O encontro dos dois Franciscos em Assis

Papa Francisco em Assis

Ei-lo, portanto, no dia da festa do santo, 4 de Outubro, recomeçar precisamente onde há oitocentos anos Francisco deu início ao seu caminho: a partir de Cristo encarnado no homem sofredor. Para o santo foram os leprosos. Para o Papa Bergoglio, os corpos das crianças assistidas no Instituto  Seráfico de Assis.

Aqui no Seráfico ainda se respira o amor do frade Francisco por cada criatura. E o Papa conhece bem esta riqueza. Por isso, imergiu-se de alma e corpo nesta realidade. O encontro com as crianças teve lugar na capela do Instituto. Deixando de lado o discurso preparado, o Pontífice recolheu e relançou a amargura e a indignação diante de uma sociedade que não sabe reconhecer as chagas de Cristo.

Entretanto, uma pequena multidão reuniu-se diante do santuário de São Damião, onde é venerado o Crucifixo diante do qual pela primeira vez Francisco ouviu o Senhor falar-lhe e recomendar-lhe: «Vai e repara a minha casa». O Papa Francisco meditou prolongadamente diante daquele Crucifixo. Ao seu redor, um silêncio quase irreal, mas deveras eloquente.

No paço episcopal teve lugar talvez o momento mais significativo da sua peregrinação, certamente o mais esperado. Na «Sala da Espoliação», onde são Francisco renunciou à sua riqueza para se oferecer ao Senhor, o Papa propôs a imagem de uma Igreja despojada de toda a mundanidade, da «mundanidade espiritual que mata».

A sala estava cheia de desabrigados assistidos pela Cáritas umbra,  por ex-prisioneiros e por pais de família que com o trabalho perderam tudo, menos a dignidade. Diante deles, o Papa Francisco voltou a pôr de lado o discurso preparado e falou com o coração na mão, como em Cagliari, quando fez o mesmo gesto diante dos operários.

Depois, foi a pé até à vizinha basílica de Santa Maria Maior, a antiga catedral de Assis. Em seguida, retomou a sua peregrinação dirigindo-se de carro até à basílica superior. O Santo Padre desceu primeiro à cripta e ajoelhou-se em recolhimento diante da rocha secular que conserva os despojos mortais do santo. Depois, foi à praça de São Francisco onde presidiu à concelebração eucarística com os oito membros do Conselho de cardeais — que o acompanharam nesta peregrinação — e com os cardeais Bagnasco, Betori e Nicora, com os arcebispos Becciu, substituto da Secretaria de Estado, e  Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia, com os bispos da Úmbria e com numerosos sacerdotes.

A manhã terminou no mais puro estilo franciscano. O Papa Bergoglio  despediu-se dos hóspedes e do seu próprio séquito e, de carro, foi ao centro de primeiro acolhimento situado nos arredores da estação ferroviária de Santa Maria dos Anjos, onde almoçou com os pobres. Ali, todos os dias há uma refeição quente para eles, posta à disposição pela Cáritas umbra. Trata-se de um lugar onde a dificuldade se ameniza com uma refeição frugal, na paz do coração por um calor humano oferecido abundantemente, por um gesto quotidiano que tem um sabor de humanidade. O Papa Francisco sentou-se à grande mesa de madeira  em forma de «L», pondo-se precisamente no canto, de maneira a poder fitar todos nos olhos. Toalha e guardanapos rigorosamente de papel, como todos os dias. Não havia vinho, só a «irmã água». A refeição preparada pela irmã Dina, chefe da cozinha, era a mesma do domingo ou de qualquer dia de festa, com a lasanha preparada por Annarita, como  seu prato forte.

«Uma lição de simplicidade», estava escrito num dos vários cartazes de boas-vindas. E foi o que o Pontífice fez durante esta manhã passada em Assis: deu uma grande lição de simplicidade. E na casa do seu «mestre» Francisco não podia deixar de ser assim.

