Protesto contra reintegração de posse prejudica o trânsito em São Paulo
O povo não ganha uma. No Brasil não existe justiça social.
No Brasil não existe polícia social.
É o país dos favelados. Na cidade de São Paulo existem mais de duas mil favelas.
É o país dos despejos judiciais. Dos deslocamentos involuntários dos sem teto, dos sem nada, que são retirados, na marra, no prende e arrebenta, de suas improvisadas moradias, degradantes barracos, para outros locais de risco e abandono e marginalidade, desagregando famílias e jogando crianças na rua para o alistamento do tráfico – as crianças soldados – e para a escravidão sexual, que o Brasil possui cerca de 500 mil crianças prostitutas.
Criança soldado, por Midas (Berlage Lyceum)Prostituição infantil. Turismo sexual, por Elihu Duayer
Escreve Fernanda Cruz/ Agência Brasil :
Moradores de uma área ocupada próxima ao encontro entre as marginais Tietê e Pinheiros, na capital paulista, protestam contra uma reintegração de posse e prejudicam o trânsito na região. No início da manhã, a Polícia Militar usou bombas e balas da borracha para conter os manifestantes.
De acordo com a PM, a reintegração de posse foi solicitada pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), proprietária do terreno às margens do rio Tietê. No local, viviam cerca de 70 pessoas em moradias de madeira e lona. A decisão partiu do juiz Renato Guanaes Simões Thomsen, da 4ª Vara Cível do Foro Regional IV Lapa.
Francisco visita Cassano, cidade símbolo da mafia na Calábria
Visita del Papa in Calabria, pranzo coi poveri – «Sei la nostra speranza»
O Papa tem a coragem dos cristãos das catacumbas. Visitou um traficante de drogas preso, para consola-lo, pela morte do filho carbonizado na briga das quadrilhas.
No Brasil, nos presídios superlotados, não aparece nenhum juiz por dever de ofício. Nem o governador que paga a conta do funcionamento dos cárceres, com as quentinhas super, super faturadas.
Neste Brasil das 500 mil prostitutas, ninguém se comove pelos rotineiros assassinatos de crianças. Nos despejos judiciários. Pelas balas perdidas da polícia na invasão das favelas.
Ninguém pergunta como morreu Marcelo, com onze anos, possivelmente trucidado, com os pais e avós, por policiais assaltantes de caixas eletrônicos em São Paulo.
Que seja ressaltado o amor cristão de Francisco, e a santa coragem, quando pairam dúvidas sobre a misteriosa morte do Papa João Paulo I.
Romanceiam que a máfia esteja envolvida na morte de João Paulo I, papa por uma lua, por apenas um mês.
“O Senhor é um mestre de reinserção”
Papa Francisco encontra-se neste sábado na cidade de Cassano, na região da Calábria, no sul da Itália, zona marcada pelo fenómeno da Mafia.
Na cordial saudação dirigida aos detidos, o Papa declarou ter querido realizar esta visita como primeiro ato da viagem de hoje para “exprimir a proximidade da Igreja a cada homem e mulher que se encontra preso, como disse Jesus “Estava na cadeia e fostes visitar-me”. Dirigindo-se às autoridades, o Papa sublinhou a necessidade de, para além do respeito devido a cada um dos detidos, tudo fazer para que a pena não seja apenas instrumento de punição mas se cuide da sua sucessiva reinserção social. Neste caminho, entra também o encontro com Deus, que nos ama e perdoa os nossos erros. O Senhor é um mestre de reinserção: toma-nos pela mão e reconduz-nos á comunidade social”.
O Papa esteve com 200 presos a quem pediu para «transformarem a sua vida»
O Papa Francisco afirmou hoje no estabelecimento prisional de Castrillari, na região da Calábria, que o cumprimento da pena de prisão deve ser acompanhado de um compromisso com “instituições de reinserção” caso contrário reduz-se a uma “punição prejudicial”.
“Os direitos fundamentais e as condições humanas no cumprimento das penas de prisão devem ser acompanhados de um compromisso concreto das instituições com objetivo de uma reinserção social efetiva; caso contrário, a execução da pena reduz-se a um instrumento de punição que pode ser prejudicial para o indivíduo e para a sociedade”, afirmou Francisco na prisão «Rosetta Sisca» de Castrillari, uma localidade próxima de Cassano, e a primeira etapa da visita de o Papa realiza hoje àquela cidade.
