Valor não inclui doações efetuadas para o segundo turno, cujo prazo de prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se encerra na próxima semana
por Márcio de Morais
Aécio e Bláblá afagados pela Lava Jato
O “clube” formado pelas empreiteiras acusadas de integrar o esquema de corrupção denunciado à Justiça pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, no âmbito da operação Lava Jato da Polícia Federal, repassou R$ 160,7 milhões aos principais partidos de oposição ao governo federal no Congresso Nacional. Do total, R$ 129,34 milhões foram destinados ao PSDB, R$ 15,85 milhões ao DEM e R$ 15,57 milhões, ao PSB.
O “clube”, como os próprios membros se autodenominam nos grampos autorizados pela Justiça é formado por dez empresas investigadas por formação de cartel destinado a controlar as obras da estatal em projetos de expansão e construção de polos petroquímicos, refinarias e extração de petróleo.
Além das construtoras Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix e Toyo Setal, o grupo reconhecia dentro do próprio esquema uma hierarquização que classificava como “VIP” as suas comparsas Camargo Correa, UTC, OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, consideradas as maiores do país.
As doações contribuíram para eleger candidatos tucanos como os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Beto Richa (PR) e os senadores José Serra (SP), Álvaro Dias (PR), Antônio Anastasia (MG).
Também financiou candidaturas tucanas derrotadas à Presidência e governos estaduais, como as do senador mineiro Aécio Neves e Pimenta da Veiga, que concorreu e perdeu o governo de Minas para o petista Fernando Pimentel.
Os recursos financiaram, ainda, a candidatura da ex-senadora Marina Silva (PSB), sucessora dos recursos destinados ao falecido ex-governador pernambucano Eduardo Campos, candidato socialista morto em 13 de agosto na queda do avião Cessna Citation em Santos (SP), em que viajava para compromissos eleitorais no Guarujá.
Valor parcial – Para obter os dados relativos ao repasse de financiamento eleitoral, a Agência PT de Notícias fez minucioso levantamento no sistema compulsório de prestação de contas de partidos e candidatos, disponível na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet. Os dados ainda não são definitivos e podem ser ainda maiores. As doações aos candidatos que foram ao segundo turno, como Aécio Neves, são apenas parciais. Referem-se aos valores efetivamente repassados antes de 5 de outubro, data do primeiro turno de votação.
O valor de R$ 160,7 milhões diz respeito apenas às doações aos partidos, que são apresentadas destacadamente dos valores repassados individualmente a cada candidato. Desse subtotal ainda não constam as doações do segundo turno das eleições realizadas em 26 de outubro, cujo prazo para prestação de contas à Justiça Eleitoral encerra-se na próxima terça-feira, dia 25, exatos 30 dias após o término do pleito.
Apesar disso, os dados mostram que as construtoras Odebrecht e OAS doaram R$ 2 milhões cada uma ao candidato tucano apenas na primeira etapa da eleição. Individualmente, Aécio Neves recebeu doações totais de quase R$ 40,7 milhões até o dia 2 de setembro, última prestação relatada pelo TSE na web.
O maior arrecadador do grupo oposicionista é o PSDB. Ao diretório nacional foram destinados pouco mais de R$ 165 milhões e, ao comitê presidencial, R$ 140,6 milhões. O partido foi a quem o ”clube” destinou maior volume de dinheiro para campanha: pouco mais de R$ 78 milhões, ou cerca de 55% dos recursos de financiamento ao candidato à Presidência.
O DEM aparece em segundo lugar, com pouco mais de R$ 53 milhões de arrecadação total, sendo que R$ 15,8 milhões saíram do “clube”. Como não tinha candidato próprio ao Planalto, não há registro de doações ao comitê presidencial do partido.
Já PSB recebeu quase R$ 36 milhões em doações até o primeiro turno, segundo o TSE. Cerca de 40% do total, ou seja, R$ 15,57 milhões, tiveram origem no “clube”, sendo R$ 10,6 milhões registrados em nome do diretório nacional e os demais R$ 4,95 milhões no comitê presidencial. In Plantão Brasil
Tanto mais luz se joga sobre o período, mas aparecem os esqueletos produzidos e escondidos pela ditadura militar. Ontem foi o texto do Fernando Brito, no Tijolaço, jogando luz a um dos muitos episódios da ditadura. É mais do que sabido, mas provado e comprovado, que ditadura é corrupção pela simples existência, e que, não contentes com isso, prendiam, torturavam, estupravam e depois esquartejavam as pessoas que ousavam discordar deles. Fazer uma denúncia significa assinar uma sentença de morte, como prova o caso Vladmir Herzog.
Como escreveu um tucano assumido, Ricardo Semler, “Nunca se roubou tão pouco”. O que acontece é que agora a Polícia Federal pode investigar, o Ministério Público pode atuar. O Procurador Geral não é mais um Engavetador Geral. As coisas só não andam melhores porque no STF ainda há um Silenciador Geral.
A entrevista a seguir, publicada hoje na Folha de São Paulo, é uma lição para os saudosos da ditadura militar, e os estrábicos ideológicos que não sabem fazer outra coisa senão manifestar ódio de classe.
Não fossem as manipulações dos a$$oCIAdos do Instituto Millenium e teríamos avançado ainda mais na transparência e na lisura das instituições públicas. O problema maior está em que as cinco irmãs (Globo, Veja, Estadão, Folha & RBS) protegem seus parceiros, silenciando e omitindo, ao mesmo tempo que atacam e aumentam tudo o que diz respeito àqueles que Judith Brito escolheu para adversários.
