Em uma cidade, mais pobre que seja, uma criança, um velho, um desempregado passar fome, comprova que o prefeito rouba; a Câmara de Vereadores virou um covil de bandidos; o juiz não tem nada de direito; o promotor outro iníquo; o delegado de polícia um capanga das autoridades e dos empresários. Uma cidade que existe fome, uma cidade sem Deus e sem lei, porque o Brasil é o maior produtor mundial de alimentos.
A vida de pobreza, quando crianças e adolescentes de Erundina, de Marina, de Magalhães Pinto, ex-governador de Minas Gerais e chefe civil do golpe de 64, do vice-presidente José Alencar, dos presidentes Lula e Café Filho, de uma multidão de governadores, senadores, deputados e prefeitos vamos encontrar em milhões de brasileiros invisíveis.
A pergunta para os políticos, legisladores e governantes é uma só: que fez para acabar a fome de ontem e de hoje? Não interessa o amanhã. Mas o aqui e agora.
Talita Bedinelli, do jornal El País, Espanha, acompanhou a procura do Governo por pessoas extremamente pobres que ainda não recebem o benefício do bolsa-família, concedido para um quarto da população brasileira. Ela escreve:
A busca pelos ‘excluídos do Bolsa Família’ encontra os brasileiros invisíveis
Antonilson dos Santos, 23, Maria Eliane Ribeiro da Silva, 22, e os filhos Lucas (esq.), Ludmila, Bruna e Luan (no colo da mãe), que não haviam se cadastrado no Bolsa Família por falta de documentos: ALEX ALMEIDA
Na porta de uma das casas de barro da zona rural de Alto Alegre do Pindaré (no oeste maranhense), Lucas, de 3 anos, brinca com o cadáver de um pássaro jaçanã ao lado das irmãs Ludmila, 6, e Bruna, 5. Dentro da casa, a mãe, Maria Eliane da Silva, de 22 anos, cuida do filho mais novo de oito meses quando uma equipe da Secretaria de Assistência Social entra para conversar com ela sobre o Bolsa Família.
A família só se cadastrou no programa do Governo federal agora, porque antes não tinha os documentos necessários, apesar de nunca ter tido nenhuma fonte segura de renda na vida. O marido de Maria faz bicos e recebe, quando consegue trabalho, em média 30 reais por dia. Nos meses bons, paga os 50 reais de aluguel da casa de três cômodos e compra comida para os filhos. Nos meses ruins, todos passam dias à base de uma papa feita de farinha e água, contam eles.
No município, seis de cada dez pessoas vive na pobreza, sendo que quatro delas estão em famílias cuja renda per capita não chega a 70 reais –são as consideradas extremamente pobres. As opções de trabalho são escassas: uma pequena rede de comércio no centro e cargos na prefeitura. A maioria das pessoas trabalha como diarista em roças ou no “roço da juquira”, a limpeza de áreas desmatadas para o pasto do gado. Cerca de metade dos moradores depende da bolsa do governo.
A equipe da prefeitura de Alto Alegre do Pindaré que visitava a casa de Maria Eliane fazia a chamada “busca ativa”, que tem o objetivo de procurar pessoas em situação de extrema pobreza que ainda não estão incluídas no benefício. Estima-se que 25% dos pobres do município que teriam direito à bolsa ainda não a recebem.
O EL PAÍS acompanhou o trabalho da equipe por dois dias na semana passada. Nas visitas, presenciou casos como o de Antônia Costa, de 31 anos, que se prostitui para complementar a renda; de Francilene Araújo, uma adolescente de 14 anos recém-casada que nunca saiu do povoado onde mora, ou de Sara de Jesus, grávida de quatro meses, que passa fome ao lado da filha de quatro anos. Nenhuma foi atrás do benefício ou porque moram longe da secretaria, onde é possível fazer o cadastro, ou por não terem os documentos necessários (CPF ou título de eleitor). Ao identificar casos assim, a equipe cadastra as famílias, explica como o programa funciona e como tirar os documentos –muitos não sabem que a primeira via é de graça.
