Temer o grande eleitor da emenda da reeleição de FHC, defensor do coronel Ustra e pirata do porto de Santos

Escondem que Michel Temer foi três vezes secretário de Segurança de São Paulo, cargo que exerceu para abafar os crimes, nos porões da tortura e assassinatos, das polícias civil e militar de São Paulo. Para exemplificar sua cumplicidade, protegeu sanguinários e fanáticos do golpe de 1964, basta lembrar que se prestou a ser um dos 3-M, uma das testemunhas de defesa do torturador símbolo coronel Ustra.

Pelo exercício do cargo de secretário da Segurança, inclusive durante a ditadura militar, conseguiu se eleger duas vezes deputado da bancada da bala, até que deu o grande as-salto para a presidência da Câmara dos Deputados, por indicação do presidente Fernando Henrique, como moeda de troca por conchavar, no baixo clero, a aprovação da emenda da reeleição, com os votos de deputados e senadores comprados com diferentes moedas: dinheiro vivo, concessões de rádios e televisões, e cargos e mais cargos no primeiro, segundo e terceiro escalões do Governo Federal. A mesma negociação fez José Sarney, presidente de honra do PMDB, para esticar em um ano seu mandato presidencial. FHC, mais ambicioso, ganhou mais quatro anos de presidência. Pelo poder de chefe do Executivo, FHC elegeu Temer duas vezes presidente da Câmara dos Deputados. E o comprado Temer, como presidente da Câmara, passou a engavetar os pedidos de impeachment contra Fernando Henrique, e aprovar o rasga da CLT e a privataria tucana.

Pirata do porto de Santos (denúncia de ACM), Temer possui uma biografia embuçada pela imprensa, e desconhecida do povo em geral, que revelada aumentaria sua rejeição que beira os 99 por cento da população.

Escreve Maison Ramos:

 

O simulacro Temer

 

A mídia está vendendo Michel Temer como aquele que vai conter a crise; o seu governo é chamado de “governo de salvação”. Criam uma imagem irreal a partir de uma ilegitimidade.

O sistema político brasileiro foi corrompido aos poucos. Também aos poucos se dissolveram as utopias, polarizando a narrativa e o discurso ideológico como jamais havia ocorrido; divergentes e díspares, os diálogos apontaram para uma narrativa de ódio, avinagrados a sabores de corrupção, traições, conchavos e particularidades partidárias inerentes ao interesse público. Em resumo paragráfico, estes foram os fatos relevantes que nos conduziram até a imagem estatuária de Michel Temer.

Os interesses hegemônicos que movimentam a engrenagem política não estão ao alcance de boa parte da sociedade; significa dizer que a supressão de informações cria uma atmosfera irreal dos fatos. Mesmo não tendo assumido as funções de presidente da República – a comissão do senado ainda votará relatório sobre o afastamento de Dilma – Temer se comporta como se fosse legitimamente o mandatário da República. E não é.

Sobre a figura hierática repousa um ocultismo que não resistirá ao tempo. A mídia não vai sustentar por muito tempo a representação que criou de um homem impoluto, cuja imagem augusta se retrata nas manchetes de jornais e capas de revistas desde que se iniciou esta contenda. Os aliados que o Temer angaria para si são tão falsos quanto a representação do mito da caverna de Platão. Enquanto preparam o foguetório da vitória, mandam os coveiros cavarem a sua cova.

O simulacro se define por retratos de um político que acenou aos poderes hegemônicos e lhes prometeu até as calças para derrubar a presidenta da República democraticamente eleita; um homem que se aliançou ao maior chantagista deste país, hábil manipulador da política parlamentarista, para dar cabo a um plano de traição. Temer é, com efeito, o resultado da cavalgada insana da mídia contra o governo, dos próprios erros do governo a quem pertenceu até o rompimento e das malas-artes de Eduardo Cunha e seu séquito repugnante.

