Festivais comprovam a degeneração da música brasileira

Lollapalooza faz propaganda de grupos políticos ligados à direita estadunidense 

Acontece de 12 a 13 de março de 2016. Já começou a propaganda do festival de música estrangeira no Brasil dos alienados
Acontece de 12 a 13 de março de 2016. Já começou a propaganda do festival de música estrangeira no Brasil dos alienados

Lollapalooza é um festival de música anual composto por gêneros como rock alternativo, heavy metal, punk rock e performances de comédia e danças, além de estandes de artesanato. Também fornece uma plataforma para grupos políticos e sem fins lucrativos. Lollapalooza tem apresentado uma grande variedade de bandas e ajudou a expor e popularizar artistas como, Alice in Chains, Tool, Red Hot Chili Peppers, Pearl Jam, The Cure, Primus, Rage Against the Machine, Soundgarden, Arcade Fire, Nine Inch Nails, Nick Cave, L7, Janes Addiction, X Japan, The Killers, Siouxsie and the Banshees, The Smashing Pumpkins, Muse, Hole, 30 Seconds to Mars, The Strokes, Arctic Monkeys, Foo Fighters, Green Day, Lady Gaga e Fun.

Concebido e criado em 1991 pelo cantor do Jane’s Addiction, Perry Farrell, como uma turnê de despedida para sua banda, o Lollapalooza aconteceu até o ano de 1997 e foi revivido em 2003. Desde a sua criação até 1997 e em seu renascimento em 2003, o festival percorreu a América do Norte. Em 2004, os organizadores do festival decidiram ampliar a permanência do festival para dois dias por cidade, mas a fraca venda de ingressos forçou o cancelamento da turnê de 2004. Em 2005, Farrell e a Agência William Morris fizeram uma parceria com a empresa Capital Sports Entertainment (atual C3 Presents), sediada em Austin, no Texas, e reformularam o festival para o seu formato atual, como um evento fixo em Grant Park, Chicago, Illinois.

Em 2010, foi anunciada a estreia do Lollapalooza no exterior, com um ramo do festival sediado em Santiago, no Chile, em 2 e 3 abril de 2011, onde estabeleceu uma parceria com a empresa chilena Lotus. Em 2011, a empresa Geo Eventos confirmou a primeira versão brasileira do evento, que foi sediada no Jockey Club, em São Paulo nos dias 7 e 8 de abril de 2012. Foi anunciado que o primeiro Festival Lollapalooza será realizado na Europa em setembro de 2015, na capital alemã,Berlim, no histórico aeroporto Tempelhof.

Lollapalooza de 2009 em Chicago
Lollapalooza de 2009 em Chicago

A palavra, algumas vezes pronunciada como lollapalootza ou lalapaloosa, vem dos séculos XIX e XX, de uma expressão americana que significa “uma extraordinária ou incomum coisa, pessoa, ou evento; um exemplo excepcional ou circunstância.” Com o tempo, o termo passou também a um grande pirulito (em inglês lollipop). Farrell, em busca de um nome para seu festival, gostou da sonoridade do termo ao ouvi-lo em um filme dos Três Patetas. Em homenagem ao duplo significado do termo, um personagem no logo original do festival segura um pirulito.

Lolla 2012

Em 1997, no entanto, o conceito Lollapalooza tinha acabado, e em 1998, os esforços não conseguiram encontrar uma banda principal adequada, assim resultando no cancelamento do festival. O cancelamento serviu como um significante declínio da popularidade do rock alternativo. Em meio aos problemas do festival, Spin disse, “Lollapalooza é como um coma para o rock alternativo agora.”

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Morto o festival, apelaram para a ressurreição em países colonizados.

Em 2010, foi anunciado que Lollapalooza iria estrear na América do Sul, com um ramo do festival produzido na capital do Chile, Santiago de 2 a 3 de Abril de 2011. A lineup incluia Kanye West, Jane’s Addiction, 30 Seconds to Mars, The National, Manny and Gil the Latin, The Drums, Los Bunkers,The Killers, Ana Tijoux, Javiera Mena, Fatboy Slim, Deftones, Los Plumabits, Cypress Hill, 311, The Flaming Lips e outros.

Em 2011, foi confirmado a versão brasileira do evento, que foi feita no Jockey Club em São Paulo nos dias 7 e 8 de abril de 2012.

