Prefeito do Recife inimigo público

Roberta Soares: Pedestres correspondem a 31% das vítimas indenizadas em acidentes de trânsito
Roberta Soares: Pedestres correspondem a 31% das vítimas indenizadas em acidentes de trânsito

Recife maltrata os pedestres. As novas pontes e viadutos não possuem passagens, nem caminhos para o povo.

O prefeito não constrói praças. Parques nem pensar.
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Recife não tem passeio público.
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Tem apenas uma biblioteca para um milhão e 500 mil recifenses.
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Do mapa, prefeito e vereadores estão riscando tudo que é público. Não existe nenhum projeto de cemitério público. O último foi o Parque das Flores, municipalizado por Antonio Farias, um excelente prefeito.
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Não existe nenhum mercado público na Zona Sul do Recife. O dono do shopping, financiador de campanhas eleitorais, proibiu para todo sempre. Uma desautorização válida para toda a Região Metropolitana.
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Não se faz mais nada que preste para o povo.

Governar o Recife é construir os caminhos do shopping
Governar o Recife é construir os caminhos do shopping

Hoje o Diário de Pernambuco arrisca afirmar que “pedreste é associado a uma condição social de pobreza”.  Leia

A corrupção seja investigada no executivo, no legislativo e no judiciário

Faixa da passeata deste 15 de março
Faixa da passeata deste 15 de março

 

O povo pediu nas ruas o fim da corrupção.

Que ela seja investigada já! no executivo, no judiciário e no legislativo.

Que o “Abre-te, Sésamo” aconteça em todas as cavernas das prefeituras, das câmaras municipais, dos governos estaduais, das assembléias legislativas, dos tribunais, do governo da União, do Congresso Nacional.

Que todas as cavernas sejam aclaradas. Nas reitorias, nos cartórios, nas estatais, nos quartéis, no fisco, nos serviços terceirizados, nos leilões da justiça, nas quermesses do executivo, nas Anas, nos pedágios…

Que sejam analisadas todas as outorgas, notadamente de fontes de água, de entrega de ilhas marítimas e oceânicas; todas as concessões para explorar os minérios do Brasil, a começar pelo ouro, pelo nióbio, pelos diamantes, pelos meios de comunicação de massa; todos os precatórios assinados pelos desembargadores, e pagos por prefeitos e governadores; todas as isenções fiscais que beneficiam as castas, as elites protegidas pelo sigilo (fiscal e bancário); todas as anistias concedidas pela justiça secreta do foro especial.

Que seja fiscalizado todo o dinheiro arrancado do povo, via impostos diretos e indiretos, para autarquias, planos de saúde, serviços de informações estratégicas, pesquisas de opinião pública, fundações, ONGs, hospitais, igrejas, maçonaria, partidos políticos, promotores culturais, proxenetas e pedófilos dos esportes amadores, escolas e hospitais particulares…

Que sejam exterminados o tráfico de dinheiro, de minérios, de órgãos humanos, de prostitutas infantis; o mercado negro de venda de sentenças judiciais, do dólar paralelo; o contrabando de medicamentos, de madeira nobre; as máfias dos fiscais, dos alvarás, das obras e serviços fantasmas e dos agiotas das campanhas eleitorais…

 

Que prometem o judiciário e o legislativo? Apenas o governo da União anuncia o combate do bem contra as almas sebosas

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A presidente Dilma Rousseff esteve reunida com nove ministros e o vice, Michel Temer, no Palácio do Planalto. Após o encontro, os ministros da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, e de Minas e Energia, Eduardo Braga, fizeram um pronunciamento a respeito das manifestações do último fim de semana e reafirmaram que o governo está ouvindo as manifestações e aberto ao diálogo. Cardozo reconheceu que o país precisa passar por uma mudança, pois, só assim, conseguirá superar os desafios. Além disso, os ministros disseram que não vão retirar os programas sociais.

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Não vão retirar os programas sociais

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Durante o pronunciamento do ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, a palavra “humildade” foi usada para dizer que o governo reconhece que é preciso mudar, e que para chegar a essa mudança é preciso à união de todos os que estão no poder, seja da base aliada ou da oposição.

“Reitero que até o final da semana, a presidente da República, assim como anunciou no seu programa de reeleição, irá lançar um projeto para auxiliar as empresas a implementar um mecanismo que ajude a coibir e investigar a corrupção. É preciso ter humildade para reconhecer que o momento é delicado e que é necessário uma mudança. O governo está aberto ao diálogo com todos, oposicionistas ou não, e estamos abertos a debater com a sociedade brasileira. A presidente Dilma Rousseff governa para 200 milhões e não apenas para os que votaram nela”, comentou Cardozo.

Já o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, reforçou as palavras de Jose Eduardo Cardozo:

“O governo sabe que temos um desafio grande, e que é preciso enfrentá-lo. O governo buscou até o esgotamento da sua capacidade com o Tesouro para combater esse momento, e tentando manter todos os programas sociais. Todos esses ajustes são com o único objetivo de continuar crescendo, e alcançando o nível que queremos chegar. Mas para vencer desafios, é preciso coragem para mudar. Reforço que esses novos ajustes serão necessários para que possamos deixar a nossa economia saudável por emprego e distribuição de renda. Um governo que tem compromisso com a transparência e a eficiência, não pode se esconder neste limite, e é isso que nós estamos fazendo, anunciando que chegamos a esse limite”, anunciou o titular da pasta de Minas e Energia.

