No Recife, em tempos de crise, nem a tradicional elite se entende mais

Separada de Lavareda, empresária sofre assédio moral e é vítima de difamação por suposta traição

por Flávio Chaves

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Bem sucedida empresária no ramo de eventos, no Recife, a produtora Carla Bensoussan, tem sido alvos de ataques de cunho machistas e difamatórios pela internet. Depois de anunciar sua separação do marqueteiro Antônio Lavareda, a proprietária da Lead Comunicação, começou a ser atacada nas redes sociais por amigos do seu ex-marido, com adjetivos como “vaca” e “prostituta”.O blog teve acesso, com exclusividade. aos comentários feitos pelo assessor do marqueteiro, Geraldo Cisneiros, com ofensas pesadas e afirmando que “ela deu pra todo mundo na cidade”. Cisneiros também acusa, Antonio Lavareda, ex-marido de Carla de “traidor”, já que o mesmo teria se envolvido com sua ex-mulher e estaria o traindo as escondidas.

Gera Cisneiros

Segundo” tititi” nas rodas sociais, a separação teria se dado por problemas de traição envolvendo os dois casais que frequentam as colunas sociais da cidade e eram bastante amigos. Lavareda ‘teria” tido um “caso” com a mulher de Cisneiros, Poliana Cisneiros e essa teria sido o principal motivo da separação que caiu como uma “bomba” na high society pernambucana. O também ex assessor de Sergio Guerra (PSDB) e assessor do Banco Gerador ( de propriedade de Lavareda) , acusa Carla de ter “inventado” a história para provocar uma separação milionária por conta de um contrato pré nupcial. E insinua que Carla também teria traído Lavareda com um tal de “André”, que é citado no texto, que aponta ainda para uma pessoa de nome, Tania, que seria “sapatão” e agenciaria mulheres. A empresária também é chamada de “vagabunda”.

No print que o blog teve acesso ( e que já foi apagado nas redes sociais mas circula por toda rede) Cisneiros combina com Ana Venina – outra amiga de Lavareda – uma forma de “esculhambar” a imagem da empresária por toda a cidade.”Se eu for colocar aqui a lista de machos que já comeu essa vagabunda vai dar para emendar a BR 232 de pica”, numa linguagem chula que tem provocado reações de perplexidades nos grupos de defensores da mulher. “Isso é um acinte e uma discriminação contra a mulher que tem o direito de seguir o seu caminho e de se separar. É tipo dor de corno de ex marido traído” disse Amanda Torres do Coletivo Feminista da Bahia. Em outra mensagem endereçada a publicitária Ana Venina, figura também carimbada nos eventos sociais da cidade, Geraldo Cisneiros não poupa nem a mãe de Carla Bensoussan. Segundo Geraldo Cisneiros, ela tinha “o mesmo DNA da filha” e teria “quebrado vários empresários da cidade” na década de 70. “Quero que ela e o ex marido (Lavareda) vá para puta que o pariu com toda raça deles que viveu esses anos de putaria”.

Ana Venida

A empresária, vítima das agressões, viveu por sete anos com o empresário e o casal, além dos negócios vultuosos que mantem com o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife, era conhecido pelas” festas de arromba” que davam na cobertura do seu edifício , na Avenida Boa Viagem, e pelo tradicional almoço no domingo de carnaval frequentado por políticos e empresários da cidade. Pouco depois do seu quarto casamento, Antonio Lavareda, adquiriu por uma quantia milionária, a empresa Level Comunicação do irmão dela, Renê Besoussan, que depois transformou-se na Black Ninja, que teve como um dos sócios, o publicitário baiano Duda Mendonça Tanto Lavareda, quanto Geraldo Cisneiros, respondem a um inquérito na Polícia Federal na chamada “Operação Mar de Lama” que envolveu o dono do Ipespe e também da MCI em um esquema de credito consignado feito pelo Banco Gerador, também de sua propriedade. Ambos trabalharam por vários anos para o PFL e o PSDB nacional e estão, agora, por motivos óbvios, rompidos por conta da traição que teria sido descoberta pela empresária. “Na verdade, ela também sempre foi muito afoita e carreirista pois só se envolve com homens com dinheiro”, diz uma publicitária que falou em off. O Blog deixou recado para os envolvidos mas até agora não obteve retorno. No Recife, em tempos de crise, nem a tradicional elite se entende mais. [Transcrevi do blogue do jornalista, escritor e poeta Flávio Chaves]

Talis, 78, jornalista desempregado

Este título peguei emprestado do amigo e jornalista maior do País da Geral, José de Souza Castro que, para honra minha escreveu o prefácio do meu livro de poesia

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Revelou Castro: “Vim a conhecer Talis Andrade há uns quatro anos, por causa dos comentários dele na coluna de Moacir Japiassu, no Comunique-se, e de seus sábios escritos em três blogs do próprio poeta: Arte e Versos, Aqui não dá e Jornalismo de cordel. Não sei como, aos 70 anos, ele acha tempo para manter atualizados esses blogs e escrever poesia, ganhando um salário mínimo de aposentadoria pelo INSS. É um mistério: como um poeta brasileiro, ainda por cima nordestino, sobrevive?”

