por Luis Carlos

Para que servem as confederações e federais sindicais no Brasil?
No Brasil dos títulos (…) de parco conteúdo, se criou o péssimo habito de “criar coisas, sistemas” e não usar nada; outra grande invenção brasileira é “o provisório se tornar permanente”, ninguém pode negar isso! O Banco de Horas que era específico da área automotiva, naquele período de mudança de sistema produtivo, se espalhou pelo país e se tornou regra; a tripla jornada que descaracteriza a função principal se tornou o modo comum de trabalho, e inibiu a profissionalização para criar um patamar salarial (…).
Após as manifestações populares, convocadas pelo sistema “face book”, e organizadas pelo Movimento do Passe Livre mais, as correntes espontâneas; a velha e boa Resistência; e a palavra de ordem “sem políticos” referindo-se ao Congresso Nacional e os partidos republicanos de representação burguesa e ainda depois, um chamamento para “Greve Geral dos Trabalhadores” convocada dentro do mesmo “espírito de não dependência política”, enganoso, mas por justa causa, o dia 1º de julho, foi a gota d’água. O governo trabalhista, populista e candidatíssimo para 2014 precisava se “engajar no processo” de marketing popular, para dar a direção, ou sugerir isso: o benefício da dúvida!
As Centrais Sindicais foram compelidas pelas próprias Bases das Centrais, que não entendiam (…) porque não participariam, enquanto grupo sindical, de uma manifestação popular, agora, “com suas bandeiras”… As forças ligadas ao PT, ainda com um resquício de esquerda; as forças do PCdoB, limitadas mais usáveis, do PDT, e até do PMDB, que de fato, sempre trouxeram a tira colo uma bandeira de esquerda do lado direito, e uma da direita do lado esquerdo não só pelos acordos, pela sua conduta centralizadora, arrogante e silenciosa. E ainda uma sondagem de opinião do “prólulismo” e do “petismo”, tendo em vistas as próximas eleições.
Neste contexto pouco realista, liberaram as “araras de marketing” e levaram juntas consigo outras Centrais menores como a UGT, ligadas aos “motociclistas de frete”, da grande São Paulo e suas reivindicações, como o “colete air bag” inventada por algum empreendedor terceirizado, e melhor financiamento para motos, e ainda os portuários de Santos que estão ameaçados pela terceirização dos serviços nos portos; pequena parcela de metalúrgicos agregados ao sindicato do ABC e os “metroviários”; uma imagem pálida do que teria sido no passado os “ferroviários”. O centro nervoso da passeata foi no Museu do MASP, um local privilegiado para terminar o passeio, no coração financeiro do Brasil, mais propriamente nos quintais da FIESP.
Em alguns Estados a coisa foi levada à risca, acreditaram e fizeram por merecer atenção e destaque, e também foram companheiros honrados e nada se perde por isso, mas nunca por conta dos objetivos das Centrais e mais pelos autênticos partidos de Esquerda que entenderam sabiamente que deveriam participar, mesmo reconhecendo a precariedade e o limite político das manifestações, mesmo esta que pretendia ser mais profissional.
A ousadia laboriosa da Força Sindical, com um número pequeno de manifestantes, após uma multa aplicada pela justiça, por tentar trancar a rodovia São Paulo/Rio – parabéns os companheiros trabalhadores de Guarulhos –, acabou por desfalecer o ímpeto já abalado pelo dilacerante andamento das manifestações deste dia 11 de julho de 2013.
A “multa”, antes de ser uma multa a ser paga em “espécie” é um “castigo que veio a cavalo e galopante”. Acaso, não era a função das Centrais Sindicais, junto com Confederações Sindicais, Federações Sindicais, Sindicatos na Base, Trabalhadores, deputados da classe trabalhadora e associações proletárias, barrarem esta lei de exceção (Interdito Proibitório) e aumentarem a liberdade sindical, qual bandeira usava o governo nesta hora? Não ficou o governo, 08 anos no poder, assoprando as “orelhas” do infame governo Norte Americano (e europeu)? Pois é, diga-me com quem tu andas que eu te direi quem és! Um neoliberal disfarçado de social!
A conclusão óbvia, mostrada anteriormente no momento oportuno na década de 80 e anos seguintes (quando da mudança da linha de montagem para robótica, a apologia da crise pelas demissões e o acordo neoliberal) , quando as Centrais deveriam começar a fazer o trabalho a que se propuseram na CONCLAT, de organização e emancipação da classe trabalhadora e não fizeram e tiveram duas décadas e muito dinheiro para fazê-lo, foi confirmado agora, a ponto de a CUT e a Força Sindical se esconderem, como “crianças travessas”, como se vivêssemos em regime de exceção, como se fossem “clandestinos”, com medo de multa, não da polícia, que foi “parceira” e colaboradora, morrendo de rir, quando soltavam algumas bombinhas de fumaça, um pouco enfadonho (…) é fato.