Ao ser questionado sobre como a presidente ficou após ver todas aquelas pessoas nas ruas protestando contra a corrupção e contra seu governo, o ministro Eduardo Cunha lembrou-se do passado político de Dilma Rousseff para mostrar que ela aceita qualquer manifestação, desde que democrática.

“A presidenta Dilma sofreu uma prisão lutando pela democracia, ela perdeu a sua liberdade para que conseguíssemos nossa democracia, portanto, ela encarou as manifestações de ontem com esse sentimento. Sentimento de quem prega a liberdade de reivindicações, desde que democráticas, e as reivindicações que tivemos nos últimos dias foram totalmente democratas”, explicou Cunha.

Para encerrar, o ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, comparou as manifestações do último fim de semana com as que aconteceram em 2013, e que ao contrário do que ocorreu há um ano e meio, desta vez existe uma causa direta, a corrupção.

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Desta vez existe uma causa direta, a corrupção

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“As manifestações de ontem, foram totalmente diferente das manifestações de 2013, antes foram reclamados outras coisas difusas, hoje o povo se manifesta pela corrupção. A grande verdade, é que a corrupção é muito antiga no Brasil, mas hoje ela é investigada e punida. Na história brasileira, desde a constituição de 88, passando por todos os governos, o Brasil trabalha para que possamos investigar coisas como essas”, encerrou Cardozo. Fonte Jornal do Brasil 

Recife constrói os caminhos do shopping e não faz nada que preste para o povo

A noite começou com festa no Recife Antigo. Em meio às celebrações dos 478 anos do Recife, o prefeito Geraldo Julio e o governador Paulo Câmara realizaram o corte do bolo que, em Olinda,
A noite começou com festa no Recife Antigo. Em meio às celebrações dos 478 anos do Recife, o prefeito Geraldo Julio e o governador Paulo Câmara realizaram o corte do bolo que, em Olinda, pesou 480 quilos

O Diário de Pernambuco publica hoje: “Prefeito Geraldo Julio tem 75% de aprovação. Pesquisa mostra que gestão do socialista no Recife tem deixado satisfeita a maioria da população da capital pernambucana”.

Pesquisa no Brasil é meio de propaganda super, super faturada.

A Prefeitura do Recife não informou quanto pagou por essa pesquisa. Quanto gasta, todo santo mês, com propaganda. E qual agência de publicidade leva 30 por cento de comissão, e muito mais, dessa grana de milhões e milhões.

O governo municipal investe quanto em saúde, em educação, e com propaganda? Duvido que se divulgue um estudo comparativo.

A Prefeitura não faz nada que preste para o povo. É de fritar bolinhos e coxinhas e de construir os caminhos do shopping…

Quantos mercados públicos existem no Recife? Desde quando a Prefeitura não constrói nenhum? É isso aí: não se faz nada para o povo. Nada que preste.

 

 

 

RECIFE, A CAPITAL DO LIXO NO NORDESTE

Luxo

A primeira leitura que fiz foi lixo. Esta de Recife capital do luxo é uma piada. Certamente que existem fausto, esplendor, magnificência e ostentação privativas das mansões e apartamentos de executivos de empresas estrangeiras, de marajás e Marias Candelária do executivo, do legislativo e do judiciário. E nos shoppings, que a Prefeitura, para servir os novos mascates, pretende transformar em passeio público e locais substitutos das antigas praças.

Os grandes empresários de Pernambuco não moram no Recife, preferem a lonjura das praias particulares e de secretos condomínios fechados. Ou a vida no além-mar.

Vi hoje na página Direitos Urbanos – Recife, no Facebook:

Rafael Andrade: Canal do lixo, localizado em Afogados, Estrada dos Remédios (ao lado do bar do Caboclinho)
Rafael Andrade: Canal do lixo, localizado em Afogados, Estrada dos Remédios (ao lado do bar do Caboclinho)
Wellington Lima:  É assim que se encontra a chamada "Veneza Brasileira", no Cais da Alfândega
Wellington Lima: É assim que se encontra a chamada “Veneza Brasileira”, no Cais da Alfândega
A EMPRESA QUE ESTAR CONSTRUINDO O TIP DA JOANA BEZERRA CONCRETIZOU, SOTERROU AS ARVORES CENTENÁRIA DO SÍTIO HISTÓRICO DO CAJUEIRO DO COQUE E ELAS ESTÃO MORRENDO! JÁ ENVIAMOS OFÍCIO A SECRETÁRIA DO MEIO AMBIENTE PEDINDO QUE ELA INVERTESSE E ATÉ HOJE ELA NADA VEZ. DO MESMO JEITO PEDIMOS AOS PROMOTORES DO MEIO AMBIENTE E ELES TAMBÉM NADA FIZERAM! JÁ NÃO SABEMOS A QUEM MAIS RECORRER! DAÍ O NOSSO PEDIDO DE AJUDA. CONTAMOS COM VOCÊS! VIDE FOTOS ANEXAS E OFICIO.
RILDO FERNANDES: A EMPRESA QUE ESTá CONSTRUINDO O TIP DA JOANA BEZERRA CONCRETIZOU E SOTERROU AS ÁRVORES CENTENÁRIAS DO SÍTIO HISTÓRICO DO CAJUEIRO DO COQUE, E ELAS ESTÃO MORRENDO!
JÁ ENVIAMOS OFÍCIO A SECRETÁRIA DO MEIO AMBIENTE, PEDINDO QUE INVERTESSE E, ATÉ HOJE, NENHUMA PROVIDÊNCIA

O Recife é uma cidade suja e escura.

