A adoração do dinheiro. Do mal. Os pobres pagam o preço da corrupção

indignados fome

 

«Quando a adoração do Senhor é substituída com a adoração do dinheiro abre-se o caminho para o pecado, o interesse pessoal e a prepotência; quando não se adora Deus, o Senhor, tornamo-nos adoradores do mal, como o são quantos vivem de crime e violência». Mas quem segue este «caminho de mal como os mafiosos não estão em comunhão com Deus: estão excomungados». Duras como um rochedo as palavras usadas pelo Papa Francisco na tarde de sábado, 21 de Junho, durante a missa em Maria de Sibari.

A ‘ndrangheta, disse, é «adoração do mal e desprezo do bem comum». E este mal deve ser combatido. De outra forma será difícil dar respostas aos jovens necessitados de resgate e de esperança. O Pontífice conjugou a reflexão sobre as leituras litúrgicas com a realidade quotidiana. Recordou a celebração da solenidade do Corpus Christi, o «sacramento do altar». E é precisamente por esta convicção de fé que «nós – acrescentou – renunciamos a satanás e a todas as suas seduções;

renunciamos aos ídolos do dinheiro, da vaidade, do orgulho, do poder, da violência. Nós cristãos não queremos adorar nada e ninguém neste mundo a não ser Jesus Cristo, que está presente na sagrada Eucaristia».

Talvez, reconheceu o Papa Francisco, nem sempre nos damos conta profundamente do que isto significa, das consequências que tem, ou deveria ter, esta nossa profissão de fé. E a este propósito falou da ternura de Jesus, do seu «amor tão delicado, tão fraterno, tão puro». E concluiu renovando o convite sobretudo aos jovens: a não se deixarem roubar a esperança e a não ceder ao mal, às injustiças, à violência. E de violência falou também no dia seguinte, durante o habitual encontro com os fiéis na praça de São Pedro para a recitação do Angelus. Depois da reflexão inicial dedicada ao amor desmedido de Deus pelo homem, o bispo de Roma recordou que a 26 de Junho se celebra o dia das Nações Unidas pelas vítimas da tortura, reafirmando «a firme condenação de qualquer forma de tortura» e convidando «os cristãos a comprometerem-se a colaborar para a sua abolição» e para apoiar as vítimas e os seus familiares. «Torturar as pessoas – concluiu – é um pecado mortal! Um pecado muito grave!

Alexander Dubovsky
Alexander Dubovsky

Os mártires da corrupção

Os pobres pagam sempre o preço da corrupção. De todas as corrupções: a dos políticos e empresários, mas também a dos eclesiásticos que não cumprem o próprio «dever pastoral» para cultivar o «poder». O Papa Francisco voltou a denunciar com palavras fortes «o pecado da corrupção», no qual caem «muitas pessoas que têm poder material, político ou espiritual», e exortou a rezar em particular por «quantos — e são muitos — pagam pela corrupção, pelo comportamento dos corruptos: são os mártires da corrupção política, económica e eclesiástica».

Inspirando-se no trecho do primeiro livros dos Reis (21, 1-16) proclamado durante a liturgia, o Pontífice recordou a história de Nabot de Jezrael, que não quis ceder a sua vinha ao rei Acab, herdada do pai, e por isso, foi lapidado por instigação da rainha Jezabel. «Um texto bíblico muito triste» comentou o bispo de Roma, frisando que a narração segue a mesma estrutura do processo de Jesus e do martírio de Estêvão, e evocando uma frase do Evangelho de Marcos (10, 42): «Sabeis como os governantes das nações fazem sentir o seu domínio sobre elas e os magnatas, a sua autoridade».

«Nabot — frisou o Papa — parece um mártir daquele rei que governa com tirania e opressão». Para se apoderar da vinha, no início Acab faz uma proposta honesta a Nabot: «Dar-te-ei em troca uma vinha melhor, ou se te convier, pagar-te-ei o seu justo valor». Mas depois, diante da rejeição do homem em ceder a «herança dos seus pais», volta para casa «entristecido, indignado», comportando-se quase como uma «criança mimada» que faz «caprichos». E é a este ponto que a sua esposa Jezabel — «a mesma que ameaçou o profeta Elias de morte, depois de ele ter assassinado os sacerdotes de Baal» — organiza uma farsa, um processo com testemunhas falsas e condena Nabot, permitindo que o marido tome posse da vinha. E Acab aceita, frisou o Pontífice, «tranquilamente, como se nada fosse».

