Da incomunicabilidade dos divinos poderes

PT deixou de ser partido.
Virou uma religião

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O macaco é sagrado em várias partes do mundo. Devia ser aqui. As tribos da África Ocidental reverenciam nele uma figura ancestral, que representa a malícia. No hinduísmo honram o deus macaco Hanumam. No Japão os três Macaquinhos Místicos que não vêem nenhum mal, não ouvem nada de mal, e não dizem nada de mal.

Creio assim oficializada uma nova seita, tendo em vista a nossa vocação para o ecletismo religioso.

O primeiro Macaquinho não escuta

O ministro da Fazenda Antonio Palocci disse que “uma transformação silenciosa está acontecendo na economia brasileira”. Em discurso na inauguração do Sistema Integrado dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, Palocci revelou que essa transformação silenciosa está permitindo que o Brasil consiga um desenvolvimento que se estende às camadas mais pobres da população, o que não ocorreu em processo semelhante no passado.

Palloci esqueceu de avisar se promoveram uma integração idêntica entre os bancos oficiais, a Receita Federal e a Previdência.

O segundo Macaquinho não fala

Temos o sigilo bancário, o foro especial e o segredo de justiça. José Dirceu inclusive anunciou que o governo pretende criar uma categoria de documento jamais vista: o de segredo eterno. Justiça seja feita, vai oficializar a prática do engavetamento para toda a eternidade, como sempre aconteceu com as CPIs. Um modismo que vem dos tempos do “nada a declarar” do ministro Alfredo Buzaid, no governo Médici.

É o país das autoridades amordaçadas, e que apenas falam abobrinha e mungangem. Fica explicado porque jornalista faz campanha contra a regulamentação da profissão e do trabalho. Todo mundo virou precário em relações públicas das personagens do Panteão nacional.

O terceiro Macaquinho não vê

O Brasil é o país da escuridão total. Ninguém jamais viu um sorteado das loterias da Caixa Econômica, um negócio tão rendoso que Val e Cachoeira queriam o controle. Encantaram até os prédios das prisões especiais para hospedar os ladrões de colarinho (de) branco.

Aviões carregaram para o Uruguai o ouro de Serra Pelada. E ninguém viu. Transportaram nos aviões Franco CC-5, para os paraísos fiscais, cerca de 250 bilhões de dólares nos oito anos terminais do governo FHC. Ninguém viu.

No começo do governo Lula era prestígio ostentar uma carteirinha do PT. Foi o caso do frei Tito, que não quis ser militante na nova religião. Não nasceu com a vocação de Talleyrand, bispo de Antun.

 

Pavel Constantin
Pavel Constantin

Publicado em 28/02/2005 no Aqui e Agora.  Seis anos depois, em 2011, entrou em vigor a Lei da Transparência que ainda não vigora em nenhum poder da República Federativa do Brasil. Vamos deixar para um futuro distante o direito do povo ser informado. E ressaltar a harmonia entre os três poderes. A necessidade de um poder conhecer o que o outro faz.  

Esdruxulamente, esse papel de ligação entre os poderes vem sendo realizado por uma imprensa parcial. 

Poder (do latim potere) é a capacidade de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, o império. Poder tem também uma relação direta com capacidade de se realizar algo, aquilo que se “pode” ou que se tem o “poder” de realizar ou fazer.

O poder vai até onde a informação chega. No Brasil são simbólicos: o nome de Rio da Integração para o São Francisco, os postes das linhas telegráficas do marechal Rondon, e a Hora do Brasil, programa radiofônico criado em 1934, durante o Estado Novo, e retransmitido obrigatoriamente por todas as emissoras do país, entre 19 e 20 horas, desde 1938.

Da transparência. Democracia Um país que possui foro especial, neologismo para justiça secreta, não existe transparência.

A Lei da Transparência é para inglês ver. No 

Art. 3o: Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes:

I – observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;

II – divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações;

III – utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação;

IV – fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública;

V – desenvolvimento do controle social da administração pública.

