Janio chama Marina Silva de ‘divisora’. Rede e PSB contra Aécio

Ricardo da Costa: Detalhe de uma pintura mural do Egito antigo, tumba (Tebas) de Userhat (reinado de Amen-hotep II, XVIII dinastia, c. 1428 e 1397 a. C). São quatro mulheres de luto, vestidas de branco, sentadas, duas segurando a cabeça com as mãos e chorando compulsivamente. Elas também estão pegando pó para jogá-lo sobre suas cabeças, ato muito comum e recorrente nas sociedades pré-industriais. Todo esse pranto, toda essa dor pela perda do esposo não nos deve impressionar, insensíveis que nos tornamos. Nas sociedades pré-industriais, as pessoas sentiam as coisas muito mais intensamente do que nós hoje. Embrutecemos. O historiador Johan Huizinga (1872-1945), há quase cem anos, em sua famosa obra O Outono da Idade Média (1919) já alertara para a notável sensibilidade à flor da pele das culturas antigas, dos medievais: tudo era muito mais sentido, sofrido e regozijado.
Ricardo da Costa: Detalhe de uma pintura mural do Egito antigo, tumba (Tebas) de Userhat (reinado de Amen-hotep II, XVIII dinastia, c. 1428 e 1397 a. C). São quatro mulheres de luto, vestidas de branco, sentadas, duas segurando a cabeça com as mãos e chorando compulsivamente. Elas também estão pegando pó para jogá-lo sobre suas cabeças, ato muito comum e recorrente nas sociedades pré-industriais.
Todo esse pranto, toda essa dor pela perda do esposo não nos deve impressionar, insensíveis que nos tornamos. Nas sociedades pré-industriais, as pessoas sentiam as coisas muito mais intensamente do que nós hoje. Embrutecemos. O historiador Johan Huizinga (1872-1945), há quase cem anos, em sua famosa obra O Outono da Idade Média (1919) já alertara para a notável sensibilidade à flor da pele das culturas antigas, dos medievais: tudo era muito mais sentido, sofrido e regozijado.

Marino velório

Segundo o colunista Janio de Freitas, ao demorar para anunciar seu apoio a Aécio Neves (PSDB), Marina Silva “instalou a implosão em dois partidos”: “proporcionou tempo para que uma ala do PSB, com o estandarte da viúva de Eduardo Campos, articulasse o abandono da linha tradicional do partido, de centro-esquerda”, e um racha de parte da Rede, que considerou a adesão “grave erro” e contrária ao projeto original

247 – O colunista Janio de Freitas atribui a Marina Silva o apelido de “divisora”. Segundo ele, ao ‘espichar as atenções por mais uns dias sobre sua posição no 2° turno, ela instalou a implosão em dois partidos’.

No PSB, diz que ela proporcionou tempo para que uma ala, com o estandarte da viúva de Eduardo Campos, articulasse o abandono da linha tradicional do partido, de centro-esquerda, e a necessária derrubada dos dirigentes mais identificados com sua formação.

Quanto a Rede, lembra que parte da sigla considerou adesão a Aécio, decidida por Marina, “grave erro” e contrária ao “projeto original”, ao torná-la “parte da polarização PT x PSDB”.

 

Marina Divisora
Jarbas
Jarbas

por Janio de Freitas

A adesão de Marina Silva a Aécio Neves é o seu caminho convencional, mas, para formular os argumentos vazios que invocou, não precisava de tantos dias, bastavam minutos. Além disso, Marina já tem convivência bastante com a política para saber que nenhuma condição exigida de Aécio tem valor algum: se eleito e por ela cobrado, não esqueceria o velho refrão político “as circunstâncias mudaram”. Ao espichar as atenções por mais uns dias, no entanto, Marina instalou a implosão em dois partidos. Um feito, sem dúvida.

A demora de Marina proporcionou tempo para que uma ala do Partido Socialista Brasileiro, com o estandarte da viúva de Eduardo Campos, articulasse o abandono da linha tradicional do partido, de centro-esquerda, e a necessária derrubada dos dirigentes mais identificados com o PSB. Novo rumo: adesão a Aécio.

Em termos partidários, é como se o PSB fosse extinto, com uma descaracterização que preserva apenas o nome e a sigla. Não de todo, aliás, com o humor já se referindo ao “novo PV”: não de Partido Verde, mas Partido da Viúva.

O manifesto “A favor da nova política” tem argumentos consideráveis e reúne, em corrente própria, os que se integraram à Rede Sustentabilidade, partido de Marina, para construir novos modos de fazer política. E consideram a adesão a Aécio, decidida por Marina, “grave erro” e contrária ao “projeto original da Rede Sustentabilidade”, ao torná-la “parte da polarização PT x PSDB”. A adesão agrava-se porque Aécio, diz o manifesto, tem “integração orgânica à desconstituição de direitos, aos ruralistas e ao capital financeiro”, três frentes a que a Rede se opõe por princípio.

Para contornar a reação de correligionários valiosos, Marina Silva precisará de argumentos melhores do que lhe bastaram para aderir ao candidato do PSDB, em vez de “rejeitar as duas candidaturas”. Rede se remenda. O PSB, não.

 

Apoio a Aécio provoca debandada na cúpula da Rede
Casso
Casso

Jornal GGN – Sete coordenadores do Rede Sustentabilidade em São Paulo saíram do partido em protesto à adesão de Marina Silva à candidatura de Aécio Neves. São eles os coordenadores executivos Valfredo Pires e Marcelo Pilon; os coordenadores de comunicação Emílio Franco e Renato Ribeiro; os coordenadores de finanças Gérson Moura e Marcelo Saes e o coordenador de organização Washington Carvalho.

Na parte mais dura do manifesto, o grupos salienta que “As nossas esperanças de um Brasil mais justo, mais ético e mais sustentável mostraram-se como mercadorias, à venda por promessas que não surtirão resultados a médio e a longo prazo”.

Folha de S. Paulo (por Gustavo Uribe) – Em carta, sete coordenadores do partido pediram renúncia de suas atribuições

No texto, o grupo afirma que o apoio a qualquer um dos candidatos à sucessão presidencial neste segundo turno reforça a polarização entre PT e PSDB, criticada pela Rede no primeiro turno da disputa eleitoral.

Em uma crítica ao PSDB, o grupo afirma que não pode servir indiretamente a um projeto de poder que “já foi testado” e com o qual não concorda. Ele ressalta ainda que não responderá pelo “assassinato” de ideais e princípios que o atraíram à Rede.

“No primeiro turno, a Rede tinha como discurso sair da polarização entre PSDB e PT. E, agora, quebra-se essa posição”, criticou Pires.

 

“Traição à luta”
Jrobson
Jrobson

O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, divulgou neste sábado (11) uma carta aberta em que apoia a reeleição de Dilma Rousseff (PT) e afirma que seu partido “traiu a luta” do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos ao se aliar a Aécio Neves (PSDB).

Amaral diz na carta que ao se aliar “acriticamente” à candidatura Aécio Neves, o bloco que controla o partido “renega compromissos programáticos e estatutários” e “joga no lixo o legado de seus fundadores”.

“Ao aliar-se à candidatura Aécio Neves, o PSB traiu a luta de Eduardo Campos, encampada após sua morte por Marina Silva, no sentido de enriquecer o debate programático pondo em xeque a nociva e artificial polarização entre PT e PSDB.”

Por vingança, dentro do PSB, um grupo de dirigentes em Pernambuco pretende tirar Roberto Amaral da presidência da sigla. O mais cotado para o cargo seria o gaúcho Beto Albuquerque, líder da bancada ruralista na Câmara dos Deputados,e lobista das empresas de fumo, armas e transgênicos, que concorreu como vice de Marina, que se declarou herdeira da Campos e viúva.

Leia abaixo a íntegra da carta aberta:

Mensagem aos militantes do PSB e ao povo brasileiro

A luta interna no PSB, latente há algum tempo e agora aberta, tem como cerne a definição do país que queremos e, por consequência, do Partido que queremos. A querela em torno da nova Executiva e o método patriarcal de escolha de seu próximo presidente são pretextos para sombrear as questões essenciais. Tampouco estão em jogo nossas críticas, seja ao governo Dilma, seja ao PT, seja à atrasada dicotomia PT-PSDB – denunciada, na campanha, por Eduardo e Marina como do puro e exclusivo interesse das forças que de fato dominam o país e decidem o poder.

Ao aliar-se acriticamente à candidatura Aécio Neves, o bloco que hoje controla o partido, porém, renega compromissos programáticos e estatutários, suspende o debate sobre o futuro do Brasil, joga no lixo o legado de seus fundadores – entre os quais me incluo – e menospreza o árduo esforço de construção de uma resistência de esquerda, socialista e democrática.

Esse caminhar tortuoso contradiz a oposição que o Partido sustentou ao longo do período de políticas neoliberais e desconhece sua própria contribuição nos últimos anos, quando, sob os governos Lula dirigiu de forma renovadora a política de ciência e tecnologia do Brasil e, na administração Dilma Rousseff, ocupou o Ministério da Integração Nacional.

Ao aliar-se à candidatura Aécio Neves, o PSB traiu a luta de Eduardo Campos, encampada após sua morte por Marina Silva, no sentido de enriquecer o debate programático pondo em xeque a nociva e artificial polarização entre PT e PSDB. A sociedade brasileira, ampla e multifacetada, não cabe nestas duas agremiações. Por isso mesmo e, coerentemente, votei, na companhia honrosa de Luiza Erundina, Lídice da Mata, Antonio Carlos Valadares, Glauber Braga, Joilson Cardoso, Kátia Born e Bruno da Mata, a favor da liberação dos militantes.