Veja todas as atrações do Lollapalooza 2016 na ordem divulgada pelo festival:
Eminem, Florence + The Machine, Jack Ü, Mumford & Sons, Snoop Dogg, Noel Gallagher, Tame Impala, Alabama Shakes, Zedd, Kaskade, Die Antwoord, Of Monsters and Men, Marina and the Diamonds, Cold War Kids, Odesza, Zeds Dead, Flosstradamus, RL Grime, Emicida, Bad Religion, Walk the Moon, Twenty One Pilots, Halsey, Matanza, Jungle, Marrero, Eagles of Death Metal, A-trak, Seed, Albert Hammond Jr., The Joy Formidable, Gramatik, Maglore, Vintage Trouble, Supercombo, Matthew Koma, Jack Novak, Dônica, Versalle, Groove Delight, Zerb, Karol Conka, The Baggios, Funky Fat, Dingo Bells.

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As onerosas repartições públicas das secretarias e Ministério da Cultura não promovem a música brasileira. Nem os artistas novos. Prefere mega eventos de shows superfaturados dos cantores da TV Globo.

O Lolla mantém outra que é sua principal característica: apostar em grupos não tão conhecidos no Brasil. Entre eles, o mais destacado no line-up é o Mumford & Sons, estreante por aqui. Representantes do novo rock dançante, Walk the Moon e Twenty One Pilots têm em comum o fato de serem do estado americano de Ohio.

É o cantar na língua inglesa. Precisamente no inglês dos Estados Unidos. Que mortos estão os ritmos brasileiros.

o último jogral

No festival são proibidas as músicas de Tom Jobim, João Gilberto,  Chico Buarque, Caetano Veloso, Noel Rosa, Cartola, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Pixinguinha,  Luiz Gonzaga, Paulinho da Viola. Vinicius de Moraes, Milton Nascimento, Baden Powell, Ary Barroso, Nelson Cavaquinho,
Zé Ramalho, Adoniran Barbosa, Sivuca, Capiba, Nelson Ferreira, Getúlio Cavalcanti, entre outros mil da Pátria Amada Brasil.

Uma seleção latino-americana de cantos de trabalho para entoar, celebrando, mais que o Dia do Trabalho, o do Trabalhador

O grupo baiano 'As ganhadeiras de Itapuã'
O grupo baiano ‘As ganhadeiras de Itapuã’
Trilha sonora de quem (e para quem) põe a mão na massa

Quem canta, seus males espanta, e se o trabalho está pesado, cantar se faz ainda mais necessário – faz a lida fluir. Os cantos de trabalho são uma manifestação cultural tão antiga quanto o mesmo ato de trabalhar.

Na América Latina, eles sempre acompanharam o trabalhador, da colheita do arroz e do milho à construção de casas e à abertura de estradas, emprestando ritmo e encanto sobretudo às atividades coletivas, como se fossem feitiços hipnóticos. Um efeito próximo da magia.

Do norte do México ao sul da Argentina, os cantos de trabalho nascem no ambiente rural e aí permanecem por muito tempo. Mas as transformações do progresso levam o trabalho dos campos às fábricas e as pessoas da terra ao concreto, sem que a música deixe de acompanhá-los.

Escute aqui. Leia Camila Moraes

Empetur paga caro para fazer um carnaval sem a cara de Pernambuco

Caboclinhos
Caboclinhos

Desculpem o trocadilho. Ninguém sabe quanto as prefeituras e o governo do Estado investem no nosso autêntico Carnaval, realizado por clubes e troças e grupos folclóricos que divulgam o frevo, o maracatu, a ciranda, o coco, os caboclinhos, entre outros ritmos.

Jamildo Melo denuncia: Entenda porquê artistas nacionais vão às lágrimas, como Fafá de Belém, ao falar do Carnaval de Pernambuco

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Acrescenta Jamildo: “No Carnaval de Pernambuco, a Empetur está dando uma força para as bandas de fora para que toquem no interior. Os gastos parciais foram compilados com base no Diário Oficial de Pernambuco e a relação dos principais contratos. Curiosamente, o Maestro Spok, homenageado do Carnaval do Recife, só recebeu um contrato para tocar fora do Recife. O seu cachê de apenas R$ 35 mil é mais barato que o show de Waleska Popusuda no Baile dos Artistas”.

Essa gente vai descaracterizar o Carnaval interiorano. Que as cidades têm seus carnavais típicos, como Nazaré da Mata com o Maracatu Rural, Bezerros com os Papangus, Pesqueira com o Carnaval dos Caiporas, Triunfo com o Carnaval dos Caretas.