Acaso a principal reivindicação não deveria ser fim do Interdito Proibitório no movimento sindical? E sabem o que isso representa para um sindicato autêntico? Poder fazer manifestação em frente ao local de trabalho da categoria sem ser multado, ou acusado no Ministério do Trabalho por assédio aos trabalhadores! Ou receber um Termo de Ajuste de Conduta! Isso cabe aos patrões! Isso significa o “Interdito Proibitório”; que passou nas “barbas das Centrais Sindicais, Federações e Confederações e do governo de duas bandeiras”. E que impede o sindicalismo de esclarecer com todas as letras a questão das mudanças na CLT e a Terceirização.
Acabou! As Centrais, que ousaram aparecer, ao contrário das Federações e Confederações, não representam mais nada, sequer a si mesmas! O que faz as Centrais, que não pode e deve fazer as “estranhamente silenciosas e camufladas”, Confederações, as Federações que são legais, constitucionais e recebem imposto sindical e mensalidades dos sindicatos? Talvez não se prestem a serviços políticos de partidos, ora, esta é a condição sine-qua-non de existência do sindicalismo. Então, façam o trabalho sindical, não basta combater em Brasília, tem que respaldar os sindicatos na base, criar ânimo de potência e apoio aos trabalhadores, “fazer tremer a pequena burguesia que tripudia e explora o trabalho manual”.
Obrigar trabalhadores, por melhores que sejam as razões, a se orientarem por determinado partido, por meio de uma “Central” é no mínimo um contrassenso democrático, especialmente se considerando que o trabalhador conhece apenas uma forma de democracia: o voto. Não aceita pertencer a qualquer partido (…), para “preservar seu direito do voto” nas sagradas urnas “eletrônicas” invioláveis.
Logo, uma Central “partidária” além de ser um “cerco” para com aqueles que por vários e vans motivos não querem “ser partidário”, é autoritarismo inútil para esta execrável função: de forçar alguém a alguma coisa segundo o “seu ponto de vista e interesse difuso aos olhos destes mesmos”.
Especialmente quando este grupo gigantesco de trabalhadores foi condicionado (pela mídia, pela teve Globo, Bandeirantes, Recorde e seus autores, artistas e palhaços etc.) a ter vergonha, das lutas diárias que travam a classe social a que pertence – quer queira quer não – o que define isso, a classe social, são os modos de produção e não o que a pessoa pensa de si, quando pode insinuar-se filha (o) do Criador…
Forçar uma pessoa nestas condições emocionais e psíquicas a “se sentir ligada a um partido”, para ela é uma tripla traição; ao Pai, à liberdade de escolha e à democracia! O alvo imediato, alcançável de suas contrariedades e revoltas é o Sindicato na base, pobre parceiro!
E pior, elas, as Centrais, cujo nome parece feminino, o que sugere sensibilidade e graça, no entanto é bastante masculino no pior sentido, do macho humano que “perverteu a natureza” e quer “se dar bem a qualquer custo”, e se prestaram, de forma política, e mais sofisticada que as Confederações e Federações a inibir o sindicalismo autêntico, privilegiando com naturalidade, o sindicalismo de pelegos (permitam-me: “newpelage’s”) que sempre estão “alinhados” aos patrões e não “criam problemas”, são educados, bommocistas (Plinio Sampaio), assim como as principais Centrais que não se fazem de rogadas e estão alinhadas à FIESP, à FIRJAN e ao canal “FUTURA”, para manter o “mundinho operário” do único e reduzido parque industrial brasileiro em estado de “glórias ao capitalismo” e isso é o neoliberalismo.
Enquanto as outras categorias, nas periferias das grandes cidades, se amofinam, ora pelos baixos salários, más condições de transporte, saúde; Educação ideológica inútil para trabalhadores; por outro lado, a execrada e imunda meritocracia; criticas aos sindicatos (impedidos pela lei); o retorno implacável do “chefismo marimbondo”: que irrita pelo som e destila veneno; tripla jornada de trabalho; falta de especialização, isonomia “na linha do ajudante geral” para reduzir ganhos; acidentes de trabalho por falta de ferramentas apropriadas etc.
Voltando às Centrais, como desativar este “elefante branco de tetas parlamentares”. O exemplo de Brasília e em cada Município mostra o quão difícil é tirar os “predestinados”, que aumentam a cada nova eleição; os que perdem sempre arrumam cargos! Depois os parentes!
“Fechar as portas”, se redimir publicamente do “apagão trabalhista”, seria o melhor a fazer, para mostrar honra, dignidade e exemplo à classe trabalhadora! E começaríamos de novo, de maneira diferente, a partir deste exemplo.