A equipe de “busca ativa” atua na cidade há um ano, mas ainda não visitou todos os cerca de 200 povoados porque muitos só são acessíveis por meio de estradas precárias. A secretaria não tem carro adequado para chegar a esses locais, mas afirma que uma caminhonete chegará nos próximos meses. Um barco também foi comprado para que fosse possível alcançar as áreas ribeirinhas ou que alagam na temporada de chuva, mas o piloto ainda espera a chegada da habilitação para poder manejá-lo. No mês passado, 44 famílias foram “captadas” nas visitas.
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome diz que o governo lançou a ação há três anos e, neste período, as equipes municipais conseguiram localizar 1,35 milhão de famílias. Atualmente, 13,9 milhões de casas recebem o Bolsa Família (cerca de um quarto da população brasileira), quase um milhão delas no Maranhão, onde se concentra a maior proporção de pobres do Brasil.
Para a ONU, o programa teve uma importante participação na redução da fome no país, que nos últimos 20 anos caiu pela metade. Atualmente, 3,4 milhões de pessoas (o equivalente a 1,7% da população) não têm o que comer no Brasil.
“É só dormir que a fome passa”
Sara de Jesus Lima, 23, segura a foto do filho que nasceu morto: ALEX ALMEIDA
Sara de Jesus Lima, 23, interrompe a conversa com a reportagem na área rural de Alto Alegre do Pindaré, vai até o quarto e volta com uma fotografia em mãos. É a imagem do filho, que morreu no trabalho de parto. A mãe de Samara, 4 anos, está grávida de quatro meses e não recebe o Bolsa Família. “Nunca fui atrás. Nem tirei os documentos”, conta. A família sobrevive do dinheiro que o marido recebe na roça e da ajuda de vizinhos. Não são poucos os dias em que todos passam fome ou comem apenas uma papa de farinha com água ou um mingau de arroz. Na tarde da última quinta, havia apenas quatro garrafas de água e uma de limonada na geladeira. A família mora em uma casa de barro, com teto de palha, mobiliada apenas por duas redes, um colchão de casal apoiado em pedaços de madeira e a geladeira, distribuídos em três cômodos –sala, quarto e cozinha. O banheiro, uma estrutura aberta cercada de palha, fica nos fundos do terreno: é um buraco no chão coberto por uma tampa removível de madeira–uma estrutura bastante comum na área rural da região. Logo ao lado, mora a mãe dela, Terezinha de Jesus Lima, que não sabe a própria idade. Ela, o marido, de 67 anos, e outros dois filhos sobrevivem dos 374 reais que ganham do Bolsa Família, mas não tinham conseguido sacar o rendimento do mês porque o dinheiro havia acabado na lotérica. “Tem dias que o velho pergunta: ‘Minha velha, o que vamos comer hoje?’ Eu falo: ‘Meu velho, é só dormir que a fome passa. E esperar amanhã por Deus”.
“Eu dou um rolê”
Em um canto da casa de Antônia, 31 anos, estão empilhados quatro grandes sacos de arroz, produto da roça que ela tem com a família. “Isso dá pra meses. Vou comer devagar”, comemora. Ela não recebe o Bolsa Família porque perdeu os documentos e nunca fez outros. A segunda via é paga. No final da tarde da última quinta-feira, ela se preparava para sair de casa para dar um “rolê”, forma como, timidamente, descreve os programas que faz. Na cintura, levava um canivete. Do lado direito do olho, tinha uma mancha escura, que ela diz ser consequência de uma queda. Antônia tem três filhos: o de 5 e o de 9 anos vivem com a mãe dela e estão incluídos no cadastro do Bolsa Família da avó. A de 15 vive sozinha. “Aqui é ruim, não tem como trabalhar”, conta ela, que há alguns anos voltou do Pará, onde exercia a função de cozinheira em um garimpo. Nos “rolês”, ela consegue entre 30 e 40 reais, conta. Quando não tem dinheiro, pesca peixe no rio. “Tem um velhinho também que eu ajudo e ele me ajuda, me dá as coisas.”
