Até os 15 anos “Marina ferida em nome de Deus” era feliz e não sabia

In Wikipédia: “Marina Silva nasceu pelas mãos de sua avó, que era parteira, na localidade de Breu Velho, em Rio Branco, capital do estado do Acre, em 8 de fevereiro de 1958.

Descendente de africanos e portugueses, foi registrada com o nome de Maria Osmarina Silva de Souza, sendo filha do seringueiro cearense Pedro Augusto da Silva e da dona de casa Maria Augusta da Silva.

Folha de S. Paulo: “Marina nasceu num dia chuvoso do inverno acreano…”. Gostei do detalhe “chuvoso”, para dar veracidade a lenda de “filha da floresta”.

Marina é também chamada de fada da Amazônia, uma encarnação de Iara ou Uiara (do tupi ‘y-îara, “senhora das águas”) ou Mãe-d’água, segundo o folclore brasileiro,  uma linda sereia, que vive no rio Amazonas, de pele parda, e que possui cabelos longos e olhos castanhos.

Deusa Iara
Deusa Iara
Marina Silva
Marina Silva
A atriz Lucy Ramos vai dar vida à Marina Silva, numa biografia cinematográfica
A atriz Lucy Ramos vai dar vida à Marina Silva, numa biografia cinematográfica

Marina a deusa protetora do rio e da floresta da Amazônia criou um mito que lhe favoreceu na criação do Partido Verde, e arrebatar 19.636.359 votos nas eleições presidenciais de 2010.

 

MARINA “FERIDA EM NOME DE DEUS”

A natura de Marina sempre foi uma paradisíaca história da exuberância e riqueza do verde da floresta e do azul dos rios, em contraste com uma vida de fome e misérias sem  fim, doenças terminais, e vitória contra a morte, que lhe faz ungida pela providência divina, sendo sua última prova de protegida de Deus, o aviso que recebeu para não pegar o √ôo da morte, que matou Eduardo Campos, no azarado dia 13 de agosto último. E para completar o milagre, de vice que era, passou a ser candidata a presidente.

Nos livros biográficos de Marina Silva, ela teve uma vida dolorida de santa. De fome, muita fome. De seringueira, de empregada doméstica. Costumeiramente, uma garota de 16 anos exerce a profissão de babá. E Marina confessa que cuidava das irmãs menores. Uma profissão que se exige saúde, nenhuma doença transmissível.

Um dos livros tem o sagrado e surpreendente título “Feridos em Nome de Deus”, de Marília de Camargo César, que também escreveu “Marina, a Vida por uma Causa”.

Alfredo Sirkis publicou “O efeito Marina”.

Marina, a vida por uma causa

o efeito marina

Feridos em nome de Deus

 

UMA NOVA TEOLOGIA PROFÉTICA PARA O BRASIL

Sinopse do livro: Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas.

Carentes de acolhimento são habilmente capturados pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão e ambos seguem de braços dados experimentando religiosidade fútil e meritória, barganhando a todo momento com Deus.

Por ser uma religiosidade descaracterizada da adoração sincera, mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas abertas pelo caminho.

É esta relação doentia que a jornalista Marília Camargo desvenda em seu primeiro livro. Uma reportagem que avança pelos meandros da igreja evangélica brasileira liderada em boa medida por pessoas embevecidas pelo próprio poder de manipular e escravizar aqueles pelos quais Cristo morreu.

Ao lidar com feridas não cicatrizadas, Marília revela a urgência de um novo tipo de liderança, não autocrática, e de um novo membro, mais confiante em Deus e menos dependente do pastor local, a fim de que o espaço da igreja seja saudável, criativo e curador.

Feridos em nome de Deus é leitura obrigatória para quem anseia por um cristianismo saudável e libertador. Uma denúncia do falso evangelho pregado por falsos cristãos; um sopro dos bons ventos da graça de Deus, que definitivamente precisa triunfar entre nós.

Lembra Marília Camargo que Marina chorou muitas vezes durante os depoimentos para o livro.

“Existe o milagre do preparo. E o primeiro milagre do preparo está em ter capacidade de pedir a Deus força e coragem para não nos acomodarmos. Força e coragem para não nos bastarmos. Para estar sempre ali, aos pés dEle, buscando nEle a melhor forma de completar minha missão e de me completar no olhar do outro, na sua escuta e no seu acolhimento”.

Como tantos brasileiros, Marina também teve uma vida de lutas e sofrimentos. Venceu a pobreza, diversos problemas de saúde e a privação dos estudos na infância.

Mas a verdade verdadeira é que Marina jamais passou fome no seringual.

