Preso, jornalista adversário de Aécio denuncia proposta de confissão falsa

 
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DELAÇÃO PREMIADA: CARONE SOB PRESSÃO PARA ASSINAR FALSA ACUSAÇÃO

O diretor proprietário do NOVO JORNAL, Marco Aurélio Carone, internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Oeste, Belo Horizonte, solicitou que chegasse aos deputados estaduais Sávio Souza Cruz (PMDB) e Rogério Correia (PT) a seguinte denúncia:

  1. Que teria sido oferecida a ele, Marco Aurélio Carone, pelo promotor André Pinho, uma proposta de ”delação premiada”, cujos termos já lhe chegaram prontos, incriminando os deputados Sávio Souza Cruz e Rogério Correia, como responsáveis por matérias supostamente caluniosas veiculadas no NOVO JORNAL; matérias estas que desagradam politicamente à cúpula do PSDB e do governo mineiro.
  2. O proprietário do NOVO JORNAL acrescenta ainda que o citado promotor teria lhe dito que “sua situação (a de Carone) seria resolvida caso ele concordasse em assinar o texto acusatório” aos deputados mencionados. Carone informou que recusara prontamente a oferta, por ser ela falsa.
  3. Essa denúncia foi feita na presença dos profissionais de saúde que lhe prestavam assistência, de familiares, advogados, guardas penitenciários e outros transeuntes que observavam o local, já que sua permanência na UPA Oeste ganhara notoriedade e atraíra a atenção de outras pessoas.
  4. Os citados deputados já adotaram medidas em relação a essa possível tentativa de se forjar uma acusação, completamente descabida, contra ambos. Deve se levar em consideração que já existe precedente para tal fato, quando Nilton Monteiro, de sua própria lavra, acusou o delegado Marcio Nabak de tentar negociar com ele o “instituto da delação premiada” em troca da acusação ao deputado Rogério Correia. Na ocasião, insistia o referido delegado na versão de que a Lista de Furnas teria sido elaborada por Monteiro, a pedido de Correia. A tese absurda desse delegado e de outros desafetos de Rogério Correia não prosperou, seja pela recusa de Monteiro a aceitar a proposta, seja pela comprovada autenticidade da afamada “lista”, seja por sua pronta reação frente ao Ministério Público, imprensa, e junto ao seu partido, nacionalmente, que inibiram mais essa tentativa de se forjar provas com claro objetivo de desqualificar a “Lista de Furnas”.
  5. Reiteramos nossa preocupação com a integridade física de M. A. Carone. Suas condições de saúde são precárias e, sob pressão de propostas inescrupulosas, seu quadro pode se agravar.

Finalmente, fica cada vez mais claro que a atabalhoada armação para prender Carone e censurar seu “site” tem tudo a ver com o peso que terá o julgamento do chamado “mensalão tucano” e o andamento judicial da “Lista de Furnas”, no contexto das eleições de 2014.

Belo Horizonte, 24 de janeiro de 2014

 

Justiça mineira manda prender jornalista adversário de Aécio Neves

 Rede Brasil Atual – [Diego Sartorato] Alegação da detenção é formação de quadrilha com Nilton Monteiro, denunciante do mensalão mineiro; bloco Minas sem Censura quer depoimento de jornalista na Assembleia Legislativa.


O jornalista mineiro Marco Aurélio Flores Carone, diretor de redação do sitenovojornal.com, foi preso na manhã de hoje (20) em Belo Horizonte por autorização da juíza Maria Isabel Fleck, da 1ª Vara Criminal da capital mineira. Carone foi denunciado pelo Ministério Público estadual em novembro por formação de quadrilha, falsificação de documentos públicos e particulares, falsidade ideológica, uso de documento falso, denunciação caluniosa majorada e fraude processual majorada – todas acusações relativas ao contato entre o jornalista e o lobista Nilton Monteiro, que tornou pública a Lista de Furnas após ter colaborado com suposto esquema de desvio de dinheiro da estatal. A juíza entende que ambos fazem parte de uma quadrilha cujo objetivo é “difamar, caluniar e intimidar” adversários políticos, e autorizou a prisão preventiva do jornalista para impedir novas publicações. Além disso, aponta o fato de que o NovoJornal seria financiado com dinheiro de origem ilegal, uma vez que o site não contaria com anunciantes suficientes para manter a página.

Carone, amparado pelo bloco parlamentar Minas Sem Censura, que reúne deputados estaduais de PT, PMDB e PRB, negam as acusações e denunciam perseguição política e investida dos aliados do senador Aécio Neves (PSDB) para calar o NovoJornal. “Ora, se você estabelece a prisão preventiva para evitar a publicação de material jornalístico, está oficializada a censura prévia”, lamenta o deputado Rogério Correia (PT), vice-líder do bloco Minas sem Censura.

IRMÃ DE AÉCIO COMANDA

“Assim que voltarmos do recesso, vamos convocá-lo para prestar depoimento na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. Nesse caso, ele pode vir mesmo estando preso, para denunciar a perseguição promovida pelo PSDB de Minas contra seus adversários políticos”, defende o parlamentar, que afirma já ter sido alvo de prática similar. “Quando do surgimento da Lista de Furnas, encaminhei o relatório à Polícia Federal e, por isso, o vice-presidente nacional do PSDB tentou a cassação do meu mandato. É a mesma situação. A censura tem agentes no Ministério Público e no Judiciário, mas, quando é com a imprensa, quem organiza a perseguição é a própria irmã do senador, Andréa Neves.”