ENTREVISTA PEDRO HENRIQUE PEDREIRA CAMPOS
Empreiteira que soube usar a corrupção cresceu mais
AUTOR DE LIVRO SOBRE RELAÇÃO ENTRE GOVERNO E CONSTRUTORAS NA DITADURA DIZ QUE LAVA JATO NÃO DIMINUIRÁ PODER DO SETOR
Enrico Bertuccioli
por Carol Prado
Não é de hoje que empreiteiras têm enorme influência no governo. O poder e a participação delas em escândalos de corrupção têm origem em relações criadas ainda durante a ditadura militar.
A conclusão é resultado de pesquisa realizada pelo historiador Pedro Henrique Pedreira Campos, 31, durante quatro anos. No livro “Estranhas Catedrais. As Empreiteiras Brasileiras e a Ditadura Civil-Militar” (Editora da UFF, 2014), ele conta como o setor de infraestrutura teve participação ativa no golpe de 1964 e conseguiu se manter próximo ao Estado mesmo após a redemocratização.
Para o pesquisador, mecanismos de fiscalização mudaram aspectos da relação entre empreiteiras e governo, revelando casos de corrupção que antes eram acobertados.
Mas ele ainda é pessimista sobre os impactos da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de desvios na Petrobras e prendeu executivos das maiores empreiteiras do país: “O que a operação traz à tona a gente já viu inúmeras vezes”, afirma.
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Folha de S. Paulo – No livro, o senhor diz que irregularidades com empreiteiros podem ser entendidas não como simples desvios, mas traços da dinâmica do capitalismo. Por quê?
Pedro Campos – A gente tenta ler a corrupção como exceção. Mas o que eu noto, considerando a história do capitalismo, é que a apropriação do público pelo privado é mais uma regra. As empreiteiras calculam a corrupção para obter lucro. Assim, se eu tenho que lucrar com uma obra, vou usar todos os métodos disponíveis. Um bom empreiteiro é o que faz a obra e a faz lucrativa. A lei de licitações, regida pelo menor preço, acaba criando esse tipo de artifício. A empresa chega com um preço muito baixo, então não cumpre o contrato ou acaba indo por meios ilícitos para tornar a obra mais lucrativa. As empresas que mais cresceram são as que mais souberam se corromper.
O que a Operação Lava Jato representa, ou pode representar, nesse cenário?
Eu, sinceramente, não sou muito otimista em relação aos impactos da operação. O que ela traz à tona a gente já viu inúmeras vezes. O que é interessante é que ela tem uma escala muito elevada, são valores muito altos relacionados a desvios na maior empresa brasileira.
É também impactante que importantes executivos tenham sido presos. No entanto, os donos das empresas, os empreiteiros de fato, não estão presos. A gente já teve escândalos envolvendo algumas das mesmas empreiteiras que hoje aí estão acusadas e que se mantiveram poderosas, não perderam contratos. Empresas pequenas podem até ser marginalizadas, mas não acredito que empresas como Odebrecht e Camargo Corrêa venham a se tornar inidôneas.
O senhor afirma que, antes da ditadura, as maiores empreiteiras do país já eram fortes, principalmente por causa das obras do governo JK. O que mudou com o golpe de 1964?
Durante a ditadura, elas tiveram acesso direto ao Estado, sem mediações, sem eleições. Havia um cenário ideal para o seu desenvolvimento: a ampla reforma econômica aumentou recursos públicos disponíveis para investimentos e mecanismos legais restringiram gastos para a saúde e educação e direcionaram essas verbas para obras públicas, apropriadas pelas empreiteiras –grandes projetos, tocados sob a justificativa do desenvolvimento nacional, como a [rodovia] Transamazônica, a usina de Itaipu e a ponte Rio-Niterói.
A impressão que tenho é que essas empresas têm saudades da ditadura, já que não existiam mecanismos de fiscalização de práticas corruptas. Elas não eram alvos de escândalos nacionais, porque isso não era investigado.
Esses mecanismos causam incômodo significativo hoje?
Sim. Mas, ao mesmo tempo, elas mantêm práticas daquela época –por exemplo, o descuido com a segurança do trabalhador. Vimos isso durante as obras da Copa do Mundo. Isso acontece porque elas precisam ter uma margem de lucro maior e, nesse sentido, ainda existe certa conivência do Estado, que mal fiscaliza as condições de trabalho. Da mesma forma, eles ainda tentam por todas as vias conseguir contratos, viabilizar obras e ganhar o máximo possível. Para isso, mantêm as práticas ilegais.
É comum ouvir que, na época da ditadura, a corrupção era menor. Pode-se dizer isso?
O que eu percebo é que a gente não tinha acesso aos casos de corrupção. Eles não vinham à tona, o que não quer dizer que não existiam. Eu diria que, em relação ao aparelho de Estado, a apropriação era ainda maior. Hoje essas empreiteiras estão sujeitas a órgãos de fiscalização e volta e meia são alvo de denúncias.
São as instituições da democracia que conseguem revelar esses casos: o Ministério Público e a Polícia Federal. É um mérito dos governos recentes o investimento nesses mecanismos. Mas, ao mesmo tempo, eles também mantiveram estruturas, em relação à distribuição de cargos, que facilita a corrupção.
Há indício ou prova de participação direta das empreiteiras no golpe de 1964?
A entidade-chave é o Ipes [Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais], composto principalmente por empresários que financiaram o centro que buscava desarticular o governo João Goulart e montar um novo projeto de Estado. Muitos empreiteiros atuaram no instituto, que teve participação ativa no golpe. Haroldo Poland, por exemplo, presidente da empreiteira Metropolitana, era um ativo financiador do Ipes.
Quais nichos foram criados para o setor de infraestrutura durante a ditadura militar?