“Queria ser doutora, mas vou ficar quieta mesmo”
Francilene, 14 anos, ao lado de uma inscrição com o nome dela e do marido: ALEX ALMEIDA
Francilene Mendes Araújo, de 14 anos, nunca percorreu os 29 quilômetros de estrada que afastam o povoado de Cajueiro, bairro repleto de pés de caju, do centro de Alto Alegre do Pindaré, onde está o cartório necessário para que ela retire os documentos que ainda não tem. Ela cursa a oitava série do Ensino Fundamental na escola do povoado, que atende 12 crianças em duas salas multisseriadas (que juntam alunos de séries distintas). No ano que vem, deixará de estudar porque só há Ensino Médio em outro povoado e ela tem que caminhar por mais de uma hora para chegar lá. “No inverno chove e ninguém passa”, conta. Quando questionada se tem algum sonho, ela para, pensa e, com um sorriso tímido, responde: “Queria ser doutora. Mas vou ficar quieta mesmo.”
Pelo que confessa, com lágrimas nos olhos, ou como diz sua biógrafa Marília de Camargo César, Marina Silva possui a graça dos santos estigmas de “ferida de Deus” (uma réplica de Nossa Senhora das Dores, comemorada no dia 15 de setembro).
Para os profanos, os mundanos, os heréticos, os endemoniados, Marina tem uma saúde muito frágil.
Comenta Gilmar Crestani:
A dieta da vítima
Cardápio da manipulação mafiomidiática entra mais uma matéria para transformar Marina em vítima. A Folha apela ao coitadismo para tornar Marina uma figura frágil, para criar uma cortina de fumaça e impedir que ela seja questionada. Não lembro de outra vez na história que um jornal trouxesse para a capa matéria a respeito da dieta de um governante para, com isso, interditar o debate.
Não há na Folha uma matéria consistente, explicativa a respeito do jato com duas caixas, a caixa preta e o caixa 2. Não há na Folha matéria que informe quem é o proprietário do apartamento emprestado a Marina em São Paulo, nem como o Itaú finanCIA Marina. Mas, em compensação, há uma longa matéria sobre a dieta da Marina.
Reportagem da Folha de S. Paulo, [editada dois dias depois das tradicionais comemorações dedicadas à Nossa Senhora das Dores]:
Cardápio restrito
Alérgica, Marina teve que excluir vários tipos de alimentos da dieta devido a doenças adquiridas em seringal no Acre, onde cresceu. [Marina viveu no seringal até os 15 anos]
por Natuza Neryde e Marina Dias
Alimento sagrado, o milho é o pão do índio. Também a mandioca. Importantes alimentos que foram retirados da mesa dos brasileiros pela exportação do arroz e trigo
Marina Silva voltou a passar fome. [Exagerado título. Marina, no seringal, vivia na casa da avó paterna. Que era parteira, uma profissão respeitada nas cidades sem médico do Brasil. Parteiras, curandeiras e bezendeiras não passam fome. Funciona o escambo.]
A candidata do PSB já não sofre a privação da infância, quando, certo dia, teve de dividir um ovo (e um punhado de farinha e sal) com sete irmãos. O caso foi narrado em seu programa de TV veiculado na terça-feira (16) como argumento de que nunca acabará com o Bolsa Família. [Marina conta que aconteceu em uma noite de Natal, em Rio Branco. Não foi no seringal].
A dieta da ex-ministra do Meio Ambiente, sem dúvida, melhorou. Mas está longe do ideal. [Que mentira! Ela tem uma dieta salutar. Ideal para uma vida saudável e longa]. Nos últimos dois dias, Marina não consegue disfarçar a voz rouca e os sinais de cansaço. Ela perdeu três quilos depois que a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, levou-a a assumir a cabeça de chapa pelo PSB.
Na última semana, a agenda carregada deixou espaço para apenas uma refeição por dia. Reclamou de fome. [Uma refeição por dia? Não foi falta de dinheiro. Dinheiro existe de sobra na campanha do PSB].
Assessores buscaram a ajuda de uma nutricionista para reforçar sua alimentação. Querem reduzir o ritmo de sua agenda eleitoral. Não se esquecem de uma lancheira com frutas para a candidata.