Como honrar o legado do PSB optando pelo polo mais atrasado? Em momento crucial para o futuro do país, o debate interno do PSB restringiu-se à disputa rastaquera dos que buscam sinecuras e recompensas nos desvãos do Estado. Nas ante-salas de nossa sede em Brasília já se escolhem os ministros que o PSB ocuparia num eventual governo tucano. A tragédia do PT e de outros partidos a caminho da descaracterização ideológica não serviu de lição: nenhuma agremiação política pode prescindir da primazia do debate programático sério e aprofundado. Quem não aprende com a História condena-se a errar seguidamente.

Estamos em face de uma das fontes da crise brasileira: a visão pobre, míope, curta, dos processos históricos, visão na qual o acessório toma a vez do principal, o episódico substitui o estrutural, as miragens tomam o lugar da realidade. Diante da floresta, o medíocre contempla uma ou outra árvore. Perde a noção do rumo histórico.

Ao menosprezar seu próprio trajeto, ao ignorar as lições de seus fundadores – entre eles João Mangabeira, Antônio Houaiss, Jamil Haddad e Miguel Arraes –, o PSB renunciou à posição que lhe cabia na construção do socialismo do século XXI, o socialismo democrático, optando pela covarde rendição ao statu quo. Renunciou à luta pelas reformas que podem conduzir a sociedade a um patamar condizente com suas legítimas aspirações.

Qual o papel de um partido socialista no Brasil de hoje? Não será o de promover a conciliação com o capital em detrimento do trabalho; não será o de aceitar a pobreza e a exploração do homem pelo homem como fenômeno natural e irrecorrível; não será o de desaparelhar o Estado em favor do grande capital, nem renunciar à soberania e subordinar-se ao capital financeiro que construiu a crise de 2008 e construirá tantas outras quantas sejam necessárias à expansão do seu domínio, movendo mesmo guerras odientas para atender aos insaciáveis interesses monopolísticos.

O papel de um partido socialista no Brasil de hoje é o de impulsionar a redistribuição da riqueza, alargando as políticas sociais e promovendo a reforma agrária em larga escala; é o de proteger o patrimônio natural e cultural; é o de combater todas as formas de atentado à dignidade humana; é o de extinguir as desigualdades espaciais do desenvolvimento; é o de alargar as chances para uma juventude prenhe de aspirações; é o de garantir a segurança do cidadão, em particular aquele em situação de risco; é o de assegurar, através de tecnologias avançadas, a defesa militar contra a ganância estrangeira; é o de promover a aproximação com nossos vizinhos latino-americanos e africanos; é o de prover as possibilidades de escolher soberanamente suas parcerias internacionais. É o de aprofundar a democracia.

Como presidente do PSB, procurei manter-me equidistante das disputas, embora minha opção fosse publicamente conhecida. Assumi a Presidência do Partido no grave momento que se sucedeu à tragédia que nos levou Eduardo Campos; conduzi o Partido durante a honrada campanha de Marina Silva. Anunciados os números do primeiro turno, ouvi, como magistrado, todas as correntes e dirigi até o final a reunião da Comissão Executiva que escolheu o suicídio político-ideológico.

Recebi com bons modos a visita do candidato escolhido pela nova maioria. Cumprido o papel a que as circunstâncias me constrangeram, sinto-me livre para lutar pelo Brasil com o qual os brasileiros sonhamos, convencido de que o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff é, neste momento, a única alternativa para a esquerda socialista e democrática. Sem declinar das nossas diferenças, que nos colocaram em campanhas distintas no primeiro turno, o apoio a Dilma representa mais avanços e menos retrocessos, ou seja, é, nas atuais circunstâncias, a que mais contribui na direção do resgate de dívidas históricas com seu próprio povo, como também de sua inserção tão autônoma quanto possível no cenário global.

Denunciamos a estreiteza do maniqueísmo PT-PSBD, oferecemos nossa alternativa e fomos derrotados: prevaleceu a dicotomia, e diante dela cumpre optar. E a opção é clara para quem se mantém fiel aos princípios e à trajetória do PSB.
O Brasil não pode retroagir.

Convido todos, dentro e fora do PSB, a atuar comigo em defesa da sociedade brasileira, para integrar esse histórico movimento em defesa de um país desenvolvido, democrático e soberano.

Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2014.

Roberto Amaral

Breve história da fome de Marina e a receita do ovo

Hélio Melo, Floresta do Alumbramento
Hélio Melo, Floresta do Alumbramento

A cronologia da vida de Marina Silva muda tanto quanto as suas opiniões.

Marina nasceu em Rio Branco em 8 de fevereiro de 1958.

“Em 1967, a família deixou o seringal em Bagaço para ir a Manaus abrir uma taberna, mas durou pouco tempo. Cinco meses depois, eles foram a Santa Maria no Pará, onde a situação era ainda pior. Em 1969, a família voltou para o seringal com a passagem paga pelo ex-patrão do pai de Marina. Aos 10 anos, Marina Silva começou a trabalhar no seringal para pagar a dívida que a família contraiu com o patrão”, registra Wikipédia.

Entre os 8 e 10 anos de idade, aconteceu a história do ovo, que se tornou peça emocional da campanha a presidente.

Fome é fome. Não importa quanto tempo dure. Marca, dolorosamente, a vida de qualquer pessoa

A fome de Marina Silva

Marina abonou o seringal aos 15 anos. Voltou para matar a fome de votos (T.A.)
Marina abandonou o seringal aos 15 anos de idade. Voltou para matar a fome de votos (T.A.)

 

por Kiko Nogueira:

O vídeo de um comício de Marina Silva em Fortaleza viralizou. O mote era sua defesa do Bolsa Família, programa que não será desativado em seu eventual governo.

Diz ela, emocionada:

”Eu sei o que é passar fome. Eu sei o que foi um sábado de aleluia em 1968. Tudo que minha mãe tinha, para oito filhos, era um ovo e um pouco de farinha e sal. Meu pai, minha mãe, minha avó, minha tia olhavam para aqueles oito irmãos. Eu me lembro de ter perguntado pro meu pai e minha mãe: ‘vocês não vão comer?’ Minha mãe respondeu: ‘nós não estamos com fome’. Uma criança acreditou naquilo. Quem viveu esta experiência, jamais acabará com o Bolsa Família. Não é um discurso, é uma vida. O compromisso não está escrito em um papel que depois eles rasgam e esquecem. Está escrito sabe aonde? Na carne deste corpo magro”.
É um testemunho contundente. Ela interrompe sua fala por causa das lágrimas. Há quem, compreensivelmente, chore ao ouvi-la.

Mas essa passagem da vida de Marina adquiriu um tamanho inédito apenas recentemente.

Uma biografia de 2010 acaba de ser relançada. “Marina, a vida por uma causa” foi escrita pela jornalista Marília de Camargo César, que ouviu familiares, amigos e pessoas próximas de Marina ao longo de meses — além, é claro, da própria MS.

A palavra “fome” aparece dez vezes em mais de 260 páginas. Em nenhum momento referindo-se ao que ela disse no Ceará.

Ela conta da influência da avó paterna, Júlia, com quem morou no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco: “Na Semana Santa, não se comia carne nem nada que tivesse açúcar. Minha avó fazia mungunzá sem açúcar, arroz-doce sem açúcar. Deve ser uma tradição vinda do Ceará”.

Marina, segundo aprendemos, era muito querida pela avó. Arnóbio Marques, ex-governador do Acre, que a conhece “há uns duzentos anos”, aparece dizendo: “É a única pobre mimada que conheço”.

Marina tinha 10 anos quando do almoço mencionado no palanque. Há um testemunho da época no livro:

“Desde uns dez anos de idade, eu acordava todo dia por volta de quatro da manhã para preparar a comida que meu pai levava para a estrada da seringa. (…) Todo dia preparava farofa. Às vezes com carne, mas quase sempre com ovo e um pouquinho de cebola de palha, acompanhada de macaxeira frita. Aí botava dentro de uma lata vazia de manteiga, com tampa. Manteiga era comprada só quando minha mãe ganhava bebê. Meu pai encomendava no barracão — o entreposto de mercadorias mantido pelo dono do seringal — uma lata, pra fazer caldo d’água durante o período de resguardo. Por incrível que pareça, a manteiga vinha da Europa para as casas aviadoras de Manaus e Belém e dali chegava aos seringais do Acre.A lata era uma coisa preciosa. De bom tamanho, muito útil, tinha tampa e desenhos lindos e elegantes”.

Num outro trecho sobre a infância:

“Minhas irmãs também faziam as mesmas coisas que eu. As outras crianças, filhas de meus tios, do vizinho do lado, também iam pro roçado, iam buscar água no igarapé, varrer o terreiro, ajudavam a plantar arroz, milho e feijão. O pai à frente, cavando as covas, e elas colocando a sementinha nas covas. Você não tinha nenhum instrumento para ver uma realidade oposta àquela, para dizer: por que os filhos do fulano de tal ficam só brincando e nós, aqui, trabalhando? Não existia isso. Havia até um prazer de poder ajudar nossos pais a diminuir o fardo deles”.
Não se coloca em dúvida que Marina enfrentou enormes atribulações e é dona, sim, uma trajetória notável. A ex-seringueira acreana adquiriu malária cinco vezes, alfabetizou-se aos 16, chegou a senadora e ministra e concorre à presidência. Uma vencedora.