O portfólio dessas empresas ficou mais complexo. Antes, elas eram empreiteiras rodoviárias; após o golpe, adquiriram experiência na construção de metrôs, usinas hidrelétricas e nucleares, grandes aeroportos e obras industriais, como parques frigoríficos, refinarias e polos petroquímicos. Com o tempo, no final da década de 60, começaram a atuar fora do Brasil e se tornaram grandes multinacionais.
Como as empreiteiras conseguiram sobreviver ao processo de redemocratização?
Isso tem a ver com as características específicas da redemocratização no Brasil. Foi uma transição pactuada, lenta, sem tomada de poder por forças oposicionistas.
Nesse processo, algumas figuras políticas não perderam poder, foram reposicionadas. Agentes do regime se mantiveram e, consequentemente, as empreiteiras a eles associadas também. Figuras como [José] Sarney e Antonio Carlos Magalhães não foram marginalizadas. Muito por isso, alguns projetos da ditadura recorrentemente são retomados –a ferrovia Norte-Sul, as grandes hidrelétricas, a transposição do rio São Francisco, o trem-bala.
O próprio Minha Casa, Minha Vida guarda semelhanças com os empreendimentos do BNH [Banco Nacional de Habitação]: grandes condomínios feitos em escala quase industrial, beneficiando muito as construtoras.
Quais empreiteiras mais cresceram durante o regime?
O crescimento mais impressionante foi o da Odebrecht. Era uma pequena empresa regional, com alguma importância no Nordeste, e começou a crescer quando construiu o edifício-sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. A partir daí, saiu do Nordeste e fechou contratos estratégicos da ditadura, como a obra do aeroporto de Galeão e da usina Angra 1. No final da década de 70, iniciou a atuação no exterior e, na década seguinte, começou a fazer fusões e aquisições.
A forma como essas empresas influenciam as decisões do Estado se mantém?
Hoje, assim como na ditadura, elas não atuam de forma individual. Claro que alguns dos maiores empreiteiros têm relação direta com alguns políticos. Mas a maioria dessas empresas tem sindicatos e organizações que levam ao Estado projetos de obras, tentam pautar políticas públicas e forçam o direcionamento do orçamento.
Mas muito mudou. Se elas têm saudade da ditadura, é porque eram ainda mais poderosas naquela época. Hoje, há menos obras e elas não têm acesso tão fácil ao Estado. O mecanismo de atuação política dos empresários, que era mais direcionado ao Executivo e às agencias, foi diversificado. O trabalho passou a ser junto ao Legislativo e aos partidos, por meio de financiamento das campanhas.
O senhor considera o financiamento de campanhas um dos motores da corrupção ligada a essas empresas?
Não é um motor, mas uma peça muito importante. O financiamento empresarial compromete toda a gestão futura. Se o empresário está pagando, ele vai ter poder sobre o governo que vai ser eleito. É a lógica de que quem financia governa junto.
O primeiro roubo contra a Petrobras, o mais danoso, foi sua entrega ao capital estrangeiro. De empresa estatal, passou a ser empresa de capital misto, pra lá de misturado, tanto que não se sabe quem é verdadeiramente o dono da quarta maior empresa petrolífera do mundo: se o povo brasileiro se os acionistas. Também é desconhecida a nacionalidade desses acionistas, quando já foi anunciado que o especulador George Soros trocou suas ações da Vale (outro escandaloso roubo impune do entreguismo) por ações da Petrobras, como se tal tipo de transa existisse. Esse troca-troca incrível e impossível foi noticiado pela imprensa, e mais safadoso ainda, durante a campanha eleitoral, que Soros, “se Dilma fosse reeleita” venderia sua parte na Petrobras. E o mais grave: esse Soros teve o nome vinculado ao complô do suposto atentado terrorista que matou o candidato a presidente Eduardo Campos em um desastre de avião. A teoria da conspiração indica, ainda, a participação da Cia e ONGs internacionais, que hoje patrocinam marchas pedindo a intervenção militar dos Estados Unidos para derrubar Dilma Rousseff da presidência da República.
HOMEM DE US$ 100 MI ROUBA DESDE O INÍCIO DA ERA FHC
Poços 10 – Depois de ter causado espanto ao declarar que devolveria uma fortuna de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 252 milhões), obtidos irregularmente, o ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco admitiu que recebe propina há 18 anos [quando a estatal passou a realizar procedimentos licitatórios simplificados e facilitados por lei assinada por FHC. Quando foi questionado sobre a legalidade dos contratos da estatal fora da Lei de Licitações, a 8.666, o ministro do STF Gilmar Mendes defendeu que a estatal mantivesse o regime especial criado no governo FHC. A Operação Lava Jato esquece os caminhos facilitados para corruptos e corruptores]. Esse o motivo, segundo Barusco, para ter conseguido acumular tamanha fortuna.
Na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse sentir “vergonha” do que está acontecendo na Petrobras. “Tenho vergonha como brasileiro, tenho vergonha de dizer o que está acontecendo na Petrobrás”, afirmou. [Com esta frase, FHC pretende esconder que patrocinou o entreguismo e o nepotismo na empresa, ao impor o francês Henri Philippe Reichstul presidente. Para conseguir tal intento, assinou uma lei que passou a permitir a nomeação de estrangeiros para presidir a Petrobras. Reichstul sempre esteve blindado. Jamais foi investigado. Fofocas da corte indicavam ele como genro de FHC.