Ninguém sabe para onde vai o dinheiro da Prefeitura, que nada se faz que preste para o povo.

Governar Recife é construir os caminhos dos shoppigns.

 

Shoppings: Império das empreiteiras, falência dos pequenos negócios e escravidão

DP shopping

 

Talis Andrade: Um shopping fecha centenas de pequenos negócios, levando famílias à miséria, despejando milhares de pessoas em troca de empregos temporários. Deveria existir uma lei proibindo shoppings e supermercados em áreas residenciais. Isso não acontece no centro das grandes cidades planejadas, civilizadas, humanizadas no Primeiro Mundo. Isso é cruel, selvagem, fica para países vassalos, sem governo, sem justiça social, sem leis que beneficiem o povo em geral. Rolê nesses templos de luxo, onde tudo fica mais caro, e separado do povo, motivando o racismo e a discriminação social.

Luiz Tagore: Desordem urbana, assalto nas saídas, pobreza extrema no entorno, consumismo e endividamento…

Sandri Rodrigues: + parques – shoppings

Caique de Lira: Árvores não pagam impostos

Daniel Moura: Olha a ideia da criatura. “arvore n paga imposto”…

Kaio Aragão Sales: No more shoppings!

Karenina Moreno: Chega de shoppings!!!

Robson Valentim: Lugar decente para alocar os comerciantes de rua ninguém encontra. E ainda tenho que aguentar ver a imprensa maquiar uma noticia deplorável como essa.

Flavio Silva: Camaragibe, ainda bem que não tem favela perto. Porque Shopping Recife e o Rio Mar, misericórdia

Glaucon Andrade: Camaragibe é uma favela

Wanda Lima: Mais escravidão

Rafael Comparato: Quer viver de bolsa esmola? Tem cara!

Wanda Lima: Não sabe brincar não queridinha, já trabalhei em shopping e é escravidão sim, quem quiser dizer o contrário que diga. Não preciso de bolsa esmola, já vou me formar, e paguei sem precisar disso. Então, não fale do que não sabe sua louca.

Lucia Amo Filha: Wanda Lima, te dou toda razão. Também trabalhei… e donos de lojas fazem dos funcionários escravos mesmo.

Wanda Lima: É absurdo. Agora, em dezembro, a coisa piora porque tem que pegar duas horas mais cedo, e o shopping, em um certo período, fecha às 23 horas. Agora, me diz se isso não é escravidão? Sei que ajuda muita gente que precisa, mas não deixa de ser escravidão.

Ruan Lima: + ar puro – ar condicionado

Matheus Beltrão: + moradias populares – shoppings

shopping segurança nazismo

Augustinho Guerra: Mais um exemplo do discurso noticioso. O Diário insiste em trazer esses discursos produzidos, colocando sempre o que dizem a respeito do que pensam o setor empresarial, os gestores públicos, e silenciando os outros atores sociais, deixando evidente a intenção de difundir ao público leitor uma boa imagem desses empreendimentos, apontando as qualidades, como a geração de empregos, e ocultando os possíveis problemas, evitando assim o debate e o caráter de imparcialidade, atrelando Crescimento com Desenvolvimento. Eu, leitor, critico, não caio nesse discurso!

Carlos Lira Jr.: Mais consumismo, mais endividamento, mais engarrafamento, mais salário mínimo, mais dinheiro pras empreiteiras.

Layssa Maria: Shopping é escravidão sim. Abrir novas oportunidades de emprego não significa que os brasileiros terão a oportunidade de crescer. O Ministério do Trabalho precisa mudar. Defender o nosso país das multinacionais. Nas empresas, com lojas em shopping, somos escravos. A hora que larga é um absurdo…

Adriano Hinderlandesön: Em ipojuca deveria ter… maior arrecadação do Estado….

Alexandre Albuquerque: Eu fico a observar. Recife tem chances de crescer de maneira sustentável, e com justiça social, mas comete os mesmos erros de outras grandes metrópoles do SE/S!

Ewerton Oliveira: Baderna? Então os países desenvolvidos, onde os shoppings estão em plena decadência, são baderneiros? Acorde rapaz, os shoppings só se desenvolvem em países atrasados como o nosso!!

Edilson Santos: Baderna. Então se mude daqui se está achando ruim

Sandri Rodrigues: Mais shoppings, lojas e ESCRAVIDÃO!

Elisangela Cantidio: O Ministério do Trabalho tem que defender os brasileiros dessa escravidão, fiscalizar, visando a integridade física e mental dos trabalhadores.

Elisangela Cantidio: Trabalhar Ok! Mas, com o mínimo de qualidade. O trabalhador tem que ter saúde, e tempo para a família.

Felipe Souza: Trabalhar em shopping não é lá das últimas maravilhas , mas tudo bem né?

Déh Mazzony: Mais escravidão… em todos sentidos.

André Eduardo: A RMR não precisa de mais shopping. Precisa de mais qualidade de vida, de uma requalificação do centro que valorize o comércio popular e incentive a moradia no centro. E já sabemos a qualidade dos empregos gerados nesses shoppings…

Foto dos rolês de 2013. A polícia do apartheid negro
Foto dos rolês de 2013. A polícia do apartheid negro. Nos shoppings negro entra para trabalhar. Os brancos têm passagem livre e protegida. 

