95 empresas financiaram a ditadura

Ronaldo
Ronaldo

 

Em reunião do grupo de trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical” com pesquisadores sobre o envolvimento do empresariado brasileiro com o regime militar, neste sábado 15, a advogada Rosa Cardoso, membro da CNV, afirmou que o apoio dado por grupos do setor privado ao golpe deve se fazer conhecido.

“Devemos fazer uma responsabilização institucional em relação às empresas que apoiaram a ditadura. Assim, conseguimos mostrar que tratou-se de um golpe civil militar e não apenas militar, uma vez que foi construído por toda uma classe empresarial”, disse Rosa sobre o apoio também de grupos multinacionais que se viam em situação de risco nos governos que antecederam o regime militar, como o de João Goulart.

A advogada de presos políticos na ditadura lembrou que, antes mesmo do golpe contra Jango, foram criados os Ipes (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) e o Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), que apoiavam partidos e parlamentares de direita com dinheiro do empresariado e da própria CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), ajudando a criar todo um aparato para o golpe. “Havia Ipes não apenas nas principais capitais, mas também em lugares mais afastados, como Manaus”, disse. “E não apenas os Ipes, mas também grupos que não tinham paciência para ser tão militante, como o de antigos membros da Revolução Constitucionalista (movimento paulista de 1932 contra Getúlio Vargas) e os banqueiros.” [Recentemente Olavo Setubal, dono do banco Itaú, foi lembrado em um escracho].

Na época, afirmou o pesquisador Jorge José de Melo, o empresariado paulista denominava 40% do PIB brasileiro.
“Colaborar com esse tipo de estrutura do regime era ter acesso livre aos recursos públicos”, explicou o jornalista que analisou a trajetória de Henning Albert Boilesen, presidente da Ultragaz e colaborador do regime, que acabou assassinado por um comando da ALN (Ação Libertadora Nacional) e do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes) em 1971. “Alguns colaboraram ideologicamente, como Boilesen e Gastão Bueno Vidigal, do Banco Mercantil, mas outros colaboravam para ter acesso mais fácil aos recursos.”

Assim, o golpe de 1964 contou com a ajuda da elite burguesa preocupada em proteger o capital. Para executar o programa de propaganda, contou a jornalista Denise Assis, foi montado um esquema de doações, constituído por 125 pessoas físicas e 95 jurídicas – destas, cinco (Listas Telefônicas Brasileiras, Light, Cruzeiro do Sul, Refinaria e Exploração de Petróleo União e Icomi) arcavam com mais de 70% das contribuições. O dinheiro arrecadado seguia, então, para as agências de propaganda como: Promotion S.A, Denisson Propaganda, Gallas Propaganda, Norton Propaganda e Multi Propaganda.

Empreiteiras. Dentre os setores que contribuíram e se beneficiaram do regime militar, um de grande destaque foi o de construção civil. Segundo Pedro Henrique Pedreira Campos, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que pesquisou como as empreiteiras apoiaram a ditadura, “empresários que atuam no setor de obras públicas e infraestrutura deram grande salto nessa época”. “Tornaram-se grandes grupos, inclusive com atuação internacional. Em troca, foram altamente favorecidos pelas políticas de Estado implantadas naqueles período. Houve, então, uma concentração no setor na área de construção pesada.”

Muitas vezes, mais do que a colaboração financeira com o regime, as empresas forneciam também apoio logístico à repressão. Além da perseguição a trabalhadores, com as chamadas “listas negras” daqueles que não deveriam ser mais contratados, houve quem cedesse acessórios – como tampões de proteção acústica da General Motors para funcionários do DOI-Codi em São Paulo – ou disponibilizasse instalações para serem transformadas em centros de tortura, como acusam a Petrobras de fazê-lo.

polícia banqueiro poder protesto

 

A LISTA DAS EMPRESAS GOLPISTAS

Mais de 80 empresas estão envolvidas em espionagem e delação de quase 300 funcionários, segundo levantamento feito pela Comissão Nacional da Verdade. O intuito era sufocar qualquer movimento sindicalista que estivesse sendo gestado entre os trabalhadores de grandes montadoras, como Volkswagen, Chrysler, Ford, General Motors, Toyota, Scania, Rolls-Royce, Mercedes Benz, e também de outros setores, como a Brastemp, a estatal Telesp, a Kodak, a Caterpillar, a Johnson & Johnson, a Petrobras, a Embraer e a Monark – todas elas concentradas no ABCD paulista e no Vale do Paraíba.