Outro protegido da imprensa vendida: David Zylbersztain, este sim, genro de FHC. Ele foi secretário de energia durante o primeiro mandato (1995-1998) do governador paulista Mário Covas, quando comandou o plano de reestruturação e privatização de inúmeras empresas energéticas paulistas. Em janeiro de 1998, foi nomeado pelo sogro primeiro diretor-geral da recém-criada Agência Nacional do Petróleo (ANP), e reconduzido ao cargo novamente em janeiro de 2000.
Liderou a quebra do monopólio da Petrobras na exploração do petróleo no Brasil, realizando o primeiro leilão de áreas de exploração aberto à iniciativa privada, nos dias 15 e 16 de junho de 19991 .
Sua separação da esposa Ana Beatriz Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em maio de 2001, antecipou sua saída da chefia da ANP. Embora seu mandato lhe garantisse a permanência no cargo até o final de 2005. Sua separação causou uma saia-justa no governo , e o próprio David Zylbersztajn renunciou em setembro de 2001]
Barusco admitiu, em delação premiada, que desvia verbas por meio de contratos na estatal do petróleo desde 1996, segundo ano do governo do ex-presidente tucano. Ele também confirmou ter recebido US$ 22 milhões em propina apenas da holandesa SBM Offshore, que trabalha com afretamento de navios-plataforma.
O ex-gerente da Petrobras negou, durante depoimento, que parte do dinheiro desviado por ele era destinado a algum partido ou políticos. “Esta era a parte da casa”, afirmou. Apontado como um dos supostos cúmplices do ex-diretor da estatal Renato Duque, preso na sexta-feira 14, ele conta também ter contratado empresas sem licitação, prática que foi permitida por meio de uma lei do governo FHC.
Barusco teve participação em todos os grandes projetos da Petrobras na última década, entre eles a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Em 2006, logo após a compra pela Petrobras de 50% da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, ele tentou favorecer a Odebrecht, contratando a empresa para a ampliação da refinaria sem processo de licitação. Ele alegou que a companhia era a única brasileira com experiência para o trabalho e obteve o apoio dos diretores. A obra no valor de US$ 2,5 bilhões, porém, foi rejeitada pelos sócios belgas.
O volume de dinheiro a ser devolvido pelo engenheiro aos cofres públicos é o maior já obtido por um criminoso na história do País. O acordo de delação premiada foi firmado por ele antes de a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, vir à tona. Ele decidiu colaborar com a polícia assim que foi avisado que seria denunciado, conseguindo, dessa forma, se livrar da cadeia.
Talis Andrade: Um shopping fecha centenas de pequenos negócios, levando famílias à miséria, despejando milhares de pessoas em troca de empregos temporários. Deveria existir uma lei proibindo shoppings e supermercados em áreas residenciais. Isso não acontece no centro das grandes cidades planejadas, civilizadas, humanizadas no Primeiro Mundo. Isso é cruel, selvagem, fica para países vassalos, sem governo, sem justiça social, sem leis que beneficiem o povo em geral. Rolê nesses templos de luxo, onde tudo fica mais caro, e separado do povo, motivando o racismo e a discriminação social.
Luiz Tagore: Desordem urbana, assalto nas saídas, pobreza extrema no entorno, consumismo e endividamento…
Sandri Rodrigues: + parques – shoppings
Caique de Lira: Árvores não pagam impostos
Daniel Moura: Olha a ideia da criatura. “arvore n paga imposto”…
Kaio Aragão Sales: No more shoppings!
Karenina Moreno: Chega de shoppings!!!
Robson Valentim: Lugar decente para alocar os comerciantes de rua ninguém encontra. E ainda tenho que aguentar ver a imprensa maquiar uma noticia deplorável como essa.
Flavio Silva: Camaragibe, ainda bem que não tem favela perto. Porque Shopping Recife e o Rio Mar, misericórdia
Glaucon Andrade: Camaragibe é uma favela
Wanda Lima: Mais escravidão
Rafael Comparato: Quer viver de bolsa esmola? Tem cara!
Wanda Lima: Não sabe brincar não queridinha, já trabalhei em shopping e é escravidão sim, quem quiser dizer o contrário que diga. Não preciso de bolsa esmola, já vou me formar, e paguei sem precisar disso. Então, não fale do que não sabe sua louca.
Lucia Amo Filha: Wanda Lima, te dou toda razão. Também trabalhei… e donos de lojas fazem dos funcionários escravos mesmo.
Wanda Lima: É absurdo. Agora, em dezembro, a coisa piora porque tem que pegar duas horas mais cedo, e o shopping, em um certo período, fecha às 23 horas. Agora, me diz se isso não é escravidão? Sei que ajuda muita gente que precisa, mas não deixa de ser escravidão.
Ruan Lima: + ar puro – ar condicionado
Matheus Beltrão: + moradias populares – shoppings
Augustinho Guerra: Mais um exemplo do discurso noticioso. O Diário insiste em trazer esses discursos produzidos, colocando sempre o que dizem a respeito do que pensam o setor empresarial, os gestores públicos, e silenciando os outros atores sociais, deixando evidente a intenção de difundir ao público leitor uma boa imagem desses empreendimentos, apontando as qualidades, como a geração de empregos, e ocultando os possíveis problemas, evitando assim o debate e o caráter de imparcialidade, atrelando Crescimento com Desenvolvimento. Eu, leitor, critico, não caio nesse discurso!
Carlos Lira Jr.: Mais consumismo, mais endividamento, mais engarrafamento, mais salário mínimo, mais dinheiro pras empreiteiras.
Layssa Maria: Shopping é escravidão sim. Abrir novas oportunidades de emprego não significa que os brasileiros terão a oportunidade de crescer. O Ministério do Trabalho precisa mudar. Defender o nosso país das multinacionais. Nas empresas, com lojas em shopping, somos escravos. A hora que larga é um absurdo…
Adriano Hinderlandesön: Em ipojuca deveria ter… maior arrecadação do Estado….