A corrupção, explicou o Papa, «é um pecado fácil, que pode cometer a pessoa que tem autoridade sobre os outros, quer económica e política quer eclesiástica. Somos tentados pela corrupção. É um pecado fácil de cometer».

De resto, acrescentou, «quando uma pessoa tem autoridade, sente-se poderosa, quase um deus». Portanto, a corrupção «é uma tentação diária», na qual podem cair «políticos, empresários e prelados».

Mas — perguntou-se Francisco — quem paga pela corrupção? Certamente não quem paga «o suborno»: de facto, ele só representa «o intermediário». Na realidade, «o pobre paga pela corrupção!», constatou o Pontífice.

«Se falamos de corrupção política ou económica, quem paga isto?», perguntou-se o Papa. «Pagam — disse — os hospitais sem remédios, os doentes que não são cuidados, as crianças sem escolas. Eles são os Nabot modernos, que pagam pela corrupção dos grandes». E quem paga «pela corrupção de um prelado? Pagam-na as crianças que não aprenderam a fazer o sinal da cruz, não conhecem a catequese, não são cuidadas; os doentes que não são visitados; os presos que não recebem atenção espiritual». Enfim, são sempre os pobres que pagam pela corrupção: os «pobres materiais» e os «pobres espirituais».

Na conclusão, o bispo de Roma confirmou o valor do testemunho de Nabot, o qual «não quis vender a herança dos seus pais, dos seus antepassados, os valores»: um testemunho ainda mais significativo se pensarmos que, com frequência, «quando há corrupção», também o pobre corre o risco de perder «os valores, porque são impostos hábitos e leis que vão contra os valores recebidos dos nossos antepassados». Eis o convite a rezar pelos muitos «mártires da corrupção», para que o «Senhor nos aproxime deles» e conceda a estes pobres a «força para continuar» o seu testemunho.

Publicado no L’Osservatore Romano, ed. em português, n. 25 de 21 de junho de 2014

 Alfredo Sábat
Alfredo Sábat

 

 

 

 

 

No Peru hoje, o Brasil amanhã

Lembra os Amarildos brasileiros
Lembra os Amarildos brasileiros

GENOCÍDIO‪
#‎CadeOAmarildo‬? (Rocinha, Rio de Janeiro, 2013)
‪#‎QuemMatouRicardo‬? (Baixada Santista, São Paulo, 2013)
‪#‎QuemMatouMariaDeFátima_e_Alessandra‬? (Morro da Quitanda, RJ, 2013)
‪#‎QuemMatouLaércio‬? (Parque Proletário, Rio de Janeiro, 2013)
‪#‎QuemMatouÊnioMatos‬? (Salvador, Bahia, 2013)
‪#‎OndeEstáWelbert‬? (São Félix do Xingu, Pará, 2013)
‪#‎QuemMatouJackson‬? (Itacaré, Bahia, 2013)
‪#‎QuemMatouMCDaLeste‬? (Campinas, São Paulo, 2013)
‪#‎QuemMatouDJLáh_e_mais6Amigos‬? (Jd. Rosana, São Paulo, 2013)
‪#‎QuemMatouHenrique‬? (Grajaú, Extremo Sul de SP, 2012)
‪#‎QuemMatouRogérioPina‬ (Santos, SP, 2012)
‪#‎QuemMatouFábio_e_Aline‬? (Baixada Santista, SP, 2011)
‪#‎QuemMatouMarcosPaulo_e_Eric‬? (Baixada Santista, Abril de 2010)
‪#‎QuemMatouMCNegroBlul‬? (Nova Brasília, Salvador-Bahia, 2007)
‪#‎OndeEstáPauloAlexandre‬? (Itaquera, São Paulo, Maio de 2006)
‪#‎OndeEstáRonaldo‬? (Itapecerica da Serra, SP, Maio de 2006)
‪#‎QuemMatouEdsonRogério‬? (São Vicente, SP, Maio de 2006)
‪#‎QuemMatouAnaPaula_e_EddyJoe‬? (Baixada Santista, Maio de 2006)