Mas a cartada da fome é típica de um populismo que, esperava-se, passaria longe da “nova política”. Quando ditou suas memórias, aquele sábado dramático, portinariano, não mereceu qualquer evocação. Hoje, talvez por insistência dos marqueteiros, a cena virou o filme.

É difícil competir com isso. Aécio, moço bem criado, não tem o que oferecer nesse quesito. Dilma poderia apelar para o câncer ao qual sobreviveu para provocar a empatia da superação.

Se o fizesse, porém, a candidata do PSB provavelmente estaria pronta para acusá-la de demagogia.

A revelação em Fortaleza é mais uma faceta de um personagem surpreendente, cuja história não vai parar de ganhar novos capítulos e ser reescrita. Pelo menos até o fim das eleições.

A vida farta no seringal 

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por Altino Machado

 

A agricultora Maria Deuzimar da Silva Vieira, 59 anos, irmã mais velha da presidenciável Marina Silva, 56, é casada, mãe de quatro filhos e avó de sete netos. Ela mora na colônia Vista Alegre, de 96 hectares, a 17 quilômetros da margem da BR-364, numa área que fazia parte do antigo seringal Bagaço, onde Marina nasceu.

Na Amazônia, mulheres não costumavam cortar seringa. Deuzimar, Marina e Lúcia tiveram que aprender a produzir borracha para ajudar Pedro Augusto, o pai delas.

Vida no seringal – A gente vivia no antigo seringal Bagaço, local bem difícil. Não tinha rodagem e a gente sobrevivia de cortar seringa e de quebrar castanha. A produção era transportada no lombo de animais. Da nossa colocação até à sede do seringal, na beira do Rio Acre, a viagem chegava a demorar três dias dentro da mata. A gente entregava a produção para o patrão e recebia em troca o aviamento para continuar vivendo e produzindo mais borracha e castanha. Apesar de ser difícil, a gente achava bom. A gente era feliz. Cortei seringa dos 14 aos 19 anos junto com minha irmãs.[Deuzimar, começou cortar aos 14, Marina aos 10 anos] Não era comum mulheres no corte de seringa. Por isso, no Acre, existe gente que até duvida quando lê que Marina foi seringueira. Acontece que meu pai recebeu carta de um parente dizendo que a vida era melhor em Manaus e ele mudou para lá com a família quando éramos crianças. Meu pai passou a trabalhar como vigia, a cavar poços e a fazer outros serviços pesados pra conseguir sustentar a família em Manaus. A vida ficou mais difícil do que no seringal. Outro parente escreveu dizendo que a vida em Belém era melhor e mudamos para lá. A vida continuou difícil e meu pai decidiu voltar para o Acre depois de três anos. Mas ele não tinha dinheiro pra pagar as passagens de navio. Nosso ex-patrão pagou as passagens e nós voltamos pro seringal Bagaço com uma dívida enorme. Todo mundo dizia que a gente nunca ia conseguir pagar. Foi quando minha mãe, Maria Augusta, convenceu meu pai, Pedro Augusto, a ensinar a mim, Marina e Lúcia a cortar seringa. Marina começou no corte de seringa com dez anos. Meu pai produzia uma pela de borracha por semana. Com a ajuda das filhas, passamos a produzir três pelas de borracha por semana e meu pai logo conseguiu pagar a dívida. Nós passamos a ser consideradas fenômenos na região. “O Pedro Augustinho tem três filhas que cortam seringa. Pois não é que eles pagaram a conta cortando!”, diziam as pessoas com admiração. Uma coisa é ser filha de seringueiro, mas nós pegamos em facas para o corte da seringa. Meus pais tiveram onze filhos, mas três morreram. Estão vivos sete mulheres e um homem.

Um ovo para alimentar sete filhos – Eu vi minha mãe alimentar sete crianças com um único ovo. Alguém até já me perguntou a receita. É muito fácil: pega uma panela, põe no fogo com um litro de água, adiciona um pouco de sal, um pouco de óleo ou banha, umas palhinhas de cebola, quebra o ovo dentro quando a água estiver fervendo, depois despeja o caldo numa bacia com farinha e mistura. Está pronto o pirão com que nossa mãe chegou a alimentar sete filhos.

No seringal a gente vivia farto. Antes de sair do Bagaço, a nossa família nunca tinha passado fome. A vida de seringueiro era difícil, mas todo dia a gente tinha o que comer.

A história dos seringueiros é pouco conhecida

 

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Blogue Couro Vegetal/ Amazônia

 

Coronéis de Barranco
Com o início da demanda do mundo industrializado pela borracha, os empresários “Seringalistas”, ou “Coronéis de Barranco” estabeleceram na Amazônia um sistema de semi-escravidão capitalista: Eles obrigaram grande parte da população indígena de forma violenta a trabalhar para eles, transformando-os em “caboclos seringueiros”. Os trabalhadores nordestinos, que vieram na Amazônia em busca de emprego, caíram logo na dependência econômica dos Seringalistas e se tornaram os “seringueiros nordestinos”.

Concorrência internacional
Os ingleses logo descobriram o potencial econômico da borracha, e no ano 1876, um Inglês chamado Henry Wickham levou sementes de seringa da Amazônia para Inglaterra. Foram formados os seringais de cultivo na Malásia, e a produção estrangeira superou logo a produção Brasileira.

Soldados da borracha
Houve um segundo surto da borracha no Brasil durante a segunda guerra mundial, quando aumentou a demanda pela borracha e os brasileiros sujeitos ao serviço militar tinham que escolher entre lutar na guerra ou trabalhar como seringueiro na Amazônia. Estes “Soldados da Borracha” nunca conseguiram voltar para a terra deles, porque nunca foram pagos pelos Seringalistas.
Com o falecimento dos Seringalistas, devido á concorrência internacional, os Seringueiros ficaram entregues á própria sorte. Até hoje eles sobrevivem cultivando, caçando e vendendo borracha por um preço muito baixo.

Guardiões da floresta
A partir de de 1970 chegaram os fazendeiros na Amazônia, expulsando os Seringueiros, derrubando a floresta e assim iniciando os conflitos de terra. Sob esta ameaça, os seringueiros começaram a se unir em cooperativas e sindicatos, e surgiram as grandes lideranças dos seringueiros como Chico Mendes, assassinado em 1988 pelos fazendeiros Darly e Darcy Alves da Silva.

Assassino de Chico Mendes
[Hoje, um irmão dos assassinos de Chico Mendes apóia Marina Silva para presidente. O vice-governador do Acre, César Messias, latifundiário, que já presidiu a Assembléia Legislativa, é outro que apóia Marina.

Vice= governador César Messias, responde processo por sonegação
Marina Silva em campanha presidencial no Acre, com o vice= governador César Messias, que responde processo por sonegação

O marido de Marina era secretário adjunto de Desenvolvimento de Floresta, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis. Cuidava do envio de emigrantes haitianos e senegaleses para São Paulo. Daí a briga com o governador Geraldo Alckmin, comprada por Marina Silva. Vide links Haiti e Senegal]

 

Museu do seringal

O candidato a vice-presidente é uma nova Marina ou Marina é um novo Beto Albuquerque?

Nani
Nani

 

Aumentam ou ficam reveladas, cada vez mais, as relações perigosas de Marina Silva, como duplo de Neca, com banqueiros e investidores internacionais. Que facilitam, em termos ideológicos e programa de governo, os apoios dos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor.  Das viúvas dos presidentes Castelo Branco, Costa e Silva, Triunvirato Militar, Médici, Geisel e Figueiredo. E, no provável segundo turno, dos herdeiros dos presidentes Itamar Franco e Tancredo Neves.

São apoios inacreditáveis, tanto como ter como vice Beto Albuquerque, um duplo de Ana Amélia Lemos e Kátia Abreu, da bancada ruralista.

A campanha de Marina bem demonstra que George Soros e banqueiros associados, os beneficiados com os leilões das estatais, e com a criação das agência reguladoras, as prostitutas respeitosas, jamais vão desistir do Brasil.

Para quem acredita o contrário, pergunto: os grupos econômicos (multinacionais) e políticos (direita e extra-direita) votam em Dilma, a ex-guerrilheira?

 

ARROMBADORA DE COFRE

 

Quem é Beto Albuquerque. apenas conhecido no RGS?

Escreve Luciano Martins Costa: O mercado está convencido de que uma eventual presidente Marina Silva não seria a mesma Marina Silva que construiu sua carreira no movimento ambientalista e que, isolada num partido que é o contrário de suas pregações, seria facilmente engolida pelo sistema que pretende transformar. Essa avaliação vem sendo divulgada intensamente por corretoras e até gerentes de bancos, com base em declarações da economista-chefe da consultoria Rosenberg Associados, Thaís Zara.

Para o mercado, segundo essa análise, Aécio e Marina são igualmente confiáveis. A presença na chapa do PSB do deputado gaúcho Beto Albuquerque, como candidato a vice-presidente, é vista como uma garantia de que Marina não apenas será domesticada pelo mercado, como ficará mais vulnerável à ação do lobby de empresas que atualmente abomina, como as gigantes do setor de agrotóxicos e a indústria de cigarros.