Esta visita ao estabelecimento prisional pretende afirmar a “proximidade a todos os presos, em todas as partes do mundo”, sublinhou Francisco, aconselhando os presos a fazerem do tempo de detenção um momento de transformação.
“Assim, vocês tornar-se-ão melhores, e ao mesmo tempo, as vossas comunidades, porque no bem e no mal, as nossas ações influenciam os outros e toda a família humana”.
O Papa pediu ainda que a “verdadeira integração” não se completa sem “um encontro com Deus”, aquele que “sempre perdoa, sempre acompanha, sempre compreende”.
“Neste caminho, deve ser incluído o encontro com Deus, a capacidade de nos deixarmos guiar por Deus que nos ama, que é capaz de nos compreender e perdoar nossos erros”, afirmou, segundo a Rádio Vaticano.
À entrada do estabelecimento prisional, Francisco saudou as mais de mil pessoas que se encontravam no local, assim como familiares dos agentes policiais, um grupo de pessoas portadoras de deficiência, duas crianças, e o bispo diocesano, D. Nunzio Galantino e o autarca da cidade, Domenico Lo Polito.
No interior da prisão esperavam-no cerca de 200 homens e mulheres, os policiais e funcionários da prisão.
Papa Francisco diz que nenhuma criança deve voltar a morrer às mãos da máfia
Cocò
Nenhuma criança deve voltar a morrer às mãos da máfia, disse, este sábado, o papa Francisco, durante uma visita à terra natal do menino de três anos morto em janeiro num ajuste de contas entre membros daquela organização criminosa.
“Nunca mais uma criança deve sofrer desta maneira”, disse o papa Francisco, que este sábado se encontrou com as avós e um tio do pequeno Nicola (“Coco”) Campolongo, vítima em janeiro de um ajuste de contas. O seu corpo foi encontrado juntamente com o do avô dentro de um carro carbonizado.
“Rezo continuamente por ele. Não desesperem”, disse Francisco aos familiares do pequeno Coco, durante uma visita à cadeia de Castrovillari, em Cassano, onde o pai do menino cumpre pena por tráfico de droga.
O papa pediu-lhe para passarem a mensagem à mãe da criança, que também estava presa quando o menino foi morto e atualmente se encontra em prisão domiciliária.
A descoberta do corpo da criança chocou a Itália, tal como o assassínio de outra criança de três anos dois meses mais tarde na região vizinha de Puglia.
O papa lembrou também que estas crianças e jovens são recrutadas para o tráfico de droga e morrem vítimas da violência da Ndrangheta (máfia calabresa) ou acabam na prisão.
Durante uma cerimónia emotiva, perante cerca de 200 reclusos, homens e mulheres, Francisco disse: “Também já cometi faltas e devo penitenciar-me”
“Quero expressar a proximidade do papa e da Igreja a todos os homens e mulheres que se encontram na prisão em todas as partes do mundo”, acrescentou o pontífice, que em Buenos Aires visitava frequentemente as cadeias e chegou a lavar os pés a jovens reclusos em Roma.
O papa centrou a mensagem na reinserção dos reclusos na sociedade, considerando que a detenção não é apenas “um instrumento de punição”.
Cassano é uma localidade pobre próxima do mar Jónico onde a máfia prospera e onde o desemprego dos jovens com menos de 25 anos atinge os 56,1 por cento, um record em Itália, segundo o Eurostat.
Jorge Bergoglio foi recebido por uma multidão quando visitou um centro onde estão internados doentes em fim de vida, antes de se encontrar com os padres da região na catedral local. (Jornal de Notícias, Portugal)
Reduto dos grupos mais perigosos da Itália
O papa Francisco, em visita a um reduto de um dos grupos organizados mais perigosos da Itália, consolou um preso cujo filho de três anos morreu em uma emboscada e condenou a violência da máfia contra as crianças.
Francisco voou de helicóptero para a cidade de Cassano All’ Jonio, na região da Calábria, a casa da “Ndrangheta”, grupo que os investigadores dizem ter se espalhado pelo mundo.
