A prisão de Carone, que denunciou a farsa do julgamento, uma oportunidade para esclarecer o misterioso assassinato da modelo que carregava o dinheiro do mensalinho tucano

Cris

A polícia do governo tucano de Minas Gerais jamais quis investigar o assassinato de  Cristiane Ferreira. Vou transcrever as principais reportagens sobre o caso, e veja os links.

Cristiane, 24 anos, além de andar com muito dinheiro do mensalinho, era amiga íntima, mais do que íntima, de um presidente da República, de dois ex-governadores de Minas Gerais, e de dois ex-ministros de Estado, entre outros figurões dos poderes do País da Geral.

Um ex-amante de Cristiane, um detive particular, foi acusado e condenado pelo crime, mas continua solto, e jamais revelou o(s) mandante(s). Esse silêncio garante sua liberdade. E a justiça de Minas nem aí.

Também a justiça de Minas engavetou o mensalinho tucano.

Veja a ação abafa da polícia mineira.

E a farsa desmoronou

por Roger Libório/ Revista Época

Há crimes que, pela repercussão, geram um esforço de investigação impressionante – a ponto de, em poucos dias, serem elucidados. E há outros que só são apurados após muita insistência. O caso da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, morta em agosto de 2000 num flat em Belo Horizonte, em Minas Gerais, pertence à segunda categoria. Passados dois anos e meio do assassinato, foi apenas na semana passada que se conheceu oficialmente a causa da morte – Cristiana foi sufocada com um objeto de pano, que pode ter sido um travesseiro ou um lençol enrolado. Ela foi agredida e as marcas da violência foram registradas em seu corpo. Para chegar a essa conclusão foi preciso reanalisar as fotos da vítima, exumar o cadáver e fazer uma necropsia. O primeiro laudo, que atestava ‘suicídio’, revelou-se uma grosseira peça de ficção. Os médicos-legistas responsáveis pelo documento, Remar dos Santos e Tyrone Abud Belmak, não se pronunciam. O Ministério Público (MP) agora investiga por que foi montada a farsa, típica dos anos da ditadura.

Cristiana, morena de 1,78 metro, queria fazer carreira de modelo, mas, aos 24 anos, havia conseguido apenas se tornar uma figura popular entre os ricos e famosos da capital mineira. Quando foi morta – aparentemente por um ex-namorado ciumento, que perdeu a carona na ascensão social e nas amizades importantes da moça -, o MP teve de enviar à polícia diversos ofícios pedindo a apuração do caso. ‘Requisitamos várias diligências, mas elas nunca foram feitas’, conta o promotor Luís Carlos Martins Costa.

Quando a polícia encaminha um cadáver para o IML, tem de preencher uma ficha pedindo vários tipos de exame – basta marcar um ‘x’ em cada um deles. Pode-se procurar, por exemplo, indícios de agressão física e violência sexual. O corpo de Cristiana foi encontrado na cama apenas de sutiã, sem calcinha e com vários hematomas, mas os investigadores solicitaram apenas exame toxicológico, anotando ao lado: ‘Suspeita de suicídio’. Na cena do crime não havia nada que sugerisse isso, como vidro de raticida, seringa ou bilhete de despedida. O boletim de ocorrência foi lavrado em 6 de agosto. Somente no dia 11 de dezembro, quatro meses depois, foi instaurado um inquérito policial. Ele passou por vários delegados e muitas trapalhadas – um ex-namorado, o empresário Luiz Fernando Novaes, chegou a ser preso e depois solto por falta de provas. A conclusão final, porém, foi novamente de ‘auto-extermínio’. O Ministério Público teve de investigar sozinho, colher 41 depoimentos e pedir a exumação do cadáver.