Dormindo com o inimigo

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Beto Albuquerque não é apenas simpatizante desses setores: sua carreira tem sido financiada por produtores de fumo e pela Monsanto, multinacional que é o avesso de tudo que Marina Silva representa. Além isso, ele é um dos articuladores de projetos que pretendem transferir para o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas dos estados a prerrogativa de delimitar as terras indígenas, assunto que interessa ao agronegócio mais predador. (Transcrevi trechos)

 

Partido de Aluguel. O condomínio está em polvorosa

marina-de-troia

 

 

Analisa Gilmar Crestani: Por enquanto, balança mas ainda não cai.

A ambientalista da Natura & Itaú celebra casamento de conveniência com o representante do agronegócio que tem rima rica com agrotóxico. Hospedada no recém alugado PS(d)B, ve-se, pela Folha, que nem todos estão dispostos a fazer cafuné enquanto Marina embala seus sonhos na Rede estendida na nova varanda …

A dúvida é se no mundo sonhático da Marina a companhia de Jorge Bornhausen e Roberto Freire é pesadelo ou o novo na política.

Publica Ficha Corrida: Com base eleitoral no noroeste gaúcho, onde a agricultura sustenta a economia, ele defendeu interesses de cerealistas e empresas de celulose no Congresso.

Na eleição de 2010, companhias de sementes, beneficiadoras de grãos e empresas como a Celulose Riograndense e a Klabin compuseram metade das receitas do deputado gaúcho na campanha.

Suas últimas campanhas para deputado também receberam contribuições de uma empresa de defensivos agrícolas, de uma indústria de armas e de uma cervejaria.

O estatuto da Rede, de Marina, veda a arrecadação de doadores desses três ramos.

O deputado, ao mesmo tempo, também mantém vínculos com agricultores familiares do Estado. Albuquerque já foi duas vezes secretário de governos petistas no Rio Grande do Sul. Na última passagem, de 2011 a 2012, comandou a pasta da Infraestrutura e ajudou a criar a estatal de pedágios idealizada pelo governador Tarso Genro.

Deixou o cargo, se afastou do PT e ajudou Campos a ensaiar em 2013 uma aproximação com a senadora Ana Amélia Lemos, candidata do PP e ligada ao agronegócio.

 

Ministério inclui 91 empregadores cruéis na Lista Suja do Trabalho Escravo

Trabalho escravo no Brasil é apenas uma estatística mentirosa de criminosos impunes. Desenho  de Alfredo Martirema
Trabalho escravo no Brasil é apenas uma estatística de crimes impunes. Desenho de Alfredo Martirema

 

A escravidão é um crime hediondo. Um escravocrata rouba os corpos dos trabalhadores. Realiza todos os crimes. Deve ser punido severamente. Os nomes sebosos  dos donos das empresas deveriam ser incluídos na Lista Suja do Trabalho Escravo.

Os principais crimes que o escravocrata pratica: sequestro, tráfico humano, cárcere privado, trabalho forçado, tortura física, tortura psicológica, assédio sexual com estupro, latrocínio (morte com roubo do salário do trabalhador), entre outros.

Da Agéncia Brasil: O Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) atualizou a chamada Lista Suja do Trabalho Escravo, que contém os nomes de empregadores flagrados explorando mão de obra análoga à escravidão no Brasil. Na atualização, 91 empregadores foram incluídos e 48, excluídos. A relação passa a ter 609 infratores, entre pessoas físicas e jurídicas com atuação no meio rural e urbano

Com a atualização, o Pará lidera o número de infratores incluídos na Lista Suja, com 27% do total. Minas Gerais aparece em segundo, com 11% dos infratores da lista. Mato Grosso, com 9%, e Goiás, com 8%, também estão na lista. As atividades mais envolvidas com essa prática são a pecuária, com 40% do total, a produção florestal, com 25%, a agricultura, com 16% e a indústria da construção, com 7%.

Os critérios para incluir nomes na lista são determinados pela Portaria Interministerial 2/2011, que estabelece a inclusão do nome do infrator no cadastro após decisão administrativa relativa a auto de infração que tenha constatado a exploração de trabalho escravo. Já as exclusões são feitas após o pagamento das multas devidas e o monitoramento do infrator por dois anos, para verificar a não reincidência no crime.

Eis a lista dos criminosos (clique)

 

 

Urgência para lei antiterrorIsmo. PEC do trabalho escravo tramita no Congresso há 14 anos. Isso, sim, é a pior violência

O BRAZIL NÃO POSSUI UM CONCEITO DO QUE SEJA ESCRAVIDÃO. AS ELITES ESQUECEM: O TRABALHO ESCRAVO É UMA VIOLÊNCIA EXTREMA, O MAIS HEDIONDO CRIME. É CÁRCERE PRIVADO, TORTURA E LATROCÍNIO

Alex Falco escravo

Parece piada: os governantes, os políticos e os juristas brasileiros estão na dúvida do que seja escravidão. Isso motiva a não votação da PEC que elimina o trabalho escravo, que a Lei Áurea passou a não ter validade no Brasil republicano.

Que vergonha! Somente agora, na véspera do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, no dia 28  último, a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), criou um grupo de trabalho para discutir o conceito de trabalho escravo. A definição desse conceito será importante para dar andamento na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/1, conhecida como PEC do Trabalho Escravo.

A PEC altera a redação do Artigo 243 da Constituição Federal e permite a expropriação de terras onde houver exploração de trabalhadores. As terras seriam destinadas à reforma agrária ou a programas de habitação popular, sem indenização ao proprietário. Ela tramita no Congresso há 14 anos. Para José Guerra, coordenador da Conatrae, uma definição do que é trabalho escravo dribla a estratégia atual de parlamentares que não querem votar a matéria.

“A PEC está travada porque alguns setores muito bem representados no Congresso, como os ruralistas, por exemplo, não aceitam o conceito de trabalho escravo. Como ninguém em sã consciência vai à público dizer que é contra o combate ao trabalho escravo, eles inventam alguns subterfúgios. Um deles é que o conceito atual dá margem a interpretações exageradas”, explica.

O objetivo é criar um texto defendendo o conceito existente há anos sobre trabalho escravo e que, de acordo com Guerra, é um conceito respeitado internacionalmente. O texto será definido em algumas semanas e a expectativa é aprová-lo na próxima reunião da Conatrae, no final de fevereiro, e divulgá-lo, aproveitando a volta das atividades no Congresso Nacional.

O grupo será composto por representantes da Conatrae, do Ministério Público do Trabalho, da organização não governamental (ONG) Repórter Brasil, da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e do Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GPTEC).

O coordenador da Conatrae também defende o diálogo com a bancada ruralista no Congresso. Para ele, é importante mostrar que o setor também sai ganhando com a aprovação da PEC. “Ao aprovar leis mais fortes contra o trabalho escravo, a gente garante que o setor rural brasileiro não seja vítima de um ataque comercial de outro país que tenha como justificativa essa minoria que se utiliza de trabalho escravo”.

AS ELITES DO BRASIL TÊM O MESMO PENSAR DOS GOVERNANTES DA MAURITÂNIA E DO HAITI 
Fabio Magnasciutti
Fabio Magnasciutti

Em 20 de novembro, o Brasil recorda a memória de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra na luta pela libertação. Desde 1978, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial batizou a data como o Dia Nacional da Consciência Negra em substituição ao 13 de Maio, que é considerado como o Dia das Raças.

Para colaborar com a reflexão nesta data, a Pastoral Afro-brasileira da CNBB divulgou uma mensagem, na qual recorda os desafios e a luta contra a escravidão moderna, e em prol da cidadania dos afrodescendentes.

A seguir, a íntegra do texto:

20 de novembro: Dia da Consciência Negra

Aos poucos os eventos gaúchos atraíram a atenção da mídia nacional e de grupos negros de outros Estados, que também passaram a adotar o 20 de novembro. Finalmente, em 1978, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial adotou a data, batizando-a de Dia Nacional da Consciência Negra. Mais recentemente os poderes públicos abraçaram a ideia, dando origem ao feriado de amanhã, celebrado em muitas cidades do País.

Em uma dissertação de mestrado apresentada no programa de pós-graduação em história da PUC de Porto Alegre, o jornalista negro Deivison Moacir Cezar de Campos sugere que os rapazes do Palmares foram subversivos. Porque fizeram um contraponto ao discurso oficial do regime militar, que exaltava as igualdades proporcionadas pela democracia racial e via no debate sobre o tema um fator de distúrbio. “Eles buscavam o reconhecimento das diferenças étnicas e das condições desiguais de acesso à cidadania e a integração socioeconômica”, diz a tese. E mais: “Colocaram-se contra o oficialismo ao defenderem a substituição de 13 de Maio, o Dia das Raças, pelo 20 de Novembro, Dia do Negro; ao proporem uma revisão da historiografia; ao afirmarem um herói não reconhecido.”

Hoje, muitas conquistas das comunidades negras estão presentes em nossa sociedade. Existem desafios que vamos enfrentando com participação de grupos organizados ou não. A Pastoral Afro-brasileira, presente em todo o Brasil, celebra mas também está empenhada em enfrentar os desafios presentes no mundo.  A Escravidão hoje atinge 29 milhões de trabalhadores em todo o mundo. Um relatório recém-divulgado pela fundação Walk Free aponta que 29 milhões de pessoas no mundo ainda trabalham sob o regime de escravidão.