 do nosso enviado Mario Ponzi/ L’Orsevatore Romano
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Trechos de sermões do Papa em Assis
“Aqui, Jesus está escondido nesses jovens, nessas crianças, nessas pessoas. No altar, adoramos a Carne de Jesus. Neles, encontramos as chagas de Cristo – que precisam ser ouvidas talvez não tanto nos jornais, como notícias… Esta é uma escuta que dura um, dois, três dias. Devem ser ouvidas por aqueles que se dizem cristãos. O cristão adora e busca Jesus e sabe reconhecer as suas chagas. A Carne de Jesus são as suas chagas nessas pessoas”.
Francisco recordou o luto em toda a Itália, neste dia, por conta da trágico naufrágio em Lampedusa. “Hoje, é um dia de lágrimas. É o espírito do mundo que faz essas coisas”, explicou o papa, que usou palavras fortes para quem se deixa levar por este espírito: “É realmente ridículo que um cristão verdadeiro, que um padre, um freira, um bispo, um cardeal, um papa, queiram percorrer esta estrada do mundo, é uma atitude homicida. O mundano mata, mata a alma, as pessoas, mata a Igreja. Hoje, aqui, peçamos a graça para todos os cristãos. Que o Senhor nos dê a coragem de nos espoliar do espírito do mundo, que é a lepra e o câncer da sociedade, é o câncer da revelação de Deus. O espírito do mundo é o inimigo de Jesus”.

“Paz e Bem!”, começou o papa em sua homilia. Em primeiro lugar, frisou que o caminho de Francisco para Cristo começou do olhar de Jesus na cruz. “O santo se deixou olhar por Ele no momento em que deu a vida por nós e nos atraiu para Ele. Naquele instante, Jesus não tinha os olhos fechados, mas bem abertos: um olhar que lhe falou ao coração”.

:“Quem se deixa olhar por Jesus crucificado fica recriado, torna-se uma nova criatura. E daqui tudo começa: é a experiência da Graça que transforma, de sermos amados sem mérito algum, até sendo pecadores”, prosseguiu.

O papa recordou que quem segue a Cristo recebe a verdadeira paz. “A paz franciscana não é um sentimento piegas, não é uma espécie de harmonia panteísta com as energias do cosmos… Também isto não é franciscano, mas uma ideia que alguns formaram. A paz de São Francisco é a de Cristo, é a de quem assume o seu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. E este jugo não se pode levar com arrogância, presunção, orgulho, mas apenas com mansidão e humildade de coração”, ressalvou o pontífice, pedindo a São Francisco que nos ensine a ser «instrumentos da paz»”.

Neste domingo Recife faz manifestação contra espancamentos de jornalistas

pintando o 7

 

Crianças reunidas no Parque Dona Lindu, no Recife. vão pintar o sete neste domingo, depois das 15 horas. Vão desenhar as cenas de violência da polícia do governador Eduardo Campos contra estudantes e jornalistas.

Cenas que testemunharam ou que viram pela televisão:

O protesto é uma iniciativa dos jornalistas profissionais de Pernambuco.

 

 

Jornalista tem dia de descanso?

pintando o 7

Vamos ensinar as crianças a pintar o 7.

O sete corresponde aos sete dias da semana, aos sete planetas, aos 7 graus da perfeição, às sete pétalas da rosa. O sete é o número dos céus, dizia Dante.

O sétimo dia foi objeto de numerosas interpretações simbólicas no sentido místico. Esse dia em que Deus descansou após a Criação significa como que uma restauração das forças divinas na contemplação da obra executada. Esse descanso do sétimo dia marca um pacto entre Deus e o homem.

Na Europa medieval, dava-se muita importância aos grupos de sete: Havia sete dons do Espírito Santo, representados na arte gótica em forma de pomba; sete eram as virtudes, as artes e as ciências. Havia sete sacramentos, sete idades do homem, sete pecados capitais, sete pedidos expressos no Pai Nosso.

O sete simboliza a conclusão do mundo e a plenitude dos tempos. Segundo Santo Agostinho, ele mede o tempo da história, o tempo da peregrinação terrestre do homem. E que Deus reserva um dia para descanso.

O próprio homem é convidado pelo número 7 – que indica o descanso, a cessação do trabalho – a voltar-se para Deus, e a descansar somente nele.

A voltar-se para a família.

Não deixe ninguém lhe roubar este dia.
Reserve este dia para seus filhos. Sempre.
E neste domingo, venha para o Parque Dona Lindu.
Traga seus filhos ou netos. Para um aprendizado de brasilidade, de pernambucanidade, de patriotismo, de nacionalismo, de civismo, de liberdade, de fraternidade, de generosidade, de com pão eirismo, de igualdade, de amor ao próximo.