O governo Temer não andará muitos metros. Nascerá debilitado como tudo o que vem antes do seu tempo, prematuro, ilegítimo, forçado. Na antecipação da sanha golpista, deixaram o povo de fora da discussão. O que seria uma festa no dia 17 de abril se transformou o espetáculo mais deprimente da história política deste país; porque não receberam deliberação da população brasileira para fazê-lo. E achincalharam o eleitor com aquela história de homenagem à família e a Deus. Em nome de Temer e seu capanga Cunha.

Hoje o Brasil è sotto una cappa di piombo, como dizem os italianos. O céu carregado de nuvens tenebrosas nos faz lembrar 1964. A desfaçatez das forças antipovo impregna o discurso midiático, cria uma cortina de fumaça sobre o que de fato acontece no país. A atmosfera é pesada, ouve-se a conspiração em cada entrevista dada, numa contemporização do ósculo de Judas. Temer, contudo, verá o seu simulacro desfazer-se como vapor quando sentir o amargor da rejeição (8%) em pleno acesso ao poder. Minguará. Não haverá pluralis majestatis capaz de aglutinar adeptos a um eventual governo que nascerá ilegítimo.

NAO ESQUEÇA QUE MICHEL TEMER FOI TESTEMUNHA DE DEFESA DO CORONEL USTRA. TORTURA NUNCA MAIS

Dilma: É terrível alguém ‘homenagear’ o maior torturador que o Brasil conheceu

A presidenta Dilma Rousseff lamentou, durante entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros, a terrível declaração de um deputado federal que ‘homenageou’, em seu voto favorável ao impeachment, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Comissão Nacional da Verdade como torturador durante o regime militar brasileiro.

Eu, de fato, fui presa nos anos 70. De fato, eu conheci bem esse senhor ao que ele se referiu. Foi um dos maiores torturadores do Brasil, contra ele recai não só o acusação de tortura, mas também de mortes, só ler os documentos da Comissão da Verdade. Lastimo que, nesse momento, o Brasil tenha dado espaço para esse tipo de ódio, situação de raiva de ódio de perseguição. E, veja você, em um processo como o nosso em que a democracia resulta de uma grande luta. É terrível você ver no julgamento alguém defendendo esse torturador. É lamentável”.

Questionada por uma jornalista se o fato de ser a primeira presidenta mulher no Brasil influenciou nas tentativas de desestabilização do seu governo, Dilma disse acreditar que a questão de gênero é um forte componente nesse processo. Para ela, certas atitudes não aconteceriam caso o presidente da República fosse um homem.

“Houve, inclusive, recentemente um lamentável episódio de um texto de um órgão de imprensa que mostra uma misoginia. Falam o seguinte, mulher sob tensão tem que ficar histérica, nervosa e desequilibrada. E não se conformam que eu não fique, nem nervosa, nem histérica, nem desequilibrada. Aí tem uma outra ala que diz que não é bem isso, porque eu não estou percebendo o tamanho da crise. Eu até não gosto de falar porque eu tenho uma familiar e acho a forma que tratam essa questão muito desrespeitosa: falam que eu sou autista. Um preconceito tão grande quanto o de gênero.[…] Agora, eu lamento profundamente o grau de preconceito contra a mulher, de que mulher tem que ser frágil. Ora as mulheres brasileiras não têm nada de frágeis, elas criam filhos e lutam”, disse de enfatizar sua percepção sobre posicionamentos machistas. “Tem misturado nisso tudo um grande preconceito contra a mulher. Têm atitudes comigo que não teriam com um presidente homem”.

Em São Paulo sem água, um bando de terroristas pede sangue

Passeata em Sampa. Imaginei que  para reclamar a falta de água.

E coisa rara, sem pancadaria da polícia e sem infiltrados e espionagem.

 

Viva a PM! Viva Bolsonaro! Viva Lobão!

 

gorila

 

por Fábio Chap

Acabei de voltar de uma manifestação em que:

– 93% dos presentes gritavam: ‘Viva a PM! Viva a PM!’