O ex-namorado Reinaldo Pacífico, contra quem Cristiana já registrara um boletim de ocorrência por agressão, vinha perseguindo a modelo. Sujeito misterioso, ganhava a vida como detetive particular mas se apresentava como ‘juiz criminal’. Ele tornou-se o principal suspeito depois que uma testemunha – agora sob proteção federal – admitiu tê-lo ouvido confessar o crime. Parece difícil, contudo, que Pacífico tenha sido capaz de agir sozinho na etapa seguinte do crime – a de embaralhar pistas e transformar sinais de um assassinato brutal em suicídio. Essa tarefa exige a cumplicidade de policiais, além da boa vontade da cúpula da máquina de segurança de Minas Gerais – recursos pouco acessíveis na mala de truques de um detetive particular. Por isso a promotoria agora quer apurar o que levou a polícia e os legistas a conduzirem a investigação de forma tão relapsa. ‘Há indícios de supressão e de alteração de documentos’, diz Martins Costa. Entre outros papéis, sumiu o depoimento de um dos irmãos da vítima, Cláudio Ferreira, que havia dado a lista de todas as pessoas importantes com as quais Cristiana teria se relacionado. ‘O delegado chamou o rapaz alguns dias depois, disse que o depoimento não tinha validade e o questionou novamente, orientando para não citar nomes’, acusa o promotor. Entre os famosos mencionados pela família de Cristiana estava Jairo Magalhães Costa, diretor do Banco Real, o único a admitir ter tido um caso com a moça. Mas uma irmã da vítima, Simone Ferreira, testemunhou dizendo que ela ‘estava se encontrando’ com Djalma Moraes, presidente da Cemig. Ele é casado, nega qualquer relacionamento com a modelo e declarou que a viu apenas duas vezes – foram apresentados pelo ex-secretário da Casa Civil Henrique Hargreaves. Em outro depoimento, uma amiga de Cristiana disse que ela apregoava um breve caso com o ex-governador Newton Cardoso, que declarou jamais tê-la visto na vida. E vários parentes afirmaram que Cristiana era amiga próxima do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, para quem trabalhava e viajava freqüentemente. Num depoimento tomado às vésperas da posse na equipe de Lula, Mares Guia disse que a conhecia de vista. Para uma pessoa tão pouco relacionada, é surpreendente que tenha conseguido ser recebida no Palácio da Liberdade, quando chegou a ser fotografada ao lado do governador Itamar Franco – parentes dizem que ela fora pedir um emprego.

Entende-se que pessoas importantes queiram proteger sua intimidade, especialmente contra boatos que podem não ter fundamento. Resta saber se foi por influência política que o primeiro laudo notava ‘ausência de lesões externas macroscopicamente visíveis’ num cadáver com três fraturas e vários hematomas. É um erro tão grosseiro que lembra os documentos produzidos nos anos de chumbo para mascarar a tortura de presos políticos.

Colaborou Paula Pereira

Reinaldo Pacífico é condenado pelo assassinato da ex-modelo Cristiana Aparecida Ferreira
Detetive Reinaldo Pacífico
Detetive Reinaldo Pacífico

Do Migalhas transcrevo: Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho, acusado de matar a ex-modelo Cristiana Aparecida Ferreira, em agosto de 2000, num flat no centro de Belo Horizonte, foi condenado a 14 anos de prisão.

O Conselho de Sentença decidiu pela culpa do acusado, tendo ele concorrido para o envenenamento da vítima. Ele foi condenado nos delitos constantes do artigo 121, §2º, incisos I e III do Código Penal(clique aqui) (homicídio cometido por motivo torpe e asfixia).

O juiz presidente do I Tribunal do Júri de Belo Horizonte, Carlos Henrique Perpétuo Braga, determinou que a pena seja cumprida em regime inicialmente fechado. Tendo em vista ser réu primário, ter bons antecedentes e por ter aguardado em liberdade o desdobramento do processo, o magistrado lhe concedeu a prerrogativa de aguardar a interposição de recurso em liberdade.

O plenário esteve lotado durante toda a tarde. Cerca de trezentas pessoas compareceram para acompanhar o julgamento. Às três da madrugada, quase quatorze horas após o início da sessão, aproximadamente 50 pessoas, entre jornalistas, parentes do réu e da vítima e o público em geral, ainda aguardavam a decisão do Conselho de Sentença.

A sessão foi presidida pelo juiz Carlos Henrique Perpétuo Braga e o promotor Francisco de Assis Santiago representou o Ministério Público. Como auxiliares de acusação, atuaram os advogados Dino Miraglia Filho e Felipe Daniel Amorim Machado. A defesa ficou a cargo dos advogados Eunice Batista da Rocha Filha e Fernando Antônio Santos de Santana.

Testemunhas

Foram ouvidas oito testemunhas, três de acusação e cinco de defesa.