As empresas justificavam o controle e a colaboração com o regime pela suposta ameaça comunista dos movimentos sindicais. Desde citar os nomes de quem organizasse atos sindicalistas ou vendesse jornais na porta da fábrica, até qualificar algumas mortes como acidentes de trabalho quando de fato não o eram. A polícia, em muitos casos, chegava a receber das companhias milhares de folhas de registros dos empregados que estiveram presentes em greves ou manifestações, com todos os seus dados pessoais, o que poderia levar hoje a processos civis desses funcionários (dos que ainda estão vivos ou de seus familiares) contra as empresas. Não se sabe, porém, se esses dados serviam para evitar futuras contratações por outras empresas ou simplesmente para coleta. Segundo os especialistas, é bastante provável que tenham que ressarcir os afetados, já que não estão amparadas pela lei de Anistia (n.6.683, 1979), que perdoou aqueles que cometeram crimes durante o regime militar no Brasil (1964-1985).

“Os empresários podem ser acusados por crimes de lesa humanidade; 40% dos mortos e desaparecidos durante a ditadura são trabalhadores”, afirma Sebastião Neto, ex-preso político e um dos pesquisadores do grupo de trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical”, da Comissão Nacional da Verdade. Ainda não se sabe quais deles foram efetivamente detidos por causa da denúncia do empregador. Entre os que chegaram a ser torturados e mortos, também não se sabe ao certo se sofreram tudo isso pela investigação no local de trabalho ou por sua relação com organizações políticas.

O Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo tinha uma lista com nome e endereços de centenas de trabalhadores de várias fábricas do ABC (Brastemp, Chrysler, Corona, Equipamentos Villares, Ford, Forjaria São Bernardo, Mercedes-Benz, Rolls-Royce, Scania, Volkswagen, entre outros). Também haveria um informante entre os que discutiam a greve da Scania em São Bernardo, em maio de 1978, tida como marco da retomada do movimento sindical, ainda no final da ditadura.

 Saad Murtadha
Saad Murtadha

A LISTA DA MORTE

Na semana passada, a agência Reuters divulgou informações sobre monitoramento da Volkswagen, durante a ditadura, em relação ao então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, e outros dirigentes. “Talvez a Volks tivesse mais expertise”, comentou Neto, que se preocupou em não enfatizar a ação de uma empresa. “O que nós mostramos é um mecanismo contínuo de repressão, o controle no dia a dia dos trabalhadores”, explica. Segundo ele, havia “naturalidade” na relação entre empresas e polícia política.

Os exemplos são vários. “Em Criciúma, você tem um episódio que o empresário conferia a lista dos presos”, diz Neto, citando ainda o caso de uma mineradora (Morro Velho), em Nova Lima (MG) com um grupo de 51 operários “que ficaram impedidos de viver na cidade” – haveria um acordo para não empregá-los em nenhum lugar. Isso ocorreu ainda em período anterior à ditadura. Ainda em Minas, outro caso de destaque é o chamado “massacre de Ipatinga”, na Usiminas, com 13 mortos reconhecidos.

Depois do golpe de 1964, há a suspeita, no grupo de trabalho, de que as estatais foram uma espécie de “laboratório” da repressão. Apenas na Petrobras foram mais de 500 demissões nos seis meses seguintes à queda de João Goulart.

Rosa Cardoso destaca ainda a importância de se conhecer casos de empresas que cresceram durante a ditadura, citando as construtoras Odebrecht e Camargo Corrêa. “Mas também a Globo, empresa de comunicação. A Varig, por exemplo, que tomou o lugar da Panair, numa falência absolutamente fraudulenta que lhe foi imposta.”

Neto lembra que alguns problemas são atuais. “Hoje, o movimento sindical é muito criminalizado nas greves”, afirma, citando a existência de recursos jurídicos como o interdito proibitório. Ou o que ele chama de “uma espécie de naturalidade de a empresa ligar para a polícia para resolver uma contenda trabalhista“.

 

banqueiros movimento greve manifestante indignados banqueiros

Latuff
Latuff

marina tortura

Candidata do Clube Militar
Candidata do Clube Militar

Tuma Filho foi aprendiz adolescente do DOPS ou é um faroleiro?

Tuma Filho quer ir ao Senado para dizer que viu Lula deitado na sala do pai chefe do DOSP.

Impossível acreditar! O delegado Romeu Tuma ensinou para o filho adolescente como sequestrar, torturar e matar presos? Será que mostrou os cemitérios clandestinos? Que  os senadores perguntem pelas outras vítimas da ditadura.

Para o 247, Tuma no DOPS é a primeira mentira do “livro bomba”

Romeu Tuma Jr. afirma no livro promovido pela revista Veja que acompanhou pessoalmente depoimentos do ex-presidente Lula em colaboração com o regime militar; isso é falso; quando Lula foi preso, em 19 de abril de 1980, Tuminha tinha apenas 16 anos e seis meses de idade, o que impede qualquer pessoa de ter cargo público, quanto mais o de “investigador subordinado”; antes, quando Lula se tornou sindicalista, em 1972, o policial que perdeu o cargo de Secretario Nacional de Justiça por comprovadas ligações com o contrabandista Li Kwok Kwen, contava nove anos de idade; seus amiguinhos brincavam de polícia e bandido e ele já saia em diligências políticas com o pai, o delegado Romeu Tuma, é isso?, acredita quem quiser, mas a verdade é que a vendeta de Tuminha contra Lula não se sustenta; mais uma vez, o pequeno Tuma mentiu