 

Maracatu Rural
Maracatu Rural
Caiporas, foto de Ricardo Moura
Caiporas, foto de Ricardo Moura
Papangus
Papangus
Caretas
Caretas

A variedade de ritmos, de manifestações carnavalescas representa uma diversidade que enriquece nossa Cultura. Basta o exemplo de que o Carnaval do Recife é totalmente diferente do Carnaval de Olinda.

Os shows patrocinados pela Empetur visam uma unicidade que corrompe em todos os sentidos do termo. Corrompe o comportamento do povo, nossos costumes, marginalizam os grupos folclóricos, principais responsáveis pela autenticidade do Carnaval pernambucano, festa do povo, feita realizada e patrocinada pelo povo, que o dinheiro dos governos estadual e municipais o rei Momo não sabe bem o destino.

 

 

 

 

Mundial ou festinha de infantário?

 

Jennifer Lopez
Jennifer Lopez
Cláudia Leite
Cláudia Leite

por Andréia Azevedo Soares

Público/ Portugal

 

 

Apesar de ser brasileira, não entendo nem gosto de futebol. Mas gosto muito de Mundiais de futebol, sobretudo quando estes campeonatos acontecem no país onde nasci. Como estou sem televisão em casa (esta história fica para outra crónica), tive de acompanhar a cerimónia de abertura através das redes sociais e de links manhosos (obrigada, amigos!). E ainda bem que assim foi. Ver em directo aquele espectáculo sofrível teria sido ainda mais traumatizante. Pessoas vestidas de relva? Gotinhas d’água saltitantes? Flores dançantes? Mas isto é o Mundial ou uma festinha de infantário para os pais aplaudirem?

O que senti foi vergonha. Aquilo foi tão mau que uma hora após o encerramento já circulavam pela Internet memes e piadas. Depois de todas as polémicas e confusões que ensombraram o arranque do Mundial, não dava para ter preparado pelo menos uma apresentação com a beleza e a energia a que os Carnavais nos habituaram? Caramba, era só dar aos carnavalescos um terço do orçamento entregue à belga Daphne Cortez que eles davam conta do recado. Como assim a Jennifer Lopez e companhia a cantar num playback sem sincronia sobre uma bola transformada em casca de banana? Eu não estou nem a comentar o facto de a plataforma elevatória não ter funcionado (isso acontece), refiro-me mesmo ao mau gosto, ao repisar de um sem-número de estereótipos que não fazem justiça à criatividade e diversidade do Brasil. Índios e baianas? Não havia nada menos óbvio para representar o país?

Havia. Um bom exemplo até estava em campo mas quase ninguém viu : uma tecnologia criada pelo neurocientista Miguel Nicolelis permitiu a um paraplégico dar o pontapé de saída do Mundial. Tudo graças a um exoesqueleto (ou seja, um esqueleto externo), uma estrutura metálica que recebe as “ordens” do cérebro do paciente e as transforma nos movimentos desejados. Vocês leram bem: Juliano Pinto, 29 anos, paralisado da cintura para baixo, levantou-se da cadeira de rodas e chutou uma bola em pleno estádio. Passou despercebido e até se entende o porquê: é muito difícil competir com pessoas vestidas de vegetais coloridos.

 

 

As populações excluídas das festas oficiais de rua patrocinadas pela mordomia dos prefeitos e governadores

A vida luxuosa das autoridades brasileiras precisa ser investigada. As mordomias são perdulárias, escandalosas e imorais. Acontece de tudo em um camarote do prefeito, do governador, em noites alegres, regadas a uísque importado, nas festas natalinas, de réveillon, de carnaval, de carnaval fora de época, de santo padroeiro e shows das cantoras de tv e artistas internacionais. Tudo pago, com verbas públicas de diferentes origens: turismo, cultura e casa civil. Ou bancadas por empresas.

Nas festas do povo, os camarotes das autoridades, dos empresários e industriais constituem uma ostentação, um afastamento das multidões. Os camarotes são construídos nas alturas com todo os serviços de uma suíte presidencial em um motel de cinco estrelas das elites depravadas, racistas, que têm nojo do cheiro do povo.

No Brasil, começou com as festas dos colonos. Foi assim que nasceu o termo forró (for all). Festa para todos, e uma festa exclusiva para os estrangeiros e as elites nativas.