A primeira testemunha, supervisora das camareiras do flat, afirmou que encontrou a modelo morta, no domingo, dia 6 de agosto, pela manhã. Ela disse que a modelo tinha o costume de entrar no flat na quinta-feira e sair na sexta. Estranhando o fato, pois já era domingo e Cristiana ainda estava hospedada, tentou ligar para o apartamento e bater à porta, mas não obteve resultado. Quando decidiu abrir a porta, descobriu que o “pega-ladrão” bloqueava o acesso.

Após vários chamados, já suspeitando da morte da modelo, ela acionou a gerente do flat, que, ao chegar, pediu que o “pega-ladrão” fosse serrado. Ao entrar no quarto, a supervisora confirmou a sua desconfiança e a polícia foi acionada.

A segunda testemunha, dono de um estacionamento, disse que Reinaldo confessou a ele que teria matado a modelo por ciúmes. Disse ainda que Reinaldo contou que Cristiane estava trabalhando transportando dinheiro de políticos de Brasília para Belo Horizonte.

Às 16h03, a terceira testemunha foi chamada. Ele é filho da segunda testemunha e disse que ouviu trechos de uma conversa entre seu pai e o acusado, em que o acusado falou que havia matado Cristiana.

O jornal ajuda muito mais do que eu“, afirmou o ex-governador Newton Cardoso, a quarta testemunha ouvida no Plenário do I Tribunal do Júri. O ex-governador afirmou que não poderia ajudar porque não conhece Reinaldo e viu a modelo somente uma vez no Palácio da Liberdade.

Para o delegado que concluiu as investigações na época, a quinta testemunha interrogada, “não existiu crime, foi auto-extermínio“. Ele declarou que não houve lesão indicativa de agressão e nem indícios de que Cristiana transportava dinheiro para políticos. Sobre o fato de Reinaldo estar sendo acusado do crime, ele disse que até o presente momento ninguém se perguntou como o acusado entrou ou saiu do quarto, uma vez que não foi encontrado qualquer vestígio de entrada e saída de alguém. Segundo ele, ninguém é capaz de demonstrar tecnicamente que ocorreu ali um homicídio.

Um médico perito foi a sexta testemunha. Ele examinou os restos mortais de Cristiana em exumação feita dois anos depois, em dezembro de 2002. A sua conclusão foi de que a morte se deu por intoxicação com veneno.

A sétima testemunha foi um homem com quem Cristiana manteve um relacionamento de maio a dezembro de 1999. Ele confirmou a declaração do Ministério Público de que Cristiana já havia tentado suicídio em duas ocasiões.

Às 20h a última testemunha foi ouvida: o médico legista que realizou a necropsia. Conforme ele disse, a morte se deu por intoxicação pelo consumo de pesticida. Por não ser sua atribuição, não pôde tecer conjecturas se a ingestão do veneno foi espontânea ou não.

Interrogatório

O interrogatório de Reinaldo começou às 20h40 e durou 1h05. Ele negou que tenha matado Cristiana. “A verdade absoluta é que eu não tirei a vida de Cristiana; tinha por ela afeto, carinho e consideração“, afirmou.

Ele confirmou o relacionamento com Cristiana, que durou mais ou menos um ano, a partir de 1996, e que na época de sua morte já não tinham nenhum tipo de envolvimento amoroso. Ele afirmou que os depoimentos do dono do estacionamento e do filho, que o acusaram de matar a ex-namorada, são falsos. Declarou ainda que nunca esteve no flat.

Debates

Contradizendo o depoimento do médico perito, o promotor Francisco de Assis Santiago apontou outros laudos em que há diagnóstico de asfixia mecânica, fratura e luxação. Acredita que há pessoas interessadas no arquivamento do inquérito com a conclusão de suicídio.

O promotor rechaçou a hipótese de suicídio, relembrando os sonhos da modelo em progredir na vida e montar uma griffe. Segundo ele, o copo quebrado encontrado no apartamento é sinal de que a vítima foi obrigada a ingerir o veneno encontrado em seu estômago.

O assistente de acusação, Dino Miraglia Filho, afirmou que “forças ocultas” atuaram na investigação. Para ele, o crime existiu. Não acredita em crime passional, “foi queima de arquivo”, afirmou categórico. Pediu ainda aplicação de multa para o ex-ministro Walfrido Mares Guia. Ele foi regularmente intimado para o julgamento, mas não compareceu, pois está fora do país.

Para a advogada de defesa, Eunice Batista da Rocha Filha, Reinaldo Pacífico é injustamente acusado. Ela relembrou casos de injustiças cometidas contra inocentes para convencer o conselho de sentença a não cometer mais um erro.

