As lágrimas amargas do FMI

Por Francisco Louçã
Público/ Portugal

Lágrimas amargas ou, alguém diria lágrimas de crocodilo, parece ser tudo o que o FMI tem hoje para oferecer. Durante anos, a instituição foi um pilar dos “programas de ajustamento” que, testados em África e na América Latina, conduziram sempre a um mesmo resultado, transferência de rendimento para o topo da escala, destruição da pequena agricultura e urbanização, privatizações e especialização de cada economia no sector exportador, com consequências sociais devastadoras no empobrecimento e desemprego para parte importante da população. Mais recentemente, esta competência técnica foi usada para desenhar os programas para a Grécia, Irlanda e Portugal, e o resultado foi do mesmo tipo, recessão e destruição. Mas nem num caso nem noutro, no “Terceiro Mundo” ou na Europa, nunca os dirigentes do FMI mostraram alguma vulnerabilidade em relação aos efeitos da sua política. Até aos dias de hoje.

O problema para o FMI é que o efeito destas estratégias sobre o conjunto da economia foi totalmente insatisfatório. Não só as desempregadas e os desempregados perderam (por razões óbvias), como perdeu quem está a trabalhar (redução de salários e precarização dos contratos) ou na reforma (redução das pensões), todos afectados ainda por aumentos de impostos. E a economia perdeu capacidade de expansão, ou seja, o processo de acumulação ficou prejudicado. Pior ainda, há escassas alternativas de política económica que possam compensar uma nova crise financeira ou uma nova recessão, porque os juros estão próximos de zero. Enfim, um colossal fracasso.

Alguns dos dirigentes do FMI parecem por isso ter percebido agora o buraco em que se meteram (e, pior, o que cavaram para as suas vítimas), e choram lágrimas amargas.

O FMI sugere uma solução: aumentar o investimento em infraestruturas, sobretudo o investimento público, ou seja, expandir os orçamentos( “Is it time for an infrastructure push? The macroeconomic effects of public investment“, FMI, World Economic Outlook, capítulo 3, outubro 2014). Por outras palavras, fazer exactamente o contrário do que tem vindo a propor ou a impor aos vários países.

Será suficiente? Depende. William White, da OCDE, avisa que a próxima crise pode ser pior do que a de 2007 (podemos ter bacarrotas “épicas”, diz ele, em “World faces wave of epic debt defaults“). Talvez tudo resulte de ter sido fácil demais: lucros exagerados, sugere o The Economist, e especulação sem freio.

Era exactamente o que o FMI preconizava: libertem os capitais de regulamentos e restrições, soltem o monstro e teremos prosperidade. O resultado é o que está à vista e o FMI assusta-se com a sua criatura. Transcrevi trechos

 


Nota do editor deste blogue: As receitas amargas do FMI são promessas do possível governo Michel Temer para o Brasil. Que retrocesso (T.A)

Dia 13 ato nacional em defesa do Brasil

faixa 13 março

Foto Paula Brandão
Foto Paula Brandão

 

A Central Única dos Trabalhadores conclama as trabalhadoras e os trabalhadores, militantes e dirigentes de todo o País para realizar um ato nacional contra a retirada de direitos, em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da Petrobrás e da Reforma Política. O ato será no dia 13 de março, em todo o Brasil. Em São Paulo, o ato será em frente ao prédio da Petrobrás, às 15h, na Avenida Paulista.

“A CUT não deixará que os trabalhadores sofram o ônus de medidas fiscais pensadas para a economia. Também não permitirá que a Petrobrás, patrimônio do povo brasileiro, seja desconstruída por vontade de especuladores internacionais. Para defender os direitos de todos os brasileiros vamos às ruas!”, afirma Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.

Pautas

O fim das Medidas Provisórias (MP´s) 664 e 665, que alteram direitos da classe trabalhadora, é uma das questões centrais. Os movimentos do Brasil estão em alerta desde que foram editadas pelo governo federal, em 30 de dezembro de 2014.

Outra das bandeiras é a defesa da Petrobrás, empresa que corresponde a 13% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirma que a defesa da soberania nacional e do emprego dos petroleiros é urgente. Da mesma forma, o controle das reservas.

Segundo ele, a empresa reúne mais de 86 mil trabalhadores diretos e milhares de indiretos que fazem a estatal ser reconhecida mundialmente por sua excelência. “A Petrobrás investe, por dia, R$300 milhões na economia brasileira e sabemos que o Petróleo por muitos anos ainda será a matriz energética do mundo. Nesse contexto, quem tem petróleo tem poder”.

A terceira bandeira é pelo Plebiscito sobre a Constituinte Exclusiva e Soberana para reforma do sistema político. A representante da Secretaria Operativa Nacional do Plebiscito Popular, Paola Estrada, explica que existe uma manobra no Congresso para que se aprove a reforma política pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/2013, considerada pelos movimentos como a “PEC da Corrupção” porque defende temas polêmicos, como o financiamento privado de campanha eleitoral.

