“Quem é do Recife, quem já viveu no Recife ou quem passou um tempo no Recife, sempre dirá: eu tenho um caso pessoal com esta cidade”.
O Dicionário Amoroso do Recife é obra de toda uma vida na cidade, “um lugar possuidor de visco e modo de ser” que acompanhou e acompanha Urariano Mota sempre.
No Dicionário, os significados vêm “na nuvem da memória e do sentimento. A memória a falar daquilo que a marcou. Falando para todos os humanos a humanidade do Recife”.
Amanhã, sexta-feira, às 19 horas, na Livraria Cultura, no Paço da Alfândega, no Recife Antigo, o romancista Urariano Mota estará autografando o Dicionário Amoroso do Recife.
O Dicionário é fruto de um escritor que ama a cidade acima de tudo. Não foi à toa que o grande maestro Spok, o cara e a cara do frevo renascido, se referiu ao livro como se visse o Recife falando para os recifenses e para qualquer pessoa de fora, no Rio, em São Paulo, ou além das fronteiras do Brasil. Como um novo Pernambuco falando para o mundo.
De A até Z, o livro é um passeio pelas Igrejas, pela primeira Sinagoga das Américas, pelos terreiros, pelos mercados públicos, pelo elogio emocionante dos heróis do povo da cidade.
Um dicionário da humanidade pernambucana. Da gente do Recife, “da encantadora gente do Recife, que às vezes sufoca a gente de emoção e ternura, de um carinho que rasga o solo como uma flor no asfalto duro”.
De Eutanasinha, a criança flagrada na inocência da fantasia de princesa do carnaval. De Clarice Lispector a ver o frevo na rua. Da descoberta de uma qualidade rara em Dom Hélder Câmara. E muitas homenagens, recuperação de pessoas ilustres e queridas do Recife, desta vez salvas para sempre como exemplos e modelos de pessoas da cidade.
Quem? Não perguntem quem, perguntem como são e vivem essas pessoas. Do ser que são virá a sua fama.
Humor, poesia, drama, como de resto é feita uma cidade grande cujo crescimento se dá na memória e no afeto.
E mais: o novo centro do Recife.
E qual o gênero da cidade? Recife é macho ou fêmea?
Revelações como a passagem de Gagárin no Recife, a origem do nome Zumbi para um bairro. E as mulheres do Marrocos, o teatro de sexo do sonho dos meninos. O Mercado da Boa Vista. As redações do Recife, lembrando nomes que os jovens fotógrafos e jornalistas nem sabe que existiram. Eis o trecho de um verbete:
“No registro cotidiano do Recife, muito espanta hoje o seu sentido de flagra, mais rápido que o de um fotógrafo de esporte no momento do gol. No precioso arquivo de Olegária, aparecem ladrões meninos ou adultos no instante do furto. Como se fosse de repente, naquele momento tão suave e sub-reptício que ninguém vê, Wilson mostrava em preto e branco os dedos escorregando em uma bolsa de mulher, no centro do Recife. O seu flagrante não media conveniências. Flechava, ou melhor, flashava meninos miseráveis, sem banheiro no mocambo, defecando à luz do dia em um canal da cidade.
Olegária nos contou que tamanha era a intimidade do pai com famosos, que ele chegou a fotografar misses de Pernambuco nuas. Para nossa infelicidade não restaram as provas, porque Wilson, honestíssimo, devolvia os negativos às donas. (O que eram os costumes secretos e a gentileza do fotógrafo.) Ele trabalhou no Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco e Folha da Manhã.“
Este é um Dicionário para o Recife “que está mais em seu povo que em todos os monumentos, pontes, rios e edifícios. Aquela cidade que vista de cima, no avião que chega, acende um calor, uma alegria e uma felicidade sem palavras, somente fogo íntimo”.
“Estamos de volta, Recife”, e quem volta suspira em silêncio, pouco importando se esteve fora um mês, um ano ou dois dias.
É realmente deplorável assistir a atos de vândalos que queimam carros, quebram vidraças, saqueiam lojas e, mais ainda, ver jovens arriscando-se sob chuva de bombas lacrimogêneas, mesmo aqueles pacíficos em seu direito de se manifestar que, atingidos na cabeça, podem ser mortos ou ter um olho esmagado por uma bala de borracha. Balas que se usam apenas em países incivilizados ou ditaduras. O vandalismo coloca em risco policiais, também insatisfeitos e inocentes, ao soldo de governantes que não elegeram.
O vandalismo mostrado nas telas, e comentado com desgosto e semblante fechado, revolta muita gente em suas casas. Deplorável a quebra de vidraças do Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ninguém concorda com isso. Agredir uma obra de arte projetada por Oscar Niemayer, admirada internacionalmente e que conserva obras de artistas famosos, despertou ao vivo as preocupações de milhões de pessoas. Um prédio tão genial, inspirador de milhares de outros em todo o planeta, palácio que hospeda a câmara dos botões do sistema diplomático do Brasil.