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247 – No dia 19 de abril de 1980, quando, às seis da manhã, o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em sua casa, em São Bernardo, e levado para o Dops, em São Paulo, onde passaria os 31 dias seguintes, o autor do chamado ‘livro-bomba’, pela revista Veja, contava com 16 anos e seis meses de idade. Romeu Tuma Jr., filho do então delegado Romeu Tuma, só completaria 17 anos em 4 de outubro daquele ano. Para a maioridade ainda faltavam para ele, na ocasião da prisão de Lula, um ano e sete meses. Todos sabem que só se pode entrar para o serviço público, em qualquer categoria, com um mínimo de 18 anos de idade.

A pergunta que o tal ‘livro-bomba’ propagandeado por Veja não responde é: como conseguiu, ainda imberbe aos 16 anos e seis meses idade, o jovem Romeu Tuma Jr. saber por ele próprio, como afirma no livro e em entrevista, que Lula fora um colaborador da ditadura?

Tuminha, como o policial é conhecido – também alcunhado pela própria Veja, anos atrás, como “muambeiro” e “meliante” – seria um “gato”, como é conhecido o jogador de futebol que mente a idade para atuar em categorias de base, mas às avessas? Ou seja, em lugar de mentir para menos a sua própria idade, teria mentido para mais a fim de se tornar, como disse, “investigador subordinado” do Dops chefiado por seu pai e sair por aí armado e com título de autoridade policial? Isso o livro não esclarece.

À altura de sua prisão, Lula era visto como o adversário número 1 da ditadura militar. Não havia o menor diálogo entre as duas partes. Afinal, desde 1977, quando os metalúrgicos da Scania, em São Bernardo, pararam suas máquinas e cruzaram os braços dentro do próprio chão da fábrica, Lula era a imagem da radicalização.

Pode-se imaginar, com grandes doses de criatividade, que Lula, ao entrar para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1972, tivesse alguma interface com agentes do regime militar. O então presidente da entidade, Paulo Vidal, era considerado um pelego – e bem poderia confirmar ou desmentir informações procuradas pelo integrantes do regime. Mas Lula? Ele que decidiu entrar para o sindicalismo e a política depois de saber que seu irmão mais próximo, Frei Chico, fora torturado quase até a morte pelos agentes da repressão?

Em 1972, Tuminha, o autor do, repita-se, do ‘livro-bomba’, tinha então 9 anos de idade. Quando seus amiguinhos deveriam estar brincando de polícia e bandido, pelo jeito ele já carregava um distintivo de verdade no peito para sair ao lado do pai, o Tumão, em diligências atrás de comunistas e que tais. Isso é plausível?

Tumão, como se sabe, morreu em 2010. Ele não pode, assim, contar a sua versão, a não ser que Tuminha consiga algum meio de colher seu depoimento, como dizem os policiais.

Acreditar nessa possibilidade, assim como crer que Tuminha, já aos 16 anos, frequentava os salões da repressão do Dops, é dar crédito demasiado a um personagem que, no papel de chefe da área federal contra o contrabando, foi flagrado negociando um salvo-conduto para um dos maiores contrabandistas do País, Li Kwok Kwen, o chinês que controla o contrabando de produtos piratas em São Paulo.

Antes do conluio com o chefe do contrabando, também pego no pulo, Tuminha fez da Secretaria Nacional de Justiça uma central de favores para amigos e parentes, tentando pilotar, inclusive, uma vaga na burocracia para [o namorado da filha].

Menos do que ter conteúdo de verdade, o livro que Tuminha publica é, fora de dúvida, uma pronta e acabada vendeta contra o mesmo Lula que lhe deu um cargo de prestígio na máquina federal e teve de removê-lo de lá por péssimo comportamento.

E vinganças, como se sabe, não precisam da verdade para se concretizar. Uma mentira republicada em Veja pode ser dada como verdade – e o serviço está feito. É o que está em curso com o tal “livro-bomba”. Um traque

PF mostra lobby de Tuma Jr. em favor de ‘genro’

Rodrigo Rangel / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo

Novos diálogos interceptados pela Polícia Federal revelam detalhes de uma articulação do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, para conseguir aprovar o genro em um concurso público para preenchimento de vagas de escrivão da Polícia Civil de São Paulo.

De acordo com as gravações, às quais o Estado teve acesso, antes mesmo da aplicação das provas, Tuma Júnior já havia feito chegar à Academia de Polícia de São Paulo, órgão encarregado de realizar os concursos da Polícia Civil, o heterodoxo pedido: queria, de todo modo, que o namorado da filha fosse aprovado.

