Em uma cidade, mais pobre que seja, uma criança, um velho, um desempregado passar fome, comprova que o prefeito rouba; a Câmara de Vereadores virou um covil de bandidos; o juiz não tem nada de direito; o promotor outro iníquo; o delegado de polícia um capanga das autoridades e dos empresários. Uma cidade que existe fome, uma cidade sem Deus e sem lei, porque o Brasil é o maior produtor mundial de alimentos.
Pelo que confessa, com lágrimas nos olhos, ou como diz sua biógrafa Marília de Camargo César, Marina Silva possui a graça dos santos estigmas de “ferida de Deus” (uma réplica de Nossa Senhora das Dores, comemorada no dia 15 de setembro).
Para os profanos, os mundanos, os heréticos, os endemoniados, Marina tem uma saúde muito frágil.
Comenta Gilmar Crestani:
A dieta da vítima
Cardápio da manipulação mafiomidiática entra mais uma matéria para transformar Marina em vítima. A Folha apela ao coitadismo para tornar Marina uma figura frágil, para criar uma cortina de fumaça e impedir que ela seja questionada. Não lembro de outra vez na história que um jornal trouxesse para a capa matéria a respeito da dieta de um governante para, com isso, interditar o debate.
Não há na Folha uma matéria consistente, explicativa a respeito do jato com duas caixas, a caixa preta e o caixa 2. Não há na Folha matéria que informe quem é o proprietário do apartamento emprestado a Marina em São Paulo, nem como o Itaú finanCIA Marina. Mas, em compensação, há uma longa matéria sobre a dieta da Marina.
Reportagem da Folha de S. Paulo, [editada dois dias depois das tradicionais comemorações dedicadas à Nossa Senhora das Dores]:
Cardápio restrito
Alérgica, Marina teve que excluir vários tipos de alimentos da dieta devido a doenças adquiridas em seringal no Acre, onde cresceu. [Marina viveu no seringal até os 15 anos]
por Natuza Neryde e Marina Dias
Alimento sagrado, o milho é o pão do índio. Também a mandioca. Importantes alimentos que foram retirados da mesa dos brasileiros pela exportação do arroz e trigo
Marina Silva voltou a passar fome. [Exagerado título. Marina, no seringal, vivia na casa da avó paterna. Que era parteira, uma profissão respeitada nas cidades sem médico do Brasil. Parteiras, curandeiras e bezendeiras não passam fome. Funciona o escambo.]
A candidata do PSB já não sofre a privação da infância, quando, certo dia, teve de dividir um ovo (e um punhado de farinha e sal) com sete irmãos. O caso foi narrado em seu programa de TV veiculado na terça-feira (16) como argumento de que nunca acabará com o Bolsa Família. [Marina conta que aconteceu em uma noite de Natal, em Rio Branco. Não foi no seringal].
A dieta da ex-ministra do Meio Ambiente, sem dúvida, melhorou. Mas está longe do ideal. [Que mentira! Ela tem uma dieta salutar. Ideal para uma vida saudável e longa]. Nos últimos dois dias, Marina não consegue disfarçar a voz rouca e os sinais de cansaço. Ela perdeu três quilos depois que a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, levou-a a assumir a cabeça de chapa pelo PSB.
Na última semana, a agenda carregada deixou espaço para apenas uma refeição por dia. Reclamou de fome. [Uma refeição por dia? Não foi falta de dinheiro. Dinheiro existe de sobra na campanha do PSB].
Assessores buscaram a ajuda de uma nutricionista para reforçar sua alimentação. Querem reduzir o ritmo de sua agenda eleitoral. Não se esquecem de uma lancheira com frutas para a candidata.
Mas a presidenciável não tem conseguido sequer repor as calorias que perde no seu acelerado ritmo de campanha. Nesta semana, visitou quatro Estados em dois dias. Uma pessoa, em média, perde 1.200 calorias apenas dormindo. No caso de Marina, nutricionistas estimam um gasto diário total de 2.400. [Coisa de quem está desacostumada. Mais trabalhadeira terá se for presidente. As outras candidatas a presidente, Dilma e Luciana Genro, também perdem calorias. Ou será que Marina esconde alguma doença? Aconteceu com Tancredo]
RESTRIÇÕES
A candidata sofre de sérias restrições alimentares resultantes de uma coleção de doenças adquiridas antes dos 16 anos no seringal Bagaço, onde cresceu, a 70 km da capital acriana, Rio Branco.