Elisangela Cantidio: Fora a escravidão! Por favor apoiar já! gente. Abra os olhos por favor, perguntar pra quem trabalha lá se eles não querem meter o pé de lá.
Porque é escravidão pura. As pessoas precisam de ter, no mínimo, uma qualidade de vida (tempo para cuidar da própria saúde, e curtir seu bem maior que é a família).

Antonio Miguel: Horrível!  Prefeito faça como João Pessoa, PB . Faca um shopping para os camelôs. Eles merecem isso sim , seria uma boa ação .

Fernanda Melo: Mais trabalho escravo, quase me prejudiquei nas provas da faculdade, mas larguei! Um dia isso vai mudar.

Everton Machado: Escravidão!

Lucas De Sá: Menos shoppings.

 

APARTHEID NEGRO. Rolezinho, uma invasão do espaço dos brancos

Rolezinho devem acontecer sim, do jeito que rolam em diferentes partes do mundo: para combater o isolamento, a falta de locais de lazer dos jovens pobres.

No Brasil, os rolezinhos nasceram para combater o apartheid dos jovens negros e pardos, que vivem cercados nos cortiços do centro e nas favelas das periferias das grandes cidades. Presos nos guetos e favelas.

Não há locais de lazer para o povo, além das praias fluviais e marítimas. Recife é uma cidade que não tem nenhum passeio público, e o espaço urbano da capital pernambucana está todo grilado pela especulação imobiliária. Veja o escândalo desta manchete bem demonstrativa do descaso da prefeitura de Cuiabá:

diario_cuiaba. terreno baldio grilagem

Vários prefeitos – com a desculpa de fazer caixa – vendem terrenos baldios, ruas e praças para as construtoras. Ainda no Recife, temos a Bacia do Pina toda destinada para o rasga céu de pavorosas torres, e o rasga verde da destruição dos manguezais, inclusive para a construção de uma autopista, com investimento de meio bilhão de reais do governo, para beneficiar um empreendimento privado, oficializando o tradicional abuso da violentação dos shoppings em bairros residenciais.

Os rolezinhos contra o apartheid nos shoppings recebem da imprensa  elitista e patronal  manchetes terroristas, reverberando ameaças da polícia e da justiça.

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correio_braziliense. rolezinho fecha

 

Shopping não é local para comício. A simples presença do jovem negro  uma chocante e reveladora denúncia contra o racismo, a prova de que o aparheid existe. Outros tipos de protestos sejam organizados, principalmente, nas ruas e praças.

Dos prefeitos a obrigação de construir hortos e parques; passeios públicos e praças; centros culturais e desportivos.

O Brasil não investe em  lazer. E nada se faz que preste para o povo.

Latuff
Latuff

Rolezinho rola até Não Vai Ter Copa

JOANA GORJÃO HENRIQUES (TEXTO) E VERA MOUTINHO (VÍDEO)

Um enorme centro comercial, Iguatemi do Lago Norte, o mais frequentado pela classe alta de Brasília, fecha as suas lojas de luxo a um sábado à tarde. Fica cercado por polícia e por homens que olham de frente quem se aproxima. No lado de fora, um grupo de não mais de duas dezenas de rolezeiros — muitos deles estudantes universitários, alguns de juventudes partidárias e uns quatro jovens da periferia – saca de uma coluna de som, e põe a tocar funk e até o Geração Coca-Cola dos Legião Urbana. Num terceiro grupo, uma dezena de jornalistas sentados na relva tecla ao computador.

Em Junho, isto chamar-se-ia protesto, hoje chamou-se rolezinho e foi marcado no Facebook por um grupo de amigos activistas (entre eles Pilar de Freitas, Serginho Lopes e Franklin Rabelo de Melo, que irão conhecer numa das nossas reportagens): quiseram estar solidários contra a violência policial exercida em rolezinhos passados. Rolezinhos são encontros marcados pelas redes sociais entre jovens da periferia para irem passear dentro do centro comercial, juntando às vezes grandes grupos, e estalou um polémica recentemente porque alguns shoppings em São Paulo barraram a entrada a jovens e por a polícia ter usado balas de borracha e violência.

De manhã, os jornais tinham anunciado que o shopping Iguatemi iria fechar, portanto a organização já estava à espera que não aparecesse muita gente. Mas o aparato policial dá afinal ainda mais força a quem o organizou: o gigante tem medo do anão e protege-se na sua fortaleza accionando a segurança máxima. Passada uma hora e meia, e com um protesto Não Vai Ter Copa marcado para as 17h no Brasília Shopping, desliga-se a música, arruma-se o megafone, e os rolezeiros rolam nos seus carros até ao Não Vai Ter Copa. Se estavam mais de 50 manifestantes ao todo, contando com os do rolezinho, era muito. Já de polícia e polícia militar, o número era bem maior. Para os rolezeiros, o dia já tinha sido ganho.
Ouçam a Mácia Teixeira: Vídeo de Vera Moutinho

 

Rafael Balbueno
Rafael Balbueno

Cota de negros já para o shopping Rio Mar da Bacia do Pina, Recife

Fui ontem, pela primeira vez, ao Rio Mar, e fiquei espantado: não vi nenhum negro entre os usuários. Certamente existem pessoas de cor, para realizar os serviços sujos e pesados: segurança, limpeza e descarga de mercadorias.