Depois ouvi dizer que vandalismo com o patrimônio e o dinheiro público é ter aberto, nos últimos dez anos, cerca de 50 novas embaixadas que se reportam a esse Itamaraty, a maioria em países exóticos e paradisíacos, dotadas com um mínimo de 25 funcionários. Nelas o embaixador mais simples ganha R$ 50 mil, o mais estrelado, R$ 70 mil, o funcionário de nível inferior, cerca de R$ 25 mil, entre o salário propriamente dito e as “verbas”. O custo de uma embaixada, segundo os dados que se podem encontrar fora da caixa-preta do Itamaraty, aponta um mínimo de R$ 10 milhões a cada ano por uma embaixada de menor porte. Nessa categoria se enquadra uma dúzia em paraísos caribenhos cercados de mar azul e fora da rota turística. Hoje o Brasil possui 92 embaixadas megalomaníacas cobiçadas por aliados e partidários que procuram o “dolce” e bem-remunerado “far niente”.
São Vicente e Granadinas (população de 121 mil), Santa Lúcia (162 mil), São Cristóvão e Nevis (51 mil), Barbados (279 mil), Antígua e Barbuda (88 mil) por um total geral de 701 mil habitantes, na mesma região, provavelmente custam mais de R$ 50 milhões por ano.
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Transcrito O Tempo/ Tribuna da Imprensa/ Continua
Notas marginais do retador do Blogue:
SÃO VICENTE E GRANADINAS
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É um país das Caraíbas localizado nas Pequenas Antilhas. Sua cidade mais populosa é Kingstown, com 24 mil e 518 habitantes.
Castries sua cidade mais populosa: 12 mil 980 habitantes.
Santa Lúcia, considerada o quinto melhor lugar do mundo para passar a lua de mel
Santa Lucia, localização
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SÃO CRISTÓVÃO E NEVIS
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A Federação de São Cristóvão e Neves, Nevis ou Névis é um Estado soberano do Caribe ou das Caraíbas, mais propriamente parte das ilhas de Barlavento, e constituído pelas ilhas de São Cristóvão e Nevis. É também o menor país das Américas em extensão territorial e em número de habitantes.
A capital e sede do governo do Estado federado é Basseterre, com 12 mil e 920 habitantes, na ilha de São Cristóvão. A ilha menor, Neves, situa-se a três quilómetros de São Cristóvão, ficando esta separada por um estreito pouco profundo a que localmente se chama The Narrows.
Vista de Nevis, a partir de São CristovãoLocalização de São Cristóvão e Nevis (em verde) no Caribe
Conquistada pelos espanhóis em 1492, foi visitada pelos portugueses de 1536 até 1625. Nesta data foi reclamada pelos britânicos em nome de Jaime I de Inglaterra.
É constituído por 37 ilhas situadas entre o mar do Caribe (mar das Caraíbas e o Oceano Atlântico. É constituída por duas grandes ilhas, Antiga e Barbuda, e outras seis ilhotas: Great Bird, Green, Guinea, Long, Maiden e York; além de outras 29 ilhotas desabitadas. Separada por poucas milhas marítimas, o arquipélago faz parte das ilhas de Barlavento das Pequenas Antilhas, na América Central.
Os primeiros habitantes das ilhas surgiram há cerca de 4 400 anos. Em 1493, elas foram conquistadas por Cristóvão Colombo que as batizou, e colonizou em nome do reino da Espanha. Tal estatuto durou até 1667, quando foram vendidas à Grã-Bretanha, tendo estado sob soberania britânica até à sua independência em 1981.
St Johns, AntigaLocalização de Antígua e Barbuda
PARIS, DOCE TURISMO
O Itamaraty chegou a pensar em criar uma embaixada na Martinica. Cobiça pirata desvanecida, quando um assessor de imprensa avisou que a Martinica continua colônia francesa.
Quando começaram as ondas de protesto, estavam em Paris Dilma, Geraldo Alckmin, Sérgio Cabral, os prefeitos de São Paulo, de Santa Maria do beijo da morte na boate Kiss, e mais três G-8 e respectivas cortes.
Sérgio Cabral só vive lá, lá em Paris, desejoso de ficar lá de vez, como embaixador, depois de deixar o governo do Estado do Rio de Janeiro em 1 de janeiro de 2015. Ele sonha colocar o pezão lá, para continuar um vida “merecida” de luxo e repentina riqueza.
Misterioso mesmo é que não existe nenhum mapa com as ilhas do Brasil, classificadas em oceânicas, marítimas e fluviais. O Brasil não tem mar, isso é verdadeiro. Falso, enganador é informar que o Brasil possui poucas ilhas, que são dadas como concessões pelo governador geral das ilhas, de identidade desconhecida.
Os donatários das ilhas doadas possuem luxuosas moradias. Coisa de faraó. Ou vendem as outorgas por vários bilhões de dólares a piratas de várias bandeiras.
As ilhas são paraísos aqui na terra. Esse vandalismo constitui um perigo para a soberania nacional. Ninguém sabe o que existe e o que acontece nas ilhas.