“Setores conservadores e parlamentares, como Eduardo Cunha, querem constitucionalizar a corrupção, com a lógica de que pessoas jurídicas [empresas] votam neste país e tomam decisões acima de nós eleitores. Ou seja, querem constitucionalizar o poder econômico nas eleições brasileiras”, orienta.

A proposta que dialoga com a classe trabalhadora é a da Constituinte pela Reforma do Sistema Político. A consulta popular está prevista no Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1508/14, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP).

Música deGonzaguinha

Esta é a música para o povo cantar no dia 13 de março nas ruas do Brasil:

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor…

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade…

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela…

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação…

É! É! É! É! É! É! É!…

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor…

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade…

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela…

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação…

 

 

 

 

 

Inglaterra queria um presidente estrangeiro na Petrobras. Um Reichstul

Petrobras é dos brasileiros
Petrobras é dos brasileiros

 

Divulga hoje a British Broadcasting Corporation (BBC)

Seis desafios do novo presidente da Petrobras

 

por Ruth Costas

 

[Duas traduções de uma notícia inglesa]

A nomeação do ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras foi apresentada pelo governo como reconhecimento pelo seu trabalho à frente de uma das maiores instituições financeiras brasileiras. Mas também pode ser vista como uma espécie de presente de grego. 

[Sinônimos de presente de grego: Burla, surpresa ruim inesperada, cilada. A expressão adveio da narrativa do cavalo de Tróia, na obra Eneida, de Vergílio. É o recebimento de algum presente ou dádiva que traz prejuízo ou não acontece beneficamente, como era para ser.

Com a nomeação de Bendine, quem sai derrotado nessa guerra pelo petróleo brasileiro? A notícia, ingenuamente, insinua que Bendine. Mas neste mundo capitalista quem está interessado em Bendine? Nem a BBC… em uma Petrobras dos brasileiros…]

Bendine assume a estatal no que é, provavelmente, o ponto mais baixo da sua história e não será fácil conduzi-la em meio à crise desatada pelas repercussões da Operação Lava Jato.

[Historicamente não é verdadeiro. O momento mais baixo da Petrobras foi quando Fernando Henrique promoveu a quebra dos monopólios do petróleo e do gás e criou a ANP, para ser presidida pelo seu genro]

Para piorar, seu nome [o de Bendine] foi mal recebido por alguns analistas do setor e pelos mercados – as ações da estatal na bolsa caíram mais de 7% nesta sexta-feira, após sua indicação “vazar” para a imprensa.

[Quais analistas? Não está nomeado nenhum. Certamente, eles existem. São estrangeiros representantes de multinacionais e de especuladores como George Soros, e brasileiros traidores da Pátria.  Esse iôiô da bolsa é malandragem conhecida. Um jogo de cartas marcadas, que apenas ganham os quem bancam a maracutaia, uma armação que apenas beneficia os grandes acionistas, sendo responsáveis pela seguinte aberração, nada democrática, segundo informe da IntermonOxfam: Em 2016, 1% da população mundial acumulará mais riqueza que o 99% restante]

“A nomeação de Bendine é frustrante porque ele é um funcionário de carreira do Banco do Brasil próximo ao governo – ou seja ‘mais do mesmo”, opina Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
“Provavelmente a presidente não conseguiu que alguém do mercado topasse o desafio de tirar a empresa desse imbróglio. Mas Bendine não terá a autonomia necessária para tomar decisões que priorizem a saúde financeira da Petrobras em vez de interesses do governo.”

[Que “mercado”? Alguém da bolsa de valores, algum especulador ou empregado de um Soros? Mercado tem como sinônimos: circo, bazar, empório…

Tradicionalmente, os ex-presidentes da Petrobras pertenciam a qual mercado?

Veja os principais nomes: o primeiro presidente foi Juracy Magalhães, militar e político (governo Getúlio Vargas, 1954); Janary Gentil Nunes, militar e político (governo Juscelino Kubitschek, 1956-58); Francisco Mangabeira, advogado da Caixa Econômica (governo João Goulart, 1962-63); Adhemar de Queirós, marechal (governo Castelo Branco, (1964-66); Waldemar Levy Cardoso, marechal (Junta Governativa Provisória, 1969); Ernesto Geisel, marechal (1969-73, governo Emilio Medici); Shigeaki Ueki, considerado um dos maiores ladrões da Petrobras, advogado e político, reside nos Estados Unidos (governo João Figueiredo);Henri Philippe Reichstul nasceu em Paris, economista, disputa com Ueki a primazia de ser o mais desonesto presidente (governo Fernando Henrique, 1999-20o1).

petrobras fhc

No governo de Fernando Collor, de 23 de março de 1990 a 18 de novembro de 1992, a Petrobras teve cinco presidentes.

