Moradores filmam pms alterando cena de crime após morte de jovem de 17 anos
Eduardo Felipe Santos Victor, 17 anos. Foto Facebook
Gravação é novo golpe na imagem das UPP’s. Flagrante provoca protestos contra a PM
Imagem mostra PMs mexendo na cena do crime na Providência
Até junho deste ano, a polícia matou em média quase duas pessoas por dia
por María Martín/ El País/ Espanha
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A morte de Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, no morro da Providência, no centro do Rio, noticiada como a de um narcotraficante que entrou em confronto com os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), poderia ter sido mais uma em um Estado onde, até junho deste ano, a polícia matou em média quase duas pessoas por dia. Mas dois vídeos gravados por moradores, onde ficaram registrados todos os passos dos agentes ao adulterar a cena do crime, põe em dúvida a versão policial, que afirmou que houve troca de tiros e que encontrou com o adolescente um radiotransmissor, munições e uma pistola.
Nas imagens, gravadas na manhã desta terça, o jovem com a camisa banhada em sangue morre no chão rodeado de três policiais com colete antibalas e fuzis. Aparece na cena um quarto agente que entrega a arma que é deixada junto ao corpo e depois atira para o ar. Outro policial pega uma arma, depois de limpá-la, e a coloca entre os dedos inertes do jovem. Atira. Duas vezes. Levanta e fica, junto aos outros, contemplando o cadáver. Percebe que tem a mão suja de sangue e limpa-se na parede. Corta-se a imagem.
Após a morte do adolescente, o segundo na comunidade em uma semana, o clima ficou tenso. Indignados, moradores protagonizaram vários protestos durante todo o dia nas imediações da favela, na zona portuária do Rio, e atiraram pedras contra os policiais. À noite, segundo relatou o jornal O Globo, um grupo de 50 moradores protestou na frente da delegacia onde os cinco agentes envolvidos foram ouvidos. Houve gritos de “polícia assassina” e tumulto e os policiais lançaram bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.
Mais um golpe para as UPPs
Dois policiais foram presos em flagrante por fraude processual e três estão detidos administrativamente. O secretário de Estado de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, determinou “rigor nas investigações com punição exemplar dos responsáveis”, mas as gravações são mais um golpe na agonizante imagem das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio.
O programa de polícia comunitária acumula escândalos de letalidade policial. O último foi na semana passada, quando Herinaldo Vinicius da Santana, de 11 anos, morreu com um tiro na cabeça em um suposto confronto entre agentes da UPP e traficantes da favela do Caju. A lista é longa, mas o pontencial de sucesso da missão das UPP’s nas comunidades começou a se frustrar de vez com a morte de Amarildo Dias de Souza, o pedreiro da Rocinha cujo corpo ainda não foi encontrado e que foi torturado até a morte na sede da UPP da comunidade em 2013.
O porta-voz das UPPs do Rio de Janeiro, major Ivan Blaz, reconheceu que “o vídeo mostra uma manipulação flagrante que atinge duramente a confiabilidade estabelecido ao implantação da UPP Providência” mas afirmou que “os ganhos estabelecidos pelas UPPs não podem ser perdidas por casos lamentáveis como esse”.
Luiz Eduardo Soares, antropólogo e subsecretario de Segurança Pública no Rio, entre 1999 e 2000, disse em entrevista ao EL PAÍS que a crise nas UPP’s é imensa. “Porque foi feita de forma precipitada, sem a formação policial que teria sido imprescindível. Eu sempre disse que não seria sustentável um programa desse tipo com as nossas polícias. Elas precisam ser profundamente reformadas para ter alguma afinidade com os princípios que nortearam a criação do programa, como ser uma policia de proximidade e garantir direitos”, afirma Soares.
O número de pessoas mortas em supostos confrontos com a polícia aumentou no primeiro semestre do ano no Rio. A quantidade de mortes provocadas por agentes de segurança – policiais militares e civis – foi a maior registrada em um semestre desde a primeira metade de 2011, tanto na capital quanto no Estado, segundo dados do Instituto de Segurança Pública divulgados no UOL. No total, foram 349 casos, um aumento de 21,6% em comparação ao primeiro semestre de 2014.
O que mata mais no Brasil violento: morte matada ou morte morrida? A polícia mata, a milícia mata, o assaltante de rua mata, o trânsito mata. É um país de assassinos. Dos desaparecidos. Dos cemitérios clandestinos. Da escravidão. Dos atestados de óbito por causa desconhecida. Das 500 mil crianças prostitutas condenadas a morrer antes da maioridade. Dos filhos da rua e dos f.d.p. nos mais altos cargos dos cinco poderes: o econômico, o judiciário, o executivo, o legislativo, a imprensa.
Dou um exemplo desta semana: assassinaram três jornalistas. Que indenização vão receber as famílias dos mortos?
Sei que um brasileiro vale menos que um argentino. Eis a prova:
Tragedia en Mendoza: pagarán $700 mil por cada víctima fatal del accidente en San Martín
Se calcula que esa cifra deberán abonar los dueños del camión que protagonizó el choque que provocó 16 muertes. Sólo con los fallecidos, el monto ronda los $11 millones. Podría ser más si los sobrevivientes deciden hacer demandas.
Casi $11 millones deberán pagar las empresas brasileñas propietarias del camión y el semirremolque que protagonizaron la denominada “tragedia de la ruta 7” en San Martín. La cifra se calcula sólo para las víctimas fatales, pero ascendería si quienes sobrevivieron anteponen medidas judiciales.