Os camarotes são fortins defendidos  por policias, empresas de segurança, leões de chácara que evitam a entrada da ralé.

Esta separação nas festas demonstra que vigora um sistema de castas de sangue e dos altos poderes, uma exclusão baseada no cargo, na profissão, no dinheiro.  Um estilo de vida que inclui um status ritual numa hierarquia, exclusões sociais que determinam inclusive a arquitetura das cidades, as leis, as benesses estatais, que nada se faz que preste para o povo. Veja que este sistema de divisão vai passar a vigorar nos camarotes construídos nos novos coliseus/estádios da Copa do Mundo.

O Carnaval sempre foi, na história da humanidade, uma catarse, uma inversão, por uma dia, ou três dias, quando todos são iguais, com a entrega do mando para o Rei Momo. O que não acontece nos camarotes.

A única inversão possível é que um camarote constitui um gueto fechado por dentro, um jardim dos vícios capitais, dos dias “gordos” (mardi gras), do  “carnis valles”. A única coisa proibida: fotografar ou filmar.

CARNAVAL 2014 Defensoria Pública da Bahia entrou com Ação Civil Pública contra Camarote Salvador

camarote

por André Luiz Rorigues/ Consultor Jurídico

A Defensoria Pública da União da Bahia entrou com Ação Civil Pública, pedindo o embargo e a supressão da estrutura já montada do Camarote Salvador, na área da Praça de Ondina, no final do circuito Dodô, famoso no carnaval baiano. A ação foi apresentada na sexta-feira (10/2). A entidade reclama de possíveis irregularidades no processo de licitação e no contrato, realizado ao final de 2010, entre a empresa Premium e a Superintendência de Ordenamento do Uso do Solo (Sucom), autarquia municipal. As informações são do jornal A Tarde Online.

Segundo o defensor federal João Paulo Lordelo, “dos 9.837 m² licitados pela municipalidade, cerca de 65% da área são de propriedade da União, o que revela a manifesta incompetência administrativa da Sucom em licitar e o vício no objeto do certame”.

Ele conta que em fevereiro de 2011, a Secretaria de Patrimônio da União realizou vistoria no local e identificou a construção e a instalação de equipamentos em terrenos da União. A inspeção resultou em um auto de infração, que foi cancelado administrativamente dias depois. “A empresa requereu permissão de uso temporário da área da União irregularmente licitada, de forma que a SPU considerasse o terreno como se fosse de titularidade do município de Salvador. A SPU, sem realizar qualquer tipo de licitação, concedeu a permissão de uso para o Carnaval de 2011”.

A empresa pagou R$ 1 milhão à prefeitura de Salvador para erguer o camarote na praça e se comprometeu a realizar benfeitorias no local. A praça foi entregue em agosto de 2011, com novo calçamento, barracas e estruturas removíveis, de forma a facilitar a montagem do camarote pelo período de cinco anos firmados no acordo.

De acordo com a Secretaria, “há dois meses, um termo precário foi assinado entre a Sucom e a produtora autorizando o início da montagem do empreendimento para este ano. Novamente a SPU permitiu o uso do espaço da União para a instalação das estruturas durante os festejos, que já se iniciam na próxima quinta-feira (16). Os valores comercializados pelas camisas que dão direito a um dia de festa variam entre R$ 600 e R$ 1,5 mil reais, a depender do dia escolhido”.

Em nota, a KRP Relações Públicas, que representa a Premium Produções, alega que a Defensoria Pública da União da Bahia não tem “legitimidade” para propor ação civil pública com requerimento de liminar contra o funcionamento do camarote.

No último 14 de janeiro, cerca de mil manifestantes do movimento Desocupa Salvador promoveram uma manifestação em frente ao camarote para protestar contra o que chamam de privatização do espaço público. O ato foi realizado mesmo depois da juíza Lisbete Maria Almeida, da 7ª Vara da Fazenda Pública, conceder liminar a Premium Produções, Criações Artísticas e Eventos Ltda., proibindo a manifestação.

“Depois de sofrer ameaças de depredação da parte de líderes de um movimento cujo discurso é de violência, com o objetivo de assegurar a festa, que é da Bahia e do Brasil, o Camarote precisou recorrer à Justiça, que impediu sua a invasão. Faltando menos de cinco dias para a realização da maior festa popular do Mundo, o Camarote Salvador foi surpreendido com a tentativa de obstruir o evento. Os mesmos líderes que tentaram constranger o Camarote com uma invasão inexplicável requereram à Defensoria Pública da União que ajuizasse ação para frustrar o Carnaval”, disse a empresa na nota.