Homem rústico, aspecto andrajoso, Domingos José dos Santos leva nas órbitas um olhar profundo e triste. A pátina do tempo deu-lhe as rugas antes do previsto, algumas de tristeza, outras de desamparo e umas quantas de desilusão. Mimetizar-se à árida realidade não foi o bastante. Parecia não haver lugar mais seco e rançoso do que o sertão pernambucano, e assim o produtor rural fugiu há 10 anos buscando a sorte no sertão baiano. Foi no desespero atrás de algo tão prosaico quando essencial: a água. Deu com os burros na falta dela. A seca tem o condão de dissolver sonhos em rigores extremos, e Domingos voltou.
Açude secando no sertão do estado de Pernambuco Alexandre MazzoSr. Ires Pereira Mendonça perdeu 100 cabeças de gado na seca – Pernambuco Alexandre Mazzo
O velho sertanejo de 71 anos foi traído pela tal “tirania das contingências”. Vê-se agora em condição pior do que antes da estiagem de três anos a fio no semiárido nordestino. Abandonou no povoado de Lajeto de Pau d’Arco tudo o que tinha: dois terrenos e duas casas de alvenaria – “só uma delas levou 40 sacos de cimento”. Ninguém compra, ninguém tem dinheiro, “tá todo mundo indo embora”. No regresso, há um ano, ergueu uma casa de taipa, feita de ripas e barro, nos costados do terreno que a filha, Maria de Lurdes, 37 anos, ganhou em 2006 num assentamento rural de Serra Talhada (PE).
Domingos e sua família fazem parte de um paradoxo brasileiro, menos pelo fenômeno natural nele subjacente e mais pela incapacidade coletiva de lidar com ele. O sertanejo e a mulher, Maria da Penha, de 69 anos, moram na tapera de barro; a filha, o genro e três netos vivem na residência de alvenaria ao lado. As reuniões familiares se dão na casa de taipa, de frente para a televisão, com sinal da parabólica. A energia elétrica e alguns confortos por ela proporcionados chegaram muito antes do que a água tão procurada por Domingos nos sertões de Pernambuco e da Bahia.
Riqueza sob os pés
Há razões para acreditar em água boa sob os pés, pela abundância no poço artesiano a 300 metros. O vizinho não dá nem vende uma gota, e Domingos não tem dinheiro para uma perfuração. O carro-pipa tarda dois meses para voltar, e abastece só oito dos 16 mil metros cúbicos da cisterna. Se terminar antes, azar. O racionamento priva as crianças de uma brincadeira tão trivial quanto divertida: banho de mangueira. Sentiriam o peso do remorso por se darem o luxo de uma distração quando mal se tem para beber. Entre a sorte de ter uma parabólica e o azar de não ter água, Maria de Lurdes prefere uma inversão. “A água faz mais falta.”
Eles não estão sós. A seca avançou sobre outros 280 municípios além dos 1.135 que compõem o semiárido brasileiro, região mais castigada pela pior estiagem em 50 anos, forjando dias instáveis a 22 milhões de pessoas. A Secretaria Nacional de Defesa Civil decretou situação de emergência e estado de calamidade pública em 1.046 cidades. O saldo é aterrador. Pelas contas do Conselho Nacional de Pecuária de Corte, a seca já levou um milhão de cabeças de gado. Metade morreu e a outra metade foi abatida antes da hora ou mandada para outras regiões.
Há um mês o governo brasileiro anunciou R$ 9 bilhões para o combate emergencial à seca e R$ 32 bilhões em barragens, canais, adutoras e estações elevatórias para garantir o permanente abastecimento de água no Nordeste. Porém, os projetos suscitam dúvidas. “Falta colocar foco no sujeito mais desassistido, que está no campo. Muitos têm energia elétrica, têm parabólica, alguns têm telefone, têm acesso à internet. Mas está faltando água”, destaca o professor de recursos hídricos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, João Abner Guimarães Júnior.
Doutor em hidráulica e saneamento pela Universidade de São Paulo, Abner joga areia na transposição da Bacia do Rio São Francisco, o grande orgulho do governo brasileiro no combate à seca. Para ele, não passa de um programa inócuo (leia mais na edição de quinta-feira). O problema não é a falta de água, mas a má distribuição. Grandes obras não darão cabo do sofrimento imposto pela estiagem, diz o agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco João Suassuna. As 70 mil represas do Nordeste acumulam mais de 10 bilhões de metros cúbicos de água. “Mas não existe uma política para captar e levar para quem precisa”.
História árida
A chuva tem por hábito desaparecer com frequência, às vezes com mais insistência. O Nordeste brasileiro enfrentou 34 significativas secas desde 1583, ano do primeiro registro feito pelo padre Fernão Cardin. Desta vez, no entanto, a situação se presta a dar livre curso à preocupação de uma gente cansada de promessas nunca cumpridas. Quanto mais esperar por soluções que nunca chegam? O que se deve esperar desse canal de transposição que representa a opulência do dinheiro gasto sem restrição? E ninguém pode alegar que foi pego de surpresa.
O Centro Técnico Aeroespacial, de São José dos Campos (SP), fez em 1978 um estudo estatístico a partir das secas dos últimos séculos. Descobriu que as grandes estiagens ocorrem em intervalos de 26 anos, entremeados por outras menores. Nesse estudo prospectivo, a seca que ora castiga o semiárido era previsível. “O triste é que, mesmo sabendo da previsibilidade, não se faz nada de ações estruturadoras para tornar possível a convivência do homem nesse período seco”, diz Suassuna. E a seca vai persistir no sertão até o fim de 2014, segundo pesquisas climáticas.