Marina, aos 14 anos, vestida de azul
Marina, mas as meninas hospedas no convento e a colega de quarto Dilma

 

Marina e a amiga  Dilma no convento em Rio Branco., com o mesmo vestido verde claro
Marina e a amiga Dilma no convento em Rio Branco., com o mesmo vestido azul claro

 

A NOVIÇA REBELDE 

Em Rio Branco, Marina buscou teve a ajuda do bispo do Acre, dom Moacyr Grechi, que depois se tornou uma espécie de seu protetor e mentor político. “O atendimento hospitalar no Acre era precário. Então, resolvi mandá-la para o hospital Santa Rita, em São Paulo. Consegui as passagens com um amigo diretor da Vasp e as freiras a acolheram lá”, conta dom Moacyr, hoje em Rondônia. Ao voltar, a jovem foi morar durante um tempo com os tios Aurélio e Mariquinha da Rocha Morais. Na casa desse tio, Marina sofreu “maltrato”. Resolveu então ingressar no convento das Servas de Maria Reparadoras. Segundo o livro de registro das freiras, Marina chegou ao convento em 19 de fevereiro de 1976, dez dias depois de completar 18 anos. “Está na 5ª série do 1º grau. É a primeira vez que convive com as irmãs”, escreveu a freira Maria Beatriz da Costa. “Possui oito irmãos vivos e três falecidos”, acrescentou. Maria Beatriz conta que era costume registrar no livro o que ocorria com as alunas. Em 29 de junho do mesmo ano, ela anotou a decisão de Marina de não tornar-se freira. “A própria candidata disse não ter vocação.” Não foi a única. Das sete alunas que frequentavam o curso preparatório, apenas uma seguiu o caminho religioso.

 

ANTES DE SER NOVIÇA, MARINA RESIDIU NA CASA DO TIO DELEGADO

No convento, a melhor amiga de Marina era Dilma Alves Omar, com quem trocava confidências. Hoje, Dilma vive numa casa humilde da periferia de Rio Branco. Ela diz que a amiga adorava tomar banho no açude e comer em casa. “O baião-de-dois que a minha mãe preparava era seu prato preferido.” Segundo Dilma, o tempo do colégio de freiras foi um período de alívio para Marina. “Ela sofria na mão do tio, que era delegado. Parece que ele judiava um pouco dela, por isso ela foi para o convento”, revela a antiga amiga. As duas adolescentes dividiram o mesmo quarto e as dúvidas sobre a vocação religiosa. “Teve uma época em que a Marina dizia que seria freira e criticava dom Moacyr. Chamava ele de ‘bispo comunista’. Mas depois acabou entrando para as Comunidades Eclesiais de Base, fundou o PT e abraçou a política”, comenta. Dom Moacyr diz que Marina “tinha medo” dele e do teólogo Clodovis Boff. “Um dia foi assistir escondida a uma palestra nossa. Descobriu não só a possibilidade de ser cristão envolvido na política, mas que o evangelho a impelia a se comprometer com as causas sociais”, diz o bispo.

Marina saiu de uma casa de freiras onde nasceu, e foi para um covento em 1976, onde continuou os estudos, matriculada na 5a. série do primeiro grau

 

MARINA ERA FELIZ E NÃO SABIA

E na lembrança das irmãs, Marina teve uma infância e adolescência feliz até sair da casa da avó, que era parteira, profissão de prestígio ainda hoje nas cidades sem médico em qualquer parte do mundo.

 

A ex-seringueira Maria Lúcia Silva do Nascimento, irmã de Marina
A ex-seringueira Maria Lúcia Silva do Nascimento, irmã de Marina

 

Irmã e sósia da candidata à Presidência pelo PSB, Maria Lúcia costuma ser confundida com Marina Silva por onde passa. É comum receber abraços e pedidos de autógrafos. O embaraço aumenta quando nega, com a mesma voz aguda de Marina, que não é Marina.

Além de Marina, Maria Lúcia é irmã de Deuzimar, Maria Aurilene, Maria de Jesus, Maria Elisete, Maria do Socorro e Arleir, o único homem da família. Ela mora há dez anos no Taquari, um bairro pobre de Rio branco, com alto índice de violência, que costuma ser atingido por alagamentos durante as cheias do Rio Acre.
Diferente da irmã presidenciável, Lúcia foi apenas alfabetizada. Trabalha como dona de casa e congrega na Assembléia de Deus, assim como Deuzimar, a irmã mais velha, que frequenta a mesma igreja há mais de 30 anos, bem antes da conversão de Marina. Outras três irmãs são da igreja Deus é Amor. Os dois homens da família, o pai Pedro Augusto da Silva, 87, e seu filho Arleir, se declaram cristãos e de vez em quando frequentam igrejas evangélicas ou católicas.

 

Qual a lembrança mais remota que você tem de Marina?

A Marina foi criada por nossa avó, mas a gente morava muito pertinho. Nossas casas, na colocação Breu Velho, no seringal Bagaço, ficava a uns cem metros uma da outra. A gente passava o dia trabalhando e brincando. No final da tarde, ela ia pra casa de nossa avó. Então se despedia e a gente dizia: “Tchau, Marinô”.

Marinô?

Era como a gente chamava ela quando éramos pequenas. Era Marina e Marinô. “Tchau, Marinô”, a gente dizia no final do dia. E ela ia pra casa de nossa avó e nós pra nossa casa.

Você lembra do dia que ela saiu do seringal com um saco de pano nas costas, com poucas roupas dentro, para ir trabalhar como doméstica em Rio Branco?