Mientras continúan las pericias para intentar determinar si el camionero Genesio Mariano (35) realmente estaba bajo los efectos de alcohol y drogas como afirmaron varios testigos, el representante legal de las compañías brasileñas en Mendoza le confirmó a Diario UNO que deberán desembolsar unos $700 mil por víctima. Así, sólo por las 15 víctimas fatales (sin contar al camionero, que fue quien ocasionó el siniestro), la suma ascendería a los $10 millones y medio.
“El monto del pago (de las indemnizaciones), ya sea por un arreglo o por sentencia firme que se determine, a ojo experimentado, en promedio va a rondar los $700 mil por víctima. Podrá ser menos o más, dependiendo de cada caso”, especificó Alejandro Miguel Nacevich, representante legal de ACM Transportes y Toso Limitada. Ese monto incluiría los conceptos de daños moral y psicológico, y lucro cesante.
El abogado precisó que, si bien siempre se mencionó a ACM como la propietaria del camión, tanto el chofer como el tractor pertenecían a Toso. Esta empresa alquilaba el semirremolque de ACM, pero ambas serán las responsables legales en caso de que lo determine la Justicia.
Más aportes a la investigación
Según explicó Nacevich, el martes pasado, los dueños de ambas empresas brasileñas llegaron a Mendoza para ponerse a disposición del fiscal que investiga el tremendo siniestro vial.
“Nos apersonamos en la fiscalía de San Martín, adjuntamos la póliza de seguro de responsabilidad civil que les exigen a las empresas de transporte internacional por daños a terceros y vimos el vehículo siniestrado”, detalló el letrado.
De acuerdo con la versión de Nacevich, entre esos aportes también figura el informe de GPS, que echará luz sobre el recorrido que realizó Mariano entre las 15 y las 17.30, lapso en el que se genera el vacío investigativo.
De acuerdo con la información del sistema satelital, los propietarios de ACM indicaron que el enorme transporte de cargas circulaba a unos 50 kilómetros por hora y no a más de 100 como indicaron fuentes policiales tras el incidente. Nacevich indicó que la velocidad no será determinante, debido a que los efectos son los mismos. “Quedó molido. Evidentemente, despacio no iba. Además, están las imágenes de los testigos presenciales donde uno ve que el camión no iba despacio. Si iba a 50 o a 200 (km/h) lo va a determinar una pericia mecánica. De todas maneras, en la responsabilidad y en la indemnización no hace diferencia”, sentenció el abogado especializado en comercio internacional y transporte.
Respecto de la hipótesis que plantearon los empresarios brasileños de que su chofer había sido asaltado, el abogado mendocino se atajó: “No lo descarto, pero tampoco lo afirmo”.
Identifican los dos últimos cuerpos
Una semana pasó y sólo entonces los 16 fallecidos tras el siniestro vial pudieron ser identificados. Ayer se confirmó que el cadáver masculino, que no podía ser individualizado por no contar con muestras de ADN que cotejar, es del camionero brasileño y que el cuerpo femenino es de una turista norteamericana.
Genesio Mariano, el chofer oriundo de Brasil, fue identificado luego de que su medio hermano Roberto Fernandes de Jezuz (23) aportara muestras de sangre la tarde del jueves en el Cuerpo Médico Forense.
Los peritos también confirmaron que el cuerpo de mujer que faltaba reconocer es de Tyler Mooney Sabrooke, una turista norteamericana que fue reconocida visualmente por familiares que llegaron de Estados Unidos debido a que no estaba calcinada, sino que fue rescatada del micro y falleció en el hospital.
O Brasil é o país dos sequestros, da tortura, das prisões policiais corridas à vara, dos desaparecidos, dos Amarildos, dos cemitérios clandestinos, das balas perdidas, das balas acidentais, dos Douglas, da resistência seguida de morte, das chacinas, das tragédias anunciadas, e ninguém liga neca.
Presidenciáveis e governadores estão pedindo leis duras para prender, por formação de quadrilha, os participantes dos movimentos sociais e estudantis. Quando se tornou comum queimar mendigos, incendiar favelas e conviver com 250 mil prostitutas infantis.
A imprensa elitista e branca classifica de “pacificação” a conquista das favelas, onde legiões policiais entram derrubando portas e atirando balas de chumbo.
Para impedir os protestos de rua, soldados estaduais enfrentam o povo com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e canhões sônicos. Enquanto na Argentina, um país democrático que realiza referendos e plebiscitos, e paga um salário mínimo de causar inveja a jornalistas e professores brasileiros, a ONU faz
Eyad Shtaiwe
Un llamado de atención por los “nuevos casos de desaparición forzada”
Un Comité de la ONU, encargado de evaluar el cumplimiento de la covención contra este tipo de delito, reconoció el avance en los juicios a los represores de la dictadura cívico-militar, pero manifestó su preocupación por los casos recientes –como los de Luciano Arruga e Iván Torres–, en los que las víctimas son “personas jóvenes en situación de extrema pobreza y marginación social” y agregó que sus “desapariciones son realizadas aplicando métodos policiales violentos” con el fin de “encubrir los delitos cometidos y procurarse la impunidad”.
Sobre los “nuevos casos de desapariciones forzadas”, el Comité recomendó al Estado a “incrementar los esfuerzos con miras a combatir eficazmente estas formas contemporáneas de desaparición forzada” y convocó a realizar “reformas institucionales en el seno de los cuerpos policiales para erradicar la violencia y asegurar que los policías responsables de estas violaciones sean debidamente investigados, enjuiciados y sancionados”.
Además, el organismo subrayó que los informes complementarios al presentado por el Estado “dan cuenta de casos recientes de desapariciones forzadas, que no han sido investigados de manera debida, particularmente casos en los que hubo un retraso injustificado en el inicio de las investigaciones o en los que no se investigaron a todas las personas supuestamente involucradas en el delito”.