– 52% dos presentes pediam a intervenção militar, ou seja, o retorno da ditadura militar no Brasil

– 97,8% dos presentes comemoraram quando foi dito no megafone que o congresso derrubou  a ‘medida bolivariana’ da Dilma que propunha participação popular na política brasileira

– Foi anunciado no carro de som que a ‘Fulana de Alguma Coisa’ tinha perdido seu cartão de crédito e poderia retirar no próprio caminhão. (Adoro manifestações em que eu posso recuperar meu cartão de crédito quando o perco.)

– 94% aplaudiu fervorosamente o Lobão quando ele subiu no carro de som

– 86% aplaudiu fervorosamente o filho de Bolsonaro, e ficou gritando: ‘Bolsonaro! Bolsonaro! Bolsonaro!’

– Discuti com uma mulher que cismou que eu era comunista quando eu disse que o Aécio bateu na esposa. Ela disse que eu preciso estudar mais e que se ele bateu na esposa, isso é problema particular deles, não nosso

– Uma menina bonita e bem vestida, por volta dos 20 anos, disse que o PT acabou  com a juventude dela

– Uma mulher começou a gritar ‘Dilma, Dilma, Dilma’ e ouviu de contra-argumento que ela era maconheira, sapatona e vagabunda. O homem que a xingou estava vestido de azul e deveria ter por volta de seus 60 anos.

Nesses rolês eu aprendo muito sobre o ÓDIO. E quanto mais eu vejo essas pessoas odiosas vomitarem suas verdades pequenas e particulares, mais eu desejo que elas descubram um pouco mais sobre o amor.

Quem sabe um dia.

 

Hidrante como enfeite

 

Boca de incêncio
Boca de incêncio

O governador Geraldo Alckmin mandou a polícia militar não reprimir a passeata. Ora, ora, era uma passeata favorável à polícia.

Estavam proibidos desta vez, o uso de bombas de efeito moral, balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo.

O governador aprovou apenas o uso de canhões de água contra os petistas, que não apareceram.

Os soldados estaduais testaram os hidrantes para ligar suas mangueiras. Não encontraram nenhum em funcionamento.

Alckmin ainda acredita que existe água em São Paulo.

E se acontecer um incêndio?

 

Os filhos da mídia foram protestar na Paulista

 

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por Paulo Nogueira

 

Os filhos da mídia foram neste sábado para as ruas protestar contra, bem, contra sei lá o quê.

Contra terem perdido nas urnas e, portanto, contra a democracia.

Disse “filhos”, mas poderia ter dito “vítimas”.

Porque em sua louca cavalgada antidemocrática eles foram intoxicados mentalmente pelo que a mídia deu nestas últimas semanas.

Eles pareciam saídos das páginas da Veja e dos comentários de gente como Jabor.

Pediam o impeachment de Dilma pelo caso Petrobras.

São os efeitos colaterais da capa criminosa que a Veja deu às vésperas das eleições.

Os manifestantes da Paulista tomaram aquilo como uma verdade indiscutível.

Isso mostra que é necessário aplicar uma punição exemplar à Veja. É uma tentativa de golpe branco fazer o que a revista fez – sem uma única prova – em cima de uma eleição tão disputada.

A Veja tem que enfrentar – rapidamente — as consequências do que fez. Ou vamos esperar que um lunático, inspirado pela revista, comece a matar petistas?

A mídia está também por trás do disparatado pedido de auditoria de votos feito pelo PSDB.

Os tucanos só fizeram isso por saberem que têm as costas quentes com a imprensa. Ou então se refreariam antes de atentar contra as instituições com um pedido tão esdrúxulo.

As dúvidas não resistem a um minuto de reflexão. Considere. O Datafolha deu, na véspera, 52% a 48% para Dilma. A diferença ficou nos decimais: 51,64% versus 48,36%.