Lembro muito bem. Aquele foi um dia muito triste pra nossa família. Nós ficamos chorando, todos preocupados porque ela era uma menina, muito jovem. Tinha uns 15 anos, incompletos.

Dona Júlia, a avó de vocês, foi determinante na vida de Marina?

Sim, sim. Ela era analfabeta, mas muito inteligente, sábia. Ela, assim como meu pai, nasceram em Messejana, no Ceará. Meu pai veio primeiro e depois foi lá buscar ela. E meu pai casou no Acre com minha mãe. Ela também era cearense. Minha avó ensinava Marina a rezar, a ser uma pessoa humilde, e ela sempre foi uma pessoal realmente muito humilde.

E por que Marina morava com sua avó e não com seus pais?

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Não sei o motivo dela ter escolhido morar com avó Júlia. Quando Marina veio morar em Rio Branco, a gente já não morava na colocação Breu Velho. Fomos morar em Belém do Pará e quando voltamos fomos morar na colocação São Gonçalo. Meu pai deixou a casa na colocação Breu Velho aos cuidados de uns parentes e quando voltamos ele decidiu que a gente ia morar em outro lugar, lá mesmo, no seringal Bagaço. Até hoje, duas irmãs ainda moram no mesmo seringal. Quando saímos da colocação São Gonçalo, meu pai abriu outra colocação na BR-364. Depois disso, foi quando Marina veio morar em Rio Branco para trabalhar como doméstica.

 

Maria Deuzimar da Silva Vieira, de 59 anos, irmã mais velha de Marina Silva
Maria Deuzimar da Silva Vieira, de 59 anos, irmã mais velha de Marina Silva

EXISTE POBRE FELIZ?

 

Maria Deuzimar da Silva Vieira é a irmã mais velha de Marina Silva, tem quatro filhos e seis netros e ainda vive em uma colônia na BR-364, na área que antes se localizava o Seringal Bagaço, onde a candidata à presidência nasceu.

“Nós gostávamos de brincar de corda, fazer corrida, jogar bola”, lembra Deuzimar. São histórias como essas que as irmãs relembram quando se encontram com a candidata a presidência. “Quando a gente se reúne, aproveita para lembra o que já vivemos, aproveitar o tempo livre. Recordar o seringal, cozinhar. A Marina gosta de ralar milho, fazer canjica e quebrar castanha. Aproveitamos nosso tempo para ficarmos entre nós e deixar essas coisas da política em segundo plano. Para nós, ela é a Marina daquele tempo [do seringal]”, conta Deuzimar.

Deuzimar, Lúcia e Marina foram ensinadas, ainda adolescentes, a cortar seringa para ajudar o pai, Pedro Augusto da Silva. “Nós moramos um tempo em Belém, mas não estava bom lá. Aí ele pediu ajuda para o patrão do Seringal para voltar, iríamos pagar as passagens ao chegar, mas a dívida era muito grande. Naquela época mulher não cortava seringa, só os homens. A nossa mãe começou a se preocupar. Ela disse ‘Você ensina as três mais velhas a cortar seringa, que elas vão te ajudar’. Era eu, a Lúcia e a Marina”, conta Deuzimar.

Pedro ficava responsável por uma estrada com árvores de seringueira, enquanto as três filhas ficavam responsáveis por outra. “Como éramos três, nós costumávamos terminar antes dele e íamos brincar”, lembra.

 

 

Lançamento do Dicionário Amoroso do Recife

amanhã urariano

“Quem é do Recife, quem já viveu no Recife ou quem passou um tempo no Recife, sempre dirá: eu tenho um caso pessoal com esta cidade”.

O Dicionário Amoroso do Recife é obra de toda uma vida na cidade, “um lugar possuidor de visco e modo de ser” que acompanhou e acompanha Urariano Mota sempre.

No Dicionário, os significados vêm “na nuvem da memória e do sentimento. A memória a falar daquilo que a marcou. Falando para todos os humanos a humanidade do Recife”.