Essas previsões quase foram desmentidas há uma semana. As chuvas voltaram a cair em parte de Pernambuco, mas concentradas no litoral, na Zona da Mata e no Agreste. No sertão, mais para o interior do estado, as precipitações foram tão esparsas que nem de longe permitiriam uma recuperação dos leitos dos rios secos, dos rebanhos bovinos e das plantações já devastadas. As dezenas de rios efêmeros do Nordeste, transformados em leito de morte do gado, retratam a agonia de uma região órfã da seca.
Levar água é mais barato do que levar luz
Levar água para o sertão custa menos do que levar eletricidade, nas contas do professor de recursos hídricos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, João Abner Guimarães Júnior. O parâmetro é o Programa Luz para Todos, lançado há dez anos pelo governo federal para eliminar a exclusão elétrica no país levando energia gratuita a dez milhões de brasileiros do meio rural. Um programa similar, trocando a luz pela água, poderia evitar a fome, a sede e as perdas agrícolas enfrentadas por 22 milhões de nordestinos no semiárido.
O programa federal Água para Todos tem limitações porque o foco está na construção de cisternas para captar a água das chuvas nos telhados das casas. Em longas estiagens, as famílias voltam a depender do oneroso carro-pipa. No semiárido, sete entre dez pessoas estão nas cidades, 92% delas com sistema público de abastecimento de água. O problema está no meio rural, onde vivem os outros 30%. O sistema de Abner, doutor em hidráulica e saneamento pela Universidade de São Paulo, chegaria a eles e evitaria os impactos com secas mais prolongadas.
“Dizer que falta água é mentira”, diz Abner. Sobra água para consumo humano e animal mesmo em época de seca, ele assegura. “São 10 bilhões de metros cúbicos armazenados em grandes reservatórios acima do Rio São Francisco.” Só o Ceará tem 80% desse manancial. O problema está na democratização do acesso à água. Nesse ponto entra a proposta de Abner, um sistema adutor com capilaridade suficiente para atender a toda a necessidade do semiárido usando um quinto do volume armazenado nos reservatórios. Parece tão lógico que assusta imaginar porque não está em prática.
Custo menor
Nesse sistema capilar, adutoras captam água de reservatórios regionais, que por sua vez podem pegar de outros maiores. À média de um reservatório a cada 30 quilômetros, ela teria um custo per capita de R$ 20 por ano, com amortização do investimento em 50 anos. Com menos de mil reais por mês, uma adutora de três polegadas de diâmetro atenderia de 3 a 4 mil pessoas. Abner, ele próprio um sertanejo da região central do Rio Grande do Norte, lembra que quatro entre dez habitantes do seu estado consomem água de adutora. Uma prova, portanto, de que é possível.
Os 70 mil açudes existentes no Nordeste destinam-se hoje para consumo humano, mas 95% da água se perde em evaporação. Para Abner, um sistema integrado que traga água das grandes barragens para o abastecimento humano liberaria os pequenos açudes para a produção de alimento para o gado e outras atividades rurais. O principal insumo para a distribuição da água, a energia elétrica, já está disponível. O custo de R$ 20 per capita por ano com esse sistema capilar representa um terço do valor da transposição da Bacia do Rio São Francisco.
Ela própria, a transposição, é uma prova de que recursos existem. Os governos, de FHC a Lula e Dilma, apostaram num programa de desenvolvimento regional a partir da transposição do São Francisco. Onde está o erro? Abner aponta dois. Primeiro: alcance restrito, a área de influência chega a apenas 5% do semiárido. Segundo: na prática a obra só irá transferir estoques de água do rio para grandes reservatórios já abastecidos. “É chover no molhado”, avalia. “A transposição é um programa inócuo. O governo precisa se libertar dos lobbies das grandes obras”, diz.
Um exemplo de que a adutora funciona está em Serra Talhada (PE). A água que tirou o município de 80 mil habitantes do colapso no abastecimento vem do rio São Francisco, transportada pela adutora do Pajeú nos 112 quilômetros concluídos pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A água é transportada numa vazão de mais de 100 metros cúbicos por segundo desde a captação no lago Itaparica, no município de Floresta, até a estação da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) em Serra Talhada.
Sertanejo, esse bravo
O homem que maneja o facão na plantação de palma é um tanto gasto em anos, mas mantém a altivez de sertanejo. É sobre gente como ele que recaem os refluxos da seca. No curso de seus 75 anos, Luís Vieira de Souza guarda na memória os vários períodos de estiagem. E ela sempre volta. “Três anos enrabado um no outro, nunca vi na minha vida”, diz com a vivência que não se aprende na escola. Sabe como poucos ler os sinais do tempo, o que o autoriza, por sinestesia, a afirmar com propriedade que a seca de agora supera aquela histórica que perseverou de 1979 a 1984.