Alexandre Albuquerque: Eu fico a observar. Recife tem chances de crescer de maneira sustentável, e com justiça social, mas comete os mesmos erros de outras grandes metrópoles do SE/S!
Ewerton Oliveira: Baderna? Então os países desenvolvidos, onde os shoppings estão em plena decadência, são baderneiros? Acorde rapaz, os shoppings só se desenvolvem em países atrasados como o nosso!!
Edilson Santos: Baderna. Então se mude daqui se está achando ruim
Sandri Rodrigues: Mais shoppings, lojas e ESCRAVIDÃO!
Elisangela Cantidio: O Ministério do Trabalho tem que defender os brasileiros dessa escravidão, fiscalizar, visando a integridade física e mental dos trabalhadores.
Elisangela Cantidio: Trabalhar Ok! Mas, com o mínimo de qualidade. O trabalhador tem que ter saúde, e tempo para a família.
Felipe Souza: Trabalhar em shopping não é lá das últimas maravilhas , mas tudo bem né?
Déh Mazzony: Mais escravidão… em todos sentidos.
André Eduardo: A RMR não precisa de mais shopping. Precisa de mais qualidade de vida, de uma requalificação do centro que valorize o comércio popular e incentive a moradia no centro. E já sabemos a qualidade dos empregos gerados nesses shoppings…
Foto dos rolês de 2013. A polícia do apartheid negro. Nos shoppings negro entra para trabalhar. Os brancos têm passagem livre e protegida.
Elisangela Cantidio: Fora a escravidão! Por favor apoiar já! gente. Abra os olhos por favor, perguntar pra quem trabalha lá se eles não querem meter o pé de lá.
Porque é escravidão pura. As pessoas precisam de ter, no mínimo, uma qualidade de vida (tempo para cuidar da própria saúde, e curtir seu bem maior que é a família).
Antonio Miguel: Horrível! Prefeito faça como João Pessoa, PB . Faca um shopping para os camelôs. Eles merecem isso sim , seria uma boa ação .
Fernanda Melo: Mais trabalho escravo, quase me prejudiquei nas provas da faculdade, mas larguei! Um dia isso vai mudar.
Um cara para lá de milionário, sem nenhum tostão em um banco, de duas uma: ou sacou o dinheiro na véspera da prisão e/ou mandou para uma conta em algum paraíso fiscal.
Isso é fácil de saber: basta pedir o extrato (conta bancária) deste mês.
A mesma fonte que passou as informações para revista Veja, na antevéspera das eleições do segundo turno, fez esse favorzinho para os milionários executivos das empreiteiras. Ninguém faz graça de graça. Quem informou recebeu sua parte. Ficou com quantos por cento dos 20 milhões que seriam bloqueados de cada preso? São 16 sortudos.
MUITAS DAS CONTAS BANCÁRIAS DOS EMPREITEIROS ENVOLVIDOS NO ESQUEMA DE LAVAGEM DE DINHEIRO DA PETROBRAS FORAM ENCONTRADAS VAZIAS. UMA DELAS TINHA APENAS R$ 4,60
Osvaldo Gutierrez Gomes
O Brasil é o país da piada pronta. Todo mundo tira o sarro da justiça
. (Terra) Nesta semana, a Justiça Federal determinou o bloqueio das contas bancárias dos empresários investigados na Operação Lava Jato. Ao cumprir a determinação, no entanto, teve uma surpresa: elas já haviam sido esvaziadas. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com a publicação, o Banco Itaú informou em ofício que não havia valores a serem bloqueados nas contas de Walmir Pinheiro Santana (UTC Participações S.A.), de Valdir Lima Carreiro (presidente da Iesa Óleo e Gás) e do lobista Fernando Soares. Na conta de Ildefonso Colares Filho, que deixou a presidência da Queiroz Galvão em abril passado, foram bloqueados R$ 4,60.
Ainda segundo O Globo, os valores encontrados nas contas do mesmo banco de outros executivos também não foram altos. Foram bloqueados R$ 4 mil de Erton Medeiros Fonseca (sócio da Galvão Engenharia), R$ 6 mil de Agenor Franklin Magalhães Medeiros (diretor da área Internacional da Construtora OAS) e R$ 33 mil de Sergio Cunha Mendes (vice-presidente da Mendes Junior).
Apenas as contas de Gerson de Mello Almada, um dos sócios da Engevix, tinham valores superiores a R$ 1 milhão.
O informe do Banco Caixa Geral do Brasil foi semelhante. De acordo com o jornal, as contas de Dalton dos Santos Avancini, presidente da Camargo Corrêa, e de João Ricardo Auler, presidente do conselho de administração da empresa, também foram encontradas vazias.
As duas instituições foram as primeiras a atender à determinação da Justiça Federal, que determinou o bloqueio de R$ 20 milhões por pessoa. No total, 16 pessoas foram alvo de pedido de bloqueio de valores.
Para a justiça e a polícia dos governos estaduais (capitanias/ províncias) e governo do Brasil (vice-rei/ imperador/ ditador/ presidente) eram os santos do povo, os libertários, os heréticos (hoje temos o ateu comunista/bolivariano), o escravo negro fugitivo, o índio (o genocídio de várias nações indígenas) os inimigos da ordem, do progresso, de Deus, da tradição, da família e propriedade.
A história da conquista portuguesa começou com os índios amarrados nas bocas de canhões. Para assassinos e ladrões pobres, para o santo Antonio Conselheiro, para os heróis Zambi, Pedro Poti, Tiradentes, Frei Caneca e outros libertários, a prisão, a tortura, a forca, o fuzilamento, a cabeça degolada, o esquartejamento.
