Eu não acredito na teoria da conspiração. Mas os eleitores de Marina Silva estão convencidos, sim, de que Eduardo Campos foi assassinado; e deles, o voto dos justiceiros.
Este clima emocional de vingança foi criado pela mídia e pela alta direção do PSB, partido de Eduardo, e pela Rede, partido clandestino de Marina, nos sete dias da mentirosa trégua de luto pela morte de Eduardo.
“Está claro: o PMDB”
Escreve Ricardo Mota: “Com um humor de puro mau gosto e um desrespeito sem limites à comoção geral, trataram de encontrar o grande inimigo “que matou” o presidencial: foi o PT, foi o PSDB – assim variou a acusação do maluco ou do picareta de plantão na rede.
Se alguém saiu ganhando com a morte do ex-governador de Pernambuco (politicamente)?
Aí é outra história.
Ricardo Mota não cita nenhuma vez o partido Rede de Marina Silva, nem o PSB de Beto Albuquerque.
Acusa o PMDB, que faz parte da base aliada de Dilma, apesar das dissidências.
PT ASSASSINOU CAMPOS

Escreve Carlos Parrini: “Algo estranho aconteceu. O jato que carregava o Eduardo Campos explodiu no ar antes de cair. Alguns fatos não se pode negar: Eduardo Campos seria uma pedra na chuteira do PT ao provocar um segundo turno? A coisa ficou tão feia que tudo foi estilhaçado. Só com testes de DNA poderão reconhecer alguns pedaços de cadáveres que conseguiram achar. Por que Marina Silva que sempre ficou como papagaio de pirata de Eduardo Campos, resolveu não acompanhar o presidenciável? Milagre? Ou a Salvação de Dilma que está no fundo do poço?
Como temos falado aqui, Marina Silva sempre foi PT, apenas mudou de partido. A pouco tempo ela falou que no segundo turno, apoiaria a DILMA.
Agora ficou fácil para Dilma pois são duas Petralhas a tirarem votos da Oposição. Foi exatamente como foi feito em 2010. A diferença dessa é que nesse suposto acidente morreram ou foram assassinadas 7 pessoas. Marina Silva não podia morrer pois será a Salvação da Dilma. Vão explorar essa tragédia, colocando Deus no meio e dirão que foi Ele quem salvou Marina. A Petralha conseguirá seus 20 milhoes de votos e, somados com os da Dilma. Sua vitória será fácil e continuaremos com os ladrões dando as ordens no Governo por mais quatro anos.
Que o Eduardo Campos descanse em paz e vele por nós, os otários”.
Carlos Parrini pede o voto de vingança contra Dilma. Que os eleitores promovam o linchamento nas urnas.
AS DÚVIDAS LEVANTADAS PELA GLOBO
Perguntas e respostas do G1 (Globo): “O piloto pode ter escolhido o local de colisão?
Pelo que restou da aeronave, especialistas creem que ela “bateu voando”, no jargão aeronáutico. Ou seja, teria havido um impacto muito forte, que não indica o padrão de quem tenta um pouso forçado, gradual, que teria arrasado várias casas no entorno do acidente. O avião atingiu apenas uma casa e abriu uma cratera de cerca de três metros no solo.
A fuselagem pode dar pistas?
Apesar de o impacto ter destruído o jato, ainda é possível analisar as peças do avião com perícia especializada, para saber se explodiu no solo, no ar, entre outros”.
“Bola de fogo”, “bateu voando”, “impacto muito forte” etc são palavras senhas da teoria da conspiração.
A QUEM INTERESSARIA O SUMIÇO DO EX-CANDIDATO DO PSEB?
Escreve hoje Arnaldo Bloch: “(…) uma hipótese literalmente explosiva está a rondar o ambiente eleitoral, embora não se esteja dando atenção a ela, atropelada pela reta final da disputa: a de que Eduardo Campos tenha sido assassinado. Foi?
Por mais baixa que seja a probabilidade de atentado, ela é infinitamente superior, por exemplo, à chance de Jim Morrison estar vivo numa fazenda no Texas, dados os absurdos que cercam a tragédia. Por exemplo, como é que não se acha a documentação de um jato de ponta, a serviço de todos os deslocamentos de um importante candidato? Quando é que, na história da aviação, um piloto se esquece de ligar a caixa preta? E a bola de fogo, sem vestígios de que a aeronave bateu? E a trajetória da queda, incomum nas condições estudadas?
A tese de atentado deverá ficar nos anais como tantas outras mortes suspeitas de políticos de calibre incômodo, caso da tríade JK/Jango/Lacerda. Mesmo assim, não é sem utilidade, ainda que no terreno ficcional, indagar: a quem interessaria a execução de Eduardo Campos, se o improvável se confirmasse? No terreno imaginário das motivações “puras”, tanto Dilma (e/ou o PT) quanto Marina estariam no páreo.
Na primeira hipótese, Campos despontava como nome de potencial eleitoral meteórico para o médio prazo, situado numa esquerda moderada e dono de uma aura de renovação pela qual o país anseia há décadas. Ainda que Dilma se reelegesse, a chance de, em 2018, virar-se de fato uma página na História, interrompendo com eloquência o projeto de poder petista, era altíssima.