“Sigilo como exceção”, escárnio, piada, que o Brasil se tornou o país das fantasiosas, perdulárias, bombásticas e espetaculares comissões parlamentares de inquérito e das operações policiais. Que representam uma inútil busca da transparência, da quebra do silêncio, da ormità, do sigilo, do segredo. Acrescente-se que, em caráter confidencial, dissimulado, privado, essas investigações também existem dentro do judiciário.  

 

 

O Superior Tribunal Eleitoral da Santa Inquisição. O sacrilégio do Manifesto Alerta Brasil

censura imprensa televisão indignados

 

 

Os jornalistas mineiros lançaram o Manifesto Alerta ao Povo  Brasileiro:

Nós, jornalistas mineiros reunidos na noite de 15 de outubro de 2014, em Belo Horizonte, vimos manifestar à sociedade brasileira as nossas apreensões quanto ao grave momento vivido pelo país às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais:

1. Estarrecida, a opinião pública mineira e brasileira deparou-se nos últimos meses com uma escalada da cobertura jornalística das eleições pelos meios de comunicação em claro favorecimento de candidaturas à Presidência da República, seja por meio da manipulação de informações políticas e econômicas, seja pela concessão de espaços generosos a um candidato em detrimento dos outros. Tais fatos, públicos e notórios, são sobejamente atestados por instituições de pesquisa e monitoramento da mídia, revelando uma tentativa de corromper a opinião pública e de decidir o resultado das urnas.

2. Infelizmente, tais práticas antidemocráticas, que atentam contra os princípios constitucionais da liberdade de expressão e manifestação e do direito à informação, fizeram parte do cotidiano da comunicação em Minas Gerais, atingindo nível intolerável nos governos de Aécio Neves. Leia mais aqui

Em Carta Maior, Antonio Assange denuncia que o TSE agiu como censor, e acaba de violar o processo eleitoral brasileiro. Leia aqui.

O TSE não ficou apenas no esconde-esconde da vigilância da Gestapo nas redações dos jornais, rádios e televisões mineiras. A Gestapo de Aécio que ajoelhava, batia, demitia e prendia jornalistas.

 

TSE suspende novo trecho da propaganda de Dilma

 

TSE gestapo

O texto informava que o candidato Aécio Neves (PSDB) construiu um aeroporto em terreno de sua família e mantinha as chaves “nas mãos de seu tio”, em referência ao aeródromo na cidade mineira de Cláudio, o escravo.

A propaganda, veiculada na quinta-feira (16), não pode mais ser exibida, segundo decisão do ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.

 

Dilma: “PSDB esconde corrupção debaixo do tapete”

 

liberdade expressão censura apagão indignados

Sem mostrar trégua quanto ao passado do PSDB marcado por escândalos de corrupção, a presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) disse que o PT não tem hábito de engavetar denúncias perante o adversário Aécio Neves (PSDB), no segundo debate presidenciável promovido por UOL, SBT e Jovem Pan nesta quinta-feira (16/10). A exemplo do último encontro na Rede Bandeirantes, há três dias, a petista voltou a enumerar casos não resolvidos em gestões tucanas.

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Mesmo com o tom agressivo de Aécio, Dilma não se intimidou e afirmou que os governos petistas não “engavetaram os escândalos” e não têm costume de “escondê-los debaixo do tapete”. “Ao contrário do passado, a Polícia Federal não era dirigida por filiados do PSDB. A PF investigou e vai punir implacavelmente”, disse. “Onde estão os corruptos da compra de votos da reeleição? Todos soltos. Onde estão os corruptos do metrô de SP e dos trens? Todos soltos. (…) Da ‘privataria tucana’?, todos soltos”, respondeu Dilma.

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Nos dois debates presidenciais, Dilma tem respondido aos questionamentos de Aécio sobre corrupção, afirmando que não tolera tal prática e que em seu governo, os culpados são realmente punidos. A petista rebateu as insinuações do tucano ao dizer que os órgãos fiscalizadores não têm a mesma independência com as gestões do PSDB.