O pontífice fez a viagem em parte para honrar Nicola “Coco” Campolongo, que foi morto na cidade com seu avô em uma ação do crime organizado em janeiro.
O corpo carbonizado do menino, cuja guarda havia sido concedida ao avô Giuseppe Iannicelli após a prisão de seus pais por crimes relacionados a drogas, foi encontrado junto com o de Iannicelli e uma mulher marroquina em um carro queimado na cidade.
Francisco, que em janeiro denunciou veementemente o assassinato e pediu aos infratores para que se arrependam, consolou o pai do garoto e outros parentes durante um encontro que um porta-voz do Vaticano descreveu como muito emocionante.
“Nunca mais violência contra as crianças. Que nenhuma criança tenha que sofrer assim. Eu oro por ele continuamente. Não se desespere”, disse o papa, segundo relato do porta-voz.
O Vaticano indicou ontem que tinha expulsado do sacerdócio cerca de 400 religiosos durante o pontificado de Bento XVI, após um aumento das denúncias por abusos sexuais contra crianças. “Em 2012, foram por volta de 100, enquanto em 2011 foram cerca de 300”, declarou o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi.
Para a Rede de Sobreviventes de Pessoas Abusadas por Padres (SNAP por sua sigla em inglês), “o papa tem que começar a expulsar do sacerdócio também os eclesiásticos que acobertam crimes sexuais, não só aqueles que os cometem. Enquanto isso não acontecer, as coisas não mudarão muito”, acrescentou em um comunicado.
Na quinta-feira (16), o Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos das Crianças pediu à Igreja Católica que atue fortemente contra os abusos sexuais dos quais menores de idade são vítimas, em um enorme escândalo em relação ao qual o papa Francisco, que substituiu Bento XVI este ano, expressou sua “vergonha”.
Este verbo acobertar deve ser conjugado para outros crimes, envolvendo igrejas, empresas, indústrias, e os governos e a justiça de vários países. Neste mundo, vasto mundo, não se pode mais conviver com o tráfico de crianças, o trabalho infantil, a criança soldado, a criança prostituta. Nem com as crianças filhas da rua. Ou em acampamentos de refugiados da guerra, de retirantes da fome.
MENSAGEM URBI ET ORBI DO PAPA FRANCISCO
Natal do Senhor, 25 de Dezembro de 2013
«Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14).
Queridos irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, feliz Natal!
Faço meu o cântico dos anjos que apareceram aos pastores de Belém, na noite em que nasceu Jesus. Um cântico que une céu e terra, dirigindo ao céu o louvor e a glória e, à terra dos homens, votos de paz. Convido todos a unirem-se a este cântico: este cântico é para todo o homem e mulher que vela na noite, que tem esperança num mundo melhor, que cuida dos outros procurando humildemente cumprir o seu dever.
Glória a Deus. A primeira coisa que o Natal nos chama a fazer é isto: dar glória a Deus, porque Ele é bom, é fiel, é misericordioso. Neste dia, desejo a todos que possam reconhecer o verdadeiro rosto de Deus, o Pai que nos deu Jesus. Desejo a todos que possam sentir que Deus está perto, possam estar na sua presença, amá-Lo, adorá-Lo.
Possa cada um de nós dar glória a Deus sobretudo com a vida, com uma vida gasta por amor d’Ele e dos irmãos. Paz aos homens.
A verdadeira paz não é um equilíbrio entre forças contrárias; não é uma bela «fachada», por trás da qual há contrastes e divisões. A paz é um compromisso de todos os dias, que se realiza a partir do dom de Deus, da graça que Ele nos deu em Jesus Cristo. Vendo o Menino no presépio, pensamos nas crianças que são as vítimas mais frágeis das guerras, mas pensamos também nos idosos, nas mulheres maltratadas, nos doentes… As guerras dilaceram e ferem tantas vidas!