.‪#‎ContraOGenocídio‬
‪#‎DesmilitarizaçãoDasPolícias‬
‪#‎MemóriaVerdadeJustiçaReparação‬

pe_republica.750 dinheiro sem gastar

Depois dos médicos, os engenheiros podem ser os próximos convocados a atuarem no “serviço público” brasileiro.
O projeto atenderia uma demanda antiga de prefeituras por engenheiros dispostos a trabalhar na elaboração de projetos básicos e executivos, requisitos para que os municípios recebam verbas federais e estaduais para obras. A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência confirma que uma nova ação para atrair profissionais estrangeiros qualificados está em desenvolvimento, mas não detalha se o setor seria um dos focos. (Trechos de uma reportagem de Aline Lourenço)

pe_correo. guerrilha

Os Estados travam uma guerra contra os imaginários governos paralelos, os PCCs, porque totalmente despolitizados. Acredito mais na polícia de dia, e milícia de noite.

Para combater a corrupção, o povo despertou de uma apatia que justifica o mito do Brasil cordial.

Escreve hoje Carlos Chagas: Como despertar a baderna:

“Não dá mais para segurar”, diria o saudoso Gonzaguinha. A referência vai para a continuação das manifestações de rua verificadas em todo o país, com ênfase para o Rio e São Paulo. Protesta-se contra tudo, é um direito democrático, mas, como rotina, paralisar cidades e depredar patrimônio público e privado é crime. Ainda mais quando praticado por minorias que se antes manifestavam-se pacificamente, agora já começam seus protestos com baderna e violência.

Indaga-se da reação do cidadão comum, aquela imensa maioria que todos os dias passa pelo constrangimento de não poder ir para casa ou de não poder sair de casa.

Foi assim que nasceu e cresceu o nazismo, quando as famigeradas S.A. ocuparam Berlim e outras cidades da Alemanha. Um sentimento nacional de indignação já substituiu as primeiras reações de apoio aos jovens que com toda razão foram para a rua, em junho, exigindo melhor qualidade de vida. De lá para cá, deteriorou-se o movimento. Protesta-se com o rosto encoberto, pedras na mão e, não raro, coquetéis molotov na mochila. Interrompe-se o tráfego como se toma um copo d’água.

Convenhamos, é hora de um basta. Afastada por contraditória a hipótese de os revoltados com as passeatas organizarem a sua própria, melhor solução para evitar o caos social está no apelo às forças de segurança. Pouco adianta levar alguns fascistas para a delegacia e soltá-los horas depois. É preciso que fiquem engaiolados e sejam processados. Também não resolve descarregar balas de borracha nos manifestantes ou lançar sobre eles bombas de gás lacrimogêneo ou sprays de pimenta. Torna-se necessário mobilizar a inteligência para identificar os líderes responsáveis, começando pelos vândalos que quebram tudo, porque são os mesmos. Muitos com passagem pela polícia, sem profissão. Que vão para a cadeia e de lá não voltem tão cedo.

Em caráter emergencial, não deve haver hesitação em mobilizar as forças armadas para policiamento ostensivo nos principais centros onde as badernas acontecem. Sua presença teria sentido dissuasório, obviamente sem canhões nem tanques.

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No Brasil, a polícia procura os traficantes nas favelas, quando eles moram em condomínios de luxo. Que a droga rende bilhões. Devia procurar o dinheiro… Os chefões mafiosos.

 

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O valorizado bandido do Espírito Santo

A imprensa e a polícia e a justiça, principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília, costumam desvalorizar socialmente o bandido. Considerar que a ladroagem é coisa de miserável. Dos selvagens que moram nas favelas.