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Entre os casos mal resolvidos dos tucanos, estão o escândalo da Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), que foi a primeira grande denúncia contra o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que derrubou um ministro e dois assessores presidenciais, sob acusações de corrupção e tráfico de influência no contrato de US$ 1,4 bilhão para criação do órgão.

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O caso de compras de votos para aprovação da emenda constitucional da reeleição, em 1997, também no governo de FHC, é considerado o primeiro grande Mensalão na história recente do Congresso Nacional. As denúncias envolveram o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta (PSDB), e dois parlamentares do antigo PFL, atual DEM – partido aliado de Aécio –, que admitiram em gravações o recebimento de R$ 200 mil pelo voto.

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Dilma também citou o Mensalão Mineiro, esquema de caixa 2 montado em benefício de 159 políticos, principalmente o então candidato derrotado ao governo de Minas Gerais em 1998, Eduardo Azeredo (PSDB).

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Por último, a presidenta voltou a colocar em debate o cartel no Metrô e na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), mantido entre 1998 a 2008, sob tutela dos governos paulistas de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. O esquema milionário foi orquestrado para desviar recursos públicos por meio de acordo entre representantes do governo paulista e empresas, que juntas, combinaram preços em licitações e obter contratos superfaturados.

 

muda mais

 

Debate eleitoral, a hora da verdade que a mídia esconde

A cara de cínico

 

A cara de cínico, contendo o riso de malandro.  O eterno playboy acostumado a bater em mulher, a censurar jornalistas, no debate da SBT foi obrigado a escutar verdades jamais ditas. Dilma não teve medo dos milicos na ditadura. E enfrenta todo santo dia o pantin da imprensa golpista. T.A.   

UM DEBATE PARA CAIR NA RUA, NA BOCA DO POVO

 

Enio
Enio

 

por Fernando Brito

Claro que os comentaristas da imprensa vão dizer que o debate foi ruim para os dois candidatos, tamanha foi a troca de acusações entre Dilma e Aécio.

Mas ele teve um grave problema para Aécio Neves, agravado pelo horário em que foi ao ar, fora das maratonas madrugadoras dos encontros anteriores.

Foi o de colocar “na rua” os fatos que pouco ou nada estavam na boca do povo.

O nepotismo.

A propaganda oficial nas rádios de propriedade dele.

O sumiço do dinheiro da Saúde e da Educação em Minas.

A corrupção engavetada do tucanato.

E, claro, o aeroporto do titio, este já de maior conhecimento público.

Mesma situação do episódio da recusa de Aécio ao teste do bafômetro.

Além de tocar na acusação de Paulo Roberto Costa ao então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, ter levado algum para parar – como parou – a CPI da Petrobras em 2009, colocando o tema em pauta e impedindo que a mídia em geral “engavete” a REPORTAGEM DA FOLHA.

Depois de um começo mais tenso, Dilma se soltou.

Politizou a falta d’água em São Paulo.

Ao ponto de um impagável “Aécio, isso é feio…”

Aécio estava visivelmente nervoso, até porque sabe, nos levantamentos que tem, que já estava em situação mais desvantajosa do que aquela que as pesquisas apontam.

Foi-lhe cobrado ser mais agressivo – inclusive publicamente por Ricardo Noblat, que escreveu um post em seu blog intitulado “OU AÉCIO PARTE PARA CIMA DE DILMA OU MORRERÁ NA PRAIA” – e foi.

Mas talvez não contasse com que Dilma fosse também e repisasse o que saiu só lá pela meia-noite no debate da Band.

E Dilma foi muito mais dura.

E colhe daí um benefício extra-debate.

Incendiou seus apoiadores e mostrou-lhes que é hora de partir para cima, sem os punhos de renda que marcam boa parte da esquerda.

Pode ser que tenha sido, até, um pouco mais agressiva do que recomendariam as boas técnicas de marketing, mas como Aécio foi também, isso não é um prejuízo.

Porque até agora, a “guerra” era, na verdade, um massacre unilateral da aliança mídia-tucanato.

E já não é mais.