Por eso, el documento insta a “garantizar que las investigaciones de todos los casos de desaparición forzada sean exhaustivas e imparciales y se realicen diligente y eficazmente, aun cuando no se haya presentado denuncia formal”.
Al momento de realizar recomendaciones para prevenir las desapariciones forzadas, el organismo destacó que “no hay ninguna detención secreta en Argentina”, pero señaló que preocupación “la existencia de normas nacionales que permiten la detención administrativa, sin orden judicial previa o control judicial posterior y fuera de los supuestos de flagrancia”.
En ese sentido, el Comité indicó que los informes recibidos dan cuenta de que “las desapariciones forzadas que se producen en la actualidad están, en gran medida, relacionadas con detenciones administrativas que se practican de un modo arbitrario”. Frente a ese problema se solicitó que se “desarrolle un protocolo de actuación uniforme y un sistema de control equivalente para todos los centros, en todo el territorio nacional, donde se encuentren personas privadas de libertad”.
Por otra parte, el Comité celebró el reconocimiento por parte del Estado de la validez de la convención y las medidas legislativas y de otra índole que guardan relación con ella “en particular las relacionadas con la reforma de la justicia militar (Ley 26394); la regulación del banco de datos genéticos (Ley 26548); el régimen de la ausencia por desaparición forzada (Ley 24321);y las diversas leyes de reparación”.
Está a punto de estallar un nuevo episodio violento entre propietarios de grandes haciendas y campesinos sin tierra en el amazónico estado de Pará, en el norte de Brasil.La hacienda Itacaiunas se encuentra en el sudeste de Pará, en el municipio de Marabá, a 684 kilómetros de la capital estadual, Belém. Su propietario es Agro Santa Bárbara, grupo económico que posee al menos 600.000 hectáreas de tierras en este estado.Desde 2002 la Federación de los Trabajadores de la Agricultura de Pará (Fetagri) reclama que esa propiedad sea confiscada y sujeta a reforma agraria. En ella viven acampadas unas 300 familias.
En los últimos días de abril, estos campesinos sin tierra anunciaron que ejecutarían una ocupación definitiva de la hacienda y el lunes 29 iniciaron un loteo para “realizar el asentamiento por cuenta propia”, según un comunicado de la organización.
La empresa, a su vez, considera delincuentes a los campesinos e informó que los denunció a la policía militar para garantizar el orden y evitar choques.
“El grupo de invasores planifica comenzar el loteo de la propiedad. El objetivo es ampliar la ocupación ilegal. Este es un nuevo acto delictivo de los invasores, que mantienen la hacienda bajo su control y no permiten el acceso a otras personas”, sostuvo en un comunicado Agro Santa Bárbara.
La inminencia de un choque violento es real, pues hay denuncias de presencia en la zona de grupos fuertemente armados, contratados por los dueños de la hacienda.
Según dijo a IPS el abogado de la católica Comisión Pastoral de la Tierra, José Batista, que sigue de cerca la situación, el conflicto en Itacaiunas es “bastante grave”.
“Hace mucho tiempo estas familias tienen expectativas de que se haga el asentamiento (la distribución legal de predios de la reforma agraria). La empresa puso guardias armados y ya recibimos informaciones de que envenenó las pasturas para expulsar a las familias. Eso añadió tensión y entonces (los campesinos) resolvieron ocupar un lugar más extenso”, explicó.
Aunque la policía fue convocada para evitar un choque directo entre los trabajadores y los guardias armadas, a veces la presencia policial es la que genera conflictos.
Según Batista, en 2010 el gobierno determinó la expropiación de la hacienda, pero el grupo empresarial introdujo un recurso que suspendió la emisión del título de propiedad para los asentados por el Instituto Nacional de Colonización y Reforma Agraria (Incra).
“Las familias acampadas son irreductibles, pero quieren resolver el problema de forma pacífica”, aseveró el abogado.
Mientras tanto, hay una discusión sobre el valor de la indemnización que el gobierno debería pagar a Agro Santa Bárbara por expropiar la hacienda. La empresa había aceptado negociar con el Incra la expropiación por un monto equivalente a 11,5 millones de dólares.
Pero a esa suma se le descontó el valor del pasivo ambiental dejado por la empresa –que deforestó la zona selvática del predio–, estimado en tres millones de dólares. La compañía entonces presentó un reporte con una tasación de la propiedad en 21 millones de dólares.
Según Batista, la hacienda tiene una extensión de 10.600 hectáreas, hay informaciones de que más de 60 por ciento eran públicas y de que la hacienda es improductiva.
Buena parte de los conflictos y las muertes por cuestiones agrarias ocurren en la Amazonia, hasta donde llegó la nueva frontera agrícola y los proyectos de infraestructura y minería.
Esta es una de las causas principales de la violencia en el sur y el sudeste de Pará, el segundo mayor estado de este país y líder nacional en asesinatos y violación de derechos humanos por conflictos agrarios.
De acuerdo a la Comisión Pastoral de la Tierra, entre 1964 y 2010 se cometieron en Pará 914 asesinatos de trabajadores rurales, sindicalistas, juristas y religiosos. De ellos, 654 se perpetraron en el sur y sudeste del estado.
Los datos no son precisos, pues muchos casos ni siquiera se hacen públicos, indica el informe “Violación de derechos humanos en el sur y sudeste de Pará“, elaborado por la Comisión Pastoral y la Fetagri, entre otras entidades, y publicado en marzo de 2013.
“La actuación de la justicia está también a una distancia de años-luz entre los crímenes cometidos y el castigo a los culpables”, dijo Batista.
De los 914 asesinatos ya mencionados, apenas 18 llegaron a juicio.