Bandido pobre não patrocina os governos paralelos de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. O tráfico de moedas, de drogas, de armas, de petróleo, de água, de ouro, e o mercado negro e a economia subterrânea possuem seus barões infiltrados nos três poderes e na alta sociedade.

O Espírito Santo reconhece este status social. Ser honesto não enriquece ninguém.

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Brasil. Tráfico de animais rende três vezes mais que o de drogas

O MAIS RENDOSO NEGÓCIO DO CRIME ORGANIZADO DE COLARINHO BRANCO
O MAIS RENDOSO NEGÓCIO DO CRIME ORGANIZADO DE COLARINHO BRANCO

Um relatório divulgado pela organização internacional WWF conclui que o comércio ilegal de animais selvagens representa cerca de US$ 19 bilhões anuais (cerca de R$ 39 bilhões), fortalece as redes criminosas, compromete a segurança nacional e tem riscos para a saúde. Para a ONU é muito mais: Está avaliado entre US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões ao ano.

O  estudo da WYF realça que este comércio ilegal leva “muitas espécies já ameaçadas à extinção”.

De acordo com o relatório “Luta contra o tráfico ilícito da vida selvagem: uma consulta com os governos”, apresentado esta semana num encontro de embaixadores das Nações Unidas, em Nova Iorque, e hoje divulgado pela WWF, o comércio ilegal de animais selvagens ocupa o quarto lugar nas transações ilegais, depois da contrafação, da falsificação e do tráfico de seres humano.

Os lucros obtidos com o tráfico dos animais selvagens, no Brasil, desaparecem no ar. E são superiores ao de drogas, que rendem  R$ 1,4 bilhão por ano. Os de animais silvestres chegam a, aproximadamente, US$ 2 bilhões (R$ 4 bilhões). Esta é uma estimativa da Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráficos de Animais Silvestres). Considero pouco.

O Brasil, maior país da América Latina, com uma área de 8,5 milhões de km², é considerado a maior biodiversidade do planeta.

Possui 530 espécies de mamíferos, 1800 espécies de aves, 680 de répteis, 800 de anfíbios e 3000 espécies de peixes.

Segundo a ministra do Meio Ambiente, 627 espécies estão sob risco de extinção, o triplo de 15 anos atrás.

Escrevem Wagner de Cerqueira e Francisco Graduado:

La represión a la protesta antipeñista. En las fauces…

por Román Munguía Huato

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Hoy día es imposible explicar la verdadera naturaleza autoritaria del Estado mexicano sin establecer la relación en las últimas décadas neoliberales con la naturaleza histórica y social de la mafia. El concepto de narco-estado es vigente para ayudar a caracterizar algunos rasgos fundamentales de ciertos estados latinoamericanos, pues sabemos bien que medio mundo de la política está metido en el narco y medio mundo del narco metido en la política. La lumpenburguesía en el poder. La violencia estatal a flor de piel en esta simbiosis. Roberto Saviano nos cuenta en su excelente libro Gomorra lo que actualmente es la mafia napolitana y la globalización de las redes del crimen organizado. Saviano nos describe magistralmente a la camorra en sus dimensiones económicas, empresariales, sociales y ambientales. “El libro se propone contar los mecanismos con los que el mundo camorrista… ha extendido sus horizontes de negocios a nivel internacional, con la complicidad de la clase política y empresarial.” A su vez, el eminente historiador siciliano Salvatore Lupo en su magistral Historia de la mafia. Desde sus orígenes hasta nuestros días (FCE), nos describe perfectamente la articulación orgánica histórica entre el poder del crimen organizado y el poder político como violencia estatal organizada.