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Faruk Soyarat
Faruk Soyarat
Arcadio Esquivel
Arcadio Esquivel
Anne Derenne
Anne Derenne

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Papa Francisco: Ai de quem sufoca a esperança das crianças

Surendran Rasadurai (Suren)
Surendran Rasadurai (Suren)

Ai de quem sufoca a esperança das crianças. No Dia mundial contra o trabalho de menores, o Papa Francisco lançou uma severa repreensão a quem, em vez de “deixar que as crianças brinquem”, faz delas “escravos”.

No final da audiência geral de quarta-feira 12 de Junho, numa praça de São Pedro apinhada de fiéis não obstante o calor, o Pontífice denunciou o “fenômeno desprezível” da exploração de menores no trabalho doméstico – em aumento especialmente nos países pobres – recordando que “são milhões, sobretudo meninas”, as “vítimas desta forma escondida de exploração que inclui com frequência abusos, maus-tratos e discriminações”.

É, comentou com palavras acrescentadas ao texto preparado, “uma verdadeira escravidão”. Fez votos para que a comunidade internacional tome “providências mais eficazes” a fim de contrastar esta terrível chaga.

Anteriormente, o pontífice propôs uma reflexão sobre o tema da Igreja como povo de Deus, indicando no amor a “lei” na qual se reconhecem todos os seus membros. Um amor que – advertiu – “não é sentimentalismo estéril nem algo vago”, mas “é reconhecer Deus como único Senhor da vida e, ao mesmo tempo, acolher o outro como verdadeiro irmão, superando divisões, rivalidades, incompreensões e egoísmos”. De fato, “os dois aspectos caminham juntos”.

 DA BESTIFICAÇÃO

por Talis Andrade    
 
            A ditadura da informação
            impõe o pensamento único
            do Grande Irmão
 
            Didi e Faustão
            ensinam moral e cívica
            às crianças do Brasil
            Esperança
 
            O jornalismo sanduíche
            engradado entre novelas
            de violência e sexo
            anestesia o povo bobo
            cativo da Globo

televisão indignados

Criança brasileira

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por Luciene Martins Tanaka

As pessoas não nascem com os sentimentos, nascem com uma predisposição, um
potencial para desenvolvê-los e tomar consciência deles na sua história de
desenvolvimento, em função do contato que a pessoa tem com seu ambiente social. Uma pessoa isolada, ou que se desenvolveu numa comunidade verbal limitada, terá um grau de consciência menor sobre os seus sentimentos. Quanto menos palavras existirem para nomear sentimentos e quanto menos elaboradas forem as condições para ensinar uma criança a nomeá-los, menos a criança discriminará seus sentimentos.

Lobisomens

Por:  

Rafa Camargo
Rafa Camargo

 

 

Não criança, e ainda não homem, um garoto atravessa em diagonal a esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Pés descalços, cabelos curtos, camisa aberta, bermuda suja. Os carros param, ele ri. Exposto à morte, talvez também venha a matar se for preciso ou se, pelo menos, vier ao caso. Sua vida banalizada não ensina que outras também podem valer alguma coisa. Fácil ver que não tem pai, nem mãe. Escola, perguntamo-nos, onde? Papel do Estado? Dizem que o capitalismo é a prática do “estado mínimo”.

 

Deve ser aquele “mínimo” que se usa para salvar ricos à beira da falência como Aiquebatista. Enquanto isso, dizem que o filho de Aiquebatista, ele mesmo bem jovem e bem longe da esquina da Paulista com a Consolação, se tornou campeão brasileiro em luta de tomates. Ser jogador de tomates é uma nova modalidade no cenário dos esportes criada pelo menino rico. Fácil ver que, se este menino tem pai ou mãe, isso não tem lhe ajudado muito.

Dizer que a rua é a casa do menino da esquina seria pura retórica. O jovem usa o chão como cama, o muro como banheiro, a lata de lixo como mesa da cozinha. O filho de Aiquebatista tem piscina, lustres de cristal, banheira de hidromassagem, caviar e champagne para se alimentar em uma mesa de madeira de lei e mármore importada, desenhada por um designer mundialmente famoso. O menino da esquina sem pai nem mãe não tem 15 anos e não sabe como veio parar ali naquele mundo frio e seco de cortar o corpo e a alma. Não tendo o que comer, talvez se contentasse com um tomate desperdiçado da casa de Aique, talvez também quisesse brincar com os jovens bem vestidos com roupas de marcas usando drogas caras, diferente da cola e do crack que ele arranja de vez em quando. Mas ele não faz parte de nenhuma festa, nem das sobras de natal ou ano novo, não é convidado em lugar algum, todos tem medo dele. Só lhe resta atirar-se na frente dos carros para ver o que acontece.

