadamente com os bastões nos escudos, conseguem entrar à força no Parlamento. Um deputado vem falar com eles, para evitar mais arruaças. Volta para o hemiciclo e uma hora depois é anunciado no ecrã de Maidan que o Parlamento aprovou a libertação dos presos políticos.

Avenida Michail Krutchev, 8 da noite. O grupo de Igor marcha em direcção a Maiden entoando um velho hino nacionalista. “Veja isto! É o nosso troféu!”, grita um dos combatentes da brigada Sector Direito exibindo uma estrela de cristal roubada a um lustre do Parlamento. “Não nos queriam ouvir, mas acabámos por conseguir. A lei está aprovada”.

O grupo marcha arrastando as botas, os escudos, as armaduras. Igor vai à frente a dar ordens. Manda-os parar, ajoelhar como templários medievais e dizer uma oração cheia de referências a antepassados que colaboraram com os nazis. Voltam a marchar, param, para Igor atender o telemóvel. Marcham de novo, instalam-se na primeira fila da assistência do palco de Maidan. Precisam de esperar quase uma hora que os padres acabem os seus cânticos e discursos, que por acaso eram sobre a necessidade da paz. Depois lá entra Igor, anunciando o seu feito. “Finalmente, hoje muitos pais vão poder abraçar os seus filhos. A família é o que há de mais importante na Ucrânia”, disse ele, antes de colocar como cenário do palco a sua bandeira com uma suástica.

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Batalha de Kiev. Clique nas fotos para ampliar

“El laboratorio de todo esto fue Honduras hace tres años, y aquí en Paraguay fue perfeccionado”

Entrevista con el Presidente Fernando Lugo a diez días del golpe

Foto: Mónica Omayra
Foto: Mónica Omayra

por Gerardo Iglesias

El pasado viernes (29/6) entrevistamos al Presidente Lugo, depuesto en su cargo a través de un sutil mecanismo constitucional y un grosero proceso que se asemeja a lo ocurrido en Honduras en junio de 2009, lo que pone en estado de alerta a toda la región.  

-La intención es confundir a la opinión pública nacional e internacional, pero lo que sucedió aquí fue un golpe de Estado…

-¡Sin lugar a dudas! Los medios de comunicación privados que responden a ciertos intereses, quieren dar la impresión de que aquí no ha pasado nada, que hubo una sucesión natural de cambio de Presidente de la República. Al mismo tiempo no dan a conocer los más de 40 espacios y lugares de resistencia activos, y la solidaridad internacional que sí confirman que aquí ha pasado algo.

Aquí hubo una ruptura del orden democrático, aquí hubo un juicio político sin razón de ser, se efectuó un golpe parlamentario. Hay varios nombres: golpe express; Cristina Kirchner mencionó que se trata de un golpe suave. El laboratorio de todo esto fue Honduras hace tres años, y aquí en Paraguay fue perfeccionado.

Foto: Mónica Omayra
Foto: Mónica Omayra

-Llegué anoche, y me llamó la atención la ausencia de la resistencia al golpe. ¿Esa situación tiene que ver con su pronunciamiento de efectuar una resistencia en paz?

-Sí, una resistencia pacífica. En los 40 piquetes que se han realizado no ha habido violencia. Hoy, el puente que nos une con Brasil fue cerrado por dos horas, con gente de Paraguay y brasilera. El puente que nos une con Argentina, en Encarnación, también fue cerrado. La gente está expresando su descontento, su indignación. Hay una sana y pacífica indignación ciudadana. Pero estas manifestaciones no aparecen en la prensa.

Nosotros hacemos hincapié en convocar a manifestaciones pacíficas, uso de la fuerza sí, pero sin violencia y, al mismo tiempo, no salirse del orden jurídico nacional. Las manifestaciones son permitidas y creo que la ciudadanía está despertando a una gran conciencia cívica en todo el país. En siete departamentos se han producido fuertes expresiones de rechazo al golpe, y esto continuará, porque creemos que la voluntad popular expresada el 20 de abril de 2008 fue quebrantada con este juicio político o golpe parlamentario.

Foto: Magali Casartelli
Foto: Magali Casartelli

-Usted dice no salirse del orden jurídico nacional, los golpistas afirman también que no violentaron ese orden…

-Se respetó, se le dio un viso legal, pero como dijo el presidente Juan Manuel Santos (Colombia), ese viso legal fue violentado, fue forzado. Aquí no se respetó el debido proceso y tampoco el derecho a la defensa. Cualquier muchacho que tenga un accidente con una moto tiene derecho a dos, tres, cuatro, hasta 18 días para preparar su defensa, yo tuve sólo 17 horas y dos horas para exponerla. En el juicio al presidente José P. Guggiari (1928-1932), él tuvo tres meses para preparar su defensa y otros tuvieron semanas, a mí me dieron 17 horas.

En menos de 24 horas no se puede deponer a un Presidente electo por las mayorías populares. Por eso nosotros estamos recurriendo a la Corte Suprema de Justicia y a las instancias internacionales competentes, como a la Corte Interamericana de Derechos Humanos, porque creemos que esto fue injusto y se violentó la voluntad popular y las garantías del justo proceso.

Foto: Mónica Omayra
Foto: Mónica Omayra

-¿Quién está detrás del golpe?

-Grupos que nunca muestran los rostros. Grupos económicos, también la clase política tradicional, que no acepta que en este país pueda haber prácticas políticas diferentes, prácticas políticas que no se basan en el clientelismo ni el prebendarismo, que son comunes de los partidos tradicionales que ahora se unieron en el golpe por primera vez en la historia.

Foto: Magali Casartelli
Foto: Magali Casartelli

Nota do editor do blogue: Transcrevi trechos. Foi um golpe à Honduras, programado pelo império dos Estados Unidos. Um golpe que teve o apoio de corporações internacionais como a Monsanto, que representa os interesses latifundiários e a lavoura de exportação, legalizado por um judiciário corrupto, absolutista, branco, racista e conservador. Um golpe abençoado pelo Vaticano, com a participação direta de bispos e cardeais, príncipes de uma igreja medieval, afastada do povo e de Jesus.