O mito do brasileiro cordial sempre valeu para uma minoria: os cortesãos, os nobres, os bandeirantes, os mineradores, os enriquecidos comerciantes e fazendeiros. Silvério dos Reis foi um dos primeiros a receber delação premiada. Era um sonegador.
O Brasil nunca foi de prender as grandes fortunas. Temos cinco séculos de justiça PPV.
Com Dilma Rousseff na presidência (“Não ficará pedra sobre pedra”, uma profecia de Jesus), pela primeira vez os adoradores do bezerro de ouro vão presos. Milionários e bilionários que a imprensa chama de “bons ladrões”.
Eis uma lista de encarcerados jamais imaginada. A justiça deve colocar todos, mais hora, menos hora, em liberdade, para tocarem seus nababescos negócios corruptos, que começam com a grilagem de terras no campo e nas cidades, com a especulação imobiliária, e uma colheita de concessões, alvarás, terrenos doados e despejos judiciais. Fundaram ONGs e fundações que lavam mais branco as notas fiscais, para desconto no imposto de renda. São generosos no pagamento de propina, notadamente, para prefeitos das capitais e governadores.
O único pecado deles, em um dos feudos, a Petrobras, a despreocupação em confiar em um traidor, Alberto Youssef que, em 2003, no escandaloso caso de lavagem de dinheiro no Banco Banestado, o banco do governo paranaense privatizado na gestão de Jaime Lerner (1995-2002), dedurou todos os companheiros de tráfico de moedas. E como era esperado ninguém foi condenado. Teve até morto de mentirinha.
A confiança dos piratas das empreiteiras vem da certeza da impunidade. Porque não é a primeira vez que Youssef canta para o juiz Sergio Fernando Moro.
Morou?
Svitalsky Bros
Mandados de prisão, a lista de presos
Na sétima etapa da Lava Jato, a Polícia Federal prendeu executivos e fez buscas e apreensão em sete das maiores empreiteiras do País, apontadas como o braço financeiro de um esquema de corrupção na Petrobras. Veja os mandados de prisão decretados pela Justiça Federal:
Prisão preventiva:
1. Eduardo Hermelino Leite, da Construtora Camargo Correa;
2. José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS;
3. Agenor Franklin Magalhães Medeiros, da OAS;
4. Sergio Cunha Mendes, da Mendes Júnior;
5. Gerson de Mello Almada, da Engevix;
6. Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia.
Prisão temporária:
1) Dalton dos Santos Avancini, da Construtora Camargo Correa;
2) João Ricardo Auler, da Construtora Camargo Correa;
3) Mateus Coutinho de Sá Oliveira, da OAS;
4) Alexandre Portela Barbosa, da OAS;
5) José Aldemário Pinheiro Filho, da OAS
6) Ednaldo Alves da Silva, da UTC;
7) Carlos Eduardo Strauch Albero, da Engevix;
8) Newton Prado Júnior, da Engevix;
9) Otto Garrido Sparenberg, da IESA;
10)Valdir Lima Carreiro, da IESA;
11) Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC;
12) Walmir Pinheiro Santana, da UTC;
13) Othon Zanoide de Moraes Filho, da Queiroz Galvão;
14) Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão;
15) Jayme Alves de Oliveira Filho, subordinado de Alberto Youssef;
16) Adarico Negromonte Filho, subordinado de Alberto Youssef;
17) Carlos Alberto da Costa Siva, emissário das empreiteiras;
18) Renato de Souza Duque, ex-diretor da Petrobras;
Aconteceu uma coisa interessante, que fará os coxinhas surtarem.
O chamado “petrolão”, ao atingir as principais empreiteiras do país e chamuscar todos os partidos, em especial os núcleos representados no Congresso, resultará no fortalecimento de Dilma Rousseff.
A tentativa da “Republica do Paraná”, de orientar politicamente as investigações, fornecendo vazamentos seletivos à imprensa de oposição, acabou surtindo efeito contrário.
O escândalo é vasto demais mesmo para a nossa grande imprensa.
Junto à opinião pública, apesar dos esforços da mídia (que só tem um objetivo em mente: golpe), prevalecerá a impressão de que Dilma está cumprindo o que prometeu.
Não sobrar pedra sobre pedra.
Até porque é isso mesmo o que está acontecendo.
Ao dar liberdade e autonomia aos delegados e agentes da PF, nem exercer qualquer pressão sobre o Ministério Público, Dilma fez a sua grande aposta.
Ela também fez seu movimento no Grande Jogo.
Deu corda para os golpistas se enforcarem.
Pense bem.
É interessante para Dilma que os delegados da PF, os procuradores e o próprio juiz não tenham identificação política ou ideológica com ela, nem com seu partido.
Se tivessem, todos estariam acusando-na de “bolivariana”. E seus próprios aliados, no Congresso, vários deles prejudicados pelas investigações, a estariam acusando de “traição”.
O fato evidenciará o republicanismo da presidenta e de seu governo, dando autonomia – inclusive a delegados ligados ao PSDB – para que todos exerçam seu trabalho com independência.
É uma jogada arriscada, naturalmente.
Mas que, se conduzida com firmeza, poderá dar resultados concretos contra a corrupção política.
Dilma sancionou recentemente a lei que, pela primeira vez em nossa história, permitirá a condenação também dos corruptores.
Quando a Lava Jato chegar nos políticos, estará em mãos de Teori Zavascki, um juiz severo, garantista, reservado, sem amor aos holofotes.