As conversas mostram que Tuma Júnior ficou irritado quando soube que seu “futuro genro” havia ficado fora da lista de aprovados. É quando começa uma sucessão de telefonemas para tentar reverter o resultado. Do outro lado da linha, em todos os diálogos, estava o policial Paulo Guilherme Mello, o Guga, braço direito de Tuma Júnior no Ministério da Justiça.

Mello, um dos alvos da investigação da Polícia Federal, havia sido encarregado por Tuma Júnior para cuidar da “aprovação” do genro do secretário.

“Pedidos”. O próprio secretário nacional de Justiça trata do assunto num dos telefonemas, em 19 de junho do ano passado. “Vê com aqueles cornos lá o que aconteceu lá, naquele rapaz lá, que cê foi falar aquela vez”, ordenou a Mello.

Como o resultado já estava publicado, o próprio Tuma sugeriu que uma solução seria o genro apresentar um recurso – o que, em sua avaliação, poderia ajudar a reverter a reprovação. “Eu mandei ele fazer recurso”, disse o secretário.

O assessor Mello relata as providências que adotara para atender ao pedido do chefe. “Eu falei com a pessoa que cê mandou eu falar (…) e aquele dia mesmo ele já ligou pra alguém, né, na minha frente.” Tuma Júnior lamenta mais uma vez: “Que sacanagem, cara”. Nas conversas, nem ele, nem seu assessor dizem o nome do genro do secretário.

Ao ouvir a cobrança do chefe, o assessor afirma que voltou à pessoa que havia procurado inicialmente para transmitir o pedido: “Eu falei inclusive hoje de novo com ele, com o moço lá, e ele… ele falou que ia falar com o cara.” Por fim, Mello atalha: “Agora, se tem essa possibilidade do recurso, depois eu entro em contato com ele, já me dá uma cópia aí eu levo pra ele de novo.”

A pessoa com quem Mello disse ter conversado, de acordo com os relatórios da Polícia Federal, é o delegado Antônio Carlos Bueno Torres, atualmente lotado no Denarc.

No contato, duas horas antes do diálogo com Tuma, Mello cobrou do delegado: “Escuta, você lembra que eu fui te visitar e o Leocádio (segundo a PF, Leocádio é como o assessor se refere a Tuma) pediu pra eu te passar o nome de uma pessoa?”. “Positivo”, responde Torres. “Então, ele chegou (…) de viagem hoje cedo e me cobrou isso aí, falou que não virou lá o negócio, né, e pediu pra ligar pra você pra perguntar o que aconteceu (…) Depois você liga pra ele lá, hein.”

O delegado Torres de pronto lembra do pedido – “P., era do futuro genro dele” – e afirma ter repassado a demanda para um certo Adilson, que a PF ser o delegado Adilson Vieira Pinto, diretor da Academia de Polícia de São Paulo. “Pô, falei direto com o Adilson, que é o diretor lá. Eu vou tentar reconstituir aí”, diz o delegado. “Então, ele vai te cobrar aí”, afirma o assessor. O delegado promete empenho: “C…, eu vou correr atrás aí…”

OUTROS DIÁLOGOS INTERCEPTADOS

19 de junho de 2009
10h44min05s

Paulo Guilherme Mello, assessor de Romeu Tuma Jr., telefona para o delegado Antônio Carlos Bueno Torres para cobrar explicações. O delegado se mostra surpreso e diz ter levado o assunto a “Adilson, diretor de lá”, que a PF identifica como Adilson Vieira Pinto, diretor da Academia de Polícia de SP.
Guilherme: Escuta, você lembra que eu fui te visitar e o Leocádio pediu pra eu te passar o nome de uma pessoa?
Antonio: Positivo.
Guilherme: Então, ele chegou aí da… da… da onde ele tava, de viagem hoje cedo e me cobrou isso aí, falou que não virou lá o negócio lá, né? E pediu pra ligar pra você pra perguntar o que aconteceu. Mas tudo bem, depois vê se você liga pra ele lá, hein?
Antonio: Puta, que era do futuro genro dele.
Guilherme: É isso mesmo. Falou que não virou.
Antonio: Pô, falei direto com o Adilson, que é o diretor lá. Eu vou tentar reconstituir aí.
Guilherme: Então, ele vai te cobrar aí. Eu sei, eu falei isso pra ele, que na minha frente você já, já fez uma… um trabalho, entendeu? No momento que eu tava aí. Mas tudo bem.
Antonio: Cacete, eu vou correr atrás aí.
Guilherme: Positivo. TKS, Antônio Carlos.
Antonio: Abraço.