Olha, gente, jamais seria salvo pela poesia, mesmo que “eu me chamasse Drummond”. Ascenso, no leito de morte, disse para mim e o governador Paulo Guerra, que ser poeta é um “mal de raiz”.

Danação de vida. Sempre tive de exercer, penosa e comitantemente, três malsinadas profissões. Professor, jornalista e barnabé.  Que o salário de uma não sustenta nenhum vivente.

Não tenho a grandeza de um Luiz Carlos Maciel, mas me ofereço, que não me faltam gosto nem fôlego, para exercer profissões da minha vocação e aprendizado.

Luiz Carlos Maciel, 77,

filósofo desempregado

por José de Souza Castro

Luiz Carlos Maciel
Luiz Carlos Maciel

Leio no blog do poeta pernambucano Flávio Chaves que o filósofo Luiz Carlos Maciel está desempregado há quase um ano. Tem 77 anos e está sem dinheiro. Ele se oferece para trabalhar, avisando que só não canta e dança. No mais, o que vier, “eu traço”.

É possível que algum leitor nunca tenha ouvido falar de Luiz Carlos Maciel. Foi um dos fundadores de O Pasquim, surgido seis meses depois do AI-5, quando a ditadura militar se impunha como nunca. E o jornal se revelou como flor do lodo, no brejo político e social em que se transformara o Brasil: em pouco tempo, vendia mais de 200 mil exemplares por edição.

Posso poupar tempo, encaminhando o leitor a este artigo escrito em julho de 2004 pela historiadora paulistana Patrícia Marcondes de Barros. Um resumo:

“Jornalista, dramaturgo, roteirista de cinema, filósofo, poeta e escritor. Apesar de sua vasta atuação no cenário cultural brasileiro, Luiz Carlos Maciel é comumente lembrado por sua participação no Pasquim, com a coluna Underground, quando então escrevia artigos sobre os movimentos alternativos que eclodiam no mundo, assim como as manifestações anteriores que lhes serviram de base, como o romantismo, o surrealismo, o existencialismo sartreano, a literatura da Beat Generation, o marxismo, entre muitos horizontes (re)descobertos na época. Este trabalho de difusão da contracultura lhe valeu o estereótipo de ‘guru da contracultura brasileira’ ”.

No final do artigo há uma breve cronologia dos trabalhos realizados por Luiz Carlos Maciel até 2004. Uma lista impressionante. Vivesse nos Estados Unidos ou na Europa, onde a cultura tem valor, esse gaúcho não teria chegado aos 77 anos desempregado e sem dinheiro.

Mas ele vive no Brasil. País onde cultura e velhice são desprezadas. Pior, se além de velho, é mulher, negra e faxineira.

No mesmo dia em que tomei conhecimento do caso de Luiz Carlos Maciel, soube do que aconteceu com a faxineira de um prédio residencial num bairro de classe média alta de Belo Horizonte. Um prédio de oito andares, com um apartamento de quatro quartos por andar.

Até agosto de 2012, o prédio tinha contrato de administração assinado com empresa especializada. O condomínio pagara a essa empresa, em 12 meses, um total superior a R$ 10 mil, incluindo salário da faxineira, INSS, FGTS e vale transporte. Havia faxina cinco dias por semana.

Para economizar, o condomínio decidiu cancelar o contrato e pagar diretamente a duas faxineiras que, conforme a lei, não têm qualquer direito trabalhista. Uma delas trabalha quatro horas por dia, dois dias por semana; outra, um dia por semana, durante oito horas. O gasto total caiu para R$ 9.520 no ano.

As faxineiras são as mesmas, até agora. Mas houve uma mudança: a que trabalhava um dia por semana, durante oito horas, passou a trabalhar por quatro horas, há cerca de três meses. O salário foi reduzido também pela metade. Mas a perda para ela é maior do que 50%, pois enquanto gastava com ônibus “x”, tirado de seu salário “y”, agora gasta o mesmo “x” tirado de metade do “y”. Um matemático pode calcular melhor do que eu a perda da faxineira.

Ela aceitou, sem reclamar da decisão da síndica. “O que eu podia fazer?”, perguntou-me ela. “Tenho 69 anos, e ninguém vai me empregar para fazer faxina, mesmo que eu possa trabalhar direitinho com essa idade. É melhor pingar do que secar”, filosofa.

“O que vier, eu traço”, diz o filósofo desempregado Luiz Carlos Maciel, oito anos mais velho.
A culpa é da crise econômica, que pesa mais para os mais fracos. Só dela? Não pesa nada na consciência dos mais ricos – não é, papa Francisco?