Entre 1980 y 2003, se cometieron 35 matanzas en el sur y sudeste de Pará, que totalizaron 212 trabajadores rurales asesinados. En los tribunales hay procesos que llevan más de 25 años.
Las amenazas de muerte son moneda corriente. El informe asevera que, entre 2000 y 2011, 165 personas recibieron amenazas en el país, y de ellas 71 fueron en Pará. Del total de amenazados, 42 terminaron asesinados, 18 de ellos en este estado.
“La reforma agraria es un proyecto utópico. La violencia en Pará viene en ascenso, la impunidad no permite avanzar en la investigación de los casos y los objetivos de los asesinatos son líderes de organizaciones sociales”, dijo a IPS el representante de la Comisión de Derechos Humanos de la Orden de Abogados de Brasil en Pará, Adebral Lima Júnior.
Según dijo a IPS la fideicomisaria de la fundación Right Livelihood Award, Marianne Anderson, que formó parte de la misión solidaria efectuada a la zona en abril, internacionalizar este conflicto es una forma de presionar por su solución.
“Nunca debemos guardar silencio sobre estas injusticias y muertes. No hay otro lugar del mundo donde se cometan tantas muertes vinculadas al ambiente y a la tierra como en Brasil. La mitad de los asesinatos relativos a conflictos agrarios en todo el mundo ocurren en este país. Eso es inaceptable”, dijo Anderson, exintegrante del parlamento sueco.
La fundación, que entrega el galardón conocido como premio Nobel alternativo, incentivará a su red global a que envíe cartas de repudio a las embajadas de Brasil en todo el mundo. “Reclamamos al gobierno brasileño que implemente urgentemente la reforma agraria para que se haga justicia”, agregó.
Un camión recorre la carretera BR-155 en el estado amazónico de Pará, norte de Brasil. En esa zona ya no quedan selvas, taladas para abrir paso a las pasturas de la ganadería y la explotación mineral. Imagen tomada a inicios de abril de 2013.
Num país capitalista organizado, Alckmin estaria enfrentando pedidos de impeachment
Por Pedro Pomar e Fausto Salvadori
A chacina de Campo Limpo (São Paulo, capital), realizada em 4 de janeiro, parece haver inaugurado um novo padrão de atuação dos grupos de extermínio ligados à Polícia Militar. Em primeiro lugar porque, segundo testemunhos publicados, foram 14 os seus protagonistas, número muito superior ao habitual (geralmente dois, em motocicleta). Em segundo lugar, porque teriam chegado gritando “É polícia!”, também algo incomum.
Claramente, trata-se de um desafio deliberado ao próprio governo estadual. Depois de tolerar e até estimular a extremada violência policial — incentivando as ações da ROTA e dando aval, em novembro, à execução de nove pessoas de uma só vez, ao declarar que “quem não reagiu está vivo” — o governador Geraldo Alckmin (PSDB), assustado com a repercussão negativa dos crimes, encontra dificuldades para desmantelar os grupos de extermínio ou até mesmo impor limites à barbárie disseminada por eles.
A chacina de 4 de janeiro, da qual resultaram sete populares mortos e dois feridos, é uma provocação ostensiva ao novo comando da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Até mesmo por indícios de que a ação teria como um dos objetivos vingar-se de um popular que, dias antes, filmou a execução de um servente, à luz do dia, por PMs fardados (entregue à TV Globo, o vídeo foi divulgado, e os policiais envolvidos foram presos).
Quatro dias após a nova matança, o governo começou a dar sinais de que pretende coibir o uso da violência estatal. Publicou resolução que proíbe os PMs de socorrer feridos (“socorro” que abre margem para destruição de provas) e determina o fim do registro das ocorrências de “resistência seguida de morte” — que passam a ser designadas como “morte decorrente de intervenção policial”, mas não como “homicídio”, como ocorre com qualquer crime de morte.
Um passo positivo, sem duvida. É intrigante que, nesta chacina e praticamente em todas as outras, PMs tenham chegado ao local, imediatamente após as execuções, e recolhido as cápsulas dos projéteis deflagrados pelos exterminadores, comprometendo as investigações (e apesar disso não tenham sido punidos). Em outro caso recente, familiares de vítimas que tentaram obter informações com PMs, após uma chacina, foram brutalmente agredidos. Qual a disposição real do novo comando da SSP de investigar os grupos de extermínio? A Folha de S. Paulo deu a seguinte manchete interna, na edição de 7 de janeiro: “Polícia só esclarece 1 das 24 chacinas do ano passado”.
Num país capitalista organizado, Alckmin estaria enfrentando pedidos de impeachment. Mas estamos no Brasil. O Ministério da Justiça, mostrando desconhecimento e descaso diante do morticínio em São Paulo, chegou a propor que tropas do Exército fossem deslocadas para o bairro de Paraisópolis. O que se espera do governo federal, porém, são medidas capazes de levar o governo estadual a conter o extermínio cometido por PMs, fardados ou não.
Paradoxalmente, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República mantém-se em silêncio, como se São Paulo pertencesse a outro país. Quem primeiro falou em direitos humanos, na presente crise, foi o novo secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella, ao tomar posse, para lembrar que a repressão ao PCC não pode atropelar as garantias fundamentais dos cidadãos.
O Ministério Público Federal permanece anestesiado (à exceção do procurador que exigiu a troca do comando da PM), e somando-se as omissões ao estado letárgico dos partidos de oposição, tudo garante ao governador que cumpra o restante do seu mandato sem maiores sobressaltos, apesar dos recordes de letalidade ostentados pela Polícia Militar.