FHC, para sagrar Reichstul, mudou a Constituição que proibia nomear estrangeiro presidente da empresa.

Um novo estrangeiro comandando a Petrobras é o desejo maior da agência inglesa BBC. Que tem a arrogância imperativa de considerar que nenhum petista ou simpatizante ou membro do atual governo devia presidir a Petrobras e, por extensão, qualquer outra estatal, ou ser ministro, ou presidente do Brasil, quando Dilma foi eleita pelo voto direto, e vitoriosa em dois turnos.

Na Inglaterra temos uma teocracia monarquista. Por direito de sangue, Elizabeth II reina o país e governa as igrejas anglicana e presbiteriana, uma forma de mando criada por Henrique VIII, rei de 1509 até sua morte em 1547.

Os comentários entre colchetes são do editor deste blogue: T.A. No próximo post os desafios nativistas]

 

 

 

 

 

 

A irresponsabilidade cambial se transformou em irresponsabilidade fiscal. FHC elevou a dívida do Brasil de 60 para mais de 850 bilhões de dólares, pagando juros de 50% ao ano

Ali Divandari
Ali Divandari

 

O governo de Fernando Henrique Cardoso “é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade. Criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava”, afirma o escritor, professor, cientista político e economista Thetonio dos Santos Júnior.

Na carta que endereçada ao presidente FHC, Theotonio dos Santos desconstrói o mito criado pela mídia do milagre econômico do Plano Real. Escreveu: “TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar (…) UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE?

Acrescenta Theotonio dos Santos

 

Irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou drasticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo

Meu Caro Fernando,

Segundo mito – Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal?

Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade. E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo.

Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava.

Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou drasticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo.

indignados mais ricos mais pobres

 

Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.

pobre rico colono colonizado

 

Expectativas y profecías

Por Alfredo Zaiat

escada
Como la economía es un espacio de disputa de poder, la construcción de expectativas es una de las trincheras más importante donde participan diferentes actores económicos y políticos. No se trata de la definición de la ortodoxia sobre las “expectativas racionales”, que postula que todos los agentes poseen el mejor conocimiento del funcionamiento de la economía y toda la información necesaria para definir sus comportamientos. Esa teoría afirma que así pueden evaluar riesgos y decidir en consecuencia su conducta y por ese motivo es muy difícil confundir a los agentes económicos. Es una concepción fallida que la realidad económica ha sabido refutar en varias oportunidades, especialmente en los mercados financieros. Distinto es el montaje de la “profecía autocumplida”, que es una predicción que directa o indirectamente conduce a convertirse en realidad. Si se propaga que va a escasear determinado alimento o combustible, muchos probablemente corran a comprarlo. El previsible comportamiento de acopio contribuirá a que aquella sentencia se convierta en realidad. Es, en sus comienzos, una definición falsa de una situación que conduce a un nuevo comportamiento que convierte en “verdadera” la mención inicialmente falsa. La construcción de esas profecías está muy ligada al manejo de las expectativas sociales sobre acontecimientos económicos. Por eso en ese terreno intervienen con intensidad diferentes actores políticos y económicos. Funcionarios del área económica y hasta la propia presidenta CFK disputan ese espacio con la oposición, grandes medios y grupos económicos. En el juego de orientar las expectativas, un grupo numeroso de economistas tiene un papel estelar.

El crecimiento espectacular de variadas plataformas de difusión de información, con el flujo al instante en Internet, la comunicación vía mail, la expansión de las redes sociales y los medios tradicionales, ha derivado en un canal impresionante de rápida distribución de todo tipo de análisis y especulaciones. En ese amplio mapa de circulación de noticias, la televisión sigue siendo uno de los principales modos de acceso a la información de quienes no leen diarios, apuntó el Premio Nobel de Economía Joseph Stiglitz en la conferencia sobre la libertad de prensa en la Facultad de Periodismo de la Universidad de Columbia, en mayo del año pasado. Stiglitz debería sumar la radio como una de esas vías masivas de conocer qué está pasando. Por ese motivo el ex economista jefe del Banco Mundial señaló que en la televisión (y también en la radio) “la concentración puede ser más perniciosa que en otras áreas”. Esa concentración de los medios deriva en otra que tiene como protagonista a un elenco de economistas mediáticos que circulan por estudios de televisión por cable y radios, además de ser editorialistas y fuente de gran parte de los medios escritos.

Esa expansión de los medios de comunicación en un mundo económico dominado por la incertidumbre generada por las finanzas globales, lo que ha acelerado los ciclos de auge y crisis, exacerbó esa excitación por conocer la palabra de los denominados gurúes. Ese grupo de economistas del turno mañana, tarde y noche de las pantallas y el micrófono son los delegados más populares del poder económico para la construcción de expectativas. Las controversias en materia económica que se desarrollan en los medios son el paraíso de los lobbies. Esos economistas son sus representantes más destacados que se dedican a señalar qué es lo que se debe hacer en la economía. Sostienen un discurso que exponen como técnico pero resulta fundamentalmente político e ideológico, aspectos que no es cuestionable, pero sí lo es cuando lo ocultan detrás de una falsa neutralidad.