Campos tinha pinta de colosso em formação. Em certas fotos, como a de recente capa da ‘Veja’, enxerga-se nele o ‘queixo de grande estadista’ comum a Kennedy, De Gaulle e Getúlio.
Mas o PT seria capaz de matar? Os defensores dessa tese recorreriam ao caso Celso Daniel e a outras sombras que até hoje pairam sobre a chamada República de Ribeirão Preto.
Já a hipótese de que o advento de atentado interessaria a Marina soa dolorosa e sacrílega. Como é que uma senadora comprometida com a causa ambiental, temente a Deus, e a quem Campos resgatou quando estava impossibilitada de concorrer, seria capaz de tal cogitação?
Os imbuídos da corrosiva teoria, contudo, não deixariam de notar que Marina, em profundos luto e tristeza, estava a postos para ocupar rapidamente o lugar da vítima. As reuniões e articulações não tardaram, e ela aceitou, com presteza, quiçá avidez, o convite. Se não é proibido nem absurdo Marina concorrer agora, não seria, tampouco, nenhuma ofensa se ela tivesse declinado, modesta que é (é?) para deixar claro que aquele lugar era de Campos, assim como as ideias, e adiasse seu calendário de poder para um timing mais ético.
Os mais radicais irão mais longe e dirão que, seguidora da corrente neopentecostal (que abriga o núcleo duro do fundamentalismo cristão contemporâneo), Marina estaria apenas dando sequência à vontade divina de construir a comunhão do mundo.
De resto, imerso no ambiente dos líderes da disputa, não consegui, a tempo, montar uma hipótese de motivação assassina para Aécio e o PSDB, ainda que os tucanos devam ter dado lá os seus tiros no pé. Aceito, em nome da boa ficção, sugestões, razoáveis ou insanas.
É vital, porém, considerar, num terreno bem mais plausível, que, na possibilidade de falha humana, os péssimos hábitos da atual aviação, os turnos dobrados e as bizarras relações que regem os contratos entre políticos e prestadores de serviços sejam os verdadeiros culpados do que aconteceu. E isso incluiria o PSB. E, em trágica ironia, a própria vítima, no rol de suspeitos, ainda que involuntários.
Felizmente, teorias da conspiração são apenas teorias e, ao contrário do que disse Waly, os paranoicos não estão sempre certos. Marina, com certeza, está só e modestamente cuidando de fazer da obra de Campos um legado pela grandeza do Brasil, Dilma é uma mulher honesta (como diria Marco Antônio, em Roma, todos o são…), e o PT não chegaria a tal extremo, apesar das distorções que a História provoca nos grandes conglomerados políticos”.

Arnaldo Bloch escreve uma página de humor negro. Mas escondeu que o “queixo de grande estadista” era o símbolo de Mussolini, assim como o bigodinho representava Hitler.
Neste Brasil dos cacutus ladrões, prefeitos são assassinados pelos agiotas que emprestaram dinheiro para a campanha eleitoral (só no Maranhão existem quatro máfias, uma delas matou o jornalista Décio Sá), pelos vice-prefeitos, pelas empreiteiras e prestadoras de serviços. Matam, inclusive, os prefeitos honestos. Em cada Estado, pós-ditadura, são dezenas de prefeitos trucidades, inclusive em São Paulo.
Interessante esta tese de que Dilma pode ser suspeita pelo que não tem de parecência com Marina, a dolorosa, a evangélica, a viúva em “profundos luto e tristeza”. É! culpar Marina “soa dolorosa e sacrílega”, santa que é, que nunca pecou contra o Quarto Mandamento. E “a hipótese de que o advento de atentado interessaria” a Dilma?
Concordo com Arnaldo Bloch: “Uma hipótese literalmente explosiva está a rondar o ambiente eleitoral, embora não se esteja dando atenção a ela, atropelada pela reta final da disputa: a de que Eduardo Campos tenha sido assassinado”.
Quem mantém esta certeza macabra, incrustada na cabeça e no coração, vota emocional, desorientado e fanaticamente, em Marina. É o voto justiceiro. O voto de vingança.