Enquanto isso, ganham espaço tímido na mídia os rostos de alguns dos jovens executados nas chacinas, como Luciene, a ativista social, ou Lah, o rapper amigo do escritor Ferréz e do músico Mano Brown. Não foram mortos por supostos laços com o PCC, ou porque tinham “passagens na polícia”, ou porque tivessem “envolvimento com o tráfico”. Foram mortos porque eram pobres, negros ou mulatos, e moravam na periferia. Foram mortos porque, no peculiar Terrorismo de Estado vigente em São Paulo, vigora a pena de morte, que pode ser aplicada aleatoriamente a qualquer morador de bairros distantes do centro e favelas.
Como bem sintetizou Ferréz no enterro de Lah: “Estamos em uma ditadura, no limite da opressão. Nos bairros ricos a polícia dá bom dia, boa tarde. Aqui, ela mata”. A quem achar exagerada essa avaliação, recomenda-se que releia a declaração do ex-chefe da Polícia Civil, delegado Marcos Carneiro de Lima: “A gente nunca teve chacina nos Jardins aqui em São Paulo. Por que será? Porque é tão fácil matar pobre na periferia. Porque ainda existe uma grande parcela da sociedade que acha que matar pobre na sociedade é matar o marginal de amanhã. Isso é uma visão preconceituosa da própria sociedade que encara que essa ação de matar é uma ação legítima. Não é legítima” (Folha de S. Paulo, 22/11/2011).
A maioria das vítimas das chacinas — simples trabalhadores, pessoas dignas, decentes — é transformada em mera estatística. Raramente os noticiários impressos, eletrônicos ou digitais explicam quem são essas pessoas que tiveram suas vidas brutalmente abreviadas. Para isso é preciso que tenham conseguido alguma notoriedade anterior. Se a mídia se desse ao trabalho de publicar a imagem dos cidadãos assassinados pelos exterminadores, concedendo a esses crimes o mesmo tempo e espaço dedicado a certos casos tratados com o habitual sensacionalismo, será que a sociedade continuaria a ignorar a tragédia?
Há uma piada na África do Sul que diz o seguinte: “Antes do apartheid, tínhamos uma das piores desigualdades sociais do mundo. Agora, temos a pior.”
Grevistas são fuzilados
Hahaha. Não. Estou rindo do quê?
Desigualdade dá em tumultos, inquietações, protestos, greves, conflitos – todas aquelas coisas, enfim, que sociedades harmoniosas conhecem apenas de nome.
É dentro deste quadro que se encaixa a tragédia dos mineiros em greve da empresa sul-africana Lonmin, a terceira maior produtora de platina do mundo.
Numa das imagens mais perturbadoras dos últimos anos, câmaras captaram o fuzilamento de que eles foram alvo pela polícia sul-africana chamada para desfazer uma manifestação de protesto em Maricana, onde está a sede da Lonmin. Mais de trinta deles morreram.
Ao horror inicial se somariam, depois, dois outros.
Primeiro, testemunhas presentes ao massacre afirmaram que muitos grevistas foram mortos pelas costas, ao contrário do relato de defesa própria da polícia sul-africana.
Depois, no que foi uma das decisões mais estapafúrdias da história da África do Sul, a procuradoria colocou em 260 outros grevistas presos a culpa pelas mortes.
E compreensivelmente ondas de perplexidade se espalharam pelo mundo. O governo do presidente Jacob Zuma pode estar com os dias contados. Corre na mídia sul-africana que Zuma gastou alguns milhões na reforma de sua casa de campo.
Há uma estatística econômica que mede a desigualdade nos países. Ela se chama ‘Coeficiente Gini’. Até há alguns anos, o Brasil e a África do Sul tinham uma situação de iniquidade parecida: calamitosa, numa palavra.
Nos últimos anos, o Brasil progrediu, ao contrário da África do Sul. É uma das razões pelas quais o país não tem enfrentado tumultos sociais hoje tão comuns mesmo em países ricos – mas com crescente concentração de renda — como a Inglaterra. Todos se lembram dos famosos riots de Londres, há pouco mais de um ano.
Se as coisas tivessem permanecido como eram, os brasileiros estariam vivendo um inferno nas ruas. É importante ter isso na mente.
A paciência do povo tem limites. Os ricos franceses achavam que não, até um rei e uma rainha terminarem sem cabeça.
O mundo político brasileiro – a despeito dos nomes dos partidos – tem que colocar no topo do topo das prioridades o combate à desigualdade social. O mesmo vale para a mídia, que parece não ter ainda entendido isso — e se dedica a nhenhenhéns intermináveis em cima de coisas irrelevantes.
Ou viveremos pesadelos como este dos mineradores da África do Sul.
En una jornada violenta de fin de semana, autoridades policiacas de siete entidades reportaron la muerte de 28 personas en acciones atribuidas al crimen organizado o a su combate por las fuerzas de seguridad.
De estos homicidios seis fueron reportados en Acapulco, que desde julio pasado se ha mantenido como la ciudad del país con más asesinatos (81 ese mes) ligados al crimen organizado.
La emboscada que padecieron agentes de Estados Unidos el viernes pasado en Morelos es reflejo de ladescomposición impresionante de las instituciones del gobierno mexicano y es tan grave que el asunto puede escalar y convertirse en crisis entre ambos países, afirmó el líder entrante de la bancada del partido Movimiento Ciudadano, Ricardo Monreal.
Eduardo Rosales, investigador universitario especializado en relaciones México-Estados Unidos, afirmó que la teoría de la confusión es insostenible, porque el vehículo agredido tenía placas diplomáticas. La explicación más razonable es laabierta confrontación entre las secretarías de Seguridad Pública y de Marina.