19 de junho de 2009
12h57min24s

Tuma Jr., que se mostra irritado, pergunta a Guilherme a razão da não aprovação de seu genro e propõe uma solução para reparar o problema.
Guilherme: Doutor Romeu.
Romeu: Vê com aqueles cornos lá que que aconteceu lá naquele rapaz lá que cê foi falar aquela vez. Eu mandei ele fazer recurso.
Guilherme: Eu falei lá com a pessoa que cê mandou eu falar e naquele dia mesmo é… aquele dia mesmo ele já ligou pra alguém, né, na minha frente, então ele ficou meio surpreso até. Mas é isso aí.
Romeu: Que sacanagem, cara! Então tá, deixa eu falar: a Regiane acho que tava querendo falar com você, eu não lembro que que era. Não, acho que é negócio do passaporte lá, precisava te perguntar um negócio. Depois chama ela no rádio pra mim.
Guilherme: Positivo.
Guilherme: Viu, eu falei inclusive hoje de novo com ele, com o moço lá, e ele…ele falou que ia falar com o cara, agora se tem essa possibilidade do recurso depois você é…eu entro em contato com ele, já me dá uma cópia aí eu levo lá pra ele de novo.
Romeu: Positivo.

 [Pelas falas gravadas, Romeu Tuma Filho não tem competência para escrever nenhum livro. Ele ditou para um gravador. Deve ter sido uma tortura repassar a fala do delegado para a linguagem escrita. Tanto que o verdadeiro autor nem faz questão de aparecer]

 

Lula dormiu no DOPS da ditadura revela Tuma Filho

fevereiro25

Romeu Tuma Junior, filho de Romeu Tuma, lembra o poder do pai como delegado da ditadura militar.

Relata a Wikipédia: “Descendente de sírios, Romeu Tuma foi investigador e depois, delegado de polícia do Estado de São Paulo.

Foi diretor geral do Departamento de Ordem Polícia e Social (DOPS) paulista de 1977  a 1982.  De acordo com o livro Habeas Corpus, lançado em janeiro de 2011 pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Tuma participou ativamente na ocultação de cadáveres de militantes políticos assassinados sob tortura e no falseamento de informações que poderiam levar à localização dos corpos dos desaparecidos políticos”.

Importante que o filho recorde. Que Tuma trabalhou em dupla com o delegado Fleury, também sequestrador, torturador e assassino.

Fleury foi condecorado pelo governador Abreu Sodré  e escolhido, pela imprensa, delegado do ano em duas oportunidades (1974 e 1976), em meio a diversas acusações de tortura e homicídios.

Tuma Filho, finalmente, confessa que atuou nos tempos de chumbo.

Lembra: “Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai. Presenciei tudo”.

Por liderar as greves dos metalúrgicos da Região do ABC no final dos anos 70 e  início de 1980, Lula foi preso, cassado como dirigente sindical e processado com base na Lei de Segurança Nacional.

Lula DOPS

“Sala” é eufemismo. Pode ser qualquer local de uma delegacia. Inclusive cela. Que naqueles tempos, e  hoje, cada vez mais,  a polícia, sem autorização judicial, realiza as ilegais e arbitrárias prisões debaixo de vara.

Informe histórico do Instituto Baiano  de Direito Processual Penal:

O art. 95 do Código de Processo Criminal do Império, de 1832, dizia:

Art. 95. As testemunhas, que não comparecerem sem motivo justificado, tendo sido citadas, serão conduzidas debaixo de vara, e soffrerão a pena de desobediencia.

No século XX, a palavra “vara” desapareceu do texto legal como ferramenta relacionada à condução dos desobedientes à presença dos magistrados e o termo passou a designar o local do exercício da função judicante, sinônimo de juízo ou tribunal de primeira instância. Porém, o instituto da “condução sob vara” permaneceu no CPP de 1941, com a finalidade original, mas outra formulação. De fato, de acordo com o art. 218 do CPP:

Art. 218.  Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.

Nos tempos da ditadura, suspeitos de crimes políticos eram “convidados” ou intimados ou presos, e ficavam horas ou dias esperando ser ouvidos nas “salas” das autoridades.

Um “convidado” que não comparecesse respondia a processo de desacato à autoridade. Este tipo de stalking policial continua no Brasil de hoje.

A constante presença – as idas e vindas às delegacias  -, principalmente quando solta sem marca de espancamento, ou processo para responder, a vítima passava à condição de suspeita, não para o regime, mas para os que combatiam a ditadura militar. E considerada colaboracionista, informante ou delator. Mesmo que a pessoa cantasse sob tortura.

Esse jogo policial da direita tem parecência com o da esquerda: de pedir a um amigo que guarde livro da lista censurada ou material de propaganda, ou citar uma pessoa neutra em um interrogatório ou simplesmente anotar o nome  de um amigo ou amiga em caderneta de endereço, mesmo  sem nenhuma intenção de comprometer.