Reafirmou as palavras do delegado e peritos que testemunharam na sessão, apresentando laudos, contidos no processo, que afirmam que a causa da morte foi a ingestão de veneno. Lembrou que a vítima já tinha antecedentes suicidas. Para ela, o processo está claro: tudo demonstra o suicídio da modelo.

Antes da votação dos quesitos pelo Conselho de Sentença, o advogado de defesa Fernando Antônio Santos de Santana anunciou a sua renúncia ao mandato em plenário. Argumentou que acredita na inocência do acusado e teve divergências com sua colega de defesa.

Essa decisão está sujeita a recurso.

  • Processo : 0024.01.045547-5

Juíza do “Mensalão Tucano” manda investigar morte de modelo

Mariosan
Mariosan
 Transcrevo do Novo Jornal, editado por Marco Aurélio Carone:Após a aparição de novos documentos referentes ao “Mensalão Mineiro”, a Juíza Neide da Silva Martins e o Promotor João de Medeiro a abrir uma nova linha de investigações para analisar nova vertente criminal e apurar as circunstâncias da morte da modelo Cristiane Aparecida Ferreira, que podem ter ligação com o esquema criminoso montado para desviar dinheiro público arrecadado e distribuído entre integrantes do alto escalão da campanha de reeleição ao governo de Minas em 1998 de Eduardo Azeredo, no escândalo de corrupção conhecido como “Mensalão Mineiro”. A decisão é do dia 03 de outubro.

Os documentos apontam que a modelo atuou transportando valores milionários a serviço do esquema, além de ter recebido sem qualquer justificativa comercial, na época, a importância de R$ 1.800.000,00 de Walfrido dos Mares Guia. Para criminalistas que se dedicam ao caso, a morte de Cristiane não teria sido um crime passional em relação ao seu namorado e sim estaria jurada de morte por esposas de diversos figurões da sociedade mineira, pois teria se tornado perigosa para o esquema, já que conhecia toda a operação e mantinha relações com os principais operadores.

Segundo um dos criminalistas que atua no caso, o assassinato da modelo realmente foi cometido por Reinaldo Pacífico conforme sua condenação, porém, provas e evidências demonstram que houve um ou mais mandantes e que a motivação para a morte da modelo era a queima de arquivo. O processo tramita em Belo Horizonte por decisão do Ministro Joaquim Barbosa e, diante das provas, a Juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte determinou a abertura de novo inquérito para apurar exclusivamente a participação de Cristiane no esquema.

Operadores – Segundo os criminalistas envolvidos na investigação da morte da modelo, comprovadamente ela mantinha um caso amoroso com o presidente da Central Energética de Minas Gerais (Cemig) Dijalma Moraes, com o ex ministro Walfrido dos Mares Guia e com o ex governador Newton Cardoso, entre outros operadores do esquema.

Com a abertura do novo inquérito deverá quebrar-se a resistência de alguns integrantes do Ministério Público que recusavam reabrir o caso da morte da modelo. O inquérito que apurou o crime ocorrido no San Francisco Flat, um apart-hotel de luxo da capital mineira, transformou-se em ação penal com a condenação do despachante Reinaldo Pacifico, que até hoje continua solto sem qualquer explicação das diversas autoridades envolvidas.

O crime – Cristiane foi assassinada em agosto de 2000 e, há quase três anos o teólogo e detetive particular Reynaldo Pacífico, acusado de matar a modelo nas dependências do San Francisco Flat, no centro de Belo Horizonte, foi condenado a 14 anos de reclusão em regime fechado e jamais foi detido. O crime ganhou repercussão nacional por envolver o nome de vários políticos de projeção, entre eles o ex-presidente Itamar Franco, o ex-secretário da Casa Civil de Minas, Henrique Hargreves, o ex-governador Newton Cardoso, o ex-ministro do Turismo do primeiro governo do presidente Lula, Walfrido dos Mares Guia e o presidente da Companhia Energética de Minas Gerais, Djalma Moraes.

Em agosto de 2005, a ligação da morte da modelo com o escândalo do mensalão mineiro veio à tona, depois que uma agenda com o telefone e o endereço de uma das agências de propaganda do empresário Marcos Valério Souza ser apreendida. A morte dela ganhou repercussão nacional após policiais encontrarem anotações com contatos de várias autoridades do governo de Minas Gerais à época. A modelo Cristiane Aparecida Ferreira, além de envolvimento sexual com os políticos, teria se transformado também em agenciadora de garotas de programas e “mula” para o transporte de dinheiro proveniente do “mensalão”.