La exageración de determinadas situaciones de tensión económica colabora para consolidar la presencia en los medios de esos hombres de negocios dedicados a la comercialización de información económica. La incertidumbre la van acentuando con el constante mensaje de una crisis inminente. Esos economistas son parte importante de la construcción de la sociedad del miedo, que convierte a las mayorías en una masa ansiosa por saber qué va a pasar en un mundo lleno de incertidumbre. Ellos se presentan como los portadores del saber. Diseminar temores facilita su tarea de disciplinar a una sociedad para que acepte situaciones que serían rechazadas si fueran ofrecidas en un marco normal. El miedo es el vehículo para condicionar el comportamiento colectivo. En una era de incertidumbre global, la meta es imponer de ese modo políticas impopulares.

Esa prédica es permanente pero adquiere más penetración cuando irrumpe algún acontecimiento económico que provoca incertidumbre, y en especial miedo por lo que puede suceder. Capturan la atención emitiendo mensajes que advierten acerca de que algo malo puede suceder. Avisan sobre un peligro potencial de consecuencias desastrosas para la economía y por lo tanto para el bienestar de la población. No importa si predicen desastres donde no los hay y posteriormente no se verifican, puesto que luego no son interpelados por la catástrofe que no fue. Esa eventual desgracia varía según el momento. Hoy es el default que no es.

Esta evaluación cualitativa sobre el rol de los economistas mediáticos no tenía hasta ahora un análisis cuantitativo conocido para mostrar la capacidad de construcción de expectativas, y a la vez para comprobar el predominio en el espacio público del pensamiento económico conservador en la interpretación de diversos acontecimientos.

(…) Una sentencia declarada verdadera pese a que no lo sea puede influir lo suficiente sobre la conducta de los agentes económicos, ya sea por miedo o confusión, de modo que sus reacciones convierten finalmente el hecho o sus efectos en verdaderos. Una vez que una persona se convence a sí misma de que una situación tiene un cierto significado, y al margen de que realmente lo tenga o no, adecuará su comportamiento a esa percepción, con consecuencias en el mundo real. De ese modo se van moldeando las expectativas sociales, hoy con el default, ayer con la inflación, mañana con el empleo y siempre con el dólar.

Buitres contra Argentina

por Emir Sader
La Jornada

Venció el plazo de la medianoche del día 30 de julio, y no han llegado a un acuerdo el gobierno argentino y los fondos buitres. Así, conforme el mismo representante del juez estadunidense que ya había fallado en favor de los fondos buitres, Argentina ha entrado en la situación de default.

No es la visión del gobierno de Cristina Kirchner. Argentina ha depositado, hace un mes, el pago a 93 por ciento de los propietarios de los documentos de su deuda renegociada, pero el juez Griesa ha bloqueado el pago, con su decisión de que tienen prioridad los fondos buitres. Justo los que no se han sumado a la renegociación de la deuda y que han comprado papeles sumamente devaluados. Amparados en la decisión de ese juez, quieren ahora recibir el pago de la deuda en su totalidad. Entre el precio que han pagado y lo que le quieren recibir, la ganancia es de la friolera de mil 600 por ciento.

El gobierno argentino les ofrece lo que ya acordó con el 93 por ciento mayoritario, lo que les propiciaría una ganancia de 300 por ciento. Pero el mercado siempre quiere más sangre. Quieren sangrar las reservas argentinas, a lo que se opone el gobierno del país sudamericano.

Un default raro, dice el gobierno, porque Argentina tiene los recursos e incluso ha depositado el pago del 30 de junio. De ahí la búsqueda de definiciones sui generis. La descalificada agencia de calificación Standard and Poor’s –la misma que consideró que en 2001 todo iba bien en Argentina, la misma que no previó nada de la crisis de 2008 en Estados Unidos– dijo que el país había entrado a un default selectivo.

Lo cierto es el absurdo de la situación de que el uno por ciento de los propietarios de los documentos de la deuda argentina se imponen al 93 por ciento y al propio país, amenazando su soberanía. Un país que había renegociado soberanamente la deuda heredada de la dictadura militar y del gobierno ultraneoliberal de Carlos Saúl Menem, y que había logrado construir una arquitectura compleja para lograr que la casi totalidad de los propietarios de los documentos de su deuda aceptaran la renegociación.