O Rio Mar foi construído em terreno doado pelo Estado para a fábrica Bacardi, quando expulsa de Cuba, nos começos da vitoriosa revolução de Fidel.

E toda a infra-estrura: via expressa, ruas e mais ruas,  viadutos, túneis,  desapropriações de terrenos, despejo de favelas, redes de água, energia, esgoto etc – uma bilionária botija de benesses doada pelos prefeitos João Paulo, João de Costa para o Povo, e o atual Geraldo Julio, mais governo do Estado, governo da União, e perdidos fundos – que os lá de cima metem a mão – dos bancos oficiais.

estrutura

rio mar estrutura

Com a justiça de Pernambuco assinando despejo de negros nas favelas, e a partir do terreno da Bacardi, o rasgar do verde dos manguesais para construção de altas torres.

Veja se esse paraíso é lugar para negro. Negro é bicho de maloca, acostumado a viver na lama, que nem caranguejo, que rasteja pra trás.

RioMar Shopping 02

RioMar Shopping 03

RioMar Shopping 04

Veja quanta agressão na beleza roubada. Quem esta dentro do paraíso de luxo nem percebe
Quanta agressão na beleza roubada! Clique na foto para ampliar

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Rio-Mar- interior

riomar loja

Esse anunciado rolezinho não aconteceu

folha

A polícia de Eduardo Campos promete traçar planos de segurança para evitar rolezinhos. O que fica provado a existência do apartheid negro.

Nestes meses de férias escolares, para onde deve ir o jovem estudante negro?

O Recife não tem passeio público, e as poucas praças sem árvores não oferecem nenhum atrativo. Nem sombra tem.

Por que a Prefeitura do Recife não constrói para o povo, na Bacia do Pina, hortos, parques, praças, centros esportivos e culturais?

Veja que curioso: nos bairros da Zona Sul não existe nenhum mercado público.

Via Mangue destrói o verde e o azul, acinzentando o Recife, “Cidade das Águas”

Um americano que morou em São Paulo por três anos resolveu criar um lista com motivos pelos quais odiou viver no Brasil. Ele é casado com uma brasileira e não gostou muito da experiência. A lista inicial tinha 20 motivos, mas um fórum gringo resolveu continuá-la.

Transcrevo dois ítens:

39- Tudo é construído para carros e motoristas, mesmo os carros sendo 3x o preço de qualquer outro país. Os ônibus intermunicipais de luxo são eficientes, mas o transporte público é inconveniente, caro e desconfortável para andar. Consequentemente, o tráfego em São Paulo e Rio é hoje considerado um dos piores da Terra (SP, possivelmente, o pior). Mesmo ao meio-dia podem ter engarrafamentos enormes que torna impossível você andar mesmo em um pequeno trajeto limitado, a menos que você tenha uma motocicleta.

40- Todas as cidades brasileiras (com exceção talvez do Rio e o antigo bairro do Pelourinho em Salvador), são feias, cheias de concreto, hiper-modernas e desprovidas de arquitetura, árvores ou charme. A maioria é monótona e completamente idênticas na aparência. Qualquer história colonial ou bela mansão antiga é rapidamente demolida para dar lugar a um estacionamento ou um shopping center.

Shopping construído na Bacia do Pina, Recife
Shopping construído na Bacia do Pina, Recife

Conheça os outros dezoitos motivos. No Recife, o sonho da classe média alta é viver no alto de uma alta torre. E a vida acontece assim: Pega o carro e vai para um escritório. E depois pega o carro para a viagem de retorno. Quando o trânsito piorar deve fazer de helicóptero este percurso de ida-e-volta. Como já acontece em São Paulo. E no Rio de Janeiro. O governador Sérgio Cabral vive trepado em um helicóptero. Do alto a paisagem permanece sempre linda. Que as elites não sofrem do medo das alturas. Apenas têm medo do povo. Medo e nojo.

As novas pontes são feias. As ruas e estradas de uma monotonia de dar sono no motorista e passageiros. Não proporcionam nenhuma beleza. Pior ainda: destroem a beleza da paisagem.

A Via Mangue, ora em construção, para facilitar o acesso do Aeroporto Guararapes a um shopping de João Paes Mendonça, e às altas torres que serão erguidas na Bacia do Pina, tornou-se um super, super faturado mostrengo de cimento. Que é fácil diferenciar o que é belo e o que é feio, horrendo, nocivo, aberração.

Via Mangue, Recife
Via Mangue, Recife
Estrada da Graciosa (1873), Brasil. Fotografia: Mauro Nogueira
Estrada da Graciosa (1873), Brasil. Fotografia: Mauro Nogueira

Os engenheiros (não pode ser coisa de um arquiteto, de um artista) pegam um mapa, colocam uma régua em cima, e traçam uma linha reta. Não entendem que Iara é a Senhora das Águas. Que a Mãe-d’água tem curvas.

IARA

Vive dentro de mim, como num rio,
Uma linda mulher, esquiva e rara,
Num borbulhar de argênteos flocos, Iara
De cabeleira de ouro e corpo frio.
Olavo Bilac

Iara
Iara

Eles não entendem das curvas de uma mulher. Nem amam a Mãe Terra.

Encosta o ouvido
no morno ventre
da Mãe Terra.