Após o júri, um de seus parentes, que não quis se identificar, revelou que no dia em que ela foi morta ele recebeu um telefonema dela, dado de São Paulo, pedindo para ir se encontrar com ela que estava de posse de uma mala com um milhão de reais. Ele viajou a São Paulo, houve um desencontro, Cristiane veio para Belo Horizonte e acabou sendo morta. Com este novo documento mostra que Cristiane Aparecida Ferreira teria recebido quase R$ 2 milhões de políticos e empresários ligados ao mensalão, levantando ainda mais a hipótese de que ela estaria associada ao caso e de que o assassinato pode estar relacionado ao esquema. O documento teria sido entregue a família de Cristiane e deve ser investigado.

Aécio e a república de zumbis

O governo e a justiça de Minas Gerais pretendem eleger Aécio Neves presidente. Quando o maior trunfo eleitoral de Aécio continua sendo o avô Tancredo Neves. Acontece que existe contra a justiça e o governo de Minas Gerais uma procissão de almas.

Escreve Geraldo Elísio: “A região do Vale do Aço está se transformando em cenário ideal para filmes de bang bang e inexplicavelmente nada acontece. Setores ligados aos Direitos Humanos afirmam que um novo crime que resultou na morte do fotógrafo Walgney Assis Carvalho, assassinado no último domingo tem ligações com a execução do jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, no último mês de maio.

A ‘Gang dos Castro’ está envolvida na questão, bem como o ex-delegado de polícia Alexandre Silveira, atual secretário de Gestão Metropolitana a quem se atribui estar sobre o comando do secretário de Estado do governador Antonio Anastasia, Danilo de Castro.

A Polícia Federal chegou a entrar no caso, mas saiu. Por quê? As devidas explicações ainda não foram dadas. Para piorar a situação de sequências de mortes envolvendo autoridades  – remember a modelo Cristiana Aparecida Ferreira e o ex-ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, o ex-governador Newton Cardoso e o atual presidente da Cemig, Djalma Moraes – o delegado da Polícia Civil, Geraldo Amaral de Toledo, conhecido como Geraldo Toledo está sendo acusado de ter baleado na cabeça  a menor A.J.S. (…)

As autoridades do setor de Segurança nada manifestam, inclusive sobre a condenação de médicos ligados à Máfia do Tráfico de Órgãos em Poços de Caldas, no sul de Minas (…)”

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Escreve Mateus Parreiras: “Decorrente de mais de 20 anos de assassinatos, afrontas à lei, desafios à Justiça e impunidade, o medo que ronda a imprensa do Vale do Aço faz mais vítimas, além do repórter Rodrigo Neto, de 38 anos, executado em 8 de março, e de seu colega de trabalho, o fotógrafo Walgney Assis Carvalho, de 43, morto no domingo, 37 dias depois. Acredita-se que os casos estejam ligados e as suspeitas recaem sobre um esquadrão de extermínio formado por policiais militares e civis. Rodrigo vinha denunciando que pelo menos 20 integrantes das forças de segurança acusados de execuções continuavam impunes. Antes dos dois últimos assassinatos, havia cinco profissionais de jornais e rádios sediados em Ipatinga especializados na cobertura policial. Dos três sobreviventes, dois estão sob ameaça, enquanto o outro pediu demissão e fugiu da cidade sem deixar rastro. As informações são da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e do comitê de profissionais de imprensa que acompanha as investigações. Com os dois homicídios, o Brasil passou a ocupar o terceiro lugar em mortes de jornalistas, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, com quatro óbitos neste ano – metade em Ipatinga. Fica atrás apenas do Paquistão e da Síria, países em conflito armado que registraram cinco mortes”.

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Minas Gerais é terra sem lei.

Escreve Paula Sarapu: “Indiciado pela agressão à adolescente A.L.S., de 17 anos, o delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto desrespeitou uma medida protetiva prevista na Lei Maria da Penha, decretada pelo Tribunal de Justiça em 3 de abril, ao se encontrar com ela em Conselheiro Lafaiete, no último fim de semana. A medida, que proíbe o contato dele com a jovem, foi proposta pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente em 19 de março, quando ela fez um registro de ocorrência, acusando o policial de tê-la agredido com chutes e socos.