Em tempo de guerra suja o mundo fica pelo avesso. E abertas as portas do inferno. Que precisam ser fechadas. Com o fim da prisões conduzidas debaixo de vara pela polícia, notadamente nas manifestações de ruas, com a criminalização dos movimentos sociais, estudantis e greves. As delegacias e presídios estão superlotados. São presos sem processo ou julgamento. E só com a abertura dos arquivos da ditadura, inclusive na justiça, conheceremos os verdadeiros mártires, os sequestradores, os torturadores, os assassinos, os falsos heróis, os alcaguetes, os infiltrados, os exilados de “mentirinha”,  as vítimas da esquerda e da direita.

livro bomba retrato tuma

Divulga a Tribuna da Imprensa

Romeu Tuma Junior, filho de Romeu Tuma e secretário nacional de Justiça do governo Lula entre 2007 e 2010, rompe o silêncio e conta tudo no livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, publicado pela Editora Topbooks (557 págs., R$ 69.90). O trabalho resulta de um depoimento prestado ao longo de dois anos ao jornalista Cláudio Tognolli. E  Tuma Júnior está com documentos e quer falar no Congresso. Abaixo, seguem trechos de sua entrevista à VEJA.
Por que Assassinato de Reputações?
Durante todo o tempo em que estive na Secretaria Nacional de Justiça, recebi ordens para produzir e esquentar dossiês contra uma lista inteira de adversários do governo. 0 PT do Lula age assim. Persegue seus inimigos da maneira mais sórdida. Mas sempre me recusei. (…) Havia uma fábrica de dossiês no governo. Sempre refutei essa prática e mandei apurar a origem de todos os dossiês fajutos que chegaram até mim. Por causa disso, virei vítima dessa mesma máquina de difamação. Assassinaram minha reputação. Mas eu sempre digo: não se vira uma página em branco na vida. Meu bem mais valioso é a minha honra.

De onde vinham as ordens para atacar os adversários do PT?
Do Palácio do Planalto, da Casa Civil, do próprio Ministério da Justiça… No livro, conto tudo isso em detalhes, com nomes, datas e documentos. Recebi dossiês de parlamentares, de ministros e assessores petistas que hoje são figuras importantes no atual governo. Conto isso para revelar o motivo de terem me tirado da função, por meio de ataque cerrado a minha reputação, o que foi feito de forma sórdida. Tudo apenas porque não concordei com o modus operandi petista e mandei apurar o que de irregular e ilegal encontrei.
(…)

O Cade era um dos instrumentos da fábrica de dossiês?
Conto isso no livro em detalhes. Desde 2008, o PT queria que eu vazasse os documentos enviados pela Suíça para atingir os tucanos na eleição municipal. O ministro da Justiça, Tarso Genro, me pressionava pessoalmente para deixar isso vazar para a imprensa. Deputados petistas também queriam ver os dados na mídia. Não dei os nomes no livro porque quero ver se eles vão ter coragem de negar.

O senhor é afirmativo quando fala do caso Celso Daniel. Diz que militantes do partido estão envolvidos no crime.
Aquilo foi um crime de encomenda. Não tenho nenhuma dúvida. Os empresários que pagavam propina ao PT em Santo André e não queriam matar, mas assumiram claramente esse risco. Era para ser um sequestro, mas virou homicídio.
(…)

O senhor também diz no livro que descobriu a conta do mensalão no exterior.
Eu descobri a conta do mensalão nas Ilhas Cayman, mas o governo e a Polícia Federal não quiseram investigar. Quando entrei no DRCI, encontrei engavetado um pedido de cooperação internacional do governo brasileiro às Ilhas Cayman para apurar a existência de uma conta do José Dirceu no Caribe. Nesse pedido, o governo solicitava informações sobre a conta não para investigar o mensalão, mas para provar que o Dirceu tinha sido vítima de calúnia, porque a VEJA tinha publicado uma lista do Daniel Dantas com contas dos petistas no exterior. O que o governo não esperava é que Cayman respondesse confirmando a possibilidade de existência da conta. Quer dizer: a autoridade de Cayman fala que está disposta a cooperar e aí o governo brasileiro recua? É um absurdo.
(…)

O senhor afirma no livro que o ex-presidente Lula foi informante da ditadura. É uma acusação muito grave.
Não considero uma acusação. Quero deixar isso bem claro. O que conto no livro é o que vivi no Dops. Eu era investigador subordinado ao meu pai e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai. Presenciei tudo. Conto esses fatos agora até para demonstrar que a confiança que o presidente tinha em mim no governo, quando me nomeou secretário nacional de Justiça, não vinha do nada. Era de muito tempo. 0 Lula era informante do meu pai no Dops (veja o quadro ao lado).

O senhor tem provas disso?
Não excluo a possibilidade de algum relatório do Dops da época registrar informações atribuídas a um certo informante de codinome Barba.