Muitas dilacerou, nos últimos tempos, o conflito na Síria, fomentando ódio e vingança. Continuemos a pedir ao Senhor que poupe novos sofrimentos ao amado povo sírio, e as partes em conflito ponham fim a toda a violência e assegurem o acesso à ajuda humanitária. Vimos como é poderosa a oração! E fico contente sabendo que hoje também se unem a esta nossa súplica pela paz na Síria crentes de diversas confissões religiosas. Nunca percamos a coragem da oração! A coragem de dizer: Senhor, dai a vossa paz à Síria e ao mundo inteiro.Dai paz à República Centro-Africana, frequentemente esquecida dos homens. Mas Vós, Senhor, não esqueceis ninguém e quereis levar a paz também àquela terra, dilacerada por uma espiral de violência e miséria, onde muitas pessoas estão sem casa, sem água nem comida, sem o mínimo para viver. Favorecei a concórdia no Sudão do Sul, onde as tensões actuais já provocaram diversas vítimas e ameaçam a convivência pacífica naquele jovem Estado.
Vós, ó Príncipe da Paz, convertei por todo o lado o coração dos violentos, para que deponham as armas e se empreenda o caminho do diálogo. Olhai a Nigéria, dilacerada por contínuos ataques que não poupam inocentes nem indefesos. Abençoai a Terra que escolhestes para vir ao mundo e fazei chegar a um desfecho feliz as negociações de paz entre Israelitas e Palestinianos. Curai as chagas do amado Iraque, ferido ainda frequentemente por atentados. Vós, Senhor da vida, protegei todos aqueles que são perseguidos por causa do vosso nome. Dai esperança e conforto aos deslocados e refugiados, especialmente no Corno de África e no leste da República Democrática do Congo. Fazei que os emigrantes em busca duma vida digna encontrem acolhimento e ajuda. Que nunca mais aconteçam tragédias como aquelas a que assistimos este ano, com numerosos mortos em Lampedusa.
Ó Menino de Belém, tocai o coração de todos os que estão envolvidos no tráfico de seres humanos, para que se dêem conta da gravidade deste crime contra a humanidade. Voltai o vosso olhar para as inúmeras crianças que são raptadas, feridas e mortas nos conflitos armados e para quantas são transformadas em soldados, privadas da sua infância. Senhor do céu e da terra, olhai para este nosso planeta, que a ganância e a ambição dos homens exploram muitas vezes indiscriminadamente. Assisti e protegei quantos são vítimas de calamidades naturais, especialmente o querido povo filipino, gravemente atingido pelo recente tufão.
Queridos irmãos e irmãs, hoje, neste mundo, nesta humanidade, nasceu o Salvador, que é Cristo Senhor. Detenhamo-nos diante do Menino de Belém. Deixemos que o nosso coração se comova, deixemo-lo abrasar-se pela ternura de Deus; precisamos das suas carícias. Deus é grande no amor; a Ele, o louvor e a glória pelos séculos! Deus é paz: peçamos-Lhe que nos ajude a construí-la cada dia na nossa vida, nas nossas famílias, nas nossas cidades e nações, no mundo inteiro. Deixemo-nos comover pela bondade de Deus.
SAUDAÇÃO NATALÍCIAA vós, queridos irmãos e irmãs, vindos de todo o mundo e reunidos nesta Praça, e a quantos estão em ligação connosco nos diversos países através dos meios de comunicação, dirijo os meus votos de um Natal Feliz!
Neste dia, iluminado pela esperança evangélica que provém da gruta humilde de Belém, invoco os dons natalícios da alegria e da paz para todos: para as crianças e os idosos, para os jovens e as famílias, para os pobres e os marginalizados. Nascido para nós, Jesus conforte quantos suportam a prova da doença e da tribulação; sustente aqueles que se dedicam ao serviço dos irmãos mais necessitados. Feliz Natal!
A imprensa esconde a criança soldado do tráfico. As 500 mil prostitutas infantis. A falta de escolas e professores. O dinheiro da merenda escolar desviado para o bolso de prefeitos ladrões. E, principalmente, em que tipo de casas a meninada reside, para dormir e comer a fome.
O trabalho infantil legal tem que ter uma permissão assinada por um juiz.
Mauri König, em premiada reportagem, mostrou quanto o Brasil está “a mercê do turismo predatório”, com o seu lamentável universo de 250 mil prostitutas infantis. O mesmo König, que denunciou o tráfico de crianças-soldados brasileiras para o Paraguai.