Al mismo tiempo, añadió, el incidente pone de relieve lasupeditación absoluta de las autoridades nacionales a los dictados de seguridad de Washington. Estamos literalmente invadidos por agentes de la DEA, la CIA y la FBI, y las relaciones entre los gobiernos de Felipe Calderón y de Barack Obama han estado llenas de dificultades, subrayó.
Ayer, el Centro de Investigaciones para el Desarrollo AC (CIDAC) de México reveló un informe según el cual, basándose en cifras oficiales y de la ONU, en los 6 años de gobierno de Felipe Calderón y de la mal denominada “guerra contra el narco” han muerto unas 90.000 personas y otras 300.000 han desaparecido
Existe uma explicação para a apatia dos brasileiros. Um alienado. Sempre à margem da história. Jamais participou das campanhas libertárias, que não terminaram com o grito de um português – o imperador Pedro I: – Independência ou morte! Da campanha abolicionista, suspensa com uma lei para inglês ver, a Lei Áurea. Que ainda existe trabalho escravo. A proclamação da República, um acontecimento inesperado. Nem o marechal Deodoro sabia da trama de meia dúzia de militares positivistas.
O brasileiro nunca lutou verdadeiramente. De alma escrava. Aceita o mito do Brasil cordial para o colonizador. De governos que não constroem nada que preste para o povo. Um Brasil cruel e desumano. Dos despejos judiciais. Do êxodo rural. Da favelização. Da flagelação das chacinas. Da fome. Do salário mínimo do mínimo.
O espantado carreteiro marca a presença do povoPrincesa Isábel assina a Lei Áurea. Sem a presença do negro
Deodoro, convidado de última hora para uma quartelada
La Ministra de Empleo y Seguridad Social, Fátima Bañez, (…) consciente del malestar ciudadano (…) , comentó que “habrá algunos que se resistan al cambio, pero la mayoría silenciosa de buenos españoles afrontarán los esfuerzos con aplomo y serenidad”. Frase, sin duda, memorable, pero no novedosa. El recurso retórico a la llamada “mayoría silenciosa” procede de un conocido discurso pronunciado por Nixon, en el año 1969, para salir al paso de las crecientes protestas de un amplio sector de la población estadounidense contra la Guerra de Vietnam.
Unos meses antes del discurso de Nixon, había tenido lugar en Francia la revuelta estudiantil que conocemos como “Mayo del 68”. Tal y como cuenta el gran historiador Josep Fontana, en su último libro “Por el bien del imperio” (editorial Pasado y Presente, 2011), el conflicto social llegó a tal extremo que De Gaulle, agobiado y desbordado por la situación creada, desapareció. La mayoría de los franceses pensaron que se había retirado a una de sus residencias privadas, aunque realmente lo que hizo fue entrevistarse con altos mandos del ejército francés para recabar su apoyo, por si fuera necesario reprimir el levantamiento ciudadano. Contando con el respaldo de los militares De Gaulle anunció la disolución de la Asamblea Nacional. La respuesta fue la organización de una manifestación en su apoyo que, según nos cuenta Josep Fontana, fue respaldada por un millón de personas. En esta manifestación se exhibieron “pancartas contra la revolución en que decían: “El pelirrojo- Cohn-Bendit- a Pekín”, “la mayoría somos nosotros”, “los silenciosos estamos hartos” (Fontana, 2011: 384).
¿Pudo Nixon inspirarse en las proclamas de esta manifestación en Francia para acuñar el término de “mayoría silenciosa”?. Lo desconocemos. Pero sí sabemos que desde entonces la derecha ha echado mano del mayoritario sector de la población que se mantiene al margen de la política, -desde la indiferencia a los problemas sociopolíticos y económicos que acontecen en su país-, para respaldar y legitimar sus decisiones. El silencio es, pues, interpretado por los políticos como una conformidad implícita a la acción de su gobierno. Un conformismo de los “buenos españoles”, en palabras de la Ministra Bañez, que se contraponen a los “camorristas”, “golpistas”, “perroflautas” y “demagogos” del 15M, según los calificó la Sra. Esperanza Aguirre. Esta última llegó incluso a amenazar con movilizar, como hizo De Gaulle, a las bases de su partido para hacer frente en las calles a los integrantes del movimiento 15M.
(… Los ciudadanos no tienen la posibilidad de ejercer directamente el poder ni existe una distribución igualitaria de este poder entre todos sus miembros, lleva a que los políticos se erijan en los únicos capacitados para hablar en nombre del pueblo. Una supuesta legitimidad otorgada por las urnas cada cuatro años que carece de fundamento, ya que muchas de las decisiones adoptadas por el gobierno fueron intencionadamente ocultadas a los ciudadanos en la campaña electoral. Este planteamiento refuerza la demanda de los partidos políticos que (…) reclaman un referéndum para que la ciudadanía se pronuncie a favor o en contra de las medidas draconianas aprobadas por el gobierno (…). Si tan seguro están de contar con el beneplácito (…) que conforman “la mayoría silenciosa”, ¿Por qué no les dan la oportunidad de hablar?. Igual se llevan una sorpresa.