Para o cientista político Leonardo Sakamoto, que é coordenador da ONG Repórter Brasil e membro da Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, a escravidão ocorre quando a dignidade ou a liberdade são aviltadas. Condição degradante é aquela que rompe o limite da dignidade. São negadas a essas pessoas condições mínimas mais fundamentais, colocando em risco a saúde e a vida.

A Mauritânia ocupa o primeiro lugar do ranking de escravidão global, que analisou 162 países e leva em consideração o casamento infantil e os níveis de tráfico humano. Haiti, Paquistão e Índia vêm em seguida. No Brasil, 125 anos após a abolição da escravatura, milhares de pessoas ainda são submetidas a trabalhos em situação degradante. No entanto, há avanço na erradicação da prática. A primeira política de contenção do trabalho escravo é de 1995 e, de lá para cá, 45 mil pessoas foram libertadas de locais onde havia exploração desumana da mão de obra. Tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional para endurecer a lei. É a PEC do Trabalho Escravo e prevê o confisco de imóveis em que o trabalho escravo for encontrado e sua destinação para reforma agrária ou para o uso habitacional urbano.

Lucrativa, a escravidão moderna movimenta mais de US$ 32 bilhões, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Estimativas da OIT também apontam que há 5,5 milhões de crianças escravas no mundo.

Como muito bem falou o Papa João Paulo II, aos afro-americanos, em 1992, em Santo Domingo: “A estima e o cultivo dos vossos valores Afro-americanos, enriquecerão infalivelmente a Igreja.”

Em outras palavras, a novidade que a Igreja quer e merece é a inclusão em sua Ação Evangelizadora, das riquezas culturais e espirituais que emanam do Patrimônio africano e afro-descendente.

O processo de Cidadania do povo negro é uma dimensão essencial da vida e da Missão da Nossa Igreja Católica Apostólica Romana. A Igreja Católica no Brasil, fiel à missão de Jesus Cristo, está presente nesses importantes acontecimentos por meio de seus representantes e de suas orações. Exorta a todo o Povo de Deus a colocar-se a serviço da vida e da esperança, “acolher, com abertura de espírito as justas reivindicações de movimentos – indígenas, da consciência negra, das mulheres e outros – (…) e empenhar-se na defesa das diferenças culturais, com especial atenção às populações afro-brasileiras e indígenas” (CNBB, Doc. 65, nº 59).

Pastoral Afro-brasileira da CNBB

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200 mil brasileiros são vítimas da escravidão

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Sexta maior economia do mundo, o Brasil ainda está entre os cem países com os piores indicadores de trabalho escravo, segundo o primeiro Índice de Escravidão Global.

(BBC Brasil)

O Brasil ocupa o 94º lugar no índice de 162 países (com a Mauritânia no topo da lista, apontado como o pior caso). Trata-se da primeira edição do ranking, lançado pela Walk Free Foundation, ONG internacional que se coloca a missão de identificar países e empresas responsáveis pela escravidão moderna.

Um relatório que acompanha o índice elogia iniciativas do governo brasileiro contra o trabalho forçado, apesar do país ainda ter, segundo estimativas dos pesquisadores, cerca de 200 mil pessoas nesta condição.

Segundo o índice, 29 milhões de pessoas vivem em condição análoga à escravidão no mundo; são vítimas de trabalho forçado, tráfico humano, trabalho servil derivado de casamento ou dívida, exploração sexual e exploração infantil.

Nas Américas, Cuba (149º), Costa Rica (146º) e Panamá (145º) são os melhores colocados, à frente dos Estados Unidos (134º) e Canadá (144º), dois países destinos de tráfico humano. O Haiti ocupa o segundo pior lugar no ranking geral, sobretudo por causa da disseminada exploração de trabalho infantil.

O pesquisador-chefe do relatório, professor Kevin Bales, disse em nota que “leis existem, mas ainda faltam ferramentas, recursos e vontade política” para erradicar a escravidão moderna em muitas partes do mundo.

Brasil

No Brasil, o trabalho análogo à escravidão concentra-se sobretudo nas indústrias madeireira, carvoeira, de mineração, de construção civil e nas lavouras de cana, algodão e soja.

A exploração sexual, sobretudo o turismo sexual infantil no nordeste, também são campos sensíveis, segundo o relatório, que cita ainda a exploração da mão de obra de imigrantes bolivianos em oficinas de costura.

Através de informações compiladas de fontes diversas, os pesquisadores calcularam um percentual da população que vive nessas condições — foi assim que a ONG chegou à estimativa de que cerca de 200 mil brasileiros são vítimas da escravidão moderna. Apesar do quadro ainda preocupante, as ações do governo brasileiro contra o trabalho escravo são consideradas “exemplares”.

A ONG elogia ainda o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo e o Plano Nacional contra o Tráfico Humano, além da chamada “lista suja do trabalho escravo” do Ministério do Trabalho, que expõe empresas que usam mão de obra irregular.

O relatório recomenda a aprovação da PEC do trabalho escravo, em tramitação no Senado, que prevê a expropriação de propriedades que exploram trabalho forçado.

Recomenda ainda que a “lista suja do trabalho escravo” seja incorporada à lei e que as penas para quem for condenado por exploração sejam aumentadas.

Levantamento da Repórter Brasil revela os partidos e políticos que se beneficiaram com doações de empresas e pessoas incluídas na “lista suja” do trabalho escravo.

(Repórter Brasil)

A partir do cruzamento de dados do Cadastro de Empregadores flagrados com trabalho escravo, mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (mais conhecido como a “lista suja” do trabalho escravo) e as informações de doadores de campanhas eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral, organizadas pelo Portal Às Claras, a Repórter Brasil mapeou todos os candidatos e partidos beneficiados entre 2002 e 2012 por empresas e pessoas flagradas explorando trabalhadores em condições análogas à escravidão.

PTB e PMDB são os partidos que mais receberam dinheiro dos atuais integrantes da “lista suja” no período e o recém-criado PSD é o que mais recebeu dinheiro na eleição de 2012.

Ao todo, 77 empresas e empregadores flagrados explorando escravos que constam na lista atual fizeram doações a políticos, o que equivale a 16% dos 490 nomes. Eles movimentaram R$ 9,6 milhões em doações, em valores corrigidos pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O levantamento mostra que os quase R$ 10 milhões se distribuem entre 23 partidos políticos, considerando as doações feitas aos seus candidatos ou diretamente às agremiações, através de seus diretórios regionais.

Como a inclusão de um nome na “lista suja” demora em função do processo administrativo decorrente do flagrante, no qual quem foi autuado tem chance de se defender, e considerando que, em linhas gerais, as doações eleitorais são fruto de relações prolongadas e não pontuais, a Repórter Brasil incluiu mesmo doações feitas em pleitos anteriores à inclusão no cadastro. O levantamento informa as doações dos atuais integrantes da relação, e não de todos os que já passaram por ela.

Já o PMDB, segundo colocado entre os partidos que mais receberam de escravocratas, teve como beneficiárias 40 candidaturas ao longo dos dez anos estudados. O valor de R$ 1,9 milhão contribuiu para que 12 prefeitos, seis vereadores e três deputados federais fossem eleitos.

Somente o produtor rural José Essado Neto doou R$ 1,6 milhão ao partido, que o abrigou por três pleitos até alcançar o cargo de suplente de deputado estadual em Goiás em 2010, quando declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 4,3 milhões em bens. Ele entrou na “lista suja” do trabalho escravo em dezembro de 2012, depois de ser flagrado superexplorando 181 pessoas.

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Doações ocultas

No Brasil, a lei eleitoral exige que os candidatos prestem contas e deixem claro quem financiou suas campanhas. Deve ser discriminado, também, todo o montante que veio do próprio candidato – as chamadas “autodoações”.

Dos R$ 9,6 milhões gastos por escravocratas em campanhas eleitorais, R$ 2,3 milhões – ou quase um quarto do total – vieram de 19 pessoas nessa situação, ou seja, políticos flagrados com trabalho escravo que doaram a si mesmos.

O recurso, no entanto, dá margem para corrupção, permitindo que os pleiteantes a cargos eleitorais sejam financiados “por fora” e injetem o valor na campanha como se fosse proveniente do seu próprio bolso, ainda que não seja possível presumir que seja esse o caso dos políticos da relação.

Outro possível artifício para se ocultar a quais candidatos serão direcionadas os recursos é a doação aos diretórios partidários, como explica a reportagem de Sabrina Duran e Fabrício Muriana para o projeto Arquitetura da Gentrificação sobre a atuação da bancada empreiteira na Câmara dos Vereadores de São Paulo. Por meio dessa modalidade, os valores são distribuídos pelo partido ao candidato, sem que o próprio partido tenha de prestar contas e informar de quem recebeu o dinheiro. Os integrantes da “lista suja” do trabalho escravo usaram esse expediente em 36 ocasiões diferentes, totalizando R$ 1,3 milhão, valor cujo destino não é possível ser conhecido.

Escravocratas e ruralistas

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Entre os que têm defendido publicamente proprietários de empresas e fazendas flagradas explorando trabalhadores em condições análogas às de escravos no Congresso Nacional estão integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, a chamada Bancada Ruralista. Os integrantes de tal frente pertencem a partidos que estão entre os que mais receberam dinheiro de escravocratas.