Afastamento por segurança

As determinações da medida protetiva e o inquérito em que Toledo foi indiciado por agressão correm em segredo de Justiça. Segundo o criminalista e professor de direito processual da Faculdade Dom Hélder Câmara André Myssior, o delegado não poderia ter se encontrado com a menor, mesmo se ela o tivesse convidado ou tenha aceitado entrar no carro dele por vontade própria. Segundo o especialista, quando o agressor viola qualquer medida protetiva, o juiz decreta sua prisão preventiva. Como o delegado já está preso, ele pode responder pelo crime de desobediência.

‘As medidas protetivas pretendem impedir o agressor de se aproximar ou entrar em contato com a vítima. Há uma série de medidas, mas a que mais protege é o afastamento. O juiz pode ter proibido também qualquer contato por telefone ou meios eletrônicos’, explica o advogado, lembrando que a Lei Maria da Penha impede que a vítima retire a queixa. ‘Se a jovem estivesse atrás dele, ele deveria ter recorrido à Justiça pedindo a revogação da medida, mas não poderia encontrá-la de jeito nenhum: nem se ela convidasse, nem se ela aceitasse.’
Delegado responde por vários crimes

O delegado Geraldo Toledo responde a processos em BH e no interior. Em 2007, foi denunciado na 5ª Vara Criminal por receptação, formação de quadrilha e adulteração ou remarcação de chassis, quando chefiava a delegacia de trânsito de Betim. O Ministério Público entrou com ação civil pública contra ele na 2ª Vara de Fazenda Pública Estadual por improbidade administrativa. Há também um processo de 2011 na comarca de Abre Campo, em que Toledo foi denunciado por estelionato. O MP o acusa de inserir declarações falsas nos documentos de registro de veículos em Mateus Leme, na Grande BH, assinando procedimentos de vistoria de caminhões inexistentes. O delegado teria ocultado ainda documentos de processos administrativos referentes ao emplacamento dos veículos. À época, ele estava na delegacia de São Joaquim de Bicas, na Grande BH. Em 2004, ele foi denunciado com a ex-mulher, a promotora Mônica Regina Rolla. À época, ele era delegado em Alfenas e foi acusado de invadir um estabelecimento sem ordem judicial e fazer uma prisão em flagrante por porte de uma arma, que teria sido plantada. O preso teria tido uma desavença com o delegado. A denúncia foi da Procuradoria Geral de Justiça, mas o crime prescreveu.”

Morte misteriosa da modelo
Morte misteriosa da modelo

Para que seja instalada a república dos zumbis, a justiça do País da Geral engavetou os julgamentos da chacina de Unaí, financiada pelo líder tucano Antério Mântega, e do Mensalão mineiro, que assassinou a modelo Cristiana Ferreira.

Essa fantasmagórica república teria Margaret Thatcher como modelo econômico, e no mais tudo conforme uma ficção fantasmagórica que pode terminar em realidade.

Uma blogueira de 13 anos, Giovanna Souza, escreve: “Tem alguém aí que ainda não conhece a serie The Walking Dead? Se tiver, esse post é especialmente para vocês. The Walking Dead é uma série norte americana produzida pela AMC, baseada nos quadrinhos criados por Robert Kirkman que já está na terceira temporada.

(…) The Walking Dead acompanha um grupo de pessoas que lutam para sobreviver a um apocalipse zumbi, no meio de um Estados Unidos destruído. Rick Grimes, que era xerife de uma cidadezinha no estado da Georgia, lidera o grupo na busca por um novo lar longe da ameaça dos mortos-vivos. Ao longo da história, quando a luta pela sobrevivência começa fica mais perigosa, o comportamento dos personagens acaba mudando, levando-os a beira da insanidade.”

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No Brasil, há uma inversão. Os zumbis são os vivos da politicalha, e os mortos clamam por justiça.

Outra resenha de Giovanna Souza: “No universo de The Walking Dead não existe vilão maior do que o Governador, o déspota que comanda a cidade de Woodbury. Eleito pela revista americana Wizard como ‘Vilão do ano’, ele é o personagem mais controvertido em um mundo dominado por mortos-vivos. Neste romance os fãs irão descobrir como ele se tornou esse homem e qual a origem de suas atitudes extremas. Para isso, é preciso conhecer a história de Phillip Blake, sua filha Penny e seu irmão Brian que, com outros dois amigos, irão cruzar cidades desoladas pelo apocalipse zumbi em busca da salvação.