Cualquiera que sea la caracterización que predomine, Argentina entra en una fase de turbulencias. Este ya era el primer año, desde la recuperación económica de la peor crisis de su historia, en los años 2001 y 2002, que la economía tendría una recesión, prevista en 2 por ciento. Ahora se supone que el dólar retomará su tendencia al alza, la ya alta inflación de alrededor de 30 por ciento puede subir más y la normalización de los créditos externos, prevista para 2015, difícilmente se dará.

En principio nadie gana, en lo económico, con algún tipo de default, pero pueden ganar la oposición, si logra capitalizar las incertidumbres económicas, o Cristina Kirchner, si logra movilizar al país detrás de la defensa de su soberanía, en contra de los fondos buitres.

França
França
Brasil
Brasil
Argentina
Argentina

Intolerável o domínio das finanças sobre os povos

Francisco denuncia o escândalo da especulação sobre os preços alimentares 

  Spiros Derveniotis
Spiros Derveniotis

Não se pode continuar a tolerar que os mercados financeiros governem o destino dos povos, em vez de os servir. E um dos efeitos mais nefastos é o escândalo da especulação sobre os preços alimentares, que se repercute gravemente no acesso à alimentação por parte dos pobres, denunciou o Papa durante o encontro com os participantes num congresso organizado pelo Pontifício Conselho «Justiça e Paz», recebidos na manhã de 16 de junho na sala Clementina.

«É urgente – frisou o Papa – que os Governos do mundo inteiro se comprometam a desenvolver uma ordem internacional capaz de promover o mercado do investimento a alto impacto social, de modo a impedir a economia da exclusão e do descartável».

Cristian Topan
Cristian Topan

‘Investir para os pobres’

O Papa Francisco recebeu em audiência ao fim da manhã desta segunda-feira os participantes no Congresso “Investing for the Poor” (‘Investir para os pobres’), como contribuição na busca de vias atuais e praticáveis para uma maior equidade social.

Nas palavras que lhes dirigiu, o Papa elogia antes de tudo esta iniciativa de investimento responsável e de solidariedade com os pobres e excluídos, que estuda formas inovadoras de investimento que possam trazer benefícios às comunidades locais e ao meio ambiente, para além de um lucro justo.

De fato, o ‘Impact Investor’ configura-se como um investidor consciente da existência de graves situações de iniquidade, profundas desigualdades sociais e dolorosas condições de desvantagem enfrentadas por inteiras populações. Refere-se sobretudo a institutos financeiros que utilizam os recursos para promover o desenvolvimento económico e social das populações pobres, com fundos de investimento destinados a satisfazer necessidades básicas relacionadas com a agricultura, acesso à água, possibilidade de dispor de alojamentos dignos e a preços acessíveis, bem como serviços básicos de saúde e educação.

Além disso, estes investimentos pretendem produzir um impacto social positivo para as populações locais, tais como a criação de postos de trabalho, o acesso à energia, a educação e o crescimento da produtividade agrícola e os retornos financeiros para os investidores são mais baixos em relação a outras tipologias de investimentos. Observou o Papa:

A lógica que impulsiona estas formas inovadoras de intervenção é aquela que “reconhece a ligação original entre lucro e solidariedade, a existência de uma circularidade fecunda entre ganho e dom … A tarefa dos cristãos é redescobrir, viver e anunciar a todos esta preciosa e originária unidade entre lucro e solidariedade. Quanto o mundo contemporâneo precisa de redescobrir esta bela verdade!”

indignados fome

A economia da exclusão e do descarte

O Santo Padre considerou “importante que a ética reencontre o seu espaço na finança e que os mercados se coloquem ao serviço dos interesses dos povos e do bem comum da humanidade.

Não podemos tolerar por mais tempo que sejam os mercados financeiros a governar o destino dos povos, em vez de servir as necessidades destes, ou que alguns poucos prosperem recorrendo à especulação financeira, enquanto que muitos sofrem gravemente as consequências.

A inovação tecnológica  aumentou a velocidade das transacções financeiras, mas esse aumento só encontra sentido na medida em que se demonstra capaz de melhorar a capacidade de servir o bem comum.

Em particular a especulação sobre os preços alimentares é um escândalo que tem graves consequências para o acesso dos mais pobres à alimentação. É urgente que os Governos de todo o mundo se empenhem em desenvolver um quadro internacional susceptível de promover o mercado do investimento com elevado impacto social, de modo a contrastar a economia da exclusão e do descarte”.

BRA^PR_ODNP pobre pobreza

Panamá y Brasil. La corrupción no es cultura popular

Panamá = Brasil
Canal = Ferrovia
Istmo = Berço esplêndido

corrupção democracia

Alainet

 

 

La corrupción viene en muchas formas y tamaños. Lo que caracteriza a la corrupción, en general, es la forma en que los empresarios se apropian de los bienes públicos de manera fraudulenta. La corrupción no es parte de la cultura popular. Es el resultado de las condiciones estructurales que predominan en una sociedad.