A desconfiança nasce também, assinale-se, de trapaças do PSDB não devidamente cobradas pela mídia.

Aécio usou dados enganosos de uma pesquisa do instituto Veritás que lhe dava ampla vantagem em Minas, onde perdera no primeiro turno.

O dono do Veritás avisou que era um erro, ou crime, utilizar os números que Aécio brandiu publicamente, nos debates, contra Dilma. O estatístico também.

E mesmo assim Aécio não se deteve.

O que pensa um fanático antipetista quando vê uma coisa dessas? Num dia, numa pesquisa, seu candidato está ganhando amplamente em Minas. No dia seguinte, no mundo real, o candidato perde.

Farsa, é a conclusão.

E a frustração se converte em raiva depois que analistas afirmam que Aécio perdeu a presidência por causa dos votos que não teve em Minas.

Manifestações como a de hoje mostram como a sociedade está sendo agredida por uma mídia interessada apenas na manutenção de seus formidáveis privilégios.

Pensava-se que o ataque da mídia à democracia cessaria com as eleições.

Não cessou.

É hora de o Estado proteger a democracia, antes que seja tarde demais.

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Leia também: “Se eu fosse você, temeria pela sua integridade física”: nosso repórter na manifestação pelo impeachment em SP

 

Será que vai ter água?

 

Sergei Tunin
Sergei Tunin

Premiado, movimento Mães de Maio defende desmilitarização da polícia

Prêmio Direitos Humanos 2013 foi entregue pela presidenta Dilma Rousseff, que reconheceu que “a tortura continua existindo em nosso país”. Foto Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Prêmio Direitos Humanos 2013 foi entregue pela presidenta Dilma Rousseff, que reconheceu que “a tortura continua existindo em nosso país”. Foto Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Por Igor Carvalho/ Revista Fórum

A presidenta Dilma Rousseff entregou o Prêmio de Direitos Humanos 2013 nesta quinta-feira (12), em Brasília, reconhecendo que a “tortura continua existindo em nosso país”. “Eu que experimentei a tortura sei o que ela significa, de desrespeito a mais elementar condição de humanidade de uma pessoa”, disse.

Durante o evento, participantes protestaram contra a violência policial. “Chega de alegria, a polícia mata pobre todo dia”, era uma das palavras de ordem. A pauta subiu para o palco quando a fundadora do grupo Mães de Maio, Débora Maria, recebeu o prêmio na categoria “Enfrentamento à violência”.

“Quando a gente sente na pele o que é perder um filho, a gente se põe no lugar também das vítimas do passado, das vítimas da ditadura. Para a gente poder comemorar o fim da ditadura, temos que desmilitarizar a polícia”, afirmou Débora, que teve seu filho morto em 2006 pela PM paulista.

Dilma respondeu à Débora, durante seu discurso, lembrando que também lutou contra a ditadura militar e afirmou que se empenhará em solucionar o problema da violência policial. “Vamos juntos superar esse cenário de mortalidade da juventude. Porque a história de um grande país não se faz com uma juventude sendo objeto de violência. Se faz com a juventude viva.”

Indígenas também protestaram durante o evento, chamando Dilma de “assassina” e “genocida”. A presidenta não respondeu as acusações e discursou sem tocar no assunto. Em resposta aos protestos, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, pediu apoio aos indígenas para lutar contra a PEC 215, que transfere para o Congresso a prerrogativa de demarcar terras indígenas.

Premiados

A entrega do prêmio ocorreu durante a programação do Fórum Mundial de Direitos Humanos (FMDH), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). Três mil pessoas assistiram ao evento, de acordo com a organização.

O Prêmio de Direitos Humanos é a maior condecoração do governo brasileiro a pessoas físicas e jurídicas que se destacam na área de Direitos Humanos.

No segmento “Defensores de Direitos Humanos Dorothy Stang”, ganhou Laísa Santos Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo e cunhada de José Cláudio Ribeiro da Silva, assassinados por pistoleiros no dia 24 de maio de 2011.

O deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG) foi contemplado na categoria “Enfrentamento à Tortura”.

O sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo Mapa da Violência, foi o vencedor na categoria “Segurança Pública e Direitos Humanos”.

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Brilhante Ustra, torturador
Brilhante Ustra, torturador

Confira outros vencedores:

Categoria: Centros de Referência em Direitos Humanos
Vencedor: Casa da Juventude Pe. Burnier – CAJU

Categoria: Garantia dos Direitos da População em Situação de Rua
Vencedores: Movimento da População de Rua da Bahia (MPR-BA) e a Associação Rede Rua.

Categoria: Promoção e Respeito à Diversidade Religiosa
Vencedora: Romi Márcia Bencke (pastora da Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil)

Categoria: Comunicação e Direitos Humanos
Vencedor: André Caramante (Jornalista)

Categoria: Garantia dos Direitos da População LGBT
Vencedora: Keila Simpson (militante LGBT)

Categoria: Erradicação do Trabalho Escravo
Vencedora: Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)

Categoria: Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente
Vencedor: Programa Viravida, do Serviço Social da Indústria

Categoria: Garantia de Direitos da Pessoa Idosa
Vencedor: Maria da Penha Franco

Categoria: Garantia dos Direitos das Pessoas com Deficiência
Vencedor: Apae Brasil

Categoria: Igualdade Racial
Vencedor: Fórum Nacional da Juventude Negra

Categoria: Igualdade de Gênero
Vencedor: Maria da Penha

Categoria: Garantia dos Direitos dos Povos Indígena
Vencedor: Almir Narayamoga Suruí

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O coronel Ustra: herói de si mesmo e dos torturadores

Helio Fernandes

 

 

Bessinha
Bessinha

O coronel Brilhante Ustra (muito mais ustra do que brilhante) torturava por prazer. Guardadas as proporções, era como Pinochet (Chile) e o general Videla (Argentina), que gostavam de assistir torturas. Ustra torturava com as próprias mãos, no seu acervo de terrorista, mais de 50 mortos.

Agora se julga um “herói da Pátria”, queria defender o Brasil do pavor do comunismo. O Brasil nunca esteve perto disso, nem mesmo em 1935, quando Prestes veio da União Soviética (com Olga, a terrorista que invadiu uma prisão de segurança máxima, na Alemanha, para libertar o marido) para a revolução, um fracasso total.

Nunca estive preso com o coronel Ustra, ele só atuava em São Paulo. Mas seu “terrorismo” e o prazer pela tortura chegavam ao Doi-Dodi da Barão de Mesquita. Fui para lá, várias vezes, a ordem era cumprida: “Não podem torturar o jornalista, intimidação, ameaças, tortura física de jeito algum”.

Não pretendiam me preservar. Como eu era um nome nacional, se eu morresse, o que podia acontecer facilmente, tinham certeza de que a repercussão nacional e internacional derrubaria a ditadura.

Estive quatro vezes com o coronel Fiuza de Castro como comandante. Era filho do general Fiuza de Castro, que nomeado ministro da Guerra pelo presidente Café Filho, não tomou posse, o general Lott não deixou. Isso em 1955, nove anos antes do golpe.

CORONEL USTRA, HERÓI
DOS TORTURADORES

Demoravam me fazendo perguntas tolas, eram uns idiotas, mas não deixavam de lembrar, em tom de ameaça: “Se o coronel Brilhante Ustra estivesse aqui, as coisas seriam diferentes”. Enquanto eu era interrogado, ouvia os gritos dos jovens entre 20 e 22 anos, que sofriam.

Eram todos de classe média alta, sabiam que chegariam os “pistolões”, teriam que soltá-los. Uma noite, o próprio ministro Orlando Geisel (que nominalmente era o chefe de tudo) chegou lá com o general Cordeiro de Farias. Este, quando foi governador eleito de Pernambuco, fez muitos amigos. O filho de um advogado tinha sido preso, ele telefonou para o ministro, que foi ao Doi-Codi. O menino já havia sido torturado, foi levado embora.