No entanto, cães andam ao seu redor, são seus companheiros e não o temem. A diferença entre eles é muito pequena. Andando juntos, num movimento de matilha, parecem todos a mesma coisa.

Nós que assistimos a cena não gostaríamos de escrever esta crônica. Gostaríamos de falar de algo mais bonito. Mas não existe outra cena para a qual se possa olhar quando qualquer imagem é ameaça de cegueira. Por isso, fico pensando que há um Aiquebatista sorridente dentro de cada um de nós, e que é este Aiquebatista que joga o menino na zona cinzenta da rua ou lhe ensina a luta de tomates transformando-o num idiota.

Entre a família e o Estado há um acordo em nome da violência sob a sutil forma do abandono. Talvez o menino da rua, privado de sua cidadania, seja um desses seres da margem, um lobisomem que habita, entre a casa e a floresta, o espaço abandonado da rua. Talvez o lobisomem também seja o imbecil a lutar com tomates por pura desfaçatez e falta de inteligência moral.

Medo, por fim, é o sentimento geral gerado e experimentado por cada ser que pensa, em uma sociedade que torna claro a cada dia que o homem é o lobo do homem.

“Custodiar a la gente, el preocuparse por todos, por cada uno, con amor, especialmente por los niños, los ancianos, los más frágiles”

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“Gostaria de pedir, por favor, a todos os que ocupam postos de responsabilidade no âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos ‘custódios’ da criação, do desígnio de Deus, inscrito na natureza, guardiães do outro, do meio ambiente; não deixemos que os sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”, declarou o papa na missa de inauguração de seu pontificado na praça São Pedro.

“Nunca esqueçamos que o verdadeiro poder é o serviço e que também o papa, para exercer o poder, deve entrar cada vez mais neste serviço que tem seu cume luminoso na cruz, deve colocar seus olhos no serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para proteger todo o povo de Deus e acolher com afeto e ternura toda a humanidade, especialmente os mais pobres, frágeis, os pequenos”.

Francisco, el primer papa latinoamericano y jesuita de la historia, dio hoy el puntapié inicial a su pontificado con una multitudinaria misa en la plaza San Pedro, ante líderes políticos y religiosos de todo el mundo, y una marea humana de fieles, muchos de ellos argentinos.

El argentino Jorge Bergoglio buscó imprimirle su sello personal a la ceremonia, en la que se le colocaron los símbolos del pontificado: el palio y el anillo del pescador, fabricado en plata dorada y no en oro como era tradición hasta ahora en el Vaticano.

Antes de la misa, el papa recorrió durante 20 minutos la plaza San Pedro, colmada de gente, a bordo de un jeep blanco descubierto, saludando en varias oportunidades a niños y especialmente a una persona discapacitada que se encontraba junto a su familia.

La celebración comenzó en el interior de la Basílica, donde Francisco oró ante la tumba de San Pedro, el primer papa, y luego -junto al colegio cardenalicio- se trasladó al exterior, donde comenzó la misa, que duró menos de 2 horas tras ser acortada en algunos tramos.

Sobre la explanada del templo, a la izquierda, estaban ubicadas las delegaciones oficiales de 132 países; encontrándose en primera fila la comitiva argentina encabezada por la presidenta Cristina Fernández de Kirchner junto a miembros del poder Ejecutivo, Legislativo y Judicial del país.

Tras la misa, otra vez en el interior de la basílica, el papa -de pie y todo vestido de blanco- saludó a los presidentes y delegaciones presentes, con apretones de mano e intercambiando comentarios con muchos de ellos.

Participaron también de la misa líderes religiosos judíos, musulmanes y de otras confesiones, entre quienes se destacó la presencia del patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomé I, en un acontecimiento que ocurre por primera vez en mil años.