Seu Luís e quatro filhos criam 186 cabeças de gado e plantam milho e feijão na propriedade de 600 mil metros quadrados, em Cabrobó, tendo ao fundo as obras do canal de transposição do Rio São Francisco. Tão perto do rio e a plantação resseca. A irrigação esporádica pouco adianta. Gasta R$ 900 por mês em energia elétrica puxando água para o consumo da família depois de tratá-la com cloro, para dar de beber aos animais e irrigar umas poucas plantas. Não rega tudo porque uma conta de R$ 2 mil seria inviável.
Seu Luís se põe a cortar mais palma. A agrura da seca chegou inclusive para essa que é a mais resistente das plantas do sertão, último recurso de alimento para o gado. “Até o mandacaru tá difícil de achar”, diz o velho sertanejo com o desalento que se adquire com sucessivas frustrações. Está ruim até para os cactos. Seu Luís olha para as folhas murchas e experimenta uma sensação de vazio. Mas não pode simplesmente ignorar suas obrigações. Ao fundo, um gado esquálido aguarda a refeição.
Reina o odor de estrume no modesto curral quando o sertanejo retorna. Reserva dois terços de sua atenção ao filho e à nora que acompanham a movimentação dos dois estranhos com câmeras e canetas. Seu Luís se dirige ao cocho tomado pela desolação. O filho, parado à sua frente para ajudar, parece igualmente desolado. O velho empunha o facão e pica a palma em gestos mecânicos dentro do chocho, atraindo a atenção das rezes amarradas ao redor. Ele suspende a cabeça e divisa ao fundo o animal suspenso na UTI improvisada na estrebaria.
A vaca de 5 anos e duas crias está faz dois meses dependurada em cordas para se manter de pé. Se cair não levanta, não se sustenta nas pernas. Morte certa. Efeitos da fome. Seu Luís guarda esperança; há pouco salvara outra vaca no mesmo sistema, depois de um mês no pêndulo, água e comida na boca. Requer paciência. Diante desse homem crispado em sua rusticidade e honra de sertanejo, resta a impressão de que às provações impostas pela seca acrescenta-se uma cota adicional de humanidade. Antes fosse o único, a despeito da nobreza do gesto.
A mortandade se espraia de forma a fazer das carcaças parte integrante da paisagem da caatinga. A proporção é aterradora. Só o estado de Seu Luís, Pernambuco, perdeu 800 mil animais – 150 mil morreram, o restante abatidos precocemente. A bacia leiteira pernambucana também perdeu sete dos dez litros que produzia antes da estiagem.
Os novilhos definham diante dos olhos e as últimas vacas leiteiras não se aguentam mais em pé. O gado que dá a sorte de tombar perto da sede do sítio tem alguma chance. UTIs iguais às de Seu Luís se tornaram comuns no Polígono das Secas, uma área que abrange o norte de Minas Gerais e oito estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte. Mas esses arranjos não adiantam quando não se tem o que dar de comer para o gado.
Uma vizinha de Seu Luís acaba de vender 83 bois por R$ 16 mil. Ou, R$ 192 a cabeça, o equivalente a um churrasco de fim de semana para 10 pessoas em qualquer outra região do país não castigada pela seca. O estoque de ração acabou e o preço do milho subiu. Ela vendeu mais para não vê-los morrer do que para evitar prejuízo maior. Em condições normais, receberia pela boiada 10 vezes esse valor. Não quis repetir a história de tantos outros sertanejos que acreditaram na proximidade da chuva.
Até os mais afortunados, os que têm água no subsolo na propriedade, veem o rebanho definhar. Ires Pereira de Mendonça, 59 anos, extrai água de dois poços artesianos para vender para consumo humano. Ele perdeu 100 cabeças de gado desde o fim de 2012. Os animais morreram de inanição. A água mata a sede, não a fome. Mesmo com tanto recursos hídricos disponíveis, Ires não soube e não teve orientação de forma a aproveitá-los para irrigar a plantação que poderia salvar seu rebanho. Por ironia, o leito de morte do gado foi o leito seco do Rio do Imbé, no distrito de Mimoso, no município pernambucano de Pesqueira.
Polígono das Secas
O semiárido brasileiro estende-se por oito estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), além do Norte de Minas Gerais, totalizando uma extensão territorial de mais de 980 mil quilômetros quadrados. As principais causas da seca são naturais.
A região recebe pouca influência de massas de ar úmidas e frias vindas do Sul. Logo, permanece durante muito tempo no sertão nordestino uma massa de ar quente e seca. Também contribuiu para agravar o quadro os quase cinco séculos de queimadas e corte intensivo da floresta, além da exploração da monocultura da cana-de-açúcar.
Advierten que aún quedan 15 años más de sequía y habrá poca agua por la disminución de nieve y lluvia en San Juan
Ullum, sin agua: el bajo caudal de agua del río San Juan dejó al descubierto después de 30 años las ruinas de la vieja bodega Graffigna que había quedado sepultada en el embalse de Ullum. Hoy la gente puede recorrerlas a pie
por Elizabeth Pérez/ Diario de Cuyo
Las precipitaciones invernales de lluvia y nieve -que son clave en San Juan, porque de ellas depende el agua que tenga todo el año la provincia- van a seguir siendo pobres como ocurre desde el año 2003 y por los próximos 15 años, debido a que están siendo afectadas por un periodo ’seco’ de intensificación de los desiertos, producto del proceso de calentamiento global. ’’Y este problema los va a afectar en la generación hidroeléctrica y en el manejo del agua’’, dijo a DIARIO DE CUYO Juan Leonidas Minetti, prestigioso climatólogo argentino y director del Laboratorio Climatológico Sudamericano que el pasado 19 de abril dio una conferencia a productores de todo el país en el Plenario Nacional de Economías Regionales que organizó la CAME, con estas conclusiones y otras sobre otras zonas del país.