Biografa o CPJ: “Em 2000, enquanto investigava para uma série de artigos sobre o recrutamento e sequestro de crianças brasileiras para o serviço militar no Paraguai, König foi brutalmente espancado com correntes, estrangulado e largado para morrer perto da fronteira do Brasil, supostamente por três policiais paraguaios. Em 2003, foi forçado a abandonar sua pesquisa ao longo da região fronteiriça de Brasil, Paraguai e Argentina, depois de receber ameaças da policia local. Nenhum desses casos foi solucionado. Suas abrangentes investigações, nas quais expôs abusos de direitos humanos e corrupção, lhe trouxeram reconhecimento mundial e inúmeros prêmios jornalísticos, incluindo Prêmio Internacional da Liberdade de Imprensa 2012 do CPJ, que recebeu em novembro em Nova York”.
O jornalista Mauri König após sofrer atentado no Paraguai
Comprova König, que das cidades sedes da copa do mundo, Recife pouco investe na prevenção e no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.
Pobre Recife. Acontece que a Prefeitura tem dinheiro de sobra para investir em desfile de moda infantil.
Os desfiles de moda infantil e os concursos de beleza infantil promovem o consumismo, a adultização, a erotização das crianças.
Em 17 de setembro último, menos de um mês antes de ser preso, denunciou Ricardo Antunes: “Uma das empresas do grupo do publicitário [Antônio Lavareda] foi beneficiada com uma verba de R$ 200 mil reais pela Prefeitura do Recife. A contratação foi publicada no Diário Oficial da prefeitura e feita pelo regime de dispensa de licitação ou seja sem qualquer concorrência. O objeto é um evento de moda infantil.
‘É um patrocínio para uma ação de moda para inclusão dos artistas pernambucanos’, disse o presidente da Fundação de Cultura, André Brasileiro. Ao ser indagado o motivo da contratação da empresa para o evento Shopping Day, que trata de moda infantil”.
Sob a rublica cultura, a prefeitura encobre inúmeras safadezas, inclusive os embalos de fins de semana, os comícios cantados superfaturados. No governo João Paulo, nos tempos que os jornalistas faziam a pergunta cretina sobre a virgindade de Sandy, a moça realizou, numa noite de uma semana natalina, um show de meio milhão de dólares.
O verdadeiro jornalista para o executivo e o judiciário de Pernambuco
Mauri König, que ora vive escondido dos delegados de polícia do governador Beto Rocha, se morasse no Recife já estaria morto ou preso, escreveu:
Copa do Mundo trará 500 mil turistas estrangeiros, entre eles muitos pornoturistas. Infância está vulnerável à exploração nas cidades-sedes
Quando a Copa de 2014 chegar, o Brasil terá provado ao mundo ser capaz de erguer uma dezena de odes de concreto ao esporte que o notabilizou como país do futebol. Terá estádios monumentais, mais aeroportos, metrôs e avenidas. Vai dispor para isso de R$ 27 bilhões, o equivalente a metade da economia de um ano inteiro de um país como o Paraguai, ou o Bahrein. Mas a Copa não é para todos. Uma parcela dos brasileiros já saiu perdendo, a começar pelas 170 mil pessoas ameaçadas de perder suas casas para dar lugar às obras. Há também os que ainda vão perder com a Copa, mas não sabem, e, ao contrário, pensarão estar tirando alguma vantagem.
O Brasil espera um grande movimento financeiro durante a Copa e, antes disso, com as obras de infraestrutura nas 12 cidades-sedes. Mas há uma ameaça por trás de tanta euforia: a concentração de operários nas obras, a grande movimentação de pessoas nos jogos e a circulação de dinheiro representam um risco maior às crianças socialmente vulneráveis. As redes de exploração sexual e de tráfico de seres humanos tendem a se organizar para recrutar mulheres, crianças e adolescentes para uma demanda que certamente crescerá com a vinda de mais de meio milhão de turistas, pelas estimativas do Ministério do Turismo.