LA HOMILÍA

El papa Francisco sostuvo que “el verdadero poder es el servicio” y realizó un enérgico llamamiento a los líderes del mundo y todos los hombres a “ser custodios de la creación y de los hermanos”.

Así lo expresó en el marco de la multitudinaria misa de inicio de su pontificado, en la plaza San Pedro, que se celebra el día de la fiesta de San José, y de la que participan delegaciones de 132 países -entre ellos, la comitiva argentina presidida por Cristina Fernández de Kirchner-, líderes de otras religiones y una multitud de fieles, muchos de ellos argentinos y latinoamericanos.

“Nunca olvidemos que el verdadero poder es el servicio, y que también el papa, para ejercer el poder, debe poner sus ojos en el servicio humilde, concreto, rico de fe, y acoger con afecto y ternura a toda la humanidad, especialmente los más pobres, los más débiles, los más pequeños”, afirmó Jorge Bergoglio.

Seguido de un impresionante silencio desde la plaza y con decenas de banderas celeste y blanca flameando, el papa destacó la necesidad de ser “custodios de los dones de Dios” y advirtió sobre “los Herodes que traman planes de muerte, destruyen y desfiguran el rostro del hombre y de la mujer”.

“Guardemos a Cristo en nuestra vida, para guardar a los demás, salvaguardar la creación”, dijo el papa y explicó que eso significa “custodiar a la gente, el preocuparse por todos, por cada uno, con amor, especialmente los niños, los ancianos, quienes son más frágiles y que a menudo se quedan en la periferia de nuestro corazón”.

En un llamado a los líderes del mundo, pidió también a ellos que “sean custodios de la creación”.

“Quisiera pedir por favor a todos los que ocupan puestos de responsabilidad en el ámbito político, social o económico, a todos los hombres de buena voluntad: seamos custodios de la creación, guardianes del otro, del medio ambiente”, dijo en una vibrante homilía.

“No dejemos que los signos de destrucción y muerte acompañen el camino de este mundo nuestro”, añadió y advirtió que “el odio, la envidia, la soberbia ensucian la vida”.

Al inicio del sermón, Francisco tuvo palabras de afecto y recuerdo hacia su antecesor, Benedicto XVI, al señalar que “en una coincidencia muy rica de significado, hoy es el onomástico de mi venerado Predecesor”, sobre quien señaló que “le estamos cercanos con la oración, llena de afecto y gratitud”.

En base al texto bíblico del Evangelio de hoy, el papa destacó la figura de San José, esposo de la Virgen María -de quien Bergoglio es muy devoto- y centró su mensaje en su misión de “custodio” de María y de la Iglesia toda, que ejerce “con discreción, humildad y fidelidad”, según dijo.

En ese marco, Bergoglio dijo que todos los hombres tienen la misión de “custodiar” la creación y los bienes de Dios, y tomando el ejemplo de San Francisco de Asís -el santo por quien tomó su nombre papal- afirmó que implica “tener respeto por todas las criaturas de Dios y por el entorno en el que vivimos”.

“Es custodiar a la gente, el preocuparse por todos, por cada uno, con amor, especialmente por los niños, los ancianos, quienes son más frágiles y que a menudo se quedan en la periferia de nuestro corazón. Es preocuparse uno del otro en la familia”, añadió.

Advirtió también que “cuando el hombre falla en esta responsabilidad, cuando no nos preocupamos por la creación y por los hermanos, entonces gana terreno la destrucción y el corazón se queda árido”.

“Por desgracia, en todas las épocas de la historia existen `Herodes` que traman planes de muerte, destruyen y desfiguran el rostro del hombre y de la mujer”, dijo en un tramo muy aplaudido de su mensaje.

Dijo también que “custodiar quiere decir entonces vigilar sobre nuestros sentimientos, nuestro corazón, porque ahí es de donde salen las intenciones buenas y malas: las que construyen y las que destruyen” y agregó: “No debemos tener miedo de la bondad, más aún, ni siquiera de la ternura”.

En otro tramo de la homilía, y haciendo referencia a la segunda lectura -una carta de san Pablo- remarcó la actitud de Abraham, quien “creyó, contra toda esperanza”.

“También hoy, ante tantos cúmulos de cielo gris, hemos de ver la luz de la esperanza y dar nosotros mismos esperanza. Custodiar la creación, cada hombre y cada mujer, con una mirada de ternura y de amor; es abrir un resquicio de luz en medio de tantas nubes; es llevar el calor de la esperanza”, expresó.

