
Senador Pedro Simon: “O leilão do campo de petróleo do pré-sal de Libra, na Bacia de Santos. Avaliada em R$ 1,5 trilhão, com uma reserva estimada de oito a 12 bilhões de barris de petróleo, representa o maior negócio envolvendo petróleo no mundo, atualmente. Trata-se da maior descoberta da Petrobras em 60 anos, e é equivalente a reserva brasileira conhecida até o momento”.
A presidente Dilma assinou um “Decreto de Garantia da Lei e da Ordem” para que a Força Nacional de Segurança, e também unidades do Exército, cerquem o Windsor Barra Hotel, durante o leilão do campo de Libra – o maior campo petrolífero do mundo, descoberto pela Petrobrás no pré-sal.
Dilma retoma o conceito de guerra interna do general Golbery.
Leiloeiros da soberania se refugiam atrás da Força Nacional
por Carlos Lopes
Como a maior – e, provavelmente, única – ameaça à lei e à ordem na segunda-feira, no Windsor Barra Hotel e arredores, é o próprio leilão daquele que, segundo o ex-presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, é o maior campo petrolífero da História, tal medida somente será apropriada se for para deter os que querem entregar o petróleo de Libra a um cartel estrangeiro.
O Exército não foi criado nem existe para ser guarda-costas de leiloeiros da soberania nacional ou de açambarcadores das riquezas do país. Nem a Força Nacional de Segurança. Muito pelo contrário. A função do primeiro é combater os inimigos do país – a da segunda, os bandidos.
Tentar usar o Exército e a Força Nacional de Segurança para garantir um ato espúrio, contra o país, e, de resto, ilegal, somente demonstra mais claramente ainda o isolamento desesperado desse entreguismo contra o qual o povo votou e que repudia – além do fato já conhecido de que o entreguismo, em países como o nosso, é o caminho mais curto para o fascismo.
Não é à toa que para praticar essa leiloagem eles têm que transformar um hotel da Barra num Forte Apache, com alguns cachorros americanos, mas sem o Rin Tin Tin. Afinal, quem é a favor desse leilão neste país? São tão poucos que até sabemos seus nomes e sobrenomes. Os entusiasmados, então, são tantos que até agora estamos esperando uma manifestação, por pequena que seja, a favor desse assalto ao povo do Brasil… Mas eles não existem, o que é o maior elogio que se pode fazer ao povo brasileiro.
A traição ao país, portanto, não será esquecida nem perdoada – porque há crimes que não têm possibilidade de perdão; nem a traição aos compromissos explícitos da campanha eleitoral que garantiram a vitória nas urnas. O povo não gosta de ser enganado – e não existe casuísmo que impeça essa lembrança.
Ao contrário dos romances antigos, a marca da infâmia não precisa ser gravada com um ferro em brasa no ombro de quem o merece. Bastou o olhar do povo para fazer de Silvério dos Reis um leproso moral (Pelos caminhos do mundo,/ nenhum destino se perde:/ Há os grandes sonhos dos homens,/ e a surda força dos vermes).
Virar o fio depois do meio do caminho – ou, como dizem outros, matar a própria biografia depois de velho – é como sobreviver a uma tremenda tempestade no mar e morrer na areia. Não tem muita graça. Talvez por isso o marechal Dutra, como lembramos na página oito desta edição, quando presidente da República, desistiu do entreguista “estatuto do petróleo” que enviara ao Congresso. Não quis, apesar de seu conservadorismo, entrar para a História como o presidente que entregou o petróleo brasileiro ao famigerado cartel das petroleiras multinacionais. Na época, não havia a Petrobrás. Mas, Dutra, que tinha lá os seus defeitos, era dotado de algum bom senso.
A presidente Dilma pode ainda seguir a tradição de seus predecessores – inclusive de alguns (Artur Bernardes, Dutra) que não estavam entre os mais iluminados.
O fato é que, se ela não decidir juntar-se ao país, esse leilão só poderá ser feito à maneira da ditadura – sem discussão alguma, contra a maioria, praticamente contra todos, contra a lógica, contra o interesse nacional e cercado num hotel da Barra da Tijuca, com os participantes do leilão, como aconselhou a ANP, tendo que se instalar na véspera dentro do estabelecimento.
Que discussão houve sobre esse leilão? Nenhuma. Pelo contrário, evitou-se qualquer discussão, evitou-se, mesmo, receber e ouvir aqueles que eram contra – apesar de estarem entre os mais firmes apoiadores da presidente Dilma quando sua candidatura esteve em perigo, no segundo turno das últimas eleições presidenciais: líderes sindicais, estudantis, em suma, as lideranças populares. Mais fácil foi receber presidentes e executivos de multinacionais.
A presidente Dilma, dizem informações do Planalto, desistiu de comparecer ao leilão. Fez bem em não manchar a dignidade do seu cargo com o corpo presente voluntariamente nesse ninho de ratos.
Porém, melhor faria se cancelasse esse festim macabro e retomasse as palavras que fizeram o povo brasileiro votar nela: “Dilma presidente para o Brasil seguir não privatizando. A presidente que não vai deixar privatizar nem a Petrobrás nem o pré-sal. Com Dilma o pré-sal será uma conquista de todos os brasileiros e não de empresas estrangeiras“. Ou, nas suas próprias palavras:
“… é crime tentar privatizar a Petrobras e ou pré-sal. (…) há poucos dias o principal assessor do candidato Serra para a área de energia e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, durante o governo FHC, defendeu a privatização do pré-sal. Isso seria um crime contra o Brasil“
Ou, senão:
“Quem trouxe esse tema da privatização foi o principal assessor energético do candidato Serra, o David Zylbersztejn, que foi presidente da ANP na época do FHC. Agora ele diz que é a favor que haja uma privatização. Não é da Petrobrás, mas do pré-sal. Ele defende que esse pré-sal seja passado para as empresas privadas internacionais. E é interessante, porque isso mostra um quadro que me deixa em dúvida se eles são a favor da privatização do pré-sal ou se eles são a favor da privatização do pré-sal e também da Petrobrás”.