Leia abaixo a íntegra da nota:

O Camarote Salvador é um dos mais estruturados empreendimentos do Carnaval da Bahia, e é responsável por atrair para a festa, ano a ano, milhares de pessoas, divulgando o nosso Estado em todo o Mundo e contribuindo para o incremento de emprego e de renda em nossa terra. Em 2011, o Camarote Salvador venceu licitação pública para se fazer instalar num espaço até então degradado, onde proliferava o crime, no bairro de Ondina. Em razão dessa licitação, o Camarote Salvador não somente edificou uma praça para uso da população, com aparelhos modernos, de que outras praças não dispõem, mas também assumiu o pagamento de R$ 1.000.000,00 em favor do patrimônio público.

No total, somente nessa licitação pública, o Camarote Salvador arcou com cerca de R$ 3.000.000,00 para promover o Carnaval da Bahia. Ao mesmo tempo, procedendo dentro da legalidade estrita, com atenção e zelo ao interesse público, a Premium obteve da Superintendência do Patrimônio da União – SPU, órgão federal, permissão para uso da área de marinha para o Carnaval. Para tanto, já remunerou a União com aproximadamente R$ 250.000,00.

Depois de sofrer ameaças de depredação da parte de líderes de um movimento cujo discurso é de violência, com o objetivo de assegurar a festa, que é da Bahia e do Brasil, o Camarote precisou recorrer à Justiça, que impediu sua a invasão. Faltando menos de cinco dias para a realização da maior festa popular do Mundo, o Camarote Salvador foi surpreendido com a tentativa de obstruir o evento. Os mesmos líderes que tentaram constranger o Camarote com uma invasão inexplicável requereram à Defensoria Pública da União que ajuizasse ação para frustrar o Carnaval.

Contra as manifestações anteriores do Ministério Público da União, do Ministério Público do Estado, das instituições públicas responsáveis e da própria Defensoria Pública da União, o defensor João Paulo Lordelo decidiu, sem legitimidade para tanto, propor ação civil pública com requerimento de liminar contra a realização do Camarote e do Carnaval da Bahia.

O Camarote Salvador lamenta que, um dia apenas depois de encerrada a greve na segurança pública do Estado, por má intenção se queira trazer tumulto e incerteza contra os milhares de turistas que escolheram a Bahia como destino no Carnaval. Expressando a sua confiança no Poder Judiciário e nas instituições constituídas, o Camarote Salvador se associa às inúmeras manifestações da sociedade contra esta ação temerária, proposta com o intuito de depreciar, de violentar e de boicotar uma festa que é de todos.

P.S.: As interações sociais consuetundinárias e exclusão baseada em noções culturais de pureza e poluição, motivaram em uma mesma cidade vários polos de festas. Os camarotes do governador e do prefeito são armados no local destinado aos turistas. Nas festas mais afastadas nos bairros das periferias ou considerados da classe média baixa (que cruel classificação), o divertimento dos que reconhecem seu lugar: os negros, os bolsa-família, os favelados, os de sangue sujo, os zés-ninguém, os plebeus.

Importante assinalar que as festas populares mais autênticas, mais representativas da nossa Cultura, mas paradoxal que seja, são as que não entram nenhum dinheiro público.

Festas realizadas pelo povo, que mantém nossas tradições e, vivo, o nosso rico folclore.

A desfiguração da maior festa popular do Brasil

Geraldo Julio, Eduardo Campos e Felipe Carreras
Geraldo Julio, Eduardo Campos e Felipe Carreras

Dinheiro para festanças, para o circo sem pão, e obras faraônicas nunca faltou.

O “melhor” dessas festas, que os governadores e prefeitos promovem nas cidades com imensos currais eleitorais, acontece nos camarotes, montados nas alturas, das autoridades e lobistas das empreiteiras.

Escreve Noélia Brito: “A Secretaria de Turismo do Recife, comandada pelo empresário Felipe Carreras, por meio de inexigibilidade de licitação, vai desembolsar nada menos que R$ 1.625.000,00 para patrocinar três eventos no final de 2013 e início de 2014, em nossa cidade.