A INFLUÊNCIA DA PUBLICIDADE NO CONSUMO DA MODA INFANTIL

por Tânia Patricia Cardoso

Concurso de beleza infantil
Concurso de beleza infantil

Pesquisas revelam que as crianças são alvos constantes da publicidade em prol do consumo, pois, de acordo com as estatísticas, elas influenciam 80% das decisões de compra de uma família. Neste sentido, a publicidade não se preocupa com as consequências de sua influência sobre o desenvolvimento infantil, assim atinge a criança por meio de estratégias direcionadas para um público que ainda não entende a intenção da propaganda e que, portanto, não é capaz de distinguir as representações enganosas da mesma. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar a influência da publicidade no consumo, dando destaque à moda infantil, a partir da análise da publicidade da grife Lilica Ripilica, a fim de constatar os efeitos propagados pela mesma no desenvolvimento da criança, como a erotização precoce e o possível desaparecimento da infância. A pesquisa será fundamentada em autores que desenvolvem suas pesquisas na área, como Postman (1999) e Ariès (1981) que trabalham com a questão da infância e Shor (2010) e Ticianelli (2007) que analisam o tema publicidade, dentre outros.

erotizacao

Erotização da infância e moda

Atualmente, a publicidade e a mídia vêm criando condições de incentivo ao comportamento erotizado de crianças e adolescentes que, de acordo com Puggina, revela-se de forma sutil, por meio do modo de vestir dos adultos, forma de posar e fotografar, ou mesmo, a imitação de comportamentos erotizados. Neste sentido, segundo o autor, esse processo de erotização pode ocorrer por meio do estímulo infantil para adotar comportamentos estereotipados, como: forma de vestir, uso de maquiagem, dança, dentre outros. Desta forma, a mídia acaba, por meio de diversos instrumentos, produzindo uma infância em acelerado processo de erotização.

Puggina expõe que as telenovelas também têm contribuído com o processo de erotização da infância, à medida que apresentam cenas eróticas em horários de audiência infantil ou mesmo pela precocidade sexual de alguns personagens. Segundo o autor, existe uma reiterada degradação de valores morais e culturais nas telenovelas, à medida que, por meio do sensacionalismo de mercado, tem conduzido autores e diretores a explorar a sexualidade como atrativos de audiência. Neste sentido, acabam estabelecendo um padrão de naturalidade com relação à conduta de antecipação dos processos sexuais.

A partir do argumento de liberdade de expressão cultural, segundo Puggina, a mídia se aproveita para passar conteúdo ilícitos e o Estado, por sua vez, se ausenta no controle destes conteúdos, não apenas na questão da qualidade dos programas televisivos, como também na publicidade abusiva dirigida ao público infantil.

Nos países de primeiro mundo, a suspensão de emissoras de televisão que apresentam conteúdos impróprios ao público infantil é comum; já no Brasil, segundo Puggina, nada acontece, pois o Estado se omite em fiscalizar e punir tais práticas. Assim, sexo oral, bestialismo, estupros, enfim, tudo quanto se possa imaginar a respeito de sexualidade, já foi objeto de exibição nos horários televisivos.

Além disso, o autor destaca o fato do constrangimento gerado entre as famílias, quando cenas impróprias são presenciadas pelas crianças, acarretando em discussões acerca das mesmas, que acabam antecipando conteúdos os quais não são adequados a sua faixa etária, ou mesmo, que não são respondidos corretamente ou ignorados pelos pais.

De acordo com Puggina, o mercado da moda movimenta milhões de dólares no mundo inteiro e o Brasil possui destaque no fornecimento de ‘top models’ para o mundo. As agências internacionais, vedadas em seu país de origem de selecionar modelos com menos de dezessete ou dezoito anos, voltam-se para o Brasil, haja visto que aqui tudo é permitido. Assim, as modelos do mercado brasileiro, ao chegar aos dezessete anos, já possuem experiência para competir no mercado internacional, sendo este o sonho de muitas meninas. Referente ao ingresso precoce de meninas na carreira de modelo, Puggina indaga acerca de quantas garotas conseguem alcançar o estrelato entre as milhares que buscam o ingresso na carreira, ou mesmo o que elas fazem quando recebem ofertas inescrupulosas ou são rejeitadas pela seleção.