(…)
Se queres sentir
o cheiro fresco do verde,
o doce gosto de chuva.
Se teu sexo anseia
arranhar-lhe o ventre,
arando a vida.
Se tuas penetrantes mãos
cavar-lhe o útero –
onde a semente
será jogada,
onde a semente
encontrará abrigo -,
sejas amigo.
Porque quando teu corpo
não mais te servir,
a Terra Mãe te desobrigará
de tão enfadonha
pesada carga.
Talis Andrade

A linha reta da Via Mangue
A linha reta da Via Mangue
Tianmen Mountain Road – Hunan, China
Tianmen Mountain Road – Hunan, China

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Serra do Rastro, Santa Catarina
Serra do Rastro, Santa Catarina

A BELEZA ROUBADA

O meio ambiente devastado pela especulação imobiliária, pela grilagem de terras e de águas, pelos aterros para a construção de shoppings e de altas torres & toda estrutura urbana presenteada com o dinheiro dos cofres públicos, apenas para atender esse novo Recife, sem povo, das elites provincianas e turistas da classe média baixa dos países do Primeiro Mundo.

O acesso ao shopping Rio Mar, construído com o dinheiro do povo
O acesso ao shopping Rio Mar, construído com o dinheiro do povo
POLUIÇÃO VISUAL. Via Mangue, afeando o Rio, encobrindo o azul - a beleza das águas que dão nome ao Recife, chamada de "Cidade das Águas", "Veneza Brasileira"
POLUIÇÃO VISUAL. Via Mangue, afeando o Rio, encobrindo o azul – a beleza das águas que dá nome ao Recife, chamada de “Cidade das Águas”, “Veneza Brasileira”

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The Atlantic Road, Noruega
The Atlantic Road, Noruega
Ponte de Dhongal, China
Ponte de Dhongal, China

A Via Mangue teve seu nome mudado para Celso Furtado, para não lembrar os manguezais destruídos pelos aterros clandestinos e oficiais. Uma proposital destruição do verde. Da natureza.

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Foto do Blog de Priscila Krause
Foto do Blog de Priscila Krause

Os shoppings foram construídos para manter os negros do lado de fora. Nada de rolezinho

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* Existe o apartheid negro no Brasil

* Os shoppings, novos templos do capitalismo branco

* A Polícia Militar, com um efetivo de praças negros, exerce o papel de feitor que, na escravidão legalizada do Brasil Colônia e do Brasil Império, era um serviço sujo realizado por negros também escravos

* Os muros do prefeito Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, cercam os negros em guetos

* Não temos mais os negros fugidos e perseguidos pelo Exército, mas as polícias estaduais conquistam favelas em nome de uma paz das prisões sob vara, da tortura e da morte. São milhares de negros desaparecidos, sendo recente o caso Amarildo

 

ditadura racismo branco governo política

Os novos “vândalos” do Brasil

O rolezinho, a novidade deste Natal, mostra que, quando a juventude pobre e negra das periferias de São Paulo ocupa os shoppings anunciando que quer fazer parte da festa do consumo, a resposta é a de sempre: criminalização. Mas o que estes jovens estão, de fato, “roubando” da classe média brasileira?

por Eliane Brum/ El País, Espanha

O Natal de 2013 ficará marcado como aquele em que o Brasil tratou garotos pobres, a maioria deles negros, como bandidos, por terem ousado se divertir nos shoppings onde a classe média faz as compras de fim de ano. Pelas redes sociais, centenas, às vezes milhares de jovens, combinavam o que chamam de “rolezinho”, em shopping próximos de suas comunidades, para “zoar, dar uns beijos, rolar umas paqueras” ou “tumultuar, pegar geral, se divertir, sem roubos”. No sábado, 14, dezenas entraram no Shopping Internacional de Guarulhos, cantando refrões de funk da ostentação. Não roubaram, não destruíram, não portavam drogas, mas, mesmo assim, 23 deles foram levados até a delegacia, sem que nada justificasse a detenção. Neste domingo, 22, no Shopping Interlagos, garotos foram revistados na chegada por um forte esquema policial: segundo a imprensa, uma base móvel e quatro camburões para a revista, outras quatro unidades da Polícia Militar, uma do GOE (Grupo de Operações Especiais) e cinco carros de segurança particular para montar guarda. Vários jovens foram “convidados” a se retirar do prédio, por exibirem uma aparência de funkeiros, como dois irmãos que empurravam o pai, amputado, numa cadeira de rodas. De novo, nenhum furto foi registrado. No sábado, 21, a polícia, chamada pela administração do Shopping Campo Limpo, não constatou nenhum “tumulto”, mas viaturas da Força Tática e motos da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) permaneceram no estacionamento para inibir o rolezinho e policiais entraram no shopping com armas de balas de borracha e bombas de gás.

Se não há crime, por que a juventude pobre e negra das periferias da Grande São Paulo está sendo criminalizada?

Primeiro, por causa do passo para dentro. Os shoppings foram construídos para mantê-los do lado de fora e, de repente, eles ousaram superar a margem e entrar. E reivindicando algo transgressor para jovens negros e pobres, no imaginário nacional: divertir-se fora dos limites do gueto. E desejar objetos de consumo. Não geladeiras e TVs de tela plana, símbolos da chamada classe C ou “nova classe média”, parcela da população que ascendeu com a ampliação de renda no governo Lula, mas marcas de luxo, as grandes grifes internacionais, aqueles que se pretendem exclusivas para uma elite, em geral branca.