Lá, teve malária por cinco vezes; leishmaniose, uma, e hepatite, três. Remédios para curar parte da extensa lista de enfermidades geraram outro efeito colateral: contaminação por mercúrio. [Toda esta coleção de doenças antes de completar 16 anos? Coitada! Não sei como essa menina conseguia forças para exercer a profissão de seringueira? Força e tempo. Porque conforme relato das irmãs, de volta do seringal, Marina ia brincar, como faz qualquer outra criança].
Se, no passado, dividiu um ovo com os irmãos, hoje Marina já não pode comer nem clara nem gema.
Não bebe leite nem iogurte. Não come queijo, manteiga, doce de leite ou qualquer outro laticínio. Camarão, frutos do mar, carne de vaca, carne de porco, soja e derivados também estão excluídos de sua dieta. Nem mesmo gergelim é permitido.
O que sobra: peixe de rio, frango, feijão, arroz integral, alface (desde que sem tempero), mandioca, milho (sem ser de lata) e frutas. [Tirando o frango, o alface, o arroz, esta a dieta básica das nações indígenas, antes da mudança alimentar provocada pelo o homem branco invasor].
Os alimentos só podem ser cozidos com água e sal.
Nada disso é por convicção natureba. Marina foi aprendendo a evitar muitos alimentos por ter graves alergias.
Em um compromisso de campanha, passava com aliados perto de uma barraquinha de venda de camarão quando o cheiro do crustáceo fechou sua glote. A candidata teve de abandonar imediatamente o local.
Esta, aliás, era uma semelhança que ela dividia com Eduardo Campos. Também alérgico, o pernambucano teve uma séria intoxicação após ingerir camarão.
Outra ocasião de campanha e outro mercado deram à candidata a oportunidade para uma “desforra” alimentar. Numa banca que vendia bijus, assessores a abasteceram de uma quantidade que foi devorada em velocidade assustadora. [Bijus, que sofisticado!]
Feito sem manteiga, o biscoito leva açúcar suficiente para suprir, se consumido em abundância, necessidades calóricas de emergência. [Pelo relato, graças a Deus, Marina não tem pressão alta, nem diabetes. Apesar da “providência divina” que protege Marina, navegar é preciso na vida de Beto Albuquerque, que a República nossa costuma transformar vices em presidentes].
PEGADA HOLÍSTICA
Quando a candidata é convidada para algum almoço ou jantar de trabalho, sua equipe se apressa em enviar um cardápio com recomendações em negrito e letras maiúsculas. [Costumes de rico, de quem frequenta restaurantes de luxo, com pratos internacionais. Em qualquer boteco, padaria, restaurante popular, e nas residências da maioria dos brasileiros, diferentes iguarias do milho e da mandioca]
No campo destinado à sugestão do que beber, só um item: água morna. Há mais de um ano, Marina decidiu seguir as orientações de um homeopata. Ou, como definiu um assessor, “um médico holístico com pegada mais naturalista”.
Com fortes dores no nervo ciático, ela resolveu deixar de beber água fria ou gelada, por recomendação do médico Mauro Carbonar.
Tradicionalmente empregada pela medicina oriental, a prescrição não é adotada exclusivamente por alternativos. Água morna ajuda a relaxar as cadeias musculares e melhora as articulações.
De lá para cá, ela não sai de casa sem levar uma garrafa térmica.
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Os acréscimos entre parênteses é do editor do blogue
Descobre-se agora que os magistrados recebem auxílio-alimentação. Podem freqüentar com vantagem os restaurantes, até os de luxo. Certos benefícios sociais deveriam estar limitados aos menos favorecidos, como acontece com o bolsa-família. Agride o bom senso verificar que juízes, desembargadores e ministros ganharam 312 milhões nos últimos oito anos para fazer suas refeições, eles que são aquinhoados com os maiores vencimentos da República. Vai ver e também fazem jus ao vale-transporte, muitos habitando apartamentos funcionais. Desde o golpe militar que o salário-família foi congelado, mas se um dia o recuperarem, os primeiros a ser favorecidos serão os magistrados?
Auxilio-alimentação para juízes é exemplo da podridão da Justiça
Deu no jornal O Tempo
Uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), tomada há duas semanas, abre precedentes para que a Justiça Federal eleve as despesas de seus quase 5.000 magistrados com auxílio-alimentação. A Corte de controle barrou a proibição para o pagamento do benefício, em parcelas correntes e atrasadas, em todos os órgãos da Justiça Federal. A derrubada dessa restrição vai gerar uma conta de R$ 312 milhões.