A votação na Câmara dos Deputados da PEC do Trabalho Escravo, que determina o confisco de propriedades em que for flagrado trabalho escravo e seu encaminhamento para reforma agrária ou uso social, é um exemplo de como o interesse dos dois grupos muitas vezes converge. Dos seis deputados federais em exercício na época da aprovação da proposta na Casa que foram financiados por escravocratas, três se ausentaram da votação, conforme é possível ver no quadro ao lado. Três votaram pela aprovação.

Em outros casos, tais associações também ficam evidentes, como no processo de flexibilização da legislação ambiental com a reforma do Código Florestal. A mudança, que diminuiu a proteção às florestas nativas e foi aprovada em abril de 2012, teve apoio dos seis partidos que mais se beneficiaram com doações de escravocratas e que, juntos, receberam R$ 7,9 milhões, ou 82% do total.

Outras empresas

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Juan Hervas

O levantamento levou em consideração a “lista suja” do trabalho escravo tal qual sua última atualização, de 17 de setembro, o que exclui empresas que forçaram suas saídas da relação através de liminar na Justiça, como a MRV, e outras que devem entrar em atualização futura, como a OAS.

Nos dois últimos anos, a MRV foi flagrada em quatro ocasiões diferentes – em Americana (SP), Bauru (SP), Curitiba (PR) e Contagem (MG) – explorando trabalhadores em condições análogas às de escravos. A empresa é uma das maiores construtoras do Minha Casa, Minha Vida, programa do governo federal de moradias populares instituído em 2009. Nas eleições de 2010 e 2012, a construtora doou um total de R$ 4,8 milhões a candidatos e partidos políticos, em valores corrigidos pela inflação.

Já a OAS foi autuada no mês passado por escravizar 111 trabalhadores nas obras de ampliação do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Terceira empresa que mais fez doações a candidatos de cargos políticos entre 2002 e 2012, a empreiteira desembolsou R$ 146,6 milhões (valor corrigido pela inflação) no período. A OAS também faz parte do consórcio que venceu a licitação para a concessão do Aeroporto de Guarulhos à iniciativa privada no ano passado.

(Transcrito da Comissão Pastoral da Terra)

“Demasiada tierra para pocos indígenas”

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  “La carrera hacia el saqueo de los recursos naturales no renovables no conduce en ningún país al verdadero progreso. Normalmente sólo sirve para enriquecer a alguien, dejando que la deuda la paguen las futuras generaciones”
por Paolo Moiola

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La poderosa bancada ruralista intenta cambiar leyes para despojar a pueblos indígenas de sus territorios.

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La Constitución brasileña —en su artículo 231— reconoce a los pueblos indígenas, su organización social, costumbres, lenguas, creencias y tradiciones, y los derechos originarios sobre las tierras que tradicionalmente ocupan, correspondiendo al Estado demarcarlas, protegerlas y hacer que se respeten todos sus bienes. Sin embargo, dichos pueblos son víctimas de permanentes ataques desde el poder político y económico que buscan desplazarlos de sus territorios.

La población indígena en Brasil es de alrededor de 900,000 personas —pertenecientes a 305 grupos étnicos— de un total de más de 200 millones de habitantes. Para Carlo Zacquini, misionero italiano de la Orden de la Consolata que vive desde hace 48 años en el estado de Roraima, en el extremo norte, la situación es muy grave.

“Unos meses después de mi llegada a Brasil, era el 1 de mayo de 1965, en la desembocadura del río Apiaú, tuve la suerte de conocer a algunos indígenas que entonces eran llamados vaiká. Hoy sé que eran yanomami de la aldea Yõkositheri. Fue amor a primera vista. Más tarde tuve varios contactos siempre con el mismo grupo, hasta que [más adelante], tuve la oportunidad de comenzar a vivir entre los yanomami del río Catrimani. Poco a poco, mientras trataba de sobrevivir en ese lugar, muchas veces sin lo mínimo necesario, aprendí uno de sus idiomas y me puse a investigar su cultura”.

El hermano Zacquini habla de los indígenas como si fueran su familia. Y ciertamente lo son, hoy como ayer, cuando son objeto de ataques aún más vergonzosos que los del pasado por cuanto provienen de representantes del Congreso nacional que pertenecen a la poderosa bancada ruralista que intenta dejar sin efecto el alcance del capítulo correspondiente a los pueblos indígenas de la Constitución de 1988.

Uno de los casos más recientes y clamorosos es el proyecto de ley complementaria 227/2012, presentado por el diputado Homero Pereira —presidente de la bancada ruralista constituida por más de 230 legisladores entre deputados y senadores— que busca reglamentar el apartado 6 del artículo 231 de la Constitución. En particular, trata de someter las tierras indígenas al “interés público superior del Estado brasileño” anulando el derecho a la posesión y el uso exclusivo de los pueblos indígenas. Eso significaría justificar el latifundio y abrir las puertas a carreteras, oleoductos, centrales hidroeléctricas, ferrocarriles, minería, asentamientos humanos.

La propuesta de enmienda constitucional 215/2000 —presentada por el diputado Almir Sá— busca, por su parte, poner bajo el control del Congreso nacional, y por tanto de la bancada ruralista, la demarcación de las tierras indígenas, hasta ahora garantizada por la Constitución.

“Un pequeño número de ‘blancos’ —dice el hermano Zacquini— se ha apoderado de enormes extensiones de tierra y domina el gobierno nacional a través de ‘sus’ representantes. La vasta extensión del país, la confusión en la propiedad de la tierra y el poder económico han prevalecido sobre el sentido común y sobre la ley. Una ley que, si es favorable a los pueblos indígenas se  la cambia, como está sucediendo ahora. A fin de cuentas, se dice a modo de justificación, las leyes vigentes, quienes las han hecho —y por tanto quienes pueden modificarlas— no son los indígenas”.

Charge Bancada Ruralista

Territorios ambicionados
La bancada ruralista, llamada oficialmente Frente Parlamentario Agropecuario, sus poderosos patrocinadores —la Confederación Nacional de Agricultura, constituida por grandes propietarios agrícolas, grupos empresariales de la agroindustria y de la minería— y los medios de comunicación más influyentes, sostienen que 113 millones de hectáreas del territorio brasileño (13.3% del total, según datos de la organización no gubernamental Instituto Socioambiental) en manos de los pueblos indígenas son demasiados. “Demasiada tierra para pocos indígenas”, señalan.

Hay que decir —entre otras cosas— que a menudo se trata de una posesión teórica. Una parte considerable de las tierras indígenas es, de hecho, objeto de invasiones constantes y prolongadas por diversos actores: ganaderos, mineros, comerciantes de maderas preciosas, traficantes de la biodiversidad.

“¿Por qué, incluso en el caso de pueblos que han obtenido el reconocimiento de sus tierras, el gobierno no interviene con prontitud y eficiencia contra los invasores? De este modo se alimenta la mentalidad de que invadir tierras indígenas y destruir la naturaleza no representa un delito. Incentivadas por la impunidad, las invasiones se multiplican. Si los infractores fuesen los indígenas, muy rápidamente actuarían las fuerzas del orden para reprimirlos, incluso con violencia”, dice Zacquini.

El problema es que muchas veces ni siquiera el Estado respeta los territorios indígenas. Sucede, por ejemplo, con las megaobras previstas por el Programa de Aceleración del Crecimiento (PAC). Según la gubernamental Fundación Nacional del Indio (FUNAI), 201 obras del PAC afectan tierras indígenas. Las más impactantes son las centrales hidroeléctricas, en particular Jirau y Santo Antônio en el río Madeira (Rondônia), Teles Pires (Mato Grosso) y São Luiz (Pará) en el río Tapajós y la más grande de todas, la de Belo Monte en el río Xingú (Pará).

Obras devastadoras para el medio ambiente y para la existencia de decenas de pueblos indígenas, dan testimonio además de la falta de respeto al Convenio 169 sobre pueblos indígenas y tribales de la Organización Internacional del Trabajo, del cual Brasil es adherente.

Según el artículo 16 del Convenio, “los pueblos interesados no deberán ser trasladados de las tierras que ocupan. Cuando excepcionalmente el traslado y la reubicación de esos pueblos se consideren necesarios, sólo deberán efectuarse con su consentimiento, dado libremente y con pleno conocimiento de causa”. Su violación por parte del gobierno brasileño es patente.

“¿Por qué —se pregunta con razón el hermano Zacquini— cuando se piensa en el ‘progreso’, no se piensa casi nunca en las tierras de los latifundistas, a menudo sin cultivar, sino siempre y solamente en las indígenas?”. La afirmación se basa en números claros: en Brasil, cerca de 70,000 personas son propietarias de 228 millones de hectáreas de tierras improductivas, según datos del estatal Instituto Brasileño de Geografía y Estadística.

“Por tanto —concluye—, dadas las dimensiones continentales del país, no se puede decir [de buena fe] que, demarcadas las tierras indígenas, los demás habitantes no tendrán tierra donde vivir, trabajar y desarrollar todas las actividades posibles. Y, aparte de esto, se debe siempre recordar que los pueblos indígenas no devastan la naturaleza y los territorios como sí lo hacen los ‘avanzados’ y ‘cultos’ no indígenas”.

Ruralistas

Carrera hacia el saqueo


En Roraima, donde vive el hermano Zacquini, están el Territorio Indígena de los Yanomami y la Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, donde habitan varios pueblos: Makuxi, Vapichana, Ingarikó, entre otros. Ambos territorios tienen reconocimiento oficial, pero los problemas persisten.