Dicionário Amoroso do Recife

Amanhã, sexta-feira, às 19 horas, na Livraria Cultura, no Paço da Alfândega, no Recife Antigo, o romancista Urariano Mota estará autografando o Dicionário Amoroso do Recife.
O Dicionário é fruto de um escritor que ama a cidade acima de tudo. Não foi à toa que o grande maestro Spok, o cara e a cara do frevo renascido, se referiu ao livro como se visse o Recife falando para os recifenses e para qualquer pessoa de fora, no Rio, em São Paulo, ou além das fronteiras do Brasil. Como um novo Pernambuco falando para o mundo.
De A até Z, o livro é um passeio pelas Igrejas, pela primeira Sinagoga das Américas, pelos terreiros, pelos mercados públicos, pelo elogio emocionante dos heróis do povo da cidade.
Um dicionário da humanidade pernambucana. Da gente do Recife, “da encantadora gente do Recife, que às vezes sufoca a gente de emoção e ternura, de um carinho que rasga o solo como uma flor no asfalto duro”.
De Eutanasinha, a criança flagrada na inocência da fantasia de princesa do carnaval. De Clarice Lispector a ver o frevo na rua. Da descoberta de uma qualidade rara em Dom Hélder Câmara. E muitas homenagens, recuperação de pessoas ilustres e queridas do Recife, desta vez salvas para sempre como exemplos e modelos de pessoas da cidade.
Quem? Não perguntem quem, perguntem como são e vivem essas pessoas. Do ser que são virá a sua fama.
Humor, poesia, drama, como de resto é feita uma cidade grande cujo crescimento se dá na memória e no afeto.
E mais: o novo centro do Recife.
E qual o gênero da cidade? Recife é macho ou fêmea?
Revelações como a passagem de Gagárin no Recife, a origem do nome Zumbi para um bairro. E as mulheres do Marrocos, o teatro de sexo do sonho dos meninos. O Mercado da Boa Vista. As redações do Recife, lembrando nomes que os jovens fotógrafos e jornalistas nem sabe que existiram.  Eis o trecho de um verbete:

“No registro cotidiano do Recife, muito espanta hoje o seu sentido de flagra, mais rápido que o de um fotógrafo de esporte no momento do gol. No precioso arquivo de Olegária, aparecem ladrões meninos ou adultos no instante do furto. Como se fosse de repente, naquele momento tão suave e sub-reptício que ninguém vê, Wilson mostrava em preto e branco os dedos escorregando em uma bolsa de mulher, no centro do Recife. O seu flagrante não media conveniências. Flechava, ou melhor, flashava meninos miseráveis, sem banheiro no mocambo, defecando à luz do dia em um canal da cidade.

Olegária nos contou que tamanha era a intimidade do pai com famosos, que ele chegou a fotografar misses de Pernambuco nuas. Para nossa infelicidade não restaram as provas, porque Wilson, honestíssimo, devolvia os negativos às donas. (O que eram os costumes secretos e a gentileza do fotógrafo.) Ele trabalhou no Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco e Folha da Manhã.“

Este é um Dicionário para o Recife “que está mais em seu povo que em todos os monumentos, pontes, rios e edifícios. Aquela cidade que vista de cima, no avião que chega, acende um calor, uma alegria e uma felicidade sem palavras, somente fogo íntimo”.
“Estamos de volta, Recife”, e quem volta suspira em silêncio, pouco importando se esteve fora um mês, um ano ou dois dias.

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amanhã urariano

VOCÊ TEM UM ENCONTRO MARCADO COM URARIANO MOTA

Urariano Mota

Jornalista Chiqui Ávalos estaria exilado no Brasil, para se livrar das máfias de contrabando e tráfico de Cartes

La cara de HC

Transcreverei trechos de entrevista de Chiqui Ávalos a Lucas Rohãn, quando anunciou seu exílio no Brasil, depois da eleição de Horacio Cartes presidente de Paraguai.

Chiqui escreveu o livro La otra cara de HC (Horacio Cartes), uma biografia não autorizada, que revela a vida do presidente e os nomes dos seus parceiros de crimes, notadamente, evasão de divisas e tráfico.

Talvez Chiqui esteja noutro país. Que o Brasil passou a ser local de risco. Que começou este ano com dois jornalistas exilados. Um ainda está no exterior, Mauri König, ameaçado por uma máfia de delegados do Paraná, que tem ligação com o Paraguai.

No mais, Horacio Cartes possui fortes ligações com o crime organizado no Brasil e nos meios políticos da direita.

Eis o texto de Lucas Rohãn: Poucas semanas antes das eleições presidenciais no Paraguai, o jornalista Chiqui Ávalos lançou um livro polêmico. La outra cara de HC fala sobre o passado obscuro de (…) Horacio Cartes. Empresário do ramo de cigarros e dirigente esportivo, ele já foi condenado por evasão de divisas e convive com a eterna suspeita de envolvimento com o contrabando de cigarros para o Brasil. Além disso, no livro, Ávalos apresenta documentos e depoimentos que comprovariam a ligação de Cartes não só com o contrabando, mas também com o tráfico de drogas.

Em entrevista exclusiva ao Terra, o escritor confirma que “fontes diplomáticas” brasileiras ajudaram na construção do livro. Ele também conta que se refugiará na casa de amigos no Brasil (…) porque teme por sua segurança. Após o lançamento da obra, Ávalos recebeu ameaças anônimas e convive com o que chama de “histórias folclóricas que circulam na fronteira sobre vinganças contra alguns adversários”. Confira a entrevista na íntegra:

Terra – Por que o senhor resolveu lançar o livro, perto das eleições?
Chiqui Ávalos – É uma tendência mundial, assim como acontece nos Estados Unidos, no Brasil ou na Argentina, que a oportunidade para conhecer os candidatos faz com que a indústria editorial insista nessas datas como as mais importantes nas edições. Seis meses atrás ou seis meses depois, teria menos valor para que o leitor faça suas avaliações.