Estive lá mais duas vezes, o comandante era o coronel Ariel Paca. Foi diferente. De uma tradicional família de militares, estava constrangido no cargo. Nas duas vezes conseguiu me transferir para o HCE (Hospital Central do Exército).

O ambiente era de terror mesmo. Os policiais que me levavam, diziam: “Sofremos quando somos escalados para trazer alguém”. Parávamos numa pracinha enorme, os oficiais que estavam esperando, diziam às gargalhadas: “Então, doutor, o senhor escreve contra nós, mas acaba sempre aqui”. O que fazer? Eu tinha medo, mas não deixava que eles soubessem ou percebessem.

Esse é o retrato simplíssimo de um regime autoritário, arbitrário e atrabiliário, que durou 21 anos. E que agora o coronel Ustra quer transformar em lição de heroísmo.

 Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra1

Ivan Seixas sobre Ustra: “Todo psicopata tem uma desculpa”

Ustra, por Aroeira
Ustra, por Aroeira

 

Ivan Seixas, sobre Ustra from Luiz Carlos Azenha on Vimeo.

por Luiz Carlos Azenha

Ivan Seixas, o pai, a mãe e duas irmãs dele foram presos depois do justiçamento do empresário Henning Albert Boilesen, um dos financiadores da tortura no Brasil, pelo Movimento Revolucionário Tiradentes. O pai de Ivan, Joaquim Seixas, foi morto sob tortura no Doi-Codi, em São Paulo, dirigido então pelo major Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Aqui Ivan, que conheceu o torturador Ustra no Doi-Codi, comenta o depoimento dele à Comissão Nacional da Verdade, em Brasília.

Veja também:

Tatiana Merlino: As feridas sempre abertas de uma infância roubada

Adriano Diogo, sobre Ustra: “Ele tirou o capuz e disse: Acabei de mandar o Minhoca para a Vanguarda Popular Celestial”

 

Un ex represor de la dictadura brasileña vinculó a Dilma Rousseff con el terrorismo

Carlos Brilhante Ustra, ex jefe de la policía política, aseguró que participó en “cuatro organizaciones terroristas”. Raoussef, presa y torturada durante casi tres años, no le responderá

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La presidenta de Brasil, Dilma Rousseff, no responderá la acusación de “terrorista” que le hizo el represor Carlos Brilhante Ustra, ex jefe de la policía política de la dictadura militar, quien ayer rompió un silencio de décadas para hablar de su rol en el gobierno de facto.

La oficina de prensa de la Presidencia de la República consignó que Rousseff, ex presa política bajo la dictadura, no emitirá ningún comunicado oficial sobre los dichos de Ustra, quien comandó el temible DOI-Codi, el organismo de inteligencia y represión de San Pablo.

“Todas las organizaciones terroristas tenían el objetivo de derrocar a los militares e implantar el comunismo. Incluso las cuatro organizaciones terroristas en las que participó nuestra presidenta querían eso, implantar el comunismo”, afirmó ayer el coronel retirado Ustra.

Acusado de 50 asesinatos y torturas, Ustra fue el jefe del Destacamento de Operaciones de Informaciones (DOI-CODI) , dependiente del II Cuerpo de Ejército, entre 1970 y 1974, consignó la agencia Ansa.

Las acusaciones contra Rousseff fueron expresadas al hablar ante la Comisión de la Verdad creada por Rousseff en 2011 para develar los crímenes cometidos durante el régimen militar cuando ella, ex miembro de una organización guerrillera, fue presa y torturada durante casi tres años.