“Son decenas las propuestas de ley presentadas por congresistas, varios de Roraima, para eliminar o reducir los derechos de los pueblos indígenas”, señala el misionero.

Por encima y por debajo de los territorios indígenas existen recursos naturales que son codiciados y por ellos muchos están dispuestos a todo, como testimonia el proyecto de ley 1610/96 —presentado por el senador Romero Jucá— que pretende abrir la explotación de minerales en tierras indígenas.

“¿Es necesario explotar estos recursos? ¿La destrucción del medio ambiente no causa más daño que toda la ayuda que los recursos podrían dar? Si se reconoce honestamente que estos recursos son necesarios, ¿no se debería dar prioridad al mismo tipo de recursos existente en tierras no indígenas? Por último, en el caso de la explotación de las tierras indígenas, lo menos que se debería hacer sería debatir la cuestión con los interesados directos y elaborar con ellos programas y actividades no extemporáneos, para preparar a la población y hacerla partícipe de los eventuales beneficios”, afirma Zacquini.

“La carrera hacia el saqueo de los recursos naturales no renovables no conduce en ningún país al verdadero progreso. Normalmente sólo sirve para enriquecer a alguien, dejando que la deuda la paguen las futuras generaciones”, concluye el misionero italiano. —Noticias Aliadas

questão florestal

Asesinato de líder campesino rememora represión dictatorial

indignados sem terra

IPS, Río de Janeiro

 

 

Según el MST, el gobierno actual no solo no consiguió resolver el problema de 150.000 familias acampadas a la vera de carreteras esperando tierras, sino que aumentó la concentración agraria, inclusive en manos de empresas de capital extranjero.

La ejecución de un dirigente del Movimiento Sin Tierra en una plantación de caña de azúcar en el sudoriental estado brasileño de Río de Janeiro, donde en los años 70 eran incinerados opositores a la dictadura, refresca un capítulo de la historia más trágica de este país. En el libro “Memorias de una guerra sucia”, el exagente de Departamento de Orden Político y Social, Cláudio Guerra, relata la incineración de 10 militantes de izquierda, para no dejar rastros, en el horno de la Usina Cambahyba, en Campos dos Goytacazes, un municipio del norte del estado de Río.

Ahora, 40 años después, el nombre de este complejo agrícola-industrial de siete haciendas de 3.500 hectáreas vuelve a estar vinculado a la represión de una voz molesta, pero en plena democracia.

Cícero Guedes, de 54 años, era un importante líder del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) que encabezó la ocupación de predios en la Usina Cambahyba que dio origen al campamento Luiz Maranhão.

“Era una figura muy simbólica, y con ello quisieron dar un mensaje muy fuerte al MST, que está organizando a los trabajadores por la tierra en la región”, dijo a IPS uno de sus dirigentes nacionales, Marcelo Durão.

“Estamos ante un enfrentamiento con las fuerzas opresoras de la región”, señaló tras recordar a Guedes como “un fuerte militante, coherente y muy centrado en la lucha por la tierra, y una referencia en la producción agroecológica”.

Para Marcos Pedlowski, profesor de la Universidad Estatal del Norte Fluminense que desde 1998 estudia allí la cuestión agraria, el asesinato “es claramente un intento por quebrar la organización y no es una disputa pequeña”. La figura de líder asesinado “concentraba la imagen de los esfuerzos de la lucha por la tierra”, agregó.

El dirigente del MST murió por el impacto de al menos 10 disparos tras caer en una emboscada la madrugada del 26 de este mes cerca del complejo industrial cañero. Volvía en bicicleta de una de las tantas reuniones para regularizar la situación de las 100 familias de campesinos del campamento.

La disputa por la tenencia de la tierra con grandes empresarios en esa región “se ha agravado por la morosidad en la tramitación de procesos judiciales que involucran inmuebles considerados improductivos y, por lo tanto, sujetos a expropiación para la reforma agraria”, observó la secretaria de Derechos Humanos de la Presidencia de Brasil, Maria do Rosário Nunes. El caso de Cambahyba es “ilustrativo”, añadió la funcionaria en un comunicado.

La autorización judicial de la expropiación de agosto de 2012, que permitirá dar continuidad efectiva al proceso, fue emitida 14 años después del dictamen del Instituto de Colonización y Reforma Agraria (Incra).

“El telón de fondo (del asesinato) es la lentitud de la justicia federal”, coincidió en entrevista con IPS el diputado estadual Marcelo Freixo, del Partido Socialismo y Libertad y presidente de la Comisión de Derechos Humanos de la Asamblea Legislativa de Río de Janeiro.

“Los latifundios de esa región de procesamiento de caña están en bancarrota, con deudas al Estado en un área de gran concentración de pobreza y sin tierra. Es donde el Incra tiene que garantizar la reforma agraria”, señaló.

Esos latifundios pertenecieron al ahora fallecido Heli Ribeiro Gomes, ex vicegobernador de Río de Janeiro, que pasaron a sus herederos.

En el mencionado libro, Guerra relata que se aprovechó de la amistad con Ribeiro Gomes para desaparecer los cuerpos de los militantes izquierdistas usando el ingenio.

La versión es “absurda”, según los familiares de Guerra, pero la historia no desmiente otros hechos tan macabros como ese, inclusive en la actualidad, como los asesinatos de Guedes y de otros activistas rurales que no tuvieron tanta repercusión.

“Nos dicen que fueron cremados 10 militantes. Pero podemos creer que fueron muchos más”, destacó Durão. La zona es famosa por la violencia histórica contra los trabajadores rurales de parte de familias azucareras y de sus “matones”.

Durão llamó la atención sobre la “brutalidad” del asesinato, de “forma premeditada” con unos cuatro disparos en la cabeza y seis en el lado izquierdo del tórax.

Freixo apuntó que “fue un asesinato grupal, una emboscada., y no se llevaron nada. Claramente fue una ejecución”.

El norte fluminense no ha cambiado mucho desde esos años de dictadura (1964-1985) ni de siglos anteriores, cuando la explotación de la caña de azúcar remitía a las primeras formas de esclavitud en Brasil. Al menos en lo que se refiere a temas esenciales como la propiedad de la tierra, la explotación humana y la violencia.

En 2009, un informe del Ministerio de Trabajo señaló a Campos dos Goytacazes como la región con el mayor número de casos de trabajadores en condiciones análogas a la esclavitud en pleno siglo XXI, precisó Freixo. No es de extrañar cuando se considera que ese territorio fue el último en abolir la esclavitud.

Pedlowski, autor del libro “Desmontando el latifundio. Saga de la reforma agraria en el norte fluminense”, destacó la concentración de la propiedad agraria, vinculada al monocultivo de caña y a la violencia.

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El coeficiente Gini, que mide la desigualdad y que va de cero a uno, ubica a Campos en 0.8 en la escala de concentración de la tierra, la mayor del estado de Río de Janeiro.

“Las familias que mandan en Campos son las mismas”, en una región que es “cuna tradicional de la extrema derecha, como (la organización católica hoy disuelta) Tradición, Familia y Propiedad”, y que incorporó los escándalos de corrupción política de los nuevos tiempos.

Guedes luchaba de modo ferviente contra los el uso de productos químicos tóxicos en la agricultura, además de combatir esa injusticia secular. Es que fue cortador de caña en el norteño de estado de Alagoas antes de unirse al MST en 1996 y conseguir su tierra en el asentamiento Zumbi dos Palmares.

Padre de cinco hijos, el campesino promovía una huerta agroecológica y era una referencia en las ferias de esos productos y en la coordinación local para el gubernamental Programa de Adquisición de Alimentos, que estimula la agricultura familiar para abastecer las meriendas escolares.

“Él no aprendía en la universidad. Los demás aprendíamos con él”, contó Pedlowski.

“Su vida giraba en torno del MST. Hacía muchos sacrificios para conseguir colectivos de comercialización en la producción. y no se satisfacía con tener garantizada su tierra. Iba al frente de las demás ocupaciones. Era su animador”, enfatizó.

“Eliminar a un líder expresivo como él muestra el grado de impunidad y de parálisis de la reforma agraria, especialmente tras la llegada al gobierno de Dilma (Rousseff)”, concluyó.

Según el MST, el gobierno actual no solo no consiguió resolver el problema de 150.000 familias acampadas a la vera de carreteras esperando tierras, sino que aumentó la concentración agraria, inclusive en manos de empresas de capital extranjero.

Un informe del Incra indica que en 2012 invirtió unos 1.050 millones de dólares y benefició a 23.000 familias en 117 asentamientos.

El año pasado, añade, el organismo consiguió que se decretara de interés social 31 inmuebles para fines de reforma agraria.

Novo Código Florestal na estrutura agrária brasileira

A legislação colocará as florestas e a biodiversidade do país no circuito da globalização financeira

 

por Gerson Teixeira

De um modo geral, os setores de esquerda “passaram batido” com a armadilha fundiária e territorial contida no Novo Código Florestal aprovado pelo Congresso, fruto das articulações de alguns setores ambientalistas e do capital financeiro, com a reverência da bancada ruralista.

Trata-se dos desdobramentos sobre a estrutura agrária, da institucionalização do comércio de florestas para fins de compensação dos passivos de reserva legal até 2008, e da utilização de áreas protegidas – área de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL) – no mercado de carbono, conforme os arts. 4º e 9º, da Lei de Mudanças Climáticas combinados com o art. 41, §4º, do novo código. Em ambos os casos visam-se os mercados interno e internacional.