Mas a presidenciável não tem conseguido sequer repor as calorias que perde no seu acelerado ritmo de campanha. Nesta semana, visitou quatro Estados em dois dias. Uma pessoa, em média, perde 1.200 calorias apenas dormindo. No caso de Marina, nutricionistas estimam um gasto diário total de 2.400. [Coisa de quem está desacostumada. Mais trabalhadeira terá se for presidente. As outras candidatas a presidente, Dilma e Luciana Genro, também perdem calorias. Ou será que Marina esconde alguma doença? Aconteceu com Tancredo]
RESTRIÇÕES
A candidata sofre de sérias restrições alimentares resultantes de uma coleção de doenças adquiridas antes dos 16 anos no seringal Bagaço, onde cresceu, a 70 km da capital acriana, Rio Branco.
Lá, teve malária por cinco vezes; leishmaniose, uma, e hepatite, três. Remédios para curar parte da extensa lista de enfermidades geraram outro efeito colateral: contaminação por mercúrio. [Toda esta coleção de doenças antes de completar 16 anos? Coitada! Não sei como essa menina conseguia forças para exercer a profissão de seringueira? Força e tempo. Porque conforme relato das irmãs, de volta do seringal, Marina ia brincar, como faz qualquer outra criança].
Se, no passado, dividiu um ovo com os irmãos, hoje Marina já não pode comer nem clara nem gema.
Não bebe leite nem iogurte. Não come queijo, manteiga, doce de leite ou qualquer outro laticínio. Camarão, frutos do mar, carne de vaca, carne de porco, soja e derivados também estão excluídos de sua dieta. Nem mesmo gergelim é permitido.
O que sobra: peixe de rio, frango, feijão, arroz integral, alface (desde que sem tempero), mandioca, milho (sem ser de lata) e frutas. [Tirando o frango, o alface, o arroz, esta a dieta básica das nações indígenas, antes da mudança alimentar provocada pelo o homem branco invasor].
Os alimentos só podem ser cozidos com água e sal.
Nada disso é por convicção natureba. Marina foi aprendendo a evitar muitos alimentos por ter graves alergias.
Em um compromisso de campanha, passava com aliados perto de uma barraquinha de venda de camarão quando o cheiro do crustáceo fechou sua glote. A candidata teve de abandonar imediatamente o local.
Esta, aliás, era uma semelhança que ela dividia com Eduardo Campos. Também alérgico, o pernambucano teve uma séria intoxicação após ingerir camarão.
Outra ocasião de campanha e outro mercado deram à candidata a oportunidade para uma “desforra” alimentar. Numa banca que vendia bijus, assessores a abasteceram de uma quantidade que foi devorada em velocidade assustadora. [Bijus, que sofisticado!]
Feito sem manteiga, o biscoito leva açúcar suficiente para suprir, se consumido em abundância, necessidades calóricas de emergência. [Pelo relato, graças a Deus, Marina não tem pressão alta, nem diabetes. Apesar da “providência divina” que protege Marina, navegar é preciso na vida de Beto Albuquerque, que a República nossa costuma transformar vices em presidentes].
PEGADA HOLÍSTICA
Quando a candidata é convidada para algum almoço ou jantar de trabalho, sua equipe se apressa em enviar um cardápio com recomendações em negrito e letras maiúsculas. [Costumes de rico, de quem frequenta restaurantes de luxo, com pratos internacionais. Em qualquer boteco, padaria, restaurante popular, e nas residências da maioria dos brasileiros, diferentes iguarias do milho e da mandioca]
No campo destinado à sugestão do que beber, só um item: água morna. Há mais de um ano, Marina decidiu seguir as orientações de um homeopata. Ou, como definiu um assessor, “um médico holístico com pegada mais naturalista”.
Com fortes dores no nervo ciático, ela resolveu deixar de beber água fria ou gelada, por recomendação do médico Mauro Carbonar.
Tradicionalmente empregada pela medicina oriental, a prescrição não é adotada exclusivamente por alternativos. Água morna ajuda a relaxar as cadeias musculares e melhora as articulações.
De lá para cá, ela não sai de casa sem levar uma garrafa térmica.
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Os acréscimos entre parênteses é do editor do blogue
Deve ser por isso
Que ninguém enxerga
Toda essa gente que passa fome”.