Debido a la Ley de Amnistía de 1979 ningún militar puede ser procesado. La Comisión de la Verdad, creada a instancias de Rousseff, puede busca investigar lo ocurrido, pero sin consecuencias penales. (Télan)

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Justiça abre primeira ação penal contra torturadores

O coronel Sebastião Curió Rodrigues de Moura e o major Lício Augusto Maciel, ambos da reserva do Exército brasileiro, se tornaram ontem os primeiros réus na Justiça brasileira por crimes cometidos durante a ditadura militar. A juíza Nair Pimenta de Castro, da 2ª Vara Federal em Marabá, no Pará, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e abriu a ação penal contra ambos. Eles são acusados de sequestro de militantes durante a repressão à guerrilha do Araguaia na década de 70 e até hoje desaparecidos.

Coronel Curió
Coronel Curió

Sebastião Curió comandou a repressão à guerrilha do Araguaia usando o codinome de doutor Luchini e é acusado dos sequestros de Maria Célia Corrêa (Rosinha), Hélio Luiz Navarro Magalhães (Edinho), Daniel Ribeiro Callado (Doca), Antônio de Pádua Costa (Piauí) e Telma Regina Cordeira Corrêa (Lia), todos capturados por tropas comandadas por ele entre janeiro e setembro de 1974 e nunca mais encontrados após terem sido levados às bases militares e submetidos à tortura.

Major Lício Augusto Maciel
Major Lício Augusto Maciel

Já o réu Lício Maciel usava, na época da repressão, o codinome de doutor Asdrúbal e foi responsável pela captura de Divino Ferreira de Souza, o Nunes, detido pelo exército em 1973. De acordo com as investigações do MPF, Divino foi emboscado pelos militares chefiados por Lício quando estava ao lado de André Grabois (Zé Carlos), João Gualberto Calatroni (Zebão) e Antônio Alfredo de Lima (Alfredo). Divino foi interrogado e submetido à tortura, e depois disso nunca mais foi visto.

Coronel Ustra
Coronel Ustra

Para o MPF, a responsabilização penal de Curió e Maciel é obrigação do Estado diante da sentença da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A comissão entendeu que o Brasil viola os direitos humanos ao não processar criminalmente acusados de tortura e mortes durante o regime militar, previsão feita na Lei de Anistia e mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O MPF também já pediu a abertura de uma ação penal contra o ex-chefe do Doi-Codi, Carlos Alberto Brilhante Ustra, e o delegado da Polícia Civil, Dirceu Gravina, pelo sequestro do bancário Aluizio Palhano Pedreira Ferreira em 1971.

A hora da verdade para os sequestradores coronel Ustra e seu parceiro delegado Dirceu Gravina, o JC

O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF) apresentou nesta quarta-feira (24) à Justiça uma denúncia contra o coronel reformado Carlos Alberto Ustra  e contra o delegado de Polícia Civil Dirceu Gravina


Aluísio Palhano Pedreira Ferreira
Aluísio Palhano Pedreira Ferreira

Eles são acusados pelo sequestro do bancário Aluízio Palhano Pedreira Ferreira, em maio de 1971. Na época do sequestro, Ustra comandava o DOI-Codi, instituição subordinada ao Exército brasileiro durante a ditadura militar. Já Dirceu Gravina continua na ativa como delegado até hoje.

Caso sejam condenados, ambos podem pegar de dois a oito anos de prisão. A alegação do MPF se baseia em duas decisões de extradição nas quais o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliou que o crime de desaparecimento forçado é continuado. Ou seja, está vigente até que não se apareça o corpo ou uma prova de assassinato.

Aluízio foi preso em 1971 após voltar clandestinamente ao Brasil. Segundo a testemunha Inês Etienne Romeu, também presa naquela época, ele foi detido pelo grupo do delegado Sergio Paranhos Fleury. De São Paulo, Palhano foi levado à chamada “Casa de Petrópolis”, no Rio de Janeiro, e trazido de volta ao DOI-Codi. Segundo o procurador Sérgio Sulama, isso evidencia que ele estava sob responsabilidade de Ustra e de Gravina. Leia aqui 

Já se prevenindo contra eventuais empecilhos no Judiciário, o Ministério Público elencou uma série de argumentos pela validade da ação. O procurador Ivan Cláudio Marx de Uruguaiana lembrou que o decreto de criação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, o primeiro reconhecimento oficial das mortes efetuadas pelo Estado durante a ditadura, não vale como garantia de que as vítimas tenham sido assassinadas de fato.