Antes, em 7 de dezembro, cerca de 6 mil jovens haviam ocupado o estacionamento do Shopping Metrô Itaquera, e também foram reprimidos. Vários rolezinhos foram marcados pelas redes sociais em diferentes shoppings da região metropolitana de São Paulo até o final de janeiro, mas, com medo da repressão, muitos têm sido cancelados. Seus organizadores, jovens que trabalham em serviços como o de office-boy e ajudante geral, temem perder o emprego ao serem detidos pela polícia por estarem onde supostamente não deveriam estar – numa lei não escrita, mas sempre cumprida no Brasil. Seguranças dos shoppings foram orientados a monitorar qualquer jovem “suspeito” que esteja diante de uma vitrine, mesmo que sozinho, desejando óculos da Oakley ou tênis Mizuno, dois dos ícones dos funkeiros da ostentação. Às vésperas do Natal, o Brasil mostra a face deformada do seu racismo. E precisa encará-la, porque racismo, sim, é crime.

“Eita porra, que cheiro de maconha” foi o refrão cantado pelos jovens ao entrarem no Shopping Internacional de Guarulhos. O funk é de MC Daleste, que afirma no nome artístico a região onde nasceu e se criou, a zona leste, a mais pobre de São Paulo, aquela que todo o verão naufraga com as chuvas, por obras que os sucessivos governos sempre adiam, esmagando sonhos, soterrando casas, matando adultos e crianças. Daleste morreu assassinado em julho com um tiro no peito durante um show em Campinas – e assassinato é a primeira causa de morte dos jovens negros e pobres no Brasil, como os que ocuparam o Shopping Internacional de Guarulhos.

A polícia reprimiu, os lojistas fecharam as lojas, a clientela correu. Uma das frequentadores do shopping disse a frase-símbolo à repórter Laura Capriglione, na Folha de S. Paulo: “Tem de proibir este tipo de maloqueiro de entrar num lugar como este”. Nos dias que se seguiram, em diferentes sites de imprensa, leitores assim definiram os “rolezeiros” (veja entrevista abaixo): “maloqueiros”, “bandidos”, “prostitutas” e “negros”. Negros emerge aqui como palavra de ofensa.

 “As novelas já vendiam uma vida de luxo há muito tempo, só que nelas os ricos eram os que pertenciam ao mundo de riqueza. Nos videoclipes de funk ostentação, são os pobres que aparecem neste mundo.”

O funk da ostentação, surgido na Baixada Santista e Região Metropolitana de São Paulo nos últimos anos, evoca o consumo, o luxo, o dinheiro e o prazer que tudo isso dá. Em seus clipes, os MCs aparecem com correntes e anéis de ouro, vestidos com roupas de grife, em carros caros, cercado por mulheres com muita bunda e pouca roupa. (Para conhecer o funk da ostentação, assista ao documentárioaqui). Diferentemente do núcleo duro do hip hop paulista dos ano 80 e 90, que negava o sistema, e também do movimento de literatura periférica e marginal que, no início dos anos 2000, defendia que, se é para consumir, que se compre as marcas produzidas pela periferia, para a periferia, o funk da ostentação coloca os jovens, ainda que para a maioria só pelo imaginário, em cenários até então reservados para a juventude branca das classes média e alta. Esta, talvez, seja a sua transgressão. Em seus clipes, os MCs têm vida de rico, com todos os signos dos ricos. Graças ao sucesso de seu funk nas comunidades, muitos MCs enriqueceram de fato e tiveram acesso ao mundo que celebravam.

Esta exaltação do luxo e do consumo, interpretada como adesão ao sistema, tornou o funk da ostentação desconfortável para uma parcela dos intelectuais brasileiros e mesmo para parte das lideranças culturais das periferias de São Paulo. Agora, os rolezinhos – e a repressão que se seguiu a eles – deram a esta vertente do funk uma marca de insurgência, celebrada nos últimos dias por vozes da esquerda. Ao ocupar os shoppings, a juventude pobre e negra das periferias não estava apenas se apropriando dos valores simbólicos, como já fazia pelas letras do funk da ostentação, mas também dos espaços físicos, o que marca uma diferença. E, para alguns setores da sociedade, adiciona um conteúdo perigoso àquele que já foi chamado de “funk do bem”.

A resposta violenta da administração dos shoppings, das autoridades públicas, da clientela e de parte da mídia demonstra que esses atores decodificaram a entrada da juventude das periferias nos shoppings como uma violência. Mas a violência era justamente o fato de não estarem lá para roubar, o único lugar em que se acostumaram a enxergar jovens negros e pobres. Então, como encaixá-los, em que lugar colocá-los? Preferiram concluir que havia a intenção de furtar e destruir, o que era mais fácil de aceitar do que admitir que apenas queriam se divertir nos mesmos lugares da classe média, desejando os mesmo objetos de consumo que ela. Levaram uma parte dos rolezeiros para a delegacia. Ainda que tivessem de soltá-los logo depois, porque nada de fato havia para mantê-los ali, o ato já estigmatizou-os e assinalará suas vidas, como historicamente se fez com os negros e pobres no Brasil.

Jefferson Luís, 20 anos, organizador do rolezinho do Shopping Internacional de Guarulhos, foi detido, é alvo de inquérito policial, sua mãe chorou e ele acabou cancelando outro rolezinho já marcado por medo de ser ainda mais massacrado. Ajudante geral de uma empresa, economizou um mês de salário para comprar a corrente dourada que ostenta no pescoço. Jefferson disse ao jornal O Globo: “Não seria um protesto, seria uma resposta à opressão. Não dá para ficar em casa trancado”.