Ha llegado el momento de romper las ataduras mentales e ideológicas que impiden a los ciudadanos expresarse con libertad e independencia. Es tiempo de dejar atrás la pasividad, el individualismo narcisista, la abulia, el servilismo, la pereza mental, la subordinación a la máquina, el conformismo y emprender el camino del empoderamiento colectivo. Hagamos caso del poema anónimo “no dejes de soñar” que nos incita a que no caigamos “en el peor de los errores: el silencio. La mayoría vive en su silencio espantoso. No te resignes. Huye”. Mantenernos en silencio nos hace cómplices y le damos la oportunidad a los poderosos para que utilicen nuestro silencio a su favor. Callar en estos momentos, como nos recuerda Federico Mayor Zaragoza, se ha convertido en un delito: “silencio de los silenciados, de los amordazados. Silencio de la ignorancia. Terrible silencio. Pero más terrible, hasta ser delito, el silencio culpable de los silenciosos. De quienes pudiendo hablar, callan. De quienes sabiendo y debiendo hablar, no lo hacen” . Transcrevi trechos. Leia mais
Egydio e Waimiri Atroari na aldeiaYawara. Roraima, Brasil, 1985
Nas listas das chacinas nunca entraram os sem terra, os índios, os negros quilombolas. Milhares foram assassinados pela ditadura militar. As listas de desaparecidos (neologismo para assassinados) apresentam sempre os militantes de esquerda da classe média. Os brancos. Deputados, jornalistas, professores e estudantes universitários.
O regime militar brasileiro matou mais do que o do Chile, do que o da Argentina. A questão de quem matou menos, como justificação para a anistia, não tem nenhum valor ético. Basta uma morte.
Nos regimes pós-democratização, as matanças de índios e negros e dos sem terra e dos sem teto continuaram.
O Brasil cordial é um mito. Temos chacinas encobertas todo final de semana, classificadas como confrontos entre traficantes. Ninguém investiga as mortes dos sem nada, encomendadas pelas grandes empresas – caso dos pescadores na Baía da Guanabara e todo Litoral Fluminense. Dos líderes dos movimentos sociais. Dos blogueiros.
No Nordeste, foram massacrados os militantes das Ligas Camponesas. O nome camponês foi inclusive censurado. A imprensa usava o termo rurícola, hoje chamado de sem terra.
As matanças pararam nas presidências de Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma? Que nada, o Brasil continua o mesmo. Desumano e cruel.
Na ditadura, só numa empreitada:
Dois mil índios waimiri-atroari contrários à rodovia Manaus/Boa Vista desapareceram
Waimiri Atroari na BR174, em1985 (Foto de Egydio Schwade)
Eles não estão na lista oficial de desaparecidos políticos, nem de vítimas de violação de direitos humanos durante o regime militar no Brasil, mas foram considerados empecilhos para o desenvolvimento e guerrilheiros e inimigos do regime militar
Eles não estão na lista oficial de desaparecidos políticos, nem de vítimas de violação de direitos humanos durante o regime militar no Brasil, mas foram considerados empecilhos para o desenvolvimento e guerrilheiros e inimigos do regime militar. Por resistirem à construção de uma estrada (a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista) que atravessaria seu território, sofreram um massacre.
Entre 1972 e 1975, no Estado do Amazonas, dois mil indígenas da etnia waimiri-atroari sumiram sem vestígios. Um número infinitamente superior aos desaparecidos da Guerrilha do Araguaia, no Pará. Esta população cuja história permanece obscura ainda povoa a memória dos sobreviventes waimiri-atroari (ou Kiña, como se autodenominam).
“O massacre aconteceu por etapas e envolveu diferentes órgãos do regime militar”, diz o indigenista e ex-missionário Egydio Schwade, 76, um dos principais agentes da mobilização que tenta tornar público este episódio e provocar a inclusão dos waimiri-atroari nas investigações da Comissão Nacional da Verdade, criada em novembro de 2011 pela Presidência da República.
Desde o início de 2011, Schwade passou a divulgar uma série de artigos em seu blog http://urubui.blogspot.com.br sobre os episódios que envolveram a violenta ocupação das terras dos waimiri-atroari.
2000 Waimiri-Atroari Desaparecidos na Ditadura
É justo e necessário o país se mobilizar pelos desaparecidos políticos da Ditadura Militar no Brasil (1964-1984). Entretanto, por que não há o mesmo interesse na busca dos índios desaparecidos durante a Ditadura Militar por se oporem a política do governo sobre seus territórios?
Em 1968, o Governo Militar invadiu com a rodovia BR-174, Manaus – Boa-Vista, o território Kiña (Waimiri-Atroari). Em 1975, pelo menos 2000 pessoas já haviam desaparecido, todos pertencentes ao povo Kiña. Isso porque se opunham ao processo de invasão de seu território imposto pelos Militares.
O massacre ocorreu em etapas. Na primeira delas quem esteve a frente da construção da rodovia foi o Departamento de Estradas e Rodagem / Amazonas (DER/AM). Os relatórios mensais dos trabalhos sempre se faziam acompanhar com pedidos de armas e munição como este:
“Vimos pelo presente, solicitar seu especial obséquio no sentido de ser expedida pelo S.F.I.D.T., uma autorização para compra de 6 revólveres “Taurus” calibre 38 duplo (…), 2 espingardas calibre 16, 53 caixas de cartuchos calibre 16, 16 caixas de balas calibre 38 longo, 25 caixas de cartuchos calibre 20, e 2 caixas de balas calibre 32 simples.
Esclarecemos, outrosssim, que referida munição será uttilizada como medida de segurança e de certo modo manutenção (…)”. (Of.DER-AM/DG/No. 170/68 de 04 de abril de 1968. Ass. pelo Eng. Otávio Kopke de Magalhães Cordeiro, Diretor Geral, ao Major Luiz Gonzaga Ramalho de Castro).
Oficialmente a FUNAI era encarregada da política indigenista, mas logo ficou evidente que a a área Waimiri-Atroari ficaria sob o controle militar.