Minetti agregó que la disminución también impactará en las lluvias estivales sanjuaninas, lo que afectará a los poblados como Valle Fértil cuya agua para producción y consumo dependen de ellas. Los datos de que la provincia no está exenta de las amenazas del clima provocaron una interesante respuesta de las autoridades locales. El titular de Hidráulica, Jorge Millón, dijo que la provincia ’’está bien encaminada’’ destinando buena cantidad de recursos a construir diques de agua. ’’No conozco el informe, pero sí a Minetti y el laboratorio que son prestigiosos. Y ante la clara convicción de que los glaciares van a disminuir por el calentamiento global y que habrá menos nieve, la forma de reemplazarlos es con un embalse artificial de agua, que es lo que la provincia está haciendo desde el 2003 a la fecha’’. Millón agregó que ’’la provincia está bien encaminada, de todas formas esa transformación requiere de una importante inyección de recursos económicos y la provincia no los tiene ya, pero por lo menos está apostando a las obra de infraestructura de embalse y a la energía solar. La provincia no está apostando a una generación hidroeléctrica, sino a hacer embalses para reemplazar disminuciones de reservas naturales’’. En ese sentido, en el 2009 se terminó el dique Caracoles y ahora, el dique Punta Negra, el tercero sobre el Río San Juan está en un 52% de avance (ver página 7). Millón agregó que aún queda mucho que hacer en eficiencia de recursos, al referirse a la tecnificación de riego para la agricultura.
POCA AGUA
’’Como derivado del proceso de calentamiento global están empezando a crecer fuertemente los desiertos y el impacto de esto es bastante visible en los datos que analizamos desde la década del ’80’’, explicó Minetti a DIARIO DE CUYO. Respecto a San Juan y la zona cuyana agregó que las consecuencias negativas serán dos. ’’Por un lado, las precipitaciones invernales de lluvia y nieve en la cordillera van a ser afectadas con una mayor disminución de la que han tenido hasta ahora. Fíjese que el año pasado cuando estaba funcionando el fenómeno del Niño y todos nuestros modelos estaban dando un año nival bueno, todos los pronósticos salieron mal. Es que este proceso de gran escala del calentamiento global se está sobreimponiendo a los fenómenos de más corta escala como el Niño o la Niña’’. Agregó que la otra consecuencia es ’’que también se verán cada año disminuidas las lluvias veraniegas, lo cual es bueno para los cultivos de frutas que no sufrirán ataques de fungosas (hongos), pero la zona de Valle Fértil que sí se alimenta su sistema productivo con las lluvias de verano va a ser fuertemente afectado por la sequía. Y en esto para nada va a mejorar el clima con La Niña, el problema es bastante complicado, y requiere la unión de todos los argentinos frente a esta amenaza que es el crecimiento de los desiertos’’. Agregó que el periodo ’seco’ se inició en el año 2003 y se trata de una oscilación de 50 años, que tiene 25 años de seca y 25 años más lluviosos. ’’Esa oscilación empezó su fase negativa en el 2003, en la inundación de Santa Fe, llevamos 10 años, y nos estarían faltando 15 más, si fuese ese solamente el factor principal. Pero como solapadamente tenemos el efecto del calentamiento global que está dando desde 1980 para adelante una profundización de la sequía en los desiertos, es posible que nos encontremos con periodos de sequías más graves que los del siglo pasado’’, concluyó.
Los científicos han realizado su mejor medición de la cantidad de hielo que contiene la Antártica, realizando una detallada recopilación de información de los últimos 50 años
Continente Antártico con hielo (arriba) y sin hielo (abajo) – imagen BEDMAP
El continente blanco contiene unos 26,5 millones de kilómetros cúbicos de hielo, si se derritiera, sería suficiente para subir la altura del nivel de los océanos unos 58 metros. Este dato no debe ser tomado de forma alarmista ya que no está previsto que esto ocurra en el corto o mediano plazo. A pesar de ello, la contribución de la Antártida a la elevación del nivel del mar podría ser significativa en caso de derretirse.
Si se incluyen las plataformas de hielo flotante que sobresalen en el océano, el total es de casi 27 millones de kilómetros cúbicos.
Las cifras son el resultado del proyecto internacional Bedmap2 donde actuaron 60 científicos de 35 instituciones pertenecientes a 14 países.
Si bien el volumen de hielo estimado por Bedmap2 es 4,5% mayor que el que se determinó anteriormente, el incremento en el nivel del mar no es tan diferente a las pasadas estimaciones y esto se debe a que el hielo extra estaría ubicado bajo la actual línea de agua, por lo que si se derritiera no aumentaría significativamente el volumen.