A antropofagia do nosso tempo se condensou nas mesas e nas telas, alimentamo-nos de ilusões e cegamos para as laterais frias e geladas que a calada da noite esconde sob o frio alucinante do inverno. As barracas miúdas são temperadas com a agonia gelada do tempo e o preço caro da vida pobre. O olfato engole e a boca treme, as mãos convulsionam à caça de qualquer pão duro numa lata fétida de lixo, os olhos vasculham cada centímetro do longo asfalto que lambe nossos pés. Ao largo da miséria, estão ternos e gravatas bem cotados, cabelos penteados e peles cheirosas, sorrisos mornos e boemias prosaicas. O vago fantasma que vai pululando os cantos enegrecidos pela noite da vastidão cinza das cidades, comem os restos de nossa alma e se alimentam da lasciva humanidade que imaginamos ainda existir em nosso corpo. Sobramos e eles recolhem. Sobram eles pelas ruas, e nós nos recolhemos em nossos lares.
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Foto: Bruno Silva – Midia NINJA
Texto: Laio Rocha – Fotógrafos Ativistas
Poesia: Victor Rodrigues
(Audiodescrição: Criança sentada tocando violão. A sua direita, uma barraca de acampamento, encostado a ela uma cesta com pães junto de outras barracas. Ao fundo está o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais)
Quem faz piada com o Bolsa Família ri da miséria de milhões de brasileiros que dependem do benefício, que considero uma esmola, porque devia ser justo o valor destinado às mães de famílias faveladas.
O Decreto 8.232/2014 define as situações de pobreza e extrema pobreza para entrada no rol de beneficiários.
Extrema pobreza, a família que tem renda per capita mensal até 77 reais.
Pobreza, renda per capita mensal até 154 reais. Este o teto. Ganhou além de 155 reais mensais deve ser família da classe média. Diferente de um desembargador, de um ministro do Supremo. Eles não possuem teto. São os maravilhosos sem teto. O céu é o limite dos salários deles lá em cima.
BAHIA
O estado mais beneficiado pelo sistema Bolsa Família está sendo o estado da Bahia. Este ano, 1.752.993 famílias estarão recebendo R$2.175.633.465,20. É governado pelo petista Jaques Wagner, que foi eleito em 2007.
SÃO PAULO
No quadro geral, São Paulo aparece em segundo lugar em número de famílias beneficiadas pelo programa (1.209.819). O governo federal gastou, em 2014, com os beneficiados paulistas R$ 1.434.918.066,62.
O Bolsa Família atende 8.098 nutrisses, e 2.214 grávidas em São Paulo, governado por Geraldo Alckmin.
Os tucanos governam São Paulo: Franco Montoro (de 1983 a 1987), Mário Covas (de 1995 a 2001), José Serra (de 2007 a 2010), Alberto Goldman ( de 2 de abril 2010 a 1 de janeiro de 2011). Geraldo Alckmin desde 1 de janeiro de 2011, e é candidato à reeleição.
MINAS GERAIS
O terceiro Estado com beneficiados no programa é Minas Gerais, também governado pelos tucanos, com 1.159.172 famílias, que receberam, este ano, R$ 1.384.264.311,87.
São 9.361 mineiras que amamentam recebendo o benefício, além das 2.049 gestantes incluídas no programa em dezembro último.
Com Aécio Neves governador de 2003 a 2010, o PSDB iniciou seu reinado em Minas Gerais. Aécio fez Antonio Anastasia sucessor.
PERNAMBUCO
Pernambuco é o quarto com 1.115.851 famílias beneficiadas, que receberam, em 2014, R$ 1.410.095.940,13, incluindo as 7.511 nutrisses e 1.341 grávidas.
Pernambuco era governado por outro presidenciável, Eduardo Campos (de 2007 a 2014).
FOME ZERO
Fome é fome. Morrer de fome acontece em um país em guerra, ou colonizado, ou roubado pela corrupção. Em um país rico como o Brasil, onde impera o capitalismo selvagem, não há como justificar. É falta de governo, de justiça e de legislativo.
Existem, atualmente, 1,02 mil milhões de pessoas subnutridas no Mundo, o que significa que uma por cada seis não tem alimentação suficiente para ser saudável e manter uma vida ativa. E, em cada seis segundos, uma criança morre por causa da fome ou de doenças relacionadas.