Outro ponto abordado na denúncia do MPF é a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 2010, a entidade condenou o Brasil por não investigar os crimes cometidos pela ditadura e por se valer da Lei de Anistia como obstáculo para a punição dos agentes da repressão. (Agência Pulsar)


Acusado de ser ladrão, estuprador e assassino, o delegado Dirceu Gravina, o JC, ainda está na ativa, servindo ao governo Geraldo Alkmin. Confira

Carlos Alberto Ustra
Coronel Carlos Alberto Ustra

Coronel Carlos Alberto Ustra assinou os últimos manifestos do minoritário grupo de militares de pijama contra a criação da Comissão Nacional da Verdade, e participou da reunião proibida do dia 29 de março último, no Clube Militar do Rio de Janeiro, para comemorar o golpe militar de primeiro de abril de 1964. Conheça mais

Para onde vão os desaparecidos?

É conhecida a expressão popular: negro não morre, desaparece.

Nas escolas, o uso da palmatória. Sabatina. Também existia a brincadeira do ai. (Veja vídeo).

– Vamos brincar de ai?

– Como se brinca?

– A gente dá as mãos, e uma mão bate na outra. Quem falar ai, sai. Até ficar apenas um jogador, o vencedor.

Tinha outro jeito:

Perguntava-se:

– Você conhece a brincadeira do ai?

Se a respostas fosse: – não, se dava um beliscão.

Quando a vítima dizia ai, ouvia a resposta:

– Agora, você sabe.

Esta brincadeira do beliscão fez muito começo de namoro. O beliscão era suave, servia para criar um espaço de intimidade, e a garota fingia dor.

Nos porões da ditadura praticavam a brincadeira do ai. Com instrumentos usados contra os escravos nos antigos impérios, e outros inventados pela polícia das tiranias hodiernas.

No Brasil muitos levaram sumiço nesse jogo comandado pelos Ustra e os Curió.

Eles sabiam que estavam praticando um crime. Portanto, para esconder os mortos criaram os cemitérios clandestinos. Recentemente, um ex-goleiro do Flamengo fez o mesmo ou mandou. Muitos torcedores pediram a soltura do jogador que assassinou a amante grávida. Partes do cadáver foram jogadas para os cães. Cegos flamenguistas assinaram manifesto.

O secretário estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, anunciou em 2011, que quer dar fim à dor das famílias que tiveram parentes mortos de maneira cruel e enterrados em favelas da cidade. Beltrame lançou uma campanha de incentivo para moradores da região denunciarem a existência de cemitérios clandestinos e possíveis esconderijos de ossadas.

– Nós entendemos que precisamos buscar os restos mortais destas pessoas, como o Júlio Baptista, que desapareceu em 2009, para minimizar a dor das famílias que sofreram ou sofrem com isso, porque existem inquéritos abertos de acusações de homicídios, mas nós não temos o corpo para concluí-los.

Júlio Baptista é um agente de combate às endemias da Prefeitura do Rio (mata-mosquito) que está desaparecido desde o dia 9 de julho de 2009. A iniciativa da campanha teve início depois de a Secretaria de Segurança ter sido acionada pela família da vítima, morta por traficantes do local. De acordo com as investigações, ele teria sido confundido com um estuprador e morto pelo tribunal do tráfico que atuava na Nova Brasília. O corpo de Júlio nunca foi encontrado.

O Brasil todo pergunta:

– Onde estão os desaparecidos?

Eternamente vão ouvir esta música. Clique