El punto de hielo más grueso se encuentra en un lugar llamado cuenca subglacial Astrolabio. Allí, la columna de hielo es de 4.776 metros de espesor.
Tecnología aplicada
“Una gran cantidad de diferentes tipos de datos se han utilizado para la reconstrucción de la subsuperficie de hielo”, dijo Peter Fretwell, de laBritish Antarctic Survey (BAS), que forma parte del Consorcio Bedmap.
Los satélites de los últimos años han mejorado enormemente la comprensión de la elevación del hielo y además se incluyeron, información sonora de radio-eco, estudios sísmicos, datos batimétricos (estudio de las profundidades marinas), información satelital de elevación y perfiles de glaciares, entre otros.
Depresiones profundas debajo de la Antártida Occidental – Península Antártica
Hielo bajo el agua
A partir de los nuevos datos disponibles de Bedmap2, queda claro, que la elevación media de la base rocosa es sustancialmente más baja que lo que se creía previamente. La estimación bajó de 155 a 95 metros sobre el nivel del mar.
Esto explica por qué la mayoría de ese volumen de hielo extra (gran parte en el este de la Antártida) se encuentran bajo el agua. La capa de hielo completa se ubica más abajo de lo que se pensaba.
Sin embargo, el hecho de que más hielo se sitúe por debajo del nivel del mar significa que, en escalas de tiempo milenarias, mayores cantidades de hielo son potencialmente vulnerables al derretimiento.
Hoy se sabe que la mayor parte del hielo que se pierde en la Antártida se está derritiendo como resultado de agua más tibia que se come los márgenes del continente.
Esto no es consecuencia de las temperaturas más altas del aire, sino de los cambios en la circulación del océano causados por las fuerzas atmosféricas. Un ejemplo evidente es el rápido adelgazamiento observado últimamente en el imponente glaciar Pine Island, en la Antártida Occidental.
Conclusión
“La Antártida es de especial interés porque mantiene un estimado del 91 por ciento del volumen glaciar de la Tierra, y un cambio en cualquier lugar de la plataforma de hielo indica peligros significativos para la sociedad”. Jane Ferrigno glacióloga estadounidense
Este semana se realiza en Belo Horizonte el séptimo Encuentro Nacional de Geógrafos, organizado por la Asociación de los Geógrafos Brasileños (AGB), donde unas 7 mil personas, en su mayoría estudiantes y licenciados jóvenes, abordan los principales problemas políticos del país, además de sus propias inquietudes profesionales. La estructura del encuentro, autogestionado por los participantes, y el tipo de debates encarados, muestran que se trata de algo diferente a lo que suele suceder en esos espacios.
Las 20 mesas redondas están ordenadas en torno de siete ejes temáticos: la restructuración en curso del capital, las prácticas educativas de la geografía, Brasil en América Latina, movimientos sociales y resistencias, naturaleza y sociedad, saberes geográficos y luchas sociales, y lenguajes y tecnologías. Además, sesionan grupos de trabajo, se realizan minicursos y se abren espacios donde los colectivos socializan sus investigaciones.
Mención especial merecen los más de 100 Espacios de Diálogos y Prácticas, donde se debatieron horizontalmente alrededor de 3 mil ponencias, con fuerte énfasis en las luchas sociales y políticas del último periodo, ya que el encuentro se realiza cada dos años. Un día de la semana fue dedicado a actividades de campo, para conocer de cerca desde las resistencias populares hasta el avance del capital sobre la naturaleza y la geografía urbana. En suma, fue un encuentro en el que participaron militantes sociales y profesionales comprometidos, algo que no es frecuente en estos tiempos y que, de algún modo, emparenta el movimiento de los geógrafos con el de las agrupaciones estudiantiles argentinas que recientemente realizaron su encuentro anual en Rosario.
Lo que no dicen las cifras es la calidad de los debates, sobre todo en los pequeños espacios de intercambio, donde los más jóvenes debaten de igual a igual con las generaciones mayores los desafíos que enfrentan los movimientos de los subalternos en las grandes ciudades, como la militarización de las periferias y la presencia del narcotráfico en las favelas. Me pareció notable la elevada presencia de afrobrasileños en el encuentro, con trabajos brillantes y reflexiones que muestran que la favela, y los movimientos que produce, como el hip-hop, forma parte del espeso entramado de resistencias al modelo hegemónico, en sintonía con la producción de Milton Santos, el más emblemático geógrafo brasileño.
Fueron importantes los debates en torno a las megaobras para el campeonato mundial de 2014 y los Jugos Olímpicos de Río de Janeiro en 2016, que están desplazando cientos de miles de personas de los barrios más pobres de las ciudades para beneficio de un puñado de multinacionales brasileñas de la construcción. Decenas de trabajos y algunos libros acompañan la creación de los comités populares que trabajan junto a los afectados para paralizar las obras y forzar a los gobiernos locales a negociar cambios o mejoras para los desplazados. Los geógrafos aportan desde cartografías hasta una mirada de conjunto que permite comprender la actual fase de acumulación de capital a través de grandes obras que destruyen las tramas urbanas.
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Tivesse participado deste encontro, indagaria:
– Por que não exispe um mapa das ilhas consideradas marítimas e oceânicas da His Brasil?