Os ministros do TCU já tinham avalizado, no ano passado, os pagamentos retroativos do auxílio nos tribunais superiores, e, de fato, já receberam ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Segundo “O Globo”, ao tomar a decisão relativa à Justiça Federal, os ministros do TCU também se permitiram receber o extra, calculado inicialmente a partir de 2011 e, em nova decisão, a partir de 2004. Os ministros do TCU receberam R$ 35 mil cada um, em média, a título de auxílio-alimentação referente aos últimos oito anos.
AOS APOSENTADOS
Já o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se prepara para estancar um vazamento potencial de R$ 100 milhões de recursos públicos para o pagamento retroativo de auxílio-alimentação para juízes de oito Estados. Desse total, R$ 3,5 milhões foram distribuído a juízes que já se aposentaram.
A decisão do CNJ, no entanto, não terá poder de reaver aos cofres públicos quase R$ 250 milhões que os tribunais de outros Estados já pagaram aos magistrados, aposentados ou não.
Os números constam das informações prestadas pelos tribunais ao CNJ em processo movido pela Federação Nacional dos Servidores do Judiciário nos Estados (Fenajud) em que contesta a regularidade do auxílio.
NOTA DA REDAÇÃO DA TRIBUNA DA IMPRENSA – É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um juiz, desembargador ou ministro chegar ao trabalho antes do almoço. É claro que há exceções, mas a grande maioria… Então, por que receberem auxílio-alimentação? É uma Justiça podre, num país idem. A notícia é tão podre que levou duas semanas para ser divulgada pelo TCU. (C.N.)
Brasil, país dos miseráveis, com mais da metade da população com rendimento mensal de 375 reais, precisa acabar já com os salários além do teto constitucional. Com os privilégios das elites. Com o sistema de castas.
Ao acusar Eliana Calmon de “ditadora”, o desembargador Henrique Nélson Calandra, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), mostra a cara da justiça.
Inacreditável o que revela ao Estadão, jornal conservador e golpista:
O ministro Cezar Peluso, presidente do STF, recebeu R$ 700 mil de uma só vez a título de atrasados. O sr. também recebeu?
Não tenho notícia de que o ministro tivesse recebido valores a maior que ninguém. Nem com relação ao ministro Ricardo Lewandowski, que foi meu colega no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele sempre recebeu o que era pago para todo mundo, ninguém recebeu vantagens que não tivessem sido pagas aos demais magistrados. Se houve erro por parte do tribunal que seja corrigido.
O sr. recebeu?
Quem me dera tivesse recebido a mais, não estaria devendo cheque especial. Recebemos não de uma vez só, mas uma pequena fração todo mês, a gente chama carnê da fome, são 87 prestações para pagar diferenças de salários. Valor pequeno, mil e poucos reais cada parcela. E agora o plano de equivalência ao qual tivemos direito. Teve aumento para a Câmara dos Deputados, a vantagem foi estendida aos juízes, fracionada a perder de vista.
Acha moral os pagamentos?
São valores legalmente devidos. Um juiz quando se aposenta tem que entrar com ação para receber coisas que a ele são devidas. Muitas vezes perde. Não tirou férias porque não quis, alegam. O pagamento é ético. Surgem defasagens salariais que geram diferenças. Houve governos que não davam verbas. Ficava aquele débito, formando acervo volumoso, correção, juros. Não é nada demais.
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“87 prestações para pagar diferenças de salários.Valor pequeno, mil e poucos reais cada parcela”.
A maioria dos trabalhadores brasileiros, dos aposentados e dos pensionistas recebe apenas 545 reais.
Quanto ganha Calandra por mês, para viver pendurado no cartão de crédito? Um juiz, no ínicio de carreira, tem (ou tinha) um salário de 21 mil reais. Os juízes realizaram greve, recentemente, por um aumento de mais de 50 por cento. Quanto deverão receber neste novo ano de 2012?
No Brasil dos sem teto, 700 mil davam para comprar quantas casas para os moradores de ruas, de cortiços, de favelas. Ou quantos sítios para os sem terra?
Só o Tribunal de Justiça de São Paulo sustenta 360 desembargadores na ativa. E quantos aposentados como desembargador? Quantas pensões de desembargador? Se todos receberam 700 mil, “nada demais”.
Calandra fala em diferenças pagas de salários. Não revela os valores dos salários. Nem sequer o valor líquido.