Cara, esse livro é muito bom. Tipo muito bom mesmo! Eu não botava muita fé nele, porque meu irmão tinha lido uma parte e dito que era um lixo. Mas é sério, o livro é surpreendente. É uma mistura de suspense com romance e drama. Sem contar com a parcela de matar zumbis, que todo fã de The Walking Dead curte. Em relação à linguagem, é meio difícil e tal, mas depois de uns 3 capítulos a gente se acostuma. O mais legal é que o livro descreve bem as emoções dos personagens, e os laços (secretos) que eles vão criando uns com os outros… o que uma situação de luta pela sobrevivência num mundo devastado pode causar na mente das pessoas. É muito bom, e nos faz pensar o que aconteceria se houvesse um apocalipse zumbi.”

Por que a justiça protege o assassino da modelo Cristiane Ferreira?

Reinaldo Pacífico, em 2000, quando Cristiane Ferreira foi assassinada
Reinaldo Pacífico, em 2000, quando Cristiane Ferreira foi assassinada

Novo Jornal

[Oito ano depois do crime] o teólogo e detetive particular Reynaldo Pacífico, acusado de matar a modelo Cristiane Aparecida Ferreira, nas dependências do San Francisco Flat, no centro de Belo Horizonte, foi condenado a 14 anos de reclusão em regime fechado e jamais foi detido.

Na época, o crime ganhou repercussão nacional por envolver o nome de vários políticos de projeção, entre eles o ex-governador Itamar Franco, o ex-secretário da Casa Civil, Henrique Hargreves, o ex-governador Newton Cardoso, o ex-ministro do Turismo do primeiro governo do presidente Lula, Walfrido dos Mares Guia e o presidente da Companhia Energética de Minas Gerais, Djalma Moraes.

Durante o júri popular foram citados para comparecer e depor o ex-governador Newton Cardoso e o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. Newton Cardoso compareceu e depôs, dizendo-se isento de qualquer responsabilidade com o crime, tese que foi aceita. O ex-ministro Walfrido dos Mares Guia não compareceu perante o juiz singular, e em sua defesa alegou uma viagem inadiável a Miami.

Na acusação funcionou o promotor Francisco Santiago que denunciou entre outros fatores as investigações somente terem começado com quatro meses de retardo, segundo ele, por “determinação do Palácio da Liberdade” onde a moça tinha livre acesso, além de descaracterizações do cenário do crime. Francisco Santiago conseguiu desmontar a versão de suicídio e condenar Reynaldo Pacífico a 14 anos de reclusão em regime fechado, o que nunca foi cumprido.

No auge da divulgação pela mídia, surgiram as versões de que Aristides Junqueira teria pressionado o MPMG a não ouvir Walfrido dos Mares Guia, conforme estava previsto, sem que nenhuma autoridade tivesse se manifestado.  A modelo Cristiane Aparecida Ferreira, além de envolvimento sexual com os políticos, teria se transformado também em agenciadora de garotas de programas e “mula” para o transporte de dinheiro proveniente do “mensalão”.

Após o júri, um de seus parentes, cujo nome ele pediu para ser mantido em sigilo, revelou que no dia em que ela foi morta ele recebeu um telefonema dela, dado de São Paulo, pedindo para ir se encontrar com ela que estava de posse de uma mala com um milhão de reais. Ele viajou a São Paulo, houve um desencontro, Cristiane veio para Belo Horizonte e acabou sendo morta.

Reviravolta

Agora novo documento mostra que Cristiane Aparecida Ferreira teria recebido quase R$ 2 milhões de políticos e empresários ligados ao mensalão, levantando ainda mais a hipótese de que ela estaria associada ao caso e de que o assassinato pode estar relacionado ao esquema. O documento teria sido entregue a família de Cristiane e deve ser investigado.

Foi em agosto de 2005 que a ligação da morte da modelo com o escândalo do mensalão veio a tona, após uma agenda com o telefone e o endereço de uma das agências de propaganda do empresário Marcos Valério Souza ser apreendida. Cristiane Aparecida foi encontrada morta em 6 de agosto de 2000, em um flat de luxo em Belo Horizonte, após ser asfixiada. A morte dela ganhou repercussão nacional após policiais encontrarem anotações com contatos de várias autoridades do governo de Minas Gerais à época.