Terra – Quanto tempo o senhor trabalhou para juntar todo o material? Como foi essa pesquisa?
Chiqui Ávalos – A primeira investigação que fiz foi para um jornal (Hoy) em 1985 sobre a evasão de divisas do Banco Central, nas quais para dinamizar a produção agrícola foi habilitada uma cotização especial para quem importava insumos por um valor abaixo do dólar nas ruas. Inventaram operações, houve cumplicidades dos controles, das empresas e do próprio banco, além das financeiras que compravam os dólares a 240 guaranis (câmbio da época) oficialmente e se beneficiavam com a diferença de câmbio ao vender a 400. O que em 35 milhões de dólares representou o início de muitas fortunas. Horacio Cartes trabalhava na Cambios Humaitá nessa época, empresa dos filhos do chefe de polícia do Stroessner (Alfredo Stroessner, general que governou o Paraguai de 1954 a 1989), e depositavam os fundos em uma conta especial em Nova York.

Terra – O senhor tem medo das reações que essas denúncias podem causar? Teme por sua segurança?
Chiqui Ávalos – Dizer que não tenho medo seria uma irresponsabilidade. De fato, por histórias que circulam e o relacionam com a máfia, com narcotraficantes conhecidos do Brasil (Fahd Yamil, que está na lista da DEA [agência norte-americana que combate o tráfico de drogas], doleiros como Dario Messer) o fazem temível, além das histórias folclóricas que circulam na fronteira sobre vinganças contra alguns adversários. Tenho o apoio e a ajuda não só em alguns documentos, mas também na discreta proteção de algumas embaixadas (…). Mas tudo “off the record” para não comprometer ninguém diplomaticamente.

Terra – Qual o motivo de sua viagem ao Brasil?
Chiqui Ávalos – Vou visitar alguns amigos, jornalistas e diplomatas que me recomendaram não ficar no Paraguai. [Que] eu correria perigo, tanto se ganham os colorados, quanto se perdem, poderiam procurar um bode expiatório e não quero ser o pato do casamento.

Terra – O seu livro contou com a ajuda de fontes diplomáticas e de meios de comunicação do Brasil. O que o senhor conseguiu com esses contatos? Essas “fontes diplomáticas” demonstram preocupação pelo futuro do Paraguai?
Chiqui Ávalos – Sim. Apesar de não poder revelar as fontes, tive acesso a alguns documentos graças a “mãos amigas”. Pessoalmente acredito que depois de ter falado com referências importantes, não é do agrado do governo brasileiro ter Cartes como presidente do Paraguai, com todas as acusações de lavagem de dinheiro, narcotráfico, contrabando de cigarros e etc. Inclusive, já fiz contatos com editoras brasileiras para lançar o livro [ no BRasil] com o título O perigo mora ao lado.

Terra – O senhor já teve alguma conversa com Cartes sobre essas acusações?
Chiqui Ávalos – Não, nenhuma. O comuniquei que estava escrevendo o livro, seus amigos e seus companheiros políticos de rua sabiam que eu estava fazendo, mas jamais falamos sobre o assunto.

Terra – Se tudo é verdade, por que Cartes não está preso?
Chiqui Ávalos – Ele já esteve na prisão por evasão de divisas em 1985. Foi condenado em três oportunidades e finalmente, em uma das mais estranhas decisões da Corte Suprema, foi absolvido em… 2008! Vinte anos depois.

Terra – Desde o dia do lançamento do livro até agora, como o senhor avalia a repercussão em seu país?
Chiqui Ávalos – Um amigo me disse que vender a quantidade de livros como La otra cara de HC no Paraguai, um país que não lê, é como vender picolés aos pinguins. Tive dificuldades? Claro. Três editoras rechaçaram o material, outras duas não se animaram a publicar e tive que arcar com todos os custos. Os dois maiores jornais “independentes” do país não quiseram publicar um anúncio pago adiantado e vários hotéis negaram abrigar a apresentação do livro, além do silêncio de outros meios aliados ou temerosos a Cartes.

Houve ameaças, pressões nos meus colaboradores, mas, sobretudo, há um ambiente rarefeito de […] que, infelizmente, nos faz voltar no tempo em que vivíamos no “stronismo” (período no qual o Paraguai foi governado pelo general Stroessner), do qual Cartes é admirador, quando o medo era o pão nosso de cada dia, aniquilando a liberdade de várias gerações. Esse é o pior dano.

 

Biografias: o zero e o cifrão

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No “Saia justa”, convidada para falar sobre a questão das biografias não autorizadas, Paula Lavigne discutiu com Barbara Gancia.

A jornalista, que na semana passada chamou Paula de “oportunista” e “gananciosa” em sua coluna, na “Folha de S. Paulo”, teve sua opção sexual lembrada pela empresária.

Tudo começou quando veio à tona o assunto “invasão de privacidade”.

“Barbara, você é gay assumida, né?”, pergunta Paula. Barbara diz que sim. E ela: “Qual o nome da sua namorada?”. Assim que ouve a resposta (“Marcela”), Paula diz: “Ela não vai se sentir bem vendo eu perguntar isso, é disso que estou falando, você não está entendendo na teoria e agora viu na prática como é ruim ter a privacidade invadida!”.