O NovoJornal, em texto publicado no ano passado, acusa a irmã de Aécio, que é jornalista e integrará a direção da campanha a presidente do tucano, de ter procurado anunciantes do portal à época e intimidá-los para que parassem de investir no “jornaleco da oposição”. O senador Aécio Neves foi procurado pela RBA por meio do diretório nacional do PSDB para comentar o caso, mas não deu resposta à reportagem até o momento da publicação.

LISTA DE FURNAS

A Lista de Furnas é um documento que revela as quantias pagas a políticos de PSDB, PFL (hoje DEM) e PTB em esquema de desvio de verbas intermediado pelo publicitário Marcos Valério em 2000, com o objetivo de abastecer o caixa dois de campanha desses partidos nas eleições de 2002, caso que ficou conhecido como “mensalão tucano” por envolver os mesmos personagens e operações envolvendo denúncias contra o PT em 2005. O PSDB nega a existência do esquema, que pode ter movimentado mais de R$ 40 milhões, e a autenticidade da Lista de Furnas, embora a Polícia Federal tenha comprovado, em perícia, que a lista conta com a caligrafia de Dimas Toledo, então presidente da estatal de energia. O caso aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal; o julgamento contra o PT foi realizado entre 2012 e 2013, e condenou 36 pessoas.

Em entrevista realizada em agosto do ano passado e divulgada pelo Youtube, o ex-advogado de Nilton Monteiro Dino Miraglia afirmou que o caso de Furnas envolveria até o assassinato da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, em agosto de 2000 – segundo ele, além de trabalhar como garota de programa para os envolvidos no esquema, ela era ainda responsável por transportar o dinheiro desviado da estatal em malas. O assassinato, registrado como suicídio até a revelação de sinais de asfixiamento da modelo, seria queima de arquivo, uma vez que a modelo queria abandonar a quadrilha.

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AMEAÇA DE MORTE

Miraglia abandonou a defesa do lobista Monteiro após ter a casa invadida por dez policiais militares que tinham mandato para procurar um documento falso, mas que teriam aproveitado a oportunidade para ameaçar sua vida. O motivo teria sido o pedido do advogado para enviar a Lista de Furnas ao STF. (Transcrito do Diário Liberdade)

Valério entrega líderes tucanos para escapar de processo no STF

 

O advogado Dino Miraglia, de Belo Horizonte, procurou a Assembleia Legislativa de Minas Gerais para pedir proteção à vida dele e de seu cliente, Nilton Antonio Monteiro, após peticionar ao Supremo para que estabeleça a conexão entre o caso conhecido como ‘lista de Furnas’ e o ‘mensalão tucano’, iniciado por Marcos Valério durante o governo do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

Em linha com o estilo do ministro Barbosa de detalhar as peripécias de Valério e seus cúmplices no ‘mensalão petista’, o caso da ‘lista de Furnas’, contido no inquérito 3530 do STF, acusa tucanos de alta plumagem, entre eles Azeredo, Clesio Andrade e Walfrido dos Mares Guia, de crimes como assassinato, explosões, incêndios, perseguições e até o suborno de magistrados da própria Corte Suprema. Compra de votos, no caso, seria o menor dos pecados cometidos pela quadrilha mineira. Segundo Miraglia, fitas transcritas do depoimento de outro advogado, Joaquim Engler Filho – então ligado ao PSDB mineiro – ao delegado João Otacílio Silva Neto, no Departamento Estadual de Operações Especiais da Polícia Civil de Minas Gerais, em 24 de janeiro de 2008, “comprovam o esquema montado para abafar o ‘mensalão mineiro”.

– O Marcos Valério está entregando todo mundo do PSDB. O esquema todo, para se livrar das penas que deverá receber quando esta ação for julgada. Quanto ao ‘mensalão petista’ não há mais muito o que fazer, mas na ação contra os tucanos, ele está contando tudo o que sabe. Minas está em polvorosa, porque a AP 536, após a juntada do inquérito 3530, transforma-se em um vendaval, capaz de revelar em detalhes toda a corrupção e demais crimes cometidos pelo alto escalão da República, na época do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso – relata Miraglia.

 

Escreve Altamiro Borges:

A famosa “lista de Furnas”, que os demotucanos juravam não existir e que a mídia “privada” sempre evitou investigar, teria sido feita pelo próprio ex-presidente e ex-diretor de planejamento da empresa, Dimas Toledo. Para a procuradora Andrea Bayão Ferreira, do Rio de Janeiro, agora não há mais dúvida sobre a sua autenticidade. De posse dos documentos, Amaury Ribeiro inclusive já pensa em escrever a segunda parte do livro “A privataria tucana”. Para ele, a lista comprova a existência de um “mensalão” de Furnas.

A decisão do MPF também animou o deputado Rogério Correia (PT-MG). Com base num laudo pericial da Polícia Federal, ele foi um dos primeiros a denunciar o rombo na estatal para financiar a eleição de Aécio Neves ao governo de Minas, em 2002. “Quando fiz a denúncia, tentaram até mesmo cassar o meu mandato. Mas a verdade, finalmente, começa a prevalecer”. Para ele, a lista comprova a hipocrisia dos tucanos. “Eles só querem investigar os esquemas dos outros, porque esse de Furnas eles tentam abafar até agora”.