La corrupción se presenta especialmente en las luchas para llegar al poder político y/o para conservar el poder político. Los distintos grupos sociales pugnan por alcanzar el poder político y usan – entre sus herramienta – la corrupción. Hay casos en que la corrupción es legalizada (hay leyes que la protegen) y/o legitimada (los valores sociales prevalecientes lo aceptan).

Políticamente, la corrupción en Panamá (y en el resto del mundo) es generalizada. Puede ser perseguida como delito, protegida por la ley y/o aceptada por los valores de la sociedad. En este sentido, hay quienes pretenden decir que la corrupción es parte de la cultura panameña. No hay algo más alejado de la realidad.

¿Qué se entiende por “cultura”? La cultura es lo que heredamos de nuestros antepasados. Hay que incluir todas las influencias que recibieron de otras culturas. Como diría un filósofo, somos dueños de nuestro destino pero subordinados a la realidad (cultura) de la cual formamos parte. Gran parte de la historia de Panamá (colonial y republicana) se asocia a la cultura “comercial” en la zona de tránsito (‘transitista’). Panamá ha experimentado otros momentos – breves – en que sectores o fracciones de clase productivas han logrado apoderarse de las instancias gubernamentales y orientado el país en otra dirección. (Se destacan los periodos del Estado Federal en el siglo XIX y el régimen militar del siglo XX).

El siglo XXI quizás constituye el período de mayor mercantilización de nuestra política. La generación de riqueza ha sido reducida casi exclusivamente a la circulación de mercancías. No hay producción. Panamá tiene, por ejemplo, un PIB de 36 mil millones de dólares según cifras oficiales. Apenas, 4 mil millones, un poco más del 10 por ciento, es generado por el sector productivo. El resto de la riqueza es producto de la especulación, en forma de comercio y de las transacciones internacionales que utilizan a Panamá como plataforma.

Los especuladores imponen una cultural consumista/mercantilista. En política el voto tiene un precio. En cultura la expresión artística tiene un precio. Todos los valores como la lealtad, la honradez y la amistad tienden a cotizarse en el merado. En la actualidad, la corrupción tiene un sabor a comercio.

La duración de este estilo de acumulación sin sustento productivo es históricamente muy breve. Puede durar 10 años. El país no produce, la riqueza pasa de las manos de los pobres a la de los ricos a escala mundial. Panamá que se encuentra en la ‘zona de tránsito’ recoge las migajas de los excedentes que circulan por el mundo.

A diferencia de los especuladores, los sectores productivos impulsan una cultura de trabajo y educación. La corrupción tiene un significado negativo y es condenada por la sociedad. No quiere decir que se erradica la corrupción. Es menos abierta pero igualmente orgánica. La corrupción que presenciamos en Panamá (o en cualquier otro país) es el resultado de las luchas entre los grupos y clases sociales que aspiran al poder. Hay una mala noticia y otra buena. La primera es que el problema de la corrupción no se puede resolver con leyes. Los corruptos meten más gente presa y aparecen muchos más para reemplazarlos. Como ocurre en la actualidad, la mayor parte de la población no cuenta con los recursos para defenderse. La buena noticia es que la corrupción puede resolverse mediante cambios claves o estratégicos en la estructura social. La educación es importante. Pero la educación tiene que concebirse para convertir a todos los jóvenes en trabajadores altamente calificados y productivos contribuyendo a crear nuevas riquezas en el país.

En la actualidad, el gobierno panameño que maneja un presupuesto superior a los mil millones de dólares para la educación manifiesta, abiertamente y en sus documentos, que quiere crear un sistema para formar trabajadores improductivos. El objetivo de quienes controlan políticamente el país es tener mano de obra abundante y barata para apropiarse de riquezas (o despojar a quienes tienen riqueza). Este sistema de educación (que se basa en la noción de “competencias”) sólo favorece a los grupos que acumulan sobre la base de la captura de excedentes de la producción de otros países que utilizan el istmo (sobre el cual se construyó el Canal) para pasar sus mercancías de manera más expedita.

La corrupción es un factor que frena y paraliza el desarrollo del país. Esta realidad panameña tiende a agudizarse desde la década de 1990 hasta el presente. Circula mucho dinero en manos de unos pocos. La gran mayoría de la población tiene “empleos informales” -no produce riqueza social- recibe remuneraciones precarias, se le impide participar políticamente y sus organizaciones son destruidas. Se convierten en “clientes políticos” de los grandes comerciantes y especuladores. El actual sistema político descarta al trabajador informal, lo excluye, lo margina. Eso se llama corrupción.

corrupção geral todo povo

Papa Francisco: “A corrupção produz privilégios para alguns e injustiças para muitos”

 

A abundância da produção de alimentos no mundo inteiro permitiria dar de comer a toda a população do planeta. No entanto, ainda hoje milhões de pessoas sofrem e chegam a morrer de fome. Trata-se de um verdadeiro escândalo, que se manifesta na indiferença total. Foi quanto reiterou o Papa Francisco, dirigindo um discurso aos participantes na trigésima oitava conferência da Organização das Nações Unidas para para a Alimentação e a Agricultura (Fao).