Mais vulneráveis
Quem mais vai perder é uma infância já maltratada, que ficará sem Copa e sem direitos. As condições estão postas desde há muito. Durante 45 dias, a equipe da Gazeta do Povo percorreu 10.500 km pela costa brasileira, passando por Rio de Janeiro, Recife, Natal, Salvador e Fortaleza, as cinco cidades-sede da Copa onde crianças e adolescentes estão mais vulneráveis ao turismo sexual, um simulacro do turismo convencional que melhor se qualificaria como turismo predatório, pelo pouco que deixa e o muito que leva. O sexo turismo existe, ainda que governos e parte do setor turístico não o reconheçam. Leia mais
Mauri König aceita o Prêmio Internacional da Liberdade de Imprensa do CPJ, entregue em novembro pelo conselheiro e editor-chefe da Bloomberg News, Matthew Winkler. (Michael Nagle / Getty Images para CPJ)
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Nova York – As autoridades brasileiras devem oferecer imediatamente proteção ao jornalista Mauri König, que passou a se esconder na segunda-feiradepois de receber ameaças de morte relacionadas com suas reportagens sobre corrupção policial, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
Na segunda-feira, a redação do diário Gazeta do Povo, onde König trabalha como repórter investigativo, recebeu vários telefonemas anônimos de pessoas alertando que o jornalista estava em perigo. Naquela manhã, o jornal havia publicado um novo texto, dando seguimento a uma série de reportagens de maio nas quais König e uma equipe de jornalistas revelou que policiais estavam usando seus veículos oficiais para fins pessoais, como ir à praia ou visitar prostíbulos. No mesmo mês, König e a equipe expuseram um esquema de desvio de fundos designados à manutenção de delegacias desativadas ou inexistentes.
König contou ao CPJ que começou a receber ameaças imediatamente após a publicação das reportagens de maio, inclusive comentários anônimos em um blog frequentado por policiais que o classificaram como “Inimigo Público Número Um”. König disse que as ameaças de segunda-feira pareciam ser mais graves. Em pelo menos um dos telefonemas, alguém que se identificou como policial, mas não quis dizer o nome, advertiu sobre um plano para matar König e falou que vários policiais do Rio de Janeiro haviam chegado a Curitiba e planejavam metralhar a sua casa. O jornalista se escondeu com a família e falou com o CPJ de um local não revelado.
Esta não é a primeira vez que König, um dos principais jornalistas investigativos do país, enfrenta represálias por suas reportagens.
Em 2000, enquanto investigava para uma série de artigos sobre o recrutamento e sequestro de crianças brasileiras para o serviço militar no Paraguai, König foi brutalmente espancado com correntes, estrangulado e largado para morrer perto da fronteira do Brasil, supostamente por três policiais paraguaios. Em 2003, foi forçado a abandonar sua pesquisa ao longo na região fronteiriça de Brasil, Paraguai e Argentina, depois de receber ameaças da policia local. Nenhum desses casos foi solucionado. Suas abrangentesinvestigações, nas quais expôs abusos de direitos humanos e corrupção, lhe trouxeramreconhecimento mundial e inúmeros prêmios jornalísticos, incluindo Prêmio Internacional da Liberdade de Imprensa 2012 do CPJ, que recebeu em novembro em Nova York.
“Mauri König pagou, várias vezes, o preço por seu excepcional trabalho de investigação. As autoridades brasileiras são responsáveis por chegar ao fundo destas ameaças, mantendo König seguro, e garantindo que ele possa continuar a informar sobre questões de importância vital para o público brasileiro “, disse o coordenador sênior do programa das Américas, Carlos Lauría.
Segundo a análise de fim de ano do CPJ sobre jornalistas mortos no exercício da profissão, publicada hoje, quatro jornalistas brasileiros foram assassinados em represália direta por suas reportagens em 2012, o número mais alto na região. Dos quatro, três haviam informado sobre corrupção. Em um post no blog, que acompanha o relatório de hoje, König escreveu sobre a impunidade nos casos de homicídio de jornalistas no Brasil, Uma situação que deixou o país classificado como 11º pior no Índice de Impunidade do CPJ, que calcula percentual de assassinatos de jornalistas não resolvidos em relação à população de cada país.
“O caso de König é emblemático de um fenômeno preocupante nos quase dois anos da presidência de Dilma Rousseff, durante os quais o número de jornalistas brasileiros assassinados foi o mais alto em uma década. Ainda mais preocupante é que a maioria desses homicídios ocorreu em represália por reportagens sobre corrupção governamental “, disse Lauría. “A Presidente Dilma não pode permitir a contínua matança de jornalistas por informarem sobre maleficências do governo e agências de aplicação da lei. Pedimos à presidente que garanta a segurança da imprensa e para que trabalhe no combate à impunidade generalizada em prévios assassinatos de jornalistas.”