Ou, também:
“Eles defendem a privatização do pré-sal, ou seja, que a exploração do pré-sal seja feita por quem? Pelas empresas privadas internacionais. Isso é grave porque o pré-sal é uma das riquezas mais importantes do país. Defender a privatização do pré-sal significa tirar dinheiro do país“.
A única razão para fazer um leilão do campo de Libra – exatamente o maior de todos – é entregá-lo às multinacionais. Como os entreguistas são muito incompetentes, podem até fracassar, mas o objetivo é esse. Do ponto de vista técnico, a Petrobrás é muito melhor qualificada – é até mesmo a operadora única. Do ponto de vista financeiro, não há problemas para quem tem petróleo.
E, como disse a presidente da Petrobrás, Graça Foster, quem faz a descoberta faz facilmente o desenvolvimento:
“Eu conheço a Petrobrás, conheço a área de exploração e produção e, independentemente das ideologias, não conheço nenhuma outra empresa que esteja tão bem preparada para Libra. Eu não conheço. Porque foi a Petrobrás que definiu a locação, que perfurou, que descobriu, que tem os dados, que tem as informações, que tem uma infraestrutura para compartilhar com o escoamento da produção de Libra. Se for prepotência, peço desculpas, mas eu não conheço nenhuma empresa tão bem preparada para fazer Libra acontecer. Eu não conheço“.
Entregar essa descoberta colossal a uma Shell da vida – que não conseguiu descobrir petróleo no mesmo lugar – ou a uma Total, será afundar um prego no caixão político de quem o fizer. Um prego impossível de ser removido.
La irrupción del Ejercito Brasilero contra los huelguistas petroleros y el hundimiento del mito sobre los “progresismos de tercera vía”
Crónicas del nuevo siglo
En una recuperación de atributos subjetivos que hacen a su condición de clase, los trabajadores petroleros brasileros realizan acciones de resistencia contra la privatización de una de las zonas petroleras más prometedoras de su país: Campo de Libra (frente a las Bahía de Santos) del que se calcula una producción de 1,4 millones de barriles diarios, equivalente a la mitad del total de la producción actual.Como en los famosos y tan denostados noventa, estamos ante una acción clásica del neoliberalismo: entregar los recursos naturales con el pretexto de falta de capitales para explotarlos (Brasil, el gigante que aspira a ser potencia mundial dice no tener capitales para explotar sus recursos naturales; resulta difícil de creer) y la promesa de destinar una parte de lo obtenido para mejorar el estado de la educación y la salud pública, objeto de las críticas más duras por parte de las imponentes movilizaciones populares inmediatamente previas a la “milagrosa” visita del Papa Francisco.Ante la resistencia obrera en curso –como diría el “amigo” Moyano: resuelta por los “cuerpos orgánicos” de las instituciones sindicales brasileras -que no se distinguen por su irreverencia o excesivo celo en la defensa de los intereses obreros y populares- el gobierno de Dilma Rousseff ha ordenado la intervención de una tropa de elite, la Fuerza Nacional, creada para combatir al narcotráfico rompiendo una tradición política comenzada en el 2003 por Lula de no utilizar las Fuerzas Armadas tradicionales en el conflicto social (las Policías en Brasil, tienen de por sí destacamentos altamente preparados para el combate callejero y con una capacidad de fuego superior a la media de los ejércitos latinoamericanos).
La decisión de proteger la inversión del Capital Privado Extranjero (que sea de origen chino no altera nada a esta altura de la subordinación de toda China a las lógicas del capital globalizado) por medio de la última defensa del Estado: su núcleo armado, confirma el carácter de la experiencia del P.T. de Lula y Dilma mucho más que sus apuestas a la integración latinoamericana o sus firmes actitudes en el plano internacional a favor de la paz y contra el hegemonismo norteamericano (tal como se mostró en el incidente por el espionaje norteamericano sobre la región, precisamente buscando información sobre la cuenca de Campo de Libra que finalmente fue concedida a empresas chinas y no a las norteamericanas).
Lo estremecedor de la vuelta del Ejercito a su función de Fuerza de Ocupación Interna, confirmando la vigencia de la Doctrina de Seguridad Nacional (por más que no se la nombre o aún se la haya declarado obsoleta en más de un ámbito de debate regional) contribuye a revelar el mito del carácter “progresista” del gobierno de Dilma y de otros gobiernos supuestamente “progresistas” de la región, mito construido a partir de un silogismo que se basa en dos premisas erróneas: a) la preeminencia de las políticas de integración latinoamericana por encima de las políticas internas de mantenimiento de la matriz de distribución de ingresos constituida en el largo periodo que va del golpe de Estado de 1964 hasta la asunción del primer gobierno de Lula en el 2003 en el Brasil y en general, en la llamada década perdida de los noventa en América Latina y b) la confianza en que se puede arribar a una sociedad más justa y solidaria, digamos pos capitalista o algo así, por el camino de pequeñas reformas que “astutamente” se abren paso sin confrontar con el núcleo del Poder Dominante (los grupos económicos nacionales y trasnacionales, los agentes imperiales, las fuerzas armadas y el aparato de seguridad, los medios hegemónicos de comunicación y los intelectuales a su servicio).
Ambos debates son seculares. Leer más