 Alfredo Sábat
Alfredo Sábat

As iniciativas e as soluções possíveis são numerosas, e não se limitam ao aumento da produção. Sabe-se que a produção actual é suficiente, e no entanto ainda existem milhões de pessoas que sofrem e morrem de fome: estimados amigos, isto constitui um verdadeiro escândalo! Então, é necessário encontrar os modos para que todos possam beneficiar dos frutos da terra, não apenas para evitar que se alargue o fosso entre quantos são mais abastados e aqueles que se devem contentar com as migalhas, mas também e sobretudo para uma exigência de justiça e de equidade, bem como de respeito devido a cada ser humano.

 

Na minha opinião, o sentido deste nosso encontro consiste em compartilhar a ideia de que se pode e se deve fazer algo mais para dar vigor ao esforço internacional a favor dos pobres, animados não apenas de boa vontade ou, o que é pior ainda, por promessas que muitas vezes não foram mantidas. Também não se pode continuar a aduzir como álibi, um álibi quotidiano, a actual crise global, da qual de resto não será possível sair completamente, enquanto as situações e condições de vida não forem consideradas através da figura da pessoa humana e da sua dignidade.
Pessoa e dignidade humana correm o risco de se tornarem uma abstracção diante de questões como o uso da força, a guerra, a subalimentação, a marginalização, a violência, a violação das liberdades fundamentais ou a especulação financeira, que neste momento condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer outra mercadoria, esquecendo-se do seu destino primário. A nossa tarefa consiste em voltar a propor, no actual contexto internacional, a pessoa e a dignidade humana já não como uma simples referência, mas sobretudo como pilares sobre os quais construir regras que sejam compartilhadas e estruturas que, ultrapassando o pragmatismo ou os simples dados técnicos, sejam capazes de eliminar as divisões e preencher as lacunas existentes. Neste mesmo sentido, é necessário contrastar os interesses económicos míopes e as lógicas de poder de poucos, que excluem a maioria da população mundial, gerando pobreza e marginalização com efeitos desagregadores na sociedade, assim como se deve combater aquela corrupção que produz privilégios para alguns e injustiças para muitos.

(Transcrevi trecho do discurso do Papa Francisco)

Videla sostuvo el liberalismo económico

por Alberto Amato – Especial para Los Andes

ar_losandes.videla emblema

Su vida estuvo signada por la muerte. Cuando nació, el 2 de agosto de 1925, sus padres decidieron bautizarlo con el nombre de dos hijos anteriores, mellizos, Jorge y Rafael, que nacieron en 1922 y murieron antes del año.

Desde ayer, cuando la muerte lo sorprendió en una celda del penal de Marcos Paz, Jorge Rafael Videla entró a la historia no como hubiese querido, sino como el primero de los dictadores argentinos que muere tras las rejas, con cadena perpetua, acusado de crímenes de lesa humanidad, incluido el robo de bebés, cometidos mientras fue dueño del poder en la Argentina tras el asalto al poder del 24 de marzo de 1976. Su gestión duró cinco años, la más larga de un militar de facto en la Rosada.

Hasta el golpe que lo puso al frente del Proceso de Reorganización Nacional, como se definió a sí misma la última dictadura, Videla fue un desconocido para gran parte de la sociedad. Un militar gris, taciturno, enigmático, más devoto del orden cerrado que de la alta estrategia, pundonoroso y casi arcano. Así recorrió la escalera militar, sacudida durante tres décadas y media por los años que precedieron y siguieron a la caída de Perón, a la estigmatización del peronismo y a la división profunda de la sociedad y de las Fuerzas Armadas.

Videla atravesó esas arenas movedizas impecable y apartado, casi agazapado a la espera de su momento: subteniente en 1944, alumno de la Escuela Superior de Guerra entre 1952 y 1954, jefe de cadetes del Colegio Militar durante la Revolución Libertadora, en el ministerio de Defensa entre 1958 y 1960 y en el Estado Mayor del Ejército cuando los enfrentamientos militares entre “azules” y “colorados” de 1962 y 1963, jefe de operaciones en Tucumán en 1968 y en la Córdoba post Cordobazo de 1970, hasta la Jefatura del Estado Mayor del Ejército a fines de 1973, y con Perón presidente, lo que suponía un paso previo al retiro.

Pero Videla nunca fue lo que mostraba. Detrás de aquel oficial alto, delgado, rígido, formal y reposado, obediente y adusto, se ocultaba el hombre que alentó y sostuvo la matanza que desencadenó el “proceso” y que fue más allá de la excusa inicial de eliminar a la guerrilla, para atacar a vastos sectores de la sociedad en cada rincón del país. Y para inaugurar también la figura del “desaparecido” con la que el poder militar, Videla a la cabeza, intentó ocultar sus crímenes.