Paula Gancia devia ter devolvido a resposta.

Escreve Luciano Martins: “O movimento Procure Saber tem à frente a empresária e produtora Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano e apontada publicamente como personagem mais versada em finanças que em arte. Lavigne lidera uma campanha contra a comercialização de biografias não autorizadas, o que, na prática, significa eliminar a biografia da relação de gêneros literários praticados no Brasil.

Sensatamente, biógrafos e outros autores e jornalistas ponderam que uma biografia autorizada não passaria de um press-release em formato de livro, e que para tal o biografado deveria contratar uma assessoria de relações públicas.

O artigo de Chico Buarque encaminha a discussão para outra questão, bem mais complexa: o equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade, o que envolve diretamente a imprensa no imbroglio.

O gênero biografia nunca foi muito popular no Brasil, mas vem ganhando terreno com as transformações da indústria cultural. O culto às celebridades estimula não apenas as produções de filmes e vídeos sobre pessoas famosas, mas acaba chegando ao mercado editorial. Até pouco mais de duas décadas, esse gênero se limitava a meia dúzia de especialistas com carreiras consolidadas como biógrafos, entre eles Fernando Morais, Moacir Werneck de Castro, Ruy Castro e Francisco de Assis Ângelo.

No meio da barafunda em que se transformou o debate, que alcançou elevada temperatura nas redes sociais, cabe aqui ao observador pontuar o que concerne à imprensa nesse litígio“.

 Vários músicos que não merecem uma biografia estão entrando no debate. Comentam Juliana Gragnani e Paulo Werneck: “Tudo o que se usa, paga’, diz o sambista Wilson das Neves. ‘É até bom um dinheiro que entra na conta. Só estou esperando a minha vez.’O compositor Pedro Luís defende a iniciativa: ‘Todo mundo que é ingrediente do sucesso deve ser remunerado. Quem faz a revisão, a capa, não é remunerado? E o assunto do produto, não?’.’É justa a reivindicação‘, diz o roqueiro Nasi, que recebe 10% do preço de capa de sua biografia, ‘A Ira de Nasi’ (Belas Letras), de Mauro Beting. ‘Você está explorando a história e a imagem de alguém. É como se eu deixasse de receber por uma música minha gravada por outro.”

Carlos Albuquerque e Leonardo Lichote mostram que nem todos artistas defendem esta ‘caixinha, obrigado!: “O compositor Alceu Valença escreveu um texto, em sua página no Facebook, em que defende a liberdade da expressão como valor ‘que deveria estar na frente de qualquer questão’. Antonio Cicero, Aldir Blanc e Nana Caymmi também se colocaram a favor de que biografias não autorizadas sejam produzidas livremente.

– Isso é um absurdo – ataca Nana Caymmi. – Sempre fui a favor da liberdade, desde o episódio da biografia de Garrincha, do Roberto Carlos. Se você quer ser artista, sua vida se torna pública. Proibir biografias é falta do que fazer, vem da invenção da máquina de lavar. (Os artistas que são contra biografias não autorizadas) Estão todos velhos, deveriam se sentir honrados por ter gente interessada na vida delas. É uma ignorância proibir quando nossa juventude precisa conhecer seus ídolos. Não tem porque esconder nada, a não ser que estejam envolvidos com tráfico de drogas, de mulheres, de órgãos, de crianças, e a gente não saiba.

Nana é crítica também com relação à sugestão de que artistas ganhem algum tipo de remuneração por terem suas vidas como tema de um livro (o cantor Djavan justificou em artigo que ‘editores e biógrafos ganham fortunas enquanto aos biografados resta o ônus do sofrimento e da indignação’):

– Quem enriquece com livro no Brasil? O negócio é que, onde tem dinheiro envolvido, essa turma está atrás. Tenho amigos como Sérgio Cabral, Ruy Castro que vivem disso, não é assim.

O compositor Aldir Blanc também se manifesta sobre o tema:

– Sou inteiramente a favor da liberdade de biografias, e contra todo e qualquer tipo de censura – diz. – Quem se sentir caluniado que processe o biógrafo. A liberdade de expressão vem em primeiro lugar.

(…) O debate gerou também uma iniciativa irreverente e inusitada. No Facebook, um grupo criou uma página que se propõe a fazer  ‘a mais pirata e coletiva biografia não autorizada de Caetano Veloso’. O espaço, que já tem mais de 1,3 mil curtidas, recebe colaborações de usuários. Eles enviam links de matérias, fotos e outros conteúdos que, um por um, costuram a vida do célebre cantor e compositor baiano.

– Não criamos a página para tirar sarro do Caetano. Queremos reconstruir a vida dele e lançar uma biografia não autorizada em forma de e-book gratuito – explica Ricardo Giassetti, que criou o espaço com Danilo Corci, seu sócio na editora MojoBooks. – Estamos recebendo centenas de mensagens de colaboração e fazendo a curadoria do que entra na timeline”.