Ditadura de Alckmin

Ares
Ares
████████████████ No dia 28 nós fizemos uma denúncia sobre um documento que estava circulando nas Delegacias de Polícia. Este documento versava sobre as perguntas que deveriam ser feitas aos manifestantes na delegacia, e o contúdo era majoritariamente de cunho político, podendo lembrar o modo de fichamento do antigo DOPS. Agora este documento está sendo analisado por uma comissão da OAB, para tomar outras providências. Esta é uma medida valiosa, porém precisamos de uma OAB mais combativa com as arbitrariedades que estão ocorrendo contra os manifestantes. #CADEOAB #CADEOAB #CADEOAB
doc 1

ABSURDOS e mais absurdos são comunicados diariamente pelos nossos governantes. O Governador Alckmin disse que defende penas mais duras para quem agride policiais, ou seja, ele faz uma valoração diferente da vida de um cidadão comum para com um militar. Pera, isso está errado, essa balança está pendendo para um lado. Nenhuma vida é maior que a outra.

Segundo: Foi dito pelo Governador que o crime de dano não mantém preso, então desta forma ele se sentiu livre para conversar (influenciar) com o chefe do Poder Judiciário para intervir na livre convicção dos magistrados Paulistas.

O que ele quer com isso? Juízes que pendam a balança para o mesmo lado que ele? Chamar um chefe do poder judiciário para intervir nas sentenças dos magistrados transgride ao máximo diversos princípios éticos e democráticos.

É preciso lembrá-lo da separação dos poderes e principalmente do princípio da livre convicção dos juízes.

ESTADO BARBÁRIE “Quem fala em nome do Estado, num regime democrático: as autoridades eleitas? Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin calou-se no sábado (27/10), um dia depois da agressão ao coronel Rossi. Mas o chefe do Centro de Comunicação Social da Polícia Militar, major Mauro Lopes, convocou entrevista coletiva em que assumiu ares de chefe de governo. “O Estado vai dar uma resposta muito forte a este bando de criminosos”, disse. O jornalista Luís Nassif captou a mensagem percebeu o risco: “Essa história da PM anunciar que vai até as últimas consequências – respaldada por uma condenação generalizada contra os vândalos – provoca calafrios maiores do que assistir a um quebra-quebra de black blocs. Na última vez que a PM se comportou assim, em maio de 2006, foram assassinadas mais de 500 pessoas”. Agora, a polícia começou a barbarizar menos de 24 horas após a fala do major Mauro Lopes.”

EM CARÁTER RESERVADO o Estado vai montando um fichamento político dos manifestantes, lembrem-se RESERVADAMENTE! Buscam saber todo o aparato ideológico da pessoa, se participa de movimentos, e estão neste momento perseguindo até mesmo os advogados. Parabéns Governador Geraldo Alckimin! Você está sabendo fazer reservadamente aquilo que o Cabral faz de portas abertas. (Só que não, agora isto se tornou público)

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O QUE VOC6E ACHA de um Estado de Direito onde você é levado por militares à uma Delegacia de Polícia Civil e as primeiras perguntas que a polícia te faz são: Qual é a sua Ideologia Política? Você faz parte de algum movimento? Por que você estava na manifestação? Quem te chamou para a manifestação e como ficou sabendo dela? Diga-me nomes!

[ Estas perguntas fazia o coronel Reynaldo Rossi, no dia em que foi espancado. Longe das tropas, e prendendo garotos e, inclusive, uma misteriosa “moça”.

Retirado do corredor polonês, repetia Rossi: – Segura a tropa, segura a tropa!…

Ninguém bate na polícia para não receber em dobro. Daí o medo, a legenda do medo, e a preocupação com os manifestantes presos políticos, que os infiltrados são preservados, e foi um deles que salvou Rossi.]

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ORDENAÇÕES do Dosp, na ditadura militar, e da polícia de Alckmin. Qualquer semelhança não é mera coincidência, a história se repete.

A pior ditadura é aquela que se disfarça de democracia.

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Atrás de verdade, no Dia da Mentira: Quando vai acabar a ditadura civil-militar?

Concentração aconteceu no Cemitério da Consolação, região central de São Paulo
Concentração aconteceu no Cemitério da Consolação, região central de São Paulo

A manifestação de condenação do regime militar, organizada pelo Cordão da Mentira, partiu do Cemitério da Consolação, no centro de São Paulo, e percorreu as ruas que sediaram prisões e porões da tortura e morte durante a didatura militar.

Composto por ativistas políticos, grupos de teatro e sambistas de diversos grupos e escolas da capital paulista, o Cordão da Mentira questiona o “real fim” do movimento repressivo militar. A data foi escolhida porque no domingo foi comemorado o Dia da Mentira e no sábado foram relembrados os 48 anos do Golpe Militar de 1964.

“Oficialmente, o período da ditadura acabou. Porém, o Brasil é o único país da América Latina que não julgou os criminosos do período. Como não tivemos esse julgamento, temos ‘heranças’, marcas ainda presentes de repressão e violência contra movimentos sociais e o direito de livre expressão”, declarou uma das organizadoras da manifestação, Priscila Oliveira.

Para outro integrante da organização, Fábio Franco, a intenção do Cordão da Mentira é recordar a participação civil no período e apontar como o Estado Democrático ainda não estaria totalmente consolidado no País.