Lo que llevó a emplear la violencia estatal organizada con las tropas militares –y los paramilitares como el Batallón Olimpia– al régimen priísta diazordacista en la matanza del 2 de octubre de 1968 en Tlatelolco, políticamente en esencia no es tan diferente como la que se utilizó en los últimos años con los regímenes panistas y como la que inaugura Enrique Peña Nieto, empleada brutalmente contra el pueblo de San Salvador Atenco, siendo él gobernador del estado de México. El flamante presidente, ilegítimo, comandante supremo, aseveró que el Ejército seguirá en la calle… pero eso sí, “respetando los derechos humanos”. “El regreso del Ejército a los cuarteles será gradual…” En tal sentido no hay ninguna diferencia con su antecesor panista, y la cuestión es que tan gradual será éste retorno: ¿Los próximos seis años? ¿Son de verdad las fuerzas armadas “factor de estabilidad social y de confianza social”? ¿Qué debemos entender por estabilidad y confianza social? ¿La represión, “la paz de los cementerios” y las encuestas ficticias?

Las protestas antipeñistas, acordes al derecho constitucional, se manifestaron en las principales ciudades, pero el retorno del PRI al gobierno federal se ha dado con un despliegue inaudito de fuerzas represivas. La violencia y el terrorismo estatales en su mejor versión priísta que nos recuerda los nefastos años de Díaz Ordaz y Echeverría, incluidos los grupos infiltrados y paramilitares: del Batallón Olimpia al actual Grupo Relámpago. Los hechos violentos están orientados a la criminalización de la protesta social y la satanización de movimientos legítimos como el YoSoy132.

El PRI y Televisa presentaron demandas en contra de los manifestantes por los “daños” ocasionados a sus edificios; daños ocasionados por infiltrados gubernamentales. Pero ¿y los daños histórico-estructurales al pueblo mexicano por el PRI: las matanzas, las catástrofes económicas sociales, económicas y educativas? ¿Y las educativo-culturales ocasionados por Televisa? Díaz Ordaz y Echeverría quedaron impunes, al igual de Peña Nieto y Fox en San Salvador Atenco ¿Y el embrutecimiento por la enajenación cultural por décadas a “los jodidos” los ha pagado Televisa?

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Lei concede mais proteção a juízes contra o crime. Principalmente contra máfias internacionais

 

Uma lei que altera o Código Penal garante medidas de proteção a juízes e promotores e procuradores do Ministério Público.

A lei foi publicada no diário Oficial da União desta quarta-feira, 25, e prevê, entre outros procedimentos, a instalação de câmeras, detectores de metais e a contratação de vigilantes armados nos tribunais de Justiça do País.

No Acre, o caso mais recente de ameaças foi contra o juiz Raimundo Nonato Maia, e esteve relacionado a decisões contra crimes de corrupção na Câmara de Vereadores, em 2005.  O juiz recebeu segurança.

A nova legislação determina ainda que o juiz em risco pode recorrer ao auxílio de um colegiado de juízes e este tomar decisões sobre decretação de prisões ou outras medidas, concessão de liberdade, sentenças, progressão de regime do cumprimento da pena, transferência de preso para penitenciária de segurança máxima e inclusão de detento em regime diferenciado.

A lei, assinada pela presidente, Dilma Rousseff, e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, entra em vigor em 90 dias após a publicação.

Veja alguns outros pontos

O colegiado só será instaurado após o juiz do caso indicar motivos e circunstâncias que acarretem risco à sua vida. As reuniões dos três magistrados podem ser fechadas ou por via eletrônica.

A lei considera como organização criminosa a associação de três ou mais pessoas, estruturalmente organizada e com divisão de tarefas, que busca obter vantagem através da prática de crimes que tenham pena máxima igual ou maior a 4 anos ou que sejam de caráter transnacional.

Placas diferenciadas – A lei 12.694 altera trechos do Código Penal, do Código de Processo Penal e do Código Brasileiro de Trânsito e prevê, dentre outros pontos, o uso de placas diferenciadas em veículos usados para os membros do Judiciário e do Ministério Público durante período determinado, para que impeça a sua identificação, e também permite que fóruns usem seguranças armados para a vigilância interna.

Segurança em tribunais – O texto autoriza tribunais a reforçarem a segurança dos prédios mediante controle de acesso, instalação de câmeras de segurança e detectores de metais e o uso de seguranças armados em seu interior. A decisão sobre quais seguranças terá porte de arma ficará a critério do chefe do Ministério Público ou o presidente do tribunal, respeitando o limite de 50% do número de servidores que exercem a função de segurança.