“A diferença entre o jornalismo e a propaganda é que o jornalismo é crítico. Não existe só para difundir as opiniões dos mais poderosos. E essa liberdade ou é absoluta, ou não existe”

* “A liberdade de expressão não existe para proteger elogios. Disso, todo mundo gosta”

* “É um tipo de censura (da ditadura militar). Não obriga artistas a deixarem o país, não manda policiais aos teatros para bater nos atores. Mas que é censura, é. E mais eficaz do que a da ditadura. Antes, as obras eram censuradas, mas existiam. Hoje, nem chegam a existir”.

censura

Biografia bonsai de Caetano Veloso, diz Gilmar Crestani sobre
a Carta aberta de Benjamin Morse, autor da biografia Clarice

especial para a Folha

Caro Caetano,

Nos EUA, quando eu era menino, havia uma campanha para prevenir acidentes na estrada. O slogan rezava: “Amigos não deixam amigos bêbados dirigir”. Lembrei disso ao ler suas declarações e as de Paula Lavigne sobre biografias no Brasil. Fiquei tão chocado que me sinto obrigado a lhe dizer: amigo, pelo amor de Deus, não dirija.

Nós nos conhecemos há muitos anos, desde que ajudei a editar seu “Verdade Tropical” nos EUA. Depois, você foi maravilhoso quando lancei no Brasil a minha biografia de Clarice Lispector, escrevendo artigos e ajudando com o alcance que só você possui. Admiro você, de todo o coração.

E é como amigo e biógrafo que te escrevo hoje. Sei que você sabe da importância de biografias para a divulgação de obras e a preservação da memória; e sei que você sabe quão onerosos são os obstáculos à difusão da cultura brasileira dentro do próprio Brasil, sem falar do exterior.

Fico constrangido em dizer que achei as declarações suas e da Paula, exigindo censura prévia de biografias, escandalosas, indignas de uma pessoa que tanto tem dado para a cultura. Para o bem dessa cultura, preciso dizer por quê.

Primeiro, achei esquisitíssimo músicos dizerem que biógrafos querem ficar com “fortunas”. Caetano, como dizem no Brasil: fala sério. Ofereço o meu exemplo. A biografia de Clarice ficou nas listas de mais vendidos em todo o Brasil.

Mas, para chegar lá, o que foi preciso? Andei por cinco anos pela Ucrânia, pela Europa, pelos EUA, pesquisando nos arquivos e fazendo 257 entrevistas. Comprei centenas de livros. Visitei o Brasil 12 vezes.

Você acha que fiquei rico, depois de cinco anos de tais despesas? Faça o cálculo. A única coisa que ganhei foi a satisfação de ver o meu trabalho ajudar a pôr Clarice Lispector no lugar que merece.

Tive várias vantagens desde o início. Tive o apoio da família da Clarice. Publico em língua inglesa, em outro país. Tenho a sorte de ter dinheiro próprio. Imagine quantos escritores no Brasil reúnem essas condições: ninguém.

Mas a minha maior vantagem foi simplesmente ignorância. Não fazia ideia das condições em que trabalham escritores e jornalistas brasileiros. Não sabia o quanto não se pode dizer, num clima de medo que lembra a época de Machado de Assis, em que nada podia ofender a “Corte”.

Aprendi o quanto ganham escritores, jornalistas e editores no Brasil, e quanto os seus empregos são inseguros e como são amedrontados por ações jurídicas, como essas com que a Paula, tão bregamente, anda ameaçando.

É um tipo de censura que você talvez não reconheça por não ser a de sua época. Não obriga artistas a deixarem o país, não manda policiais aos teatros para bater nos atores. Mas que é censura, é. E mais eficaz do que a da ditadura. Antes, as obras eram censuradas, mas existiam. Hoje, nem chegam a existir.

Você já parou para pensar em quantas biografias o Brasil não tem? Para só falarmos da área literária, as biografias de Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Cecília Meirelles, cadê? Onde é que ficou Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Gilberto Freyre? Você nunca se perguntou por que nunca foram feitas?

Eu queria fazer. Mas não vou. Porque o clima no Brasil, financeiro e jurídico, torna esses empreendimentos quase impossíveis. Quantos escritores brasileiros estão impedidos de escrever sobre a história do seu país, justamente por atitudes como as suas?

Por isso, também, essas declarações, de que o biógrafo faz isso só por amor ao lucro, ficam tão pouco elegantes na boca de Paula Lavigne. Toda a discussão fica em torno de nossas supostas “fortunas”.

Você sabe que no Brasil existem leis contra a difamação; que um biógrafo, quando cita uma obra ainda com “copyright”, tem obrigação de pagar para tal uso. Não é diferente de você cantar uma música de Roberto Carlos. Essas proteções já existem, podem ser melhoradas. Mas falo de algo bem diferente do que você está defendendo.

De qualquer forma, essas obsessões com “fortunas” alheias fazem parte de um Brasil do qual eu menos gosto. Une a tradicional inveja do vizinho com a moderna ênfase em dinheiro que transformou um livro, um disco, uma pintura em “produto cultural”.