Neste sentido, o autor enfatiza que, em sua maioria, o que sobra às meninas que fracassam é a alta prostituição, ou mesmo o caminho das drogas como forma de superar a frustração. Além disso, Puggina expõe que muitas das jovens acabam abandonando os seus estudos, a fim de alcançar o sonho de ser modelo. Segundo o autor, nos cursos de modelo destinados a crianças, são perpassados postura, gestos e olhar adulto; assim, por meio desse erotismo postural, as crianças compreendem que tais comportamentos são bons e agradáveis ao olhar dos outros.
Dessa maneira, o autor salienta que o aumento do processo de erotização da infância, inclusive em níveis hormonais, acarreta na antecipação da puberdade e da vivência sexual. A mídia, por sua vez, contribui para tal processo, seja pelos estímulos eróticos que produz, seja pela permissividade com que tais estímulos chegam às crianças, ou mesmo pelo incentivo a reprodução a expressões de comportamento de conteúdo erótico.

As crianças estão crescendo cada vez mais rápido, pois, de acordo com Lurie (1997), na década de 1960, aproximadamente, a idade da primeira menstruação das meninas na América era 16 anos, as meninas que ainda não haviam atingido tal idade eram vestidas como crianças. Entretanto, atualmente, a idade média para a primeira menstruação é menos de 11 anos, consequentemente as meninas já começam a usar adereços de mulher adulta como sutiã, “as roupas de uma menina, mesmo as de 3 ou 4 anos, são freqüentemente desenhadas de modo a sugerir o desenvolvimento das características sexuais secundárias.” (LURIE, 1997, p. 60)

Referente à moda infantil no Brasil, Puggina expõe que é uma imitação da moda adulta, especialmente a feminina, sendo este um dos fatores do processo de erotização infantil. Segundo o autor, no Brasil, a moda infantil não objetiva vestir crianças como crianças, mas sim como adultos; desta forma, um desfile de moda infantil acaba sendo uma explícita imitação de um desfile de moda para adulto, inclusive no caminhar e no gestual erotizado.

Masquetti (2008) pontua como um dos impactos que a publicidade pode acarretar na formação, no bem-estar e na segurança infantil o comprometimento da formação sexual das crianças, pois a estimulação erótica, principalmente no período entre a segunda infância e a adolescência, põe em risco a formação sexual. De acordo com a autora, a necessidade de usar roupas da moda e maquiagem não é compatível com a inocência infantil. Assim, destaca que o período que vai da segunda infância à adolescência constitui-se num tempo necessário para o alcance do amadurecimento genital e para a formação das barreiras psíquicas que, mais tarde, irão ajudar a criança a controlar seus impulsos.

Diante de tais acepções, Puggina argumenta que o avanço de manifestações de pedofilia é decorrente, dentre outros fatores, do processo de erotização da infância, tanto pelo fato de se produzir crianças que emitem sinais e códigos típicos de sexualidade adulta, seja pelo alargamento consequente da reprovabilidade ética e até penal que tais sinais e códigos acabam gerando.

De acordo com o autor, existe um descuido por parte do Estado na fiscalização e controle de atividades midiáticas e publicitárias nocivas à infância, pois a erotização tem avançado, cada vez mais rápido, por meio da mídia em geral. Assim sendo, segundo o autor, existe um abrandamento com relação a tal fato, não apenas no interior das famílias, mas, especialmente, nas instâncias de poder estatal, analisado pela falta de padrão cultural que crie estruturas familiares, sociais e psicológicas capazes de por limites a tais padrões estabelecidos.

A partir disso, Puggina enfatiza que se faz necessário e é possível interferir nos meios de comunicação, estabelecendo limites e mecanismos de controle. Portanto, o Estado deve se fazer presente, haja visto que existem competências legais que não exercidas, assim como existem caminhos legais a serem construídos. Desta maneira, as instituições estatais e privadas direcionadas à proteção da infância devem criar grupos de trabalho que possam identificar os problemas acerca desse assunto, encontrando e apontando mecanismos de ação capazes de controlá-los.

Nesse ínterim, o autor destaca a importância da criação de grupos de trabalho específicos que busque as diretivas de ação para o Estado com finalidade de controlar e fiscalizar a ação da mídia no processo de erotização da infância. Transcrevi trechos

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