Juízes e promotores também poderão solicitar proteção pessoal em casos diante de situação de risco, que poderá ser feita pelos próprios seguranças do MP ou do Judiciário, policiais ou outros entes de segurança institucional.

 

Lei de Proteção aos Juízes não vai pegar; faltam recursos

por

 

A propósito da Lei de Proteção aos Juízes (Lei 12.694/12) de duas premissas temos que partir: (a) muitos juízes estão mesmo correndo risco de vida, daí a necessidade de proteção policial e de medidas de segurança, e (b) o poder destrutivo das organizações criminosas, sobretudo em países pouco civilizados onde ainda vigora a lei do mais forte, é uma triste realidade.

De acordo com informação do Conselho Nacional de Justiça, no momento presente (agosto de 2012) 134 juízes estão ameaçados de morte no Brasil. Algumas associações falam em maior número. O crime organizado (organizações criminosas) seria o grande responsável pelo amedrontamento generalizado da magistratura brasileira. Quatro juízes foram mortos nos últimos tempos (Leopoldino Marques do Amaral, Antonio José Machado Dias, Alexandre Martins de Castro Filho e Patrícia Acioli). Dezenas de outros juízes acham-se ameaçados.

Luigi Ferrajoli, em sua lectio doctoralis em Tucuman (Argentina), no dia 27 de junho de 2012, sublinhou que “o crime organizado tem hoje um peso financeiro e econômico sem precedentes, visto que possui caráter global (muitas vezes) e conta, ademais, com um poder destrutivo impressionante [destruição do ser humano, da natureza, das condições necessárias para a vivência democrática etc.]. Estamos neste momento experimentando a mundialização da economia e do mercado, sem a correspondente globalização da Justiça assim como dos direitos e garantias fundamentais. A fortaleza do crime organizado (terrorismo interno ou internacional, máfias, narcotraficantes, exploração ilícita dos jogos etc.) ao se deparar com a fraqueza do sistema jurídico e estatal de controle, sobretudo internacional, conduz a um cenário de regressão social onde vigora a “lei do mais forte” (a lei do mais selvagem)”.

O mal da edição das leis no nosso país reside no seguinte: nada (ou pouco) se faz para combater as causas do problema. Não se resolve o problema, sim, ilude-se a população com novas medidas simbólicas, que podem até surtir algum efeito psicológico no princípio, mas são perniciosas a médio e longo prazo, porque as condições materiais geradoras do problema vão se agravando a cada dia, sem que medidas concretas para enfrentá-las sejam tomadas.

Em muitas comarcas, tanto quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Execução Penal, a Lei Maria da Penha etc., a Lei de Proteção aos Juízes não vai “pegar”, por falta absoluta de estrutura e de recursos orçamentários. Mais uma lei placebo, um pharmakon inoperante, que só produz efeito simbólico (mero ilusionismo). Nas raízes do problema não se toca. A juíza Patrícia Acioli foi morta pelo crime organizado constituído de policiais, remunerados pelo Estado. É na ferida do crime organizado que o Estado tem que por o dedo. É preciso ir à causa.

Mas em lugar de a Polícia e a Justiça brasileiras, por intermédio de um serviço de inteligência ultramoderno, interministerial e multiorgânico, liquidarem os bens, o capital e os ativos do crime organizado (visto que a única maneira de acabar com as organizações criminosas consiste em eliminar sua capacidade econômico-financeira), fazendo uso de todos os meios legítimos de natureza fiscal, tributária, informática, bancária etc., nosso combalido Estado neoliberal (cada vez mais raquítico em suas tarefas institucionais e sociais: saúde, segurança, educação etc.) resolveu editar uma nova lei (Lei 12.694/12), como sempre faz, para a proteção dos juízes ameaçados. É o velho pharmakon aparentemente milagroso, mas muito pouco eficiente.

De uma crítica e de um retrocesso medieval a nova legislação se livrou: ela não criou o chamado juiz sem rosto, o que representaria um retrocesso inaceitável.

Transcrevi trechos