A segunda etapa se inicia no ano seguinte. Em junho de 1968, o Pe. João Calleri, nomeado pela FUNAI para a direção dos trabalhos de atração, fez um plano minucioso para os primeiros contatos e posterior fixação dos índios fora do roterio da BR-174. No entanto, foi obrigado pelo Major Mauro Carijó, Diretor do DER/AM, a mudar o seu plano o que causou a trágica morte do Pe Caleri e seus auxiliares, em outubro de 1968. Isso possibilitou uma intensa campanha de repúdio aos Waimiri-Atroari criando uma situação favorável à intervenção militar brutal.
O Governador do Amazonas, Danilo Areosa, pedia providencias para garantir “a construção da estrada através do território indígena, a qualquer custo”, considerando o índio um inútil, que precisava “ser transformado em ser humano útil à Pátria”. E prosseguia: “os silvícolas ocupam as áreas mais ricas de nosso Estado, impedindo a sua exploração, com prejuízos incalculáveis para a receita nacional, impossibilitando a captação de maiores recursos para a prestação de serviços públicos”. (A Critica / Manaus 27 de novembro de 1968). Seu colega, Governador de Roraima, Fernando Ramos Pereira, completou: “Sou de opinião que uma área rica como essa não pode se dar ao luxo de conservar meia dúzia de tribos indígenas atravancando o seu desenvolvimento”.(Resist. Waimiri-Atroari / Marewa / Itacoatiaria / 1983, pg 6).
No final de 1968 o Comando Militar da Amazônia instalou um quartel no Igarapé Sto. Antonio do Abonari, que passou a controlar a vida e o destino dos índios. A partir daí a FUNAI se tornou apenas um joguete do Governo Militar a serviço do 6º BEC – Batalhão de Engenharia e Construção.
O abastecimento de armas e munição ficou a cargo do Exército, não demandando mais autorização especial. Trabalhadores, soldados e funcionários da FUNAI invadiam a área indígena enpunhando armas e utilizado-as contra os índios. Revólveres, metralhadoras, cercas elétricas, bombas, dinamite e gás letal, foram algumas das armas utilizadas pelo Exécito na guerra contra os índios durante a construção da BR-174.
Entre 1972 e 1975 a população Kiña reduziu de 3.000 (estimativa do P. Calleri em 1968, confirmada por levantamento mais minucioso da FUNAI em 1972) para menos de 1.000 pessoas, sem que a FUNAI e os militares apresentassem as causas dessa depopulação. Esses 2.000 Kiña desapareceram sem que fosse feito um só registro de morte. Durante o processo de alfabetização desenvolvido por nós e continuado pelo lingüista Márcio Silva, os Waimiri-Atroari tiveram, em curto período, uma das raras oportunidades de revalarem o que o seu povo sofreu durante a Ditadura, sofrimento que nenhum outro segmento da sociedade brasileira passou.
Desapareceram nove aldeias na margem esquerda do Médio Rio Alalaú; pelo menos seis aldeias no Vale do Igarapé Sto. Antonio do Abonari; uma na margem direita do Baixo Rio Alalaú; três na margem direita do Médio Alalaú; as aldeias do Rio Branquinho, que não aparecem nos relatórios da FUNAI; e pelo menos cinco aldeias localizadas sobre a Umá, um varadouro que ligava o Baixo Rio Camanau, (proximidades do Rio Negro) ao território dos índios Wai Wai, na fronteira guianense. Pelo menos uma delas foi massacrada por bombardeio de gás letal, com apenas um sobrevivente (Sobreviventes dessas cinco aldeias foram nossos alunos em Yawará / Sul de Roraima).
A partir do 2º semestre de 1974 as estatísticas da FUNAI começaram a referir números entre 600 e 1.000 pessoas e, em 1981, restavam apenas 354.
Em 1987 o Governo Federal passou o comando da política indigenista à responsabilidade da empresa Eletronorte que apenas mudou de estratégia, continuando o contrôle das informações e a política de isolamento dos índios como ao tempo dos militares.
Essa é uma das histórias envolvendo os povos indígenas e a Ditadura Militar no Brasil. Casos semelhantes podem ser observados com os índios Krenhakarore do Peixoto de Azevedo no Mato Grosso, os Kané (tapayuna ou Beiços-de-pau) do rio Arinos no Mato Grosso, os Suruí e os Cinta Larga de Rondônia e Mato Grosso e outros. No entanto, nenhum desses homens, mulheres e crianças é citado nas relações dos desaparecidos da Ditadura.
Comunicado a la opinión pública nacional e internacional
El Movimiento Campesino Paraguayo MCP, se dirige a la opinión pública nacional e internacional para expresar cuantos sigue:
Ante lo ocurrido en el Departamento de Canindeyú, rechazamos enérgicamente los hechos de asesinatos de campesinos y policías y más de 80 heridos, es una muestra de irresponsabilidad del gobierno, que apaña la mafia instalada en la zona del distrito de Curuguaty, Responsabilizamos a los tres poderes del Estado por su incapacidad para encaminar los conflictos sociales de manera institucional y sostenemos que no será la forma de dar respuestas a los graves problemas que sufren la gran mayoría de la población paraguaya. Repudiamos la utilización de la violencia como mecanismo de reclamos utilizando la extrema necesidad de la gente.
En el país existen conflictos por la tierra. El MCP viene reclamando una política de Reforma Agraria por mala distribución de la tierra y ante la ofensiva del agro negocio en detrimento total sobre la realidad de la población del campo. Lamentablemente la violencia la impone el modelo del agronegocio. Los muertos, los heridos, son los pobres policías y campesinos en este caso víctimas de este régimen. El Estado genera las condiciones favorables para que el poder del dinero imponga su lógica de destrucción y de muerte”.
Nuestro más profundo pésame a los familiares que están sufriendo con dolor las pérdidas irreparables de sus seres queridos.