Só para patrocinar a Copa da Nações de Beach Soccer 2013 e a Copa América de Beach Soccer, a Prefeitura do Recife vai pagar à empresa Koch Tavares Promoções e Eventos a bagatela de R$ 1 milhão.

Para o patrocínio do tradicional Baile do Menino Deus, a empresa Relicário Produções Culturais e Ediatoriais receberá R$ 625 mil. Confiram

São festas mil. Veja mais uma. Informa Antonio Nelson: “O contratante é a Fundação de Cultura do Recife. Na virada do ano, no polo de Boa Viagem, sobem ao palco Titãs, Patusco, Elba Ramalho e Spok Frevo Orquestra – músicos pernambucanos -.

Titãs receberá R$ 275.000,00 para única apresentação. Os artistas locais – a Spok Frevo aufirerá R$ 60.000,00.

Já Elba R$ 160.000,00. O show da artista, no São João, saiu no valor de R$ 90.000,00. Já no “Ciclo Natalino 2013″ a Fundação paga R$ 160.000,00.” Veja os contratos

Não se faz nada que preste para o povo. Boa Viagem, cercada por favelas, não possui nenhum mercado público. O governo municipal, com as escolas e postos de saúde sucatados, não tem biblioteca pública, e não investe nada em eventos culturais. Prefere gastar dinheiro na degeneração da música brasileira. Na descaracterização do nosso folclore.

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A MAIOR FESTA POPULAR DO BRASIL

Escreveu Câmara Cascudo (1962): “Natal é a maior festa popular do Brasil, determinando um verdadeiro ciclo, com bailados, autos tradicionais, bailes, alimentos típicos, reuniões etc. De meados de dezembro até Dia de Reis, 6 de janeiro, uma série de festas ocorre por todo o Brasil, especialmente pelo interior, onde a tradição é mais viva e sensível. O bumba-meu-boi, boi, boi-calemba, cheganças, marujadas ou fandango, pastoris com as velhas lapinhas de outrora, congadas ou congos, reisados estão nos dias mais prestigiados”.

A Tv Globo cuidou, conforme o Projeto Camelot, de acabar com “todos esses divertimentos, públicos, nas festas particulares ou  nas sociedades”. Um Projeto da Ditadura Militar que continua.

É! não se faz nada que preste para o povo.

Não se investe em lazer. Recife não tem nenhum passeio público.

A vida um sonho

por Talis Andrade

Beatriz Brasil, como Diana do Pastoril, fotografada por Herbert Loureiro, in revista Gaciliano
Beatriz Brasil, como Diana do Pastoril, fotografada por Herbert Loureiro, in revista Gaciliano

3

A vida um sonho

um tempo encantado

o feitiço da namorada

no vestido encarnado

de mestra do pastoril

a cantar a vinda

do Menino Jesus

que veio ao mundo

para nos salvar

 

 

O cuidado dos pais

que iam à missa

todos os domingos

as roupas engomadas

as consciências leves

dos pecados lavados

no confessionário

As brincantes do pastoril, Galeria Roberto Medeiros
As brincantes do pastoril, Galeria Roberto Medeiros

Trecho do poema Esquife Encarnado, que deu nome ao livro publicado em 1957, pela editora A Tribuna, Recife

31 dias de festa junina em Caruaru. 31 dias de festa junina em Campina Grande

Lá em Caruaru são 31 dias de festa junina. Lá em Campina Grande são 31 dias de festa junina. É o pão sem circo. É o enriquecimento de cantores ladrões, super super faturados. É festa nos camarotes do prefeito. E os grupos folclóricos na eterna pobreza. E a cultura do povo renegada. É forró de graça para alienar o povo. Ganhar o voto da próxima eleição. Prefeitos e vereadores no forró. No arrasta-pé e dinheiro.

BRA^BA_COR festa junina

Escreve o poeta, pintor e folclorista Marcos Cordeiro: O horror das “quadrilhas” juninas atuais. Uma mistura ridícula de dançarinas de can can com rumbeiras numa correria louca. O exagero da maquiagem e dos adereços. Os figurinos copiados das rumbeiras caribenhas e das dançarinas francesas. Uma CARNAVALIZAÇÃO total do antigo evento junino. Até bonecos gigantes estão colocando. As coreografias, as correrias absurdas, misturando bumba-meu-boi e outras manifestações folclóricas com exercícios aeróbicos num vale tudo descomunal. Ausência total das quadrilhas matutas mais autênticas e nordestinas. ZERO para essa “coisa não sei o que”

O que é que a Bahia tem?