Não é questão de dinheiro, Caetano. A questão é: que tipo de país você quer deixar para os seus filhos? A liberdade de expressão não existe para proteger elogios. Disso, todo mundo gosta. A diferença entre o jornalismo e a propaganda é que o jornalismo é crítico. Não existe só para difundir as opiniões dos mais poderosos. E essa liberdade ou é absoluta, ou não existe.

Imagino, e compreendo, que você pense que está defendendo o direito dos artistas à vida privada. Mas quem vai julgar quem é artista, o que é vida privada e sobre quem ou o que se pode escrever? Você escreve em jornal. Como o artista deve fazer, tem se metido no debate público. Sarney, da Academia Brasileira das Letras, escreve romances. Deve ser interditada também qualquer obra crítica sobre ele, sem autorização prévia?

Não pense, Caetano, que o seu passado de censurado e de exilado o protege de vocêse converter em outra coisa. Lembre que o Sarney, quando eleito governador do Maranhão, chegou numa onda de aprovação da esquerda.

Não seja um velho coronel, Caetano. Volte para o lado do bem. Um abraçaço do seu amigo,

Benjamin Moser

clarices

A RAINHA TINHA UM PÉ NA COZINHA

por Marcia Lobo

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Esta linda e inocente garotinha de 7 anos é Elizabeth Angela Marguerite Bowes Lyon, que se tornaria rainha da Inglaterra e, depois, quando a filha subiu ao trono como Elizabeth II, passou a usar o título de rainha-mãe – embora os súditos gostassem de chamá-la de “a avó de todos os ingleses”. 

Morreu em 2002, com 102 anos e ilibada reputação.  Nunca se disse uma única palavra maldosa sobre ela. Agora, porém, um livro inteiro foi escrito para revelar o segredo de sua origem: a digna esposa do rei    e mãe da atual rainha seria na verdade filha de uma cozinheira francesa.

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Terá a doce velhinha passado 102 anos iludida?

Resumidamente, a história é a seguinte: depois de dar três herdeiros ao marido e perder a primogênita (Violet), vítima de difteria em 1893, lady Cecilia Glamis pirou e os médicos proibiram uma nova gravidez, o que na época significava proibir o sexo. 

Mas lord Glamis, 14o Conde de Strathmore e Kinghorne, não era homem de abstinências e imediatamente botou olho grande na bela francesa Marguerite Rodiere, que trabalhava ali mesmo, na cozinha da mansão de St Paul’s Waldenbury. Tiveram dois filhos – Elizabeth e David –, adotados pela esposa, o que não chegava a ser  raro entre os casais aristocráticos da Inglaterra vitoriana.

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Os irmãos Elizabeth e David, em 1904 e 1915.
Tal filiação explicaria o incomum “Marguerite” no nome da moça, que em nada se parecia com a pobre Cecilia – nem com o pai, a bem da verdade. E certamente era desconhecida da família real, ou George V não permitiria que o filho Bert (segundo na linha de sucessão) se casasse com ela. Parece, porém, que Eduard, o irmão mais velho que abdicou do trono para ficar com a plebéia Wallis Simpson, descobriu a verdade no curto período em que foi rei. Ele e a mulher detestavam Elizabeth (era recíproco) e lhe deram o até agora incompreensível apelido de “Cookie”.

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Com a “mãe”, lady Cecilia.

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Com o noivo (e futuro rei) e os pais.

A obra que está tirando o sono da família real e “ameaça” ser lançada ainda este mês tem um longo e sugestivo título: The Queen Mother, The Untold Story of Elizabeth Bowes Lyon, Who Became Queen Elizabeth the Queen Mother. 

A autora é lady Colin Campbell, mulher indiscreta e habituada com histórias escabrosas que já foi responsável por outras insônias da corte: primeira  a revelar ao mundo os podres do casamento de lady Di, escreveu duas biografias da princesa e espalhou o caso de Diana com o rei Juan Carlos da Espanha durante um cruzeiro em agosto de 1986.

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A biógrafa lady Campbell, que nunca foi exatamente uma dama.

Também conhecida como Georgie Campbell,  a biógrafa várias vezes não-autorizada é ela própria um escândalo ambulante. Nascida em 1949 na família Ziadie, um dos mais influentes clãs da Jamaica, seu nome de batismo é George William, pois teria nascido com “um defeito físico” que carregou até os 18 anos, quando se operou e passou a se vestir como mulher. Tornou-se modelo em Nova York, fisgou o nobre inglês Colin Campbell (irmão caçula do 12o  duque de Argyll), circulou entre a aristocracia durante 14 meses, tempo que o marido demorou para descobrir que “tinha se casado com um travesti”.

Incomparavelmente mais vexaminosa é a saia justa em que a família Windsor está agora. Afinal, se Elizabeth II não sabia da avó cozinheira, foi passada para trás. Se sabia, fez todos os súditos de bobos.

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Transcrito do blogue Antes que eu me esqueça de Marcia Lobo. Conheça outras impressionantes biografias