Os números são do Programa Alimentar Mundial, que alerta para o fato de a fome e a subnutrição serem o fator “número um” de risco para a saúde. Aliás, a fome “mata, em cada ano, mais pessoas do que a aids (sida), a malária e a tuberculose juntas”. E, dos cerca de mil milhões de pessoas que passam fome todos os dias, a maioria são mulheres e crianças.
Os números mais recentes mostram que 65% da fome mundial está localizada em sete países: Índia, China, República Democrática do Congo, Bangladesh, Indonésia, Paquistão e Etiópia.
Mais de 70% dos 146 milhões de crianças com peso a menos com idade inferior a 5 anos vivem em apenas dez países, mais de metade dos quais do Sudoeste asiático.
Nos países desenvolvidos, morrem, a cada ano, 10,9 milhões de crianças com menos de 5 anos. Subnutrição e doenças relacionadas com a fome causam 60% das mortes.
████████████████ Em diversas ocupações temos presenciado um modus operandi da policia militar no sentido de proibir a entrada de alimentos para os manifestantes. O caso mais recente aconteceu (está acontecendo) na ocupação da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro.
Em primeiro lugar, é importante termos em mente que no âmbito do Direito Internacional, privar civis de comida e água é uma violação da Convenção de Genebra. Mesmo em tempos de guerra qualquer exército que tome o controle de um local deve providenciar comida para seus habitantes.
Mas trazendo a questão para a nossa realidade, pode a policia militar privar manifestantes de alimentos e água, colocando-os involuntariamente em uma greve de fome?
Qualquer privação de um direito ou necessidade básica, desde o acesso a saúde até a liberdade de expressão, constituem em uma violação do princípio da dignidade humana, e portanto, um atentado a um dos fundamentos da nossa Constituição.
Fechar o cerco e proibir a entrada de alimentos pode ser encarado inclusive como lesão corporal, tendo em vista que ofende a saúde dos manifestantes. Além de abuso de autoridade, uma vez que, igualmente, é uma agressão a incolumidade física do indivíduo.
Não existe previsão legal que autorize a policia militar a proibir o ingresso de suprimentos aos ativistas, portanto, em caso de descumprimento não há o que se falar em crime de desobediência. Transportar os alimentos através de uma tirolesa ou simplesmente arremessa-los para dentro da ocupação não violará nenhuma norma ou princípio moral, pelo contrário.
Movimentos sociais colocados em prática por meio de ocupações não devem ser tratados como zonas de guerra, até porque, nem zonas de guerra podem ser tratadas (teoricamente) de tal maneira. Mas o que esperar de uma policia militar, né?
Dilma propôs uma nova legislação que considere a corrupção como crime hediondo. Isso depende de um plebiscito. Que o povo diga sim.
SIM. A corrupção pariu as quatro bestas do Apocalipse: a fome, a morte, a peste, a guerra. Só um corrupto, obviamente, defende a impunidade, uma justiça que não prende bandido de colarinho (de) branco: os empresários de obras super, super faturadas, ou inacabadas, e os negociadores de serviços fantasmas.
O Brasil precisa acabar com as chacinas dos fins de semana. A morte dos jovens pobres, dos negros pobres, dos moradores de rua (Belo Horizonte, em dois anos, trucidou cem filhos da rua).
Quem rouba as verbas do SUS mata os doentes nas filas e dentro dos hospitais. Rouba as verbas para erradicar as doenças terceiro-mundistas como a dengue. Quem rouba a merenda escolar mata os pobres estudantes pobres das escolas públicas.
Os principais vândalos desviaram o dinheiro da construção de mais escolas, mais hospitais, mais moradias populares, para edificar, a toque de caixa, estádios luxuosos, elefantes brancos e palácios com rachaduras como aconteceu com a sede do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, com o estádio Engenhão, que pode ser derrubado com uma ventania.
Estes ladrões, sim, são os vândalos invisíveis, que destroçam os prédios públicos. O prefeito e o governador do Rio de Janeiro vão demolir um parque aquático, um estádio, um museu, uma escola, a décima melhor do Brasil, para doar os terrenos a um grupo de empresários liderados por Eike Batista.