BRA^BA_COR Que é que a Bahia tem?

O que é que a baiana tem?
O que é que a baiana tem?
Tem torso de seda tem (tem)
Tem brinco de ouro tem (tem)
Corrente de ouro tem (tem)
Tem pano da Costa tem (tem)
Tem bata rendada tem (tem)
Pulseira de ouro tem (tem)
E tem saia engomada tem (tem)
Tem sandália enfeitada tem (tem)
E tem graça como ninguém…!

O que é que a baiana tem?
Como ela requebra bem…!
O que é que a baiana tem?
Quando você se requebrar caia
por cima de mim
O que é que a baiana tem?
Mas o que é que a baiana tem?
O que é que a baiana tem?
Tem torso de seda tem (tem?)
Tem brinco de ouro tem (ah!)
Corrente de ouro tem (que bom!)
Tem pano da Costa tem (tem)
Tem bata rendada tem (e que mais?)
Pulseira de ouro tem (tem)
Tem saia engomada tem (tem)
Sandália enfeitada tem
Só vai no Bonfim quem tem…
O que é que a baiana tem?
Só vai no Bonfim quem tem…
O que é que a baiana tem?
Um rosário de ouro, uma bolota assim
Ai, quem não tem balangandãs
não vai no Bonfim
Ôi, quem não tem balangandãs
Não vai no Bonfim
Ôi, não vai no Bonfim

 —-
Escute a música de Dorival Caymmi cantada por Carmem Miranda

Senhores Prefeitos de Olinda e Recife, paguem em dia aos músicos do nosso carnaval

por Ivan Maurício

Em Lisboa, a Câmara Municipal exibe o orgulho de ter o fado, desde novembro do ano passado, como Patrimônio Imaterial da Humanidade, título concedido pela UNESCO.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( francês L’Organização des Nations Unies pour l’éducation, la Science et la cultura: UNESCO) é uma agência especializada das Nações Unidas (ONU).

Tudo indica que, no final do ano, o mesmo acontecerá com o frevo pernambucano.

A UNESCO e o mundo vão reconhecer a força de um ritmo musical que nasceu do povo.

O passo dos capoeiristas que vieram escravizados da África. O som dos músicos da gloriosa banda da Polícia Militar de Pernambuco. De compositores pobres e negros como Levino Ferreira e Lídio Macacão (reformador de sofá e semi-analfabeto que compunha de memória belezas musicais como “Três da Tarde”, “Música, Mulheres e Flores”, “Regresso de Donzelinhos”, entre tantas).

Isso para citar apenas dois.

E nunca esquecer de FelinhoCapitão ZuzinhaZumbaMathias da Rocha,Nelson FerreiraCapibaJ. MichilesMaestro DudaMaestro Ademir Araújo (Formiga), SpockMaestro José MenezesMaestro Nunes,Maestro Edson RodriguesMaestro OseásGetúlio CavalcantiEdgar Moraes e tantos outros a quem desde já peço desculpas por confiar apenas na minha memória, emoção e indignação.

O povo já fez a sua parte. Transformou o frevo num ritmo alucinante e alegre capaz de arrastar multidões pelas ruas, praças e ladeiras do mundo.

Agora, resta aos nossos governantes respeitarem os músicos das orquestras de frevo contratados para animar o carnaval. Não podemos continuar atrasando (tem músicos com dois anos de atraso) o pagamentos pelos enormes serviços prestados por esses profissionais do frevo.

A humilhação ainda é maior quando todos sabemos que os músicos de outros ritmos e outros estados são contratados para tocar em nosso carnaval e são pagos rigorosamente em dia.

Senhores Prefeiros, Senhores Governantes, respeitem o frevo e o povo pernambucano.

Uma boa notícia do Ivan: nosso frevo Patrimônio da Humanidade. Sempre lutei por este reconhecimento.
Talvez assim termine a discriminação.
Para os pernambucanos pagam um tostão (ou ficam no fiado). Para os de fora, um milhão.
Não esquecer que a prefeitura, para cantar no Natal, contratou os irmãos Sandy e Jr por meio milhão. E João Paulo disse para os críticos que achava pouco.
É assim que as autoridades preservam nossa cultura. 
Que tipo de música natalina cantam os manos globais? Que música pernambucana?
Pagou 480 mil de cachê. Acontece que sempre existem outras despesas. Por fora. (T.A.)