Por esta subversão, ele não será perdoado. Os jovens negros e pobres das periferias de São Paulo, em vez de se contentarem em trabalhar na construção civil e em serviços subalternos das empresas de segunda a sexta, e ficar trancados em casas sem saneamento no fim de semana, querem também se divertir. Zoar, como dizem. A classe média até aceita que queiram pão, que queiram geladeira, sente-se mais incomodada quando lotam os aeroportos, mas se divertir – e nos shoppings? Mais uma frase de Jefferson Luiz: “Se eu tivesse um quarto só pra mim hoje já seria uma ostentação”. Ele divide um cômodo na periferia de Guarulhos com oito pessoas.

Neste Natal, os funkeiros da ostentação parecem ter virado os novos “vândalos”, como são chamados todos os manifestantes que, nos protestos, não se comportam dentro da etiqueta estabelecida pelas autoridades instituídas e por parte da mídia. Nas primeiras notícias da imprensa, o rolezinho do Shopping Internacional de Guarulhos foi tachado de “arrastão”. Mas não havia arrastão nenhum. O antropólogo Alexandre Barbosa Pereira faz uma provocação precisa: “Se fosse um grupo numeroso de jovens brancos de classe média, como aconteceu várias vezes, seria interpretado como um flash mob?”. Leia mais 

Quando rolé vira crime, 450 kg de cocaína só pode virar… pó!

Do Ficha Corrida, Gilmar Crestani comenta que A melhor análise sobre os rolezinhos foi da jornalista Eliane Brum, aqui!

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Após ‘rolezinhos’, lojistas pedem PM em shoppings

Associação reivindica que policiais façam segurança nos estabelecimentos

Proposta envolve nova modalidade da Operação Delegada; Alckmin diz que ela ainda será avaliada

DE SÃO PAULO

Depois de ao menos quatro shoppings de São Paulo receberem encontros de jovens conhecidos como “rolezinhos”, a associação de lojistas do setor pediu a presença de policiamento militar dentro dos estabelecimentos.

O presidente da entidade, Nabil Sahyoun, afirmou ontem que o setor pretende que, a partir de fevereiro ou março, policiais fardados façam a segurança dentro dos shoppings centers. Ele não detalhou quantas unidades receberiam os militares nem o horário em que eles atuariam.

“Shopping é um equipamento urbano inserido na cidade”, diz. Para Sahyoun, a presença de policiais fardados poderia aumentar a segurança e também inibir a onda de “rolezinhos”, combinados por meio de redes sociais.

Segundo a associação, os “rolezinhos” tiveram impacto negativo de 7% a 8% nas vendas do shopping Interlagos no domingo, quando ele recebeu uma dessas reuniões.

Sahyoun disse também que foi feito um monitoramento das redes sociais para saber quando e onde ocorreriam novos encontros. Os shoppings que seriam alvo da manifestação contrataram 200 seguranças extras.

A maneira para que os policiais atuem dentro dos estabelecimentos é aprovar uma nova modalidade de Operação Delegada –programa do governo estadual que autoriza militares a desempenhar sua função, fardados, em outros locais durante o período de folga. Hoje, ela existe em convênio com prefeituras.

Para que a operação pudesse se estender para os shoppings, uma nova lei teria de ser aprovada pela Assembleia Legislativa.

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a Secretaria de Segurança Pública recebeu um pedido e que estuda o que fazer.

“O dr. [Fernando] Grella vai examinar. Tem uma proposta de shoppings, de eles remunerarem os policiais, isso vai ser avaliado”, afirmou.

Alckmin, no entanto, fez ressalvas. “O policiamento nosso é publico, portanto o policiamento dentro do shopping deve ser privado. O nosso é publico, portanto ele é fora. Mas nós podemos estudar outras formas de fazer.”

HISTÓRICO

Os “rolezinhos” começaram no dia 7 deste mês, quando 6.000 jovens se encontraram no shopping Metrô Itaquera, zona leste. Na semana seguinte, o local foi o shopping Internacional de Guarulhos, na Grande SP, onde –mesmo sem crimes registrados– 23 foram detidos.

No final de semana anterior ao Natal, outros dois shoppings “sediaram” o encontro, também sem nenhuma ocorrência criminal: Campo Limpo e Interlagos, ambos na zona sul.

(Mariana Barbosa e Paulo Gama)

escravidão

PERSEGUIÇÃO

A TV Globo propaga: “Imagens gravadas com um telefone celular de dentro de uma loja do Shopping Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, mostram um tumulto nos corredores do centro de compras na noite de sábado.

O vídeo revela dezenas de jovens” fugindo, para não levar cacetadas de seguranças e policiais. “Os jovens correndo”, e as milícias dos racistas  “indo atrás deles”. Confira

Jovens negros, da chamada “classe baixa”, ou baixa renda, os filhos do bolsa família, a plebe rude, a ralé, não têm que marcar encontro em shopping. Para as elites e o governo de São Paulo, os negros devem reconhecer seu lugar. O shopping é local de encontro de jovens brancos da classe média, para ir ao cinema, paquerar e beijaços.

Os ricos brasileiros realizam compras nos Estados Unidos e Europa. Inclusive virou mania traficar dinheiro para adquirir apartamento de luxo em Miami.