A corrupção só acaba se for considerada um crime hediondo.
O Brasil das montadoras e oficinas depende da lavoura de exportação. É o exportar e morrer de Fernando Henrique. Exportar açúcar para adoçar a boca do europeu. Isso começou em 1536. E nunca parou.
Agora também temos os latifúndios de soja para alimentar as vacas loucas da Europa. De milho, para fabricar álcool nos Estados Unidos.
O Brasil dos sem terra prometeu uma reforma agrária desde a Campanha Abolicionista.
Vai plantar feijão já foi uma expressão depreciativa.
O Brasil não pode e não deve importar feijão. Deixar de ser o maior importador de trigo do mundo. E jamais esquecer que o milhão foi o pão do índio.
Idem a mandioca.
Não há explicação: Um povo morrer de fome com tanta terra para cultivar. Uma terra que tudo dá.
Descobre-se agora que os magistrados recebem auxílio-alimentação. Podem freqüentar com vantagem os restaurantes, até os de luxo. Certos benefícios sociais deveriam estar limitados aos menos favorecidos, como acontece com o bolsa-família. Agride o bom senso verificar que juízes, desembargadores e ministros ganharam 312 milhões nos últimos oito anos para fazer suas refeições, eles que são aquinhoados com os maiores vencimentos da República. Vai ver e também fazem jus ao vale-transporte, muitos habitando apartamentos funcionais. Desde o golpe militar que o salário-família foi congelado, mas se um dia o recuperarem, os primeiros a ser favorecidos serão os magistrados?
Auxilio-alimentação para juízes é exemplo da podridão da Justiça
Deu no jornal O Tempo
Uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), tomada há duas semanas, abre precedentes para que a Justiça Federal eleve as despesas de seus quase 5.000 magistrados com auxílio-alimentação. A Corte de controle barrou a proibição para o pagamento do benefício, em parcelas correntes e atrasadas, em todos os órgãos da Justiça Federal. A derrubada dessa restrição vai gerar uma conta de R$ 312 milhões.
Os ministros do TCU já tinham avalizado, no ano passado, os pagamentos retroativos do auxílio nos tribunais superiores, e, de fato, já receberam ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Segundo “O Globo”, ao tomar a decisão relativa à Justiça Federal, os ministros do TCU também se permitiram receber o extra, calculado inicialmente a partir de 2011 e, em nova decisão, a partir de 2004. Os ministros do TCU receberam R$ 35 mil cada um, em média, a título de auxílio-alimentação referente aos últimos oito anos.
AOS APOSENTADOS
Já o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se prepara para estancar um vazamento potencial de R$ 100 milhões de recursos públicos para o pagamento retroativo de auxílio-alimentação para juízes de oito Estados. Desse total, R$ 3,5 milhões foram distribuído a juízes que já se aposentaram.
A decisão do CNJ, no entanto, não terá poder de reaver aos cofres públicos quase R$ 250 milhões que os tribunais de outros Estados já pagaram aos magistrados, aposentados ou não.
Os números constam das informações prestadas pelos tribunais ao CNJ em processo movido pela Federação Nacional dos Servidores do Judiciário nos Estados (Fenajud) em que contesta a regularidade do auxílio.
NOTA DA REDAÇÃO DA TRIBUNA DA IMPRENSA – É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um juiz, desembargador ou ministro chegar ao trabalho antes do almoço. É claro que há exceções, mas a grande maioria… Então, por que receberem auxílio-alimentação? É uma Justiça podre, num país idem. A notícia é tão podre que levou duas semanas para ser divulgada pelo TCU. (C.N.)
Que podem a paz e a beleza contra cinco séculos de matança das nações indígenas, e uma racista escravidão que continua?
A violência faz parte de um sistema colonial, que sangra as veias do Brasil.
Quem mata um sem terra, um sem teto, um mendigo morador de rua, estupra uma prostituta infantil, bate na esposa em casa ou mata.
Quando há tortura nos presídios, há stalking policial, há despejo judicial, que a violência nunca é sozinha.
Quem paga salário indigno, realiza assédio sexual e moral no trabalho. Não reconhece a Liberdade do próximo. Não tem nenhum sentimento de Fraternidade ou Solidariedade.