“É um movimento estritamente pacífico, não utilizamos provocações diretas”.

O Cordão promoveu um sarau intitulado “Luís da Gama”, em alusão ao poeta, escritor, jornalista e líder abolicionista, como protesto pela “farsa” do fim da escravidão.

O grupo realizou um desfile pelas ruas da cidade, visitando lugares marcantes do período da ditadura militar: Rua Maria Antônia (“guerra da Maria Antônia”); Avenida Higienópolis – sede da Sociedade Tradição Família e Propriedade (TFP), uma das organizadoras da “Marcha da Família com Deus Pela Liberdade”, que 13 dias antes do golpe convocava o Exército a se levantar “contra a desordem, a subversão, a anarquia e o comunismo”; Rua Martim Francisco; Rua Jaguaribe; Rua Fortunato; Rua Frederico Abranches; parada no Largo da Santa Cecília; Rua Ana Cintra – Elevado Costa e Silva; Rua Barão de Campinas; Alameda Glete; Rua Barão de Limeira; Rua Duque de Caxias – Cracolândia/Projeto Nova Luz; e esquina da Rua Mauá com a Rua General Osório – a antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), quando foi lido o manifesto:

Quando vai acabar a ditadura civil-militar?

Dizem que quando uma mentira é repetida exaustivamente, ela se torna verdade. Dizem também, que é como farsa que o presente repete o passado. Por isso, vamos “celebrar” a farsa, a mentira e sua repetição exaustiva.

No dia da mentira de 1964, ocorreu o golpe que instituiu a ditadura civil-militar. Dizem que ela acabou. Porém, a maior ilusão da história brasileira repete-se. A ditadura civil-militar se fortalece no golpe de 1964 e, até hoje, ninguém sabe quando vai acabar! Nós vamos celebrar.

No dia primeiro de abril, abram alas para o Cordão da Mentira!

Quando admitimos que os crimes do passado permaneçam impunes, abrimos precedentes para que eles sejam repetidos no presente. Com a roupagem indefectível da democracia, da constituição, do direito à livre manifestação, o Estado continua executando os seus inimigos e calando de uma forma ou de outra aqueles que pensam e atuam em favor da tolerância, em favor da utilização dos espaços públicos de maneira respeitosa e saudável. Em nome da manutenção da produção e do consumo ostensivo vivemos o estado de exceção como regra e o direito conquistado de ir às urnas acaba apenas legitimando o que é uma verdadeira licença para calar, reprimir, matar.

Afinal:
Quando vai acabar o massacre de pobres nas periferias?
Quando os corpos do passado serão encontrados e dignamente reconhecidos em suas lutas?
Quando as armas dos militares deixarão de ser o signo do extermínio?
Até quando o dinheiro de poucos financiará o silêncio de muitos?
Até quando ouviremos o ronco dos Caveirões, Fumanchús e das Kombis genocidas?

Lembremos Pinheirinho, Eldorado do Carajás, Araguaia e as Ligas Camponesas! Casos que podem ser vistos como exemplos históricos do nosso tempo para a compreensão do processo pelo qual o Estado colocou a especulação imobiliária, a propriedade privada e a lucratividade acima da vida. Nada pode ser mais valorizado do que a vida. Somente um Estado calcado em mentiras pode favorecer essa inversão de valores.

Lembremos Mariguela, Pato N´Água, Herzog e os 492 executados em São Paulo em Maio de 2006! Personlidades anônimas ou conhecidas exterminadas pelas práticas autoritárias que resolvem suas contradições à bala.

Hoje, uma simples Comissão da Verdade – que apenas pretende investigar a história – levanta os fantasmas do passado, ocultos nas sombras da Lei de Anistia. Façamos então um Cordão da Mentira! Celebremos com a força dos batuques a farsa que une presente, passado e futuro.

Vivamos nossa balela! Enquanto isso, ditadores são julgados e condenados por seus crimes em terras argentinas, chilenas e uruguaias. Falemos outra língua: a gramática do engodo com o sotaque do esquecimento. Entremos na contramão da história!

Risquemos da memória que alguém pagou pra ver até o bico espumar no choque agudo das genitálias! Exaltemos os gozos pervertidos de empresas e seus braços armados, irmãos de sangue do torturado. Lembremos as mãos limpas que aplaudem as sessões de sofrimento. Pois o que vale é a fábula da tradição, assassina de famílias, com a maior propriedade!

Povoemos os porões do imaginário, com tudo aquilo que a ditadura encarcerou na sua cultura! Levemos pra lá o samba dos cordões, as imagens censuradas, as bocas amordaçadas. Fantasiemos as ruas com seus símbolos de opressão! Enganemos a todos com as farsas de nossa história!

Neste Primeiro de Abril, façamos a Mentira responder: Quando vai acabar a ditadura civil-militar?