Zavascki é garantia de que o processo não se transformará em circo golpista, e, ao mesmo tempo, de que ninguém será poupado.
Ou seja, o juiz perfeito para levar adiante um processo doloroso de depuração.
Isso se a República do Paraná não melar tudo antes com delações forjadas e vazamentos ilegais.
O único perigo seria paralisar as obras em andamento, visto que os executivos presos pertencem às principais empreiteiras do país.
Sergio Moro ao menos teve essa preocupação, e não pediu nenhuma medida que pudesse paralisar as atividades de empresas que empregam centenas de milhares de trabalhadores, e respondem por obras estratégicas no Brasil: obras para governadores e prefeitos de todos os partidos, que fique bem claro.
O golpe vai se virar contra os golpistas.
O jogo de xadrez está mais complexo e surpreendente do que nunca.
Ao que parece, Dilma permitiu que seus adversários fizessem alguns movimentos apressados, até mesmo comessem algumas peças.
Das 9 empreiteiras alvo da Operação Lava Jato, seis financiaram Aécio Neves com 20 Milhões de reais
por Luiz Muller
Na sétima fase da operação, deflagrada nesta sexta-feira (14). Presidentes de grandes empreiteiras são alvos de mandados de prisão
Enquanto o alto clero tucano em evento realizado pelo partido em São Paulo nesta sexta-feira (14) comemorava as prisões de executivos de empreiteiras, e o possível desgaste do governo Dilma;“Tem muita gente sem dormir em Brasília”, afirmou senador Aécio Neves; colega Aloysio Nunes, que foi vice dele na campanha presidencial, usou o mesmo tom: “A casa caiu”; PSDB se vê imune neste escândalo; “Petrobras incorporou à sua história a marca perversa da corrupção”, prosseguiu Aécio, em tom sério.
O que Aécio Neves e seus Correligionários (PSDB), não sabiam, por falta de assessoria de comunicação, ou por “cara de pau” mesmo, é que das 9 empreiteiras alvo da Operação Lava Jato, seis financiaram sua campanha para presidente, o valor gira em torno de 20 Milhões de reais.
São elas: Odebrecht, OAS, UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.
PSDB e Aécio Neves, o Brasil precisa de explicação, e agora?
Em reunião do grupo de trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical” com pesquisadores sobre o envolvimento do empresariado brasileiro com o regime militar, neste sábado 15, a advogada Rosa Cardoso, membro da CNV, afirmou que o apoio dado por grupos do setor privado ao golpe deve se fazer conhecido.
“Devemos fazer uma responsabilização institucional em relação às empresas que apoiaram a ditadura. Assim, conseguimos mostrar que tratou-se de um golpe civil militar e não apenas militar, uma vez que foi construído por toda uma classe empresarial”, disse Rosa sobre o apoio também de grupos multinacionais que se viam em situação de risco nos governos que antecederam o regime militar, como o de João Goulart.
A advogada de presos políticos na ditadura lembrou que, antes mesmo do golpe contra Jango, foram criados os Ipes (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) e o Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), que apoiavam partidos e parlamentares de direita com dinheiro do empresariado e da própria CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), ajudando a criar todo um aparato para o golpe. “Havia Ipes não apenas nas principais capitais, mas também em lugares mais afastados, como Manaus”, disse. “E não apenas os Ipes, mas também grupos que não tinham paciência para ser tão militante, como o de antigos membros da Revolução Constitucionalista (movimento paulista de 1932 contra Getúlio Vargas) e os banqueiros.” [Recentemente Olavo Setubal, dono do banco Itaú, foi lembrado em um escracho].
Na época, afirmou o pesquisador Jorge José de Melo, o empresariado paulista denominava 40% do PIB brasileiro.
“Colaborar com esse tipo de estrutura do regime era ter acesso livre aos recursos públicos”, explicou o jornalista que analisou a trajetória de Henning Albert Boilesen, presidente da Ultragaz e colaborador do regime, que acabou assassinado por um comando da ALN (Ação Libertadora Nacional) e do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes) em 1971. “Alguns colaboraram ideologicamente, como Boilesen e Gastão Bueno Vidigal, do Banco Mercantil, mas outros colaboravam para ter acesso mais fácil aos recursos.”
Assim, o golpe de 1964 contou com a ajuda da elite burguesa preocupada em proteger o capital. Para executar o programa de propaganda, contou a jornalista Denise Assis, foi montado um esquema de doações, constituído por 125 pessoas físicas e 95 jurídicas – destas, cinco (Listas Telefônicas Brasileiras, Light, Cruzeiro do Sul, Refinaria e Exploração de Petróleo União e Icomi) arcavam com mais de 70% das contribuições. O dinheiro arrecadado seguia, então, para as agências de propaganda como: Promotion S.A, Denisson Propaganda, Gallas Propaganda, Norton Propaganda e Multi Propaganda.
Empreiteiras. Dentre os setores que contribuíram e se beneficiaram do regime militar, um de grande destaque foi o de construção civil. Segundo Pedro Henrique Pedreira Campos, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que pesquisou como as empreiteiras apoiaram a ditadura, “empresários que atuam no setor de obras públicas e infraestrutura deram grande salto nessa época”. “Tornaram-se grandes grupos, inclusive com atuação internacional. Em troca, foram altamente favorecidos pelas políticas de Estado implantadas naqueles período. Houve, então, uma concentração no setor na área de construção pesada.”
Muitas vezes, mais do que a colaboração financeira com o regime, as empresas forneciam também apoio logístico à repressão. Além da perseguição a trabalhadores, com as chamadas “listas negras” daqueles que não deveriam ser mais contratados, houve quem cedesse acessórios – como tampões de proteção acústica da General Motors para funcionários do DOI-Codi em São Paulo – ou disponibilizasse instalações para serem transformadas em centros de tortura, como acusam a Petrobras de fazê-lo.