De outra forma para não se perder esta experiência acumulada daqueles que atuam nas Centrais e acreditando que ainda sejam classistas nesta conjuntura capitalista e neoliberal, as Centrais deveriam continuar atuando na forma política, para poder se contrapor na medida certa ao economismo sindical e o “peleguismo”.
Os grandes desafios das Centrais são dois: um, é abrir mão da porcentagem do imposto obrigatório, para que os sindicatos recebam mais e acabem de vez com a contribuição assistencial; dois que as federações e confederações sindicais sejam oxigenadas pela política por intermédio da criação de Câmaras de Política Sindical e Economia.
Estas pessoas adensadas às Confederações e Federações, a título de organização política sindical podem cumprir duas funções fundamentais:
1) “Tirar da conveniente penumbra”, as Confederações e Federações, dando destinação política e informativa a todos os sindicatos, sem distinção de categoria, aos excelentes e excedentes recursos destas entidades, e retornando-as ao estado de origem, da condição de sua existência: os trabalhadores; via sindicatos; 2) Acabar definitivamente com o “atrelamento” político e a ilusão do controle sindical por partidos políticos, que restringe a atuação sindical aos modos do parlamento burguês e afasta os trabalhadores.
Os Sindicatos na base foram as vitimas da “divisão dos recursos do imposto sindical obrigatório”, tiveram reduzido o repasse do dinheiro e se obrigaram a “emboscada da contribuição assistencial”, quando ficaram vulneráveis. E as Centrais (…), ou direções atreladas aos partidos, apenas aguardavam o momento histórico de os Sindicatos na base descobrirem isso: quando das mudanças na CLT e a aprovação da Terceirização!
A armadilha: se o sindicato é pelego, ou não tem iniciativa política sindical, não cria indisposições com o patrão em defesa dos trabalhadores; se o sindicato é autêntico e classista, sofre pressões de todos os lados e se torna objeto de um expediente mais sórdido, quando as “entidades patronais” elaboram uma “cartinha” e dispensam os trabalhadores para que entreguem a “cartinha se isentando da contribuição assistencial ao sindicato”.
A sordidez fica por conta, da aliança entre “empregados e patrões”. Os “cartistas” crescem na proporção do aumento do imposto assistencial e redução dos salários pela inflação, e o incentivo da ética do Departamento de Recursos Humanos e as Centrais, as Federações e Confederações se fazem de mortas e cumplices?
Quanto aos sindicatos “cordatos”, logo serão substituídos pelos sindicatos dentro das empresas. Eles próprios sabem que serão sacrificados, e não fazem nada! E os trabalhadores são deixados à própria sorte!
Nada disso é fácil, por muito menos, o Sindicato dos Rodoviários de São Paulo, se envolveram com crimes hediondos, o mesmo aconteceu em Santo André com um Prefeito!
Não é a hora de dar um basta neste modelo fascista e mafioso de controle sindical, tendo como partícipe toda a estrutura sindical e parte da estrutura política? Manter isso como esta, significa oposição aos trabalhadores, então se define uma política, uma política fascista de oposição à classe trabalhadora.
Como nunca, as Centrais Sindicais, as Federações e Confederações Sindicais, tem uma única oportunidade de mudar isso. Basta coragem e desprendimento! Coisa que qualquer trabalhador faria sem o menor susto!
Os Sindicalistas Deputados, ligados ao governo, aprovaram no Congresso, Lei que determinava o repasse de 10% da Contribuição Sindical Obrigatória, às Centrais Sindicais. Isso fez com que o repasse aos sindicatos de todo o país diminuísse em alguns meses no ano e isso os obrigou a mais uma contribuição, a Contribuição Assistencial. São 15 mil e aumentando (…) dia após dia o número de Sindicatos que participam do “bolo” e movimenta um valor que atinge R$2,4 bilhões por ano, logo, a Reforma sindical é mais importante que a trabalhista.
Nas periferias mais incautas da política sindical, fazem crer (a mídia, o sindicato patronal, as associações patronais e entidades de classe burguesas, os Rotary’s, as damas da sociedade, os homens de fé etc.) que a Convenção Coletiva é apenas uma formalidade e que são os patrões quem dão o aumento (!) e não o Sindicato.
Anula por este elementar e absurdo argumento, e também pela oposição aos trabalhadores do histórico sindical, a convenção anual, entre o Sindicato dos Trabalhadores e o Sindicato Patronal (seus advogados, contadores, e associações comerciais) que chega a durar quatro meses, de difícil negociação, quando não parte para dissídio e o aumento fica a cargo da justiça, que repassa o valor do INPC sugerido pelo governo federal de dupla bandeira e segundo cálculos de órgãos especializados de pesquisa.