En 1977 Videla habló de la “guerra” contra la subversión para mencionar a los desaparecidos. Dijo que en toda guerra hay gente que sobrevive, otros que quedan incapacitados, otros que mueren y otros que desaparecen: “Argentina está finalizando esta guerra y debe estar preparada para afrontar sus consecuencias. La desaparición de algunas personas es una consecuencia no deseada de esta guerra”.

Videla sabía que los desaparecidos habían sido secuestrados, torturados, asesinados, sus cadáveres ocultados o arrojados a las aguas y que no se trataba de “una consecuencia no deseada de esta guerra”, sino de una política del Estado que él presidía. Lo reveló hace poco en el libro “Disposición final”, de Ceferino Reato, en el que confesó que a los desaparecidos les adjudicaban esa condición, la que le dan en los cuarteles a los desechos militares.

Nada de todo esto pudo hacer Videla sin el apoyo de una sociedad civil que vio en el golpe militar un freno a la violencia de esos años y al descalabro económico del gobierno de Isabel Martínez, o que se sintió cómoda con las condiciones económicas establecidas por la dictadura, o que vivió aterrada por el monstruo que la acechaba en cada esquina en cada noche, con esa calma resignación con que la sociedad argentina acepta ser gobernada por el miedo o la extorsión, ya sea en dictadura o democracia, o que directamente lo aclamó en los logros deportivos.

Videla contó incluso con el apoyo de una gran parte de la Iglesia argentina, ligada desde la colonia al poder militar, que no sólo brindó consuelo a los torturadores, sino que le permitió presentarse como un soldado de Cristo y que apenas alzó su voz, tenue y para que quede registro, ante los crímenes del proceso y el asesinato de sus monjas, sacerdotes y obispos.

Si por limitaciones intelectuales Videla no fue el ideólogo del plan represivo, sí fue parte y cerebro del montaje de los 364 centros clandestinos de detención instalados en el país, de la decisión de establecer la pena de muerte a través de Consejos de Guerra, de la prohibición de toda actividad política, del cierre del Congreso para reemplazarlo por triunviros militares, del impulso al Plan Cóndor en unión con las fuerzas represivas de países vecinos, y de la conformidad al accionar clandestino de las fuerzas armadas, que merecieron hasta el repudio de otro dictador, Alejandro Lanusse, que exigió que al menos el Ejército actuara “por derecha” en aquellos años terribles.

La intención de Videla no era transparentar el terror. Era ocultarlo bajo el aura de su personalidad tensa y envarada. El choque de esos dos caracteres se reflejaba incluso en su lenguaje corporal: se elevaba sobre las puntas de sus pies, torcía a derecha y a izquierda su cuello atenazado por la corbata, fruncía el entrecejo y retorcía sus bigotes en un gesto que hubiese sido chaplinesco de tratarse de otro rostro.

Ese falso espejo reflejado en el azogue del espanto permitió la creencia de que había un Videla blando, moderado, conciliador, frente a otros militares dispuestos a una matanza aún mayor. Recién sobre el final de su vida, Videla admitió la lógica que había llevado a las fuerzas armadas a la eliminación física de sus adversarios: “No, no se podía fusilar -dijo en 1998- Pongamos un número, pongamos cinco mil. La sociedad argentina no se hubiera bancado los fusilamientos. No había otra manera”.

 
El inicio de la especulación financiera y la multiplicación de la deuda externa
 
Videla sostuvo también, convencido de sus beneficios, el liberalismo económico que encarnó su poderoso ministro de Economía, José Alfredo Martínez de Hoz y que desembocó en la ruina de la siempre incipiente industria argentina, en el desguace de las leyes laborales, en el desmantelamiento de los sindicatos (para cumplir la teoría de la Revolución Libertadora que decía que para terminar con el peronismo había que terminar con las chimeneas), la eliminación de las barreras arancelarias, el inicio de la especulación financiera y la multiplicación de la deuda externa.

En 1985, bajo el gobierno de Raúl Alfonsín fue juzgado y condenado a reclusión perpetua y a destitución por crímenes de lesa humanidad. El presidente Carlos Menem lo indultó en 1990. Volvió a la cárcel en 1998 por una causa por el robo de menores, recién nacidos, en los campos de concentración. En 2010, la Corte Suprema ratificó la inconstitucionalidad del indulto de Menem y lo confinó a la cárcel de máxima seguridad de Marcos Paz.

El ex teniente general se lleva a la tumba los secretos más terribles de una época de la historia contemporánea del país que se cierra sólo a medias con su muerte, entre ellos, el destino de miles de personas que todavía son “desaparecidos”.