– Geografia humana. Que obra importante se fez para o povo, quando se investe em palácios para a justiça?
– Que geografia se estuda nas escolas? A descrição dos lugares apenas?
A obra de Milton Santos é inovadora e grandiosa ao abordar o conceito de espaço. De território onde todos se encontram, o espaço, com as novas tecnologias, adquiriu novas características para se tornar um “conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações”.
As velhas noções de centro e periferia já não se aplicam, pois o centro poderá estar situado a milhares de quilômetros de distância e a periferia poderá abranger o planeta inteiro. Daí a correlação entre espaço e globalização, que sempre foi perseguida pelos detentores do poder político e econômico, mas só se tornou possível com o progresso tecnológico. Para contrapor-se à realidade de um mundo movido por forças poderosas e cegas, impõe-se, para Santos, a força do lugar, que, por sua dimensão humana, anularia os efeitos perversos da globalização.
Estas idéias são expostas principalmente em sua obra A Natureza do Espaço (Edusp, 2002).
No conceito de espaço, Milton Santos revela a noção de paisagem, onde sua forma está em objetos naturais correlacionados com objetos fabricados pelo homem. Santos aponta que espaço e paisagem não são conceitos dicotômicos, onde os processos de mudança social, econômico e político da sociedade resultam na transformação do espaço, que concatenado a paisagem se adaptam para as novas necessidades do homem naquele dado período. Milton Santos revela o conceito de paisagem como algo não estanque no espaço, e sim que a cada período histórico altera, renova e adapta para atender os novos paradigmas do modo de produção social.
São idéias apontadas na obra “Pensando o espaço do homem” São Paulo: Hucitec, 1982.
O Brasil não pode continuar classificando o índio como selvagem.
Colocar o índio em um imenso mar de terra, isolado e abandonado, interessa a quem?
O índio boliviano é um cidadão boliviano. Acontece o mesmo noutros países da América do Sul. Apesar do racismo das elites crioulas e brancas. É o mesmo racismo que isola e discrimina o negro.
Existem reservas indígenas porque o Brasil não foi capaz de realizar uma reforma agrária.
E a maioria das reservas indígenas são indígenas no mapa, no papel, mas existem para o uso fruto de igrejas, da pirataria internacional, do tráfico das riquezas brasileiras e outros crimes da globalização unilateral, do colonialismo, do entreguismo.
Os índios brasileiros precisam de escolas, de hospitais, de habitações, de todo o conforto que oferece o Primeiro Mundo.
O índio brasileiro tem que ser um cidadão brasileiro. Em tudo. O Brasil é um só. O povo é um só.
Índio nômade, nu, morando em casebre de palha e barro, em ricas terras, e morrendo de fome, isso é maldade, racismo, o Brasil do atraso, dos bandeirantes escravocratas, dos capitães-do-campo, do colono branco.
Não estou propondo o fim das reservas florestais. Pelo contrário. Devemos criar mais reservas. Inclusive as dos quilombolas. Sem esquecer os conceitos nativistas. De patriotismo. De civismo. De brasilidade.
Mais reservas e parques ecológicos. Para a preservação de nossas florestas, notadamente do que resta da Atlântica. Preservação dos nossos rios, da nossa flora, da nossa fauna. Uma preservação que também beneficie os espaços urbanos.
Leis que castiguem os grileiros e predadores do meio ambiente. Que definam a posse das nossas ilhas fluviais, marítimas e oceânicas. Que promovam o reflorestamento. Pela criação de parques e hortos. Pela preservação da paisagem. Da vegetação nativa. Pelo tombamento dos monumentos e lugares sagrados e históricos.
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil! Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul. Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
(Trechos do Hino à Bandeira)
DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA,
TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES;
“NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA,”
“NOSSA VIDA” NO TEU SEIO “MAIS AMORES”.
Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE!.
BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO
O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO,
E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA
-PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO.
MAS, SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE,
VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA,
NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA MORTE.
Ilhas oceânicas, sob leis internacionais. Isto é, livre das leis brasileiras.
Ilhas marítimas.
Ilhas fluviais.
Capitanias doadas pelo governador geral das ilhas do Brasil. Cargo enriquecedor, ocupado por um donatário encoberto pelo segredo eterno. Ninguém sabe o nome desse felizardo senhor dos oceanos e mares e rios. Talvez a presidente Dilma Rousseff saiba quem é. Talvez.
Pergunta para o ministro Aloizio Mercadante quantas ilhas o Brasil tem. Garanto, nem isso ele sabe.
His Brasil
Ilhas afastadas do povo, doadas para banqueiros, seguradoras, empreiteiros, autoridades de ficha suja, e amigos do rei.
Ilhas que depois são vendidas por bilhões de dólares.
Isso é corrupção. Da braba!
Isso é traição da Pátria! Ilhas que viram ancoradouro e coito de corsários e piratas de várias e estranjas bandeiras.
Nestas ilhas têm aeroportos.
Têm portos. Palácios encantados. Luxuosos condomínios fechados.
Têm cassinos. Hotéis de luxo.
Têm prostituição & contrabando.
Tráfico. Todo tipo de tráfico.