A LISTA DAS EMPRESAS GOLPISTAS
Mais de 80 empresas estão envolvidas em espionagem e delação de quase 300 funcionários, segundo levantamento feito pela Comissão Nacional da Verdade. O intuito era sufocar qualquer movimento sindicalista que estivesse sendo gestado entre os trabalhadores de grandes montadoras, como Volkswagen, Chrysler, Ford, General Motors, Toyota, Scania, Rolls-Royce, Mercedes Benz, e também de outros setores, como a Brastemp, a estatal Telesp, a Kodak, a Caterpillar, a Johnson & Johnson, a Petrobras, a Embraer e a Monark – todas elas concentradas no ABCD paulista e no Vale do Paraíba.
As empresas justificavam o controle e a colaboração com o regime pela suposta ameaça comunista dos movimentos sindicais. Desde citar os nomes de quem organizasse atos sindicalistas ou vendesse jornais na porta da fábrica, até qualificar algumas mortes como acidentes de trabalho quando de fato não o eram. A polícia, em muitos casos, chegava a receber das companhias milhares de folhas de registros dos empregados que estiveram presentes em greves ou manifestações, com todos os seus dados pessoais, o que poderia levar hoje a processos civis desses funcionários (dos que ainda estão vivos ou de seus familiares) contra as empresas. Não se sabe, porém, se esses dados serviam para evitar futuras contratações por outras empresas ou simplesmente para coleta. Segundo os especialistas, é bastante provável que tenham que ressarcir os afetados, já que não estão amparadas pela lei de Anistia (n.6.683, 1979), que perdoou aqueles que cometeram crimes durante o regime militar no Brasil (1964-1985).
“Os empresários podem ser acusados por crimes de lesa humanidade; 40% dos mortos e desaparecidos durante a ditadura são trabalhadores”, afirma Sebastião Neto, ex-preso político e um dos pesquisadores do grupo de trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical”, da Comissão Nacional da Verdade. Ainda não se sabe quais deles foram efetivamente detidos por causa da denúncia do empregador. Entre os que chegaram a ser torturados e mortos, também não se sabe ao certo se sofreram tudo isso pela investigação no local de trabalho ou por sua relação com organizações políticas.
O Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo tinha uma lista com nome e endereços de centenas de trabalhadores de várias fábricas do ABC (Brastemp, Chrysler, Corona, Equipamentos Villares, Ford, Forjaria São Bernardo, Mercedes-Benz, Rolls-Royce, Scania, Volkswagen, entre outros). Também haveria um informante entre os que discutiam a greve da Scania em São Bernardo, em maio de 1978, tida como marco da retomada do movimento sindical, ainda no final da ditadura.
Saad Murtadha
A LISTA DA MORTE
Na semana passada, a agência Reuters divulgou informações sobre monitoramento da Volkswagen, durante a ditadura, em relação ao então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, e outros dirigentes. “Talvez a Volks tivesse mais expertise”, comentou Neto, que se preocupou em não enfatizar a ação de uma empresa. “O que nós mostramos é um mecanismo contínuo de repressão, o controle no dia a dia dos trabalhadores”, explica. Segundo ele, havia “naturalidade” na relação entre empresas e polícia política.
Os exemplos são vários. “Em Criciúma, você tem um episódio que o empresário conferia a lista dos presos”, diz Neto, citando ainda o caso de uma mineradora (Morro Velho), em Nova Lima (MG) com um grupo de 51 operários “que ficaram impedidos de viver na cidade” – haveria um acordo para não empregá-los em nenhum lugar. Isso ocorreu ainda em período anterior à ditadura. Ainda em Minas, outro caso de destaque é o chamado “massacre de Ipatinga”, na Usiminas, com 13 mortos reconhecidos.
Depois do golpe de 1964, há a suspeita, no grupo de trabalho, de que as estatais foram uma espécie de “laboratório” da repressão. Apenas na Petrobras foram mais de 500 demissões nos seis meses seguintes à queda de João Goulart.
Rosa Cardoso destaca ainda a importância de se conhecer casos de empresas que cresceram durante a ditadura, citando as construtoras Odebrecht e Camargo Corrêa. “Mas também a Globo, empresa de comunicação. A Varig, por exemplo, que tomou o lugar da Panair, numa falência absolutamente fraudulenta que lhe foi imposta.”
Neto lembra que alguns problemas são atuais. “Hoje, o movimento sindical é muito criminalizado nas greves”, afirma, citando a existência de recursos jurídicos como o interdito proibitório. Ou o que ele chama de “uma espécie de naturalidade de a empresa ligar para a polícia para resolver uma contenda trabalhista“.
Percorremos as comunidades do Vidigal, Vila Autódromo, Providência, toda a Zona Portuária do Rio de Janeiro e o Maracanã, obtendo diversas imagens, entrevistando muitos moradores.
Nesse período, investigamos para onde estão indo todos os bilhões investidos no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, visando a Copa do Mundo e as Olímpiadas. Está muito claro para nós, que grande parte desse dinheiro sairá dos cofres públicos e servirá para enriquecer um grupo muito restrito de empreiteiros, políticos, bancos e empresários envolvidos com esses megaeventos. O legado que vai ser deixado para a população é muito pequeno. E o pior de tudo: várias comunidades estão sendo removidas, ilegalmente, das áreas de forte interesse imobiliário para periferias distantes, sem nenhuma infraestrutura e dominadas por milícias fortemente armadas e extremamente violentas. Veja documentário