A partir da Lei, bolsas de mercadorias e futuros, bolsas de valores e entidades de balcão organizado estão habilitadas a operar no mercado mobiliário títulos de carbono e cotas de reservas ambientais (CRAs) que colocam principalmente a floresta amazônica brasileira com suas terras e biodiversidade, no circuito da globalização financeira.

A legislação colocará as florestas e a biodiversidade do país no circuito da globalização financeira.

Essa opção de política ambiental via o concurso de instrumentos de mercado tem sido denunciada por entidades da sociedade civil por institucionalizar a possibilidade da mercantilização e financeirização do patrimônio natural do país. Bens comuns do povo brasileiro poderão ser oferecidos como alternativa rentista para o capital especulativo internacional.

Além disso, a efetividade desses instrumentos repercutirá no agravamento das gigantescas anomalias da estrutura fundiária do país. E essa derivação do novo código foi ignorada nos debates sobre a matéria até a presente data.

A demonstração dessa hipótese requer, antes, breve esclarecimento sobre esses novos “negócios verdes” que caíram como luva nas ideias da “economia verde”, defendida pelos países ricos na Rio+20.

Será possível, neste florescente comércio, eufemisticamente caracterizado como de prestação de serviços ecossistêmicos ou ambientais, ganhos financeiros cumulativos com operações com os dois títulos de crédito sobre uma mesma base física de negócio, isto é., sobre um mesmo imóvel rural. E parte correspondente dos títulos de carbono poderá estar sob o controle de uma empresa em Londres, e parte equivalente das cotas de reservas ambientais sob o controle de outra empresa na Ásia.

Estão elegíveis para o mercado de carbono as atividades de manutenção das APP, de Reserva Legal e de uso restrito, as quais, nos termos da nova legislação, configuram “adicionalidade” para fins do mercado de reduções de emissões certificadas de gases de efeito estufa.

As cotas de reservas ambientais serão lastreadas por área em regime de servidão ambiental; áreas excedentes às reservas legais; áreas de reserva particular do patrimônio natural; e áreas particulares localizadas no interior de unidade de conservação. Ademais, para compensar a agricultura familiar pelo recuo na dispensa reserva legal, prevista no primeiro relatório do código, a Lei autoriza a utilização dessas reservas no mercado de cotas ambientais. Significa que perto de 4,9 milhões de hectares de matas nativas da agricultura familiar poderão justificar a manutenção de área devastada de igual até 2008, pelas grandes propriedades.

Sem dúvidas, haveria formas mais aceitáveis para o legítimo estímulo de práticas sustentáveis pela agricultura familiar.

O fato é que essas novas possibilidades de negócios tendem a blindar o latifúndio improdutivo da desapropriação para fins sociais pela subversão, subjacente, do princípio constitucional da função social da propriedade exigido dos imóveis rurais, no caso.

Com efeito, latifúndios improdutivos serão transformados em fábricas de carbono e em repositórios de reserva legal, o que lhes assegurará função produtiva e virtuosismo ambiental. Suponha-se um latifúndio improdutivo na Amazônia de 50 mil hectares, com toda a floresta originária preservada. O seu titular, proprietário ou posseiro, poderá fazer excelentes negócios no mercado de carbono em cima de 40 mil hectares, e os outros 10 mil hectares serão transformados em 10 mil cotas de reserva ambiental para compensar os passivos de reservas de outros imóveis.

Pergunta-se: esse latifúndio poderá ser desapropriado? Obviamente não, pois, a área como um todo, ainda que sem gerar um emprego ou sem produzir

1 grama de alimento ou de qualquer outro bem tangível estará prestando “relevantes serviços ambientais”; portanto, cumprindo a função social. O seu titular, talvez um grileiro, terá um upgrade moral: guardião ambiental! Observe-se que o art. 50 da Lei dispõe sobre as hipóteses de cancelamento das cotas de reserva ambiental, entre as quais, não figura a desapropriação.

Enfim, nem mesmo as mais atentas lideranças da bancada ruralista contavam com “presentinho” de tal ordem, batalhado pelos chamados ambientalistas de mercado. Considere-se, ainda, o efeito na desorganização do mercado de terras. Os títulos em consideração, com direito reconhecido, terão na floresta lastro material. Como ficarão esses direito caso os titulares desses imóveis resolvam vendê-los? Ou não poderão fazê-lo?

Como vimos, por incluir a categoria “posseiros”, os instrumentos em apreço poderão servir para o “esquentamento da grilagem de terras” na Amazônia. Assim, é provável que num futuro próximo o IBGE finalmente informe sobre a posse e o uso dos milhões de hectares no Brasil, atualmente não registrados pelo nosso órgão de pesquisas geográficas.

Em suma, esse tema, de dimensão estratégica para o Brasil, tem sido ignorado nos debates do novo código florestal. A Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) articula aliados para um grande esforço político contra a efetividade de mais um golpe contra a reforma agrária no Brasil e contra a transformação do patrimônio natural do país em alternativa especulativa para o capital financeiro.

Golpe de brasileiros no Paraguai previsto pela revista Veja pressiona Dilma

Em fevereiro deste ano publicava a revista golpista:

Empresário brasileiro foi escolhido inimigo número um de sem-terra paraguaios

"Rei da Soja" e "Dono de Meio Paraguai", empresário brasileiro Tranquilo Favero, de 74 anos
“Rei da Soja” e “Dono de Meio Paraguai”, empresário brasileiro Tranquilo Favero, de 74 anos

“O nome de Favero está todos os dias no noticiário e nos discursos exaltados dos carperos  (campones). Ele foi eleito inimigo número um do movimento sem-terra e suas fazendas estão na rota das invasões. Cerca de 8 000 carperos avançaram sobre as terras dele, em Ñacunday, no Alto Paraná, leste do Paraguai”, denunciava a revista de Cachoeira:

“O grupo está acampado debaixo de uma linha de transmissão de energia elétrica e em cima de milhares de pés de soja, plantados na região desde 1970, quando Favero chegou ao Paraguai, atraído pela oportunidade de comprar terra fértil a preço baixo. Os sem-terra agora reinvindicam os terrenos como terra pública e acusam o empresário de não ter título de propriedade da área. ‘Todas as terras que tenho foram compradas de proprietários privados durante quarenta anos de trabalho, Não tenho um pedaço de terra sem o título de propriedade devidamente registrado’, afirma Favero”.

O discurso de Favero vale para todos os reis da soja, da cana de açúcar, do milho no Brasil:

“O Paraguai continua sendo um país de grandes oportunidades, com terras altamente férteis, clima agradável e pessoas trabalhadoras. Os dois últimos anos foram excelentes, com crescimento recorde. O Paraguai tem tudo para se consolidar numa posição de grande fornecedor de alimento mundial”.

 

 

Favero, “Dono de Meio Paraguaio”, óbvio, é um ferrenho inimigo da reforma agrária:

Veja: – Se as terras produtivas do Alto Paraná chegarem a cair nas mãos dos carperos, que destino o senhor acha que elas terão? 

Favero: – Não cogitamos essa possibilidade porque somos os legítimos donos das terras e não temos a intenção de vendê-las a ninguém nesse momento. Além disso, os carperos não têm condições de mantê-las, tanto pela carência de nível técnico quanto pela falta de recursos financeiros. Leia a entrevista .

Brasiguaios lutam pela terra
Quem são os brasileiros que plantam 90% da soja paraguaia e por que muitos temem os planos do novo presidente, Fernando Lugo

NICHOLAS VITAL, DE SAN ALBERTO (PARAGUAI)

Neguinho não tem do que reclamar da vida no Paraguai. Só neste ano, comprou três picapes zero-quilômetro com o dinheiro ganho com a venda dos grãos. Uma para ele e uma para cada um dos filhos. “Paguei só 1,2 mil sacas de soja por cada caminhonete. O mais caro foram as rodas personalizadas”, conta o produtor, aos risos. Pouco depois, mais sério, fala das vantagens de se trabalhar do lado de lá da fronteira. “Não planto mais sementes convencionais. Aqui no Paraguai só plantamos soja transgênica. É muito mais eficiente e rentável”, explica Neguinho, que exporta tudo o que colhe para os Estados Unidos.

E não são só os produtores que estão se dando bem por lá. Até os agrônomos brasileiros são maioria na região. É o caso de Volmar Malacarne, que mora em Foz do Iguaçu, mas presta consultoria para os brasiguaios desde 1990.Atualmente atende a 13 clientes, todos brasileiros, e diz que o mercado está aquecido. “Existem brasileiros atuando em todos os setores do agronegócio no Paraguai”, diz o especialista.

O Paraguai é atualmente o quarto maior exportador de soja do mundo. Apenas na safra 2007/ 2008, foram produzidos cerca de 6,8 milhões de toneladas, recorde histórico do País. Grande parte do crescimento econômico que o País registrou nos últimos cinco anos também deve-se ao aumento das exportações do grão. E tudo isso foi conquistado graças aos brasileiros que vivem e trabalham por lá, responsáveis por mais de 90% da soja produzida em solo paraguaio.

Ciente de que não vai ser nada fácil tirá-los de onde estão, Fernando Lugo já estuda uma nova saída. No dia de sua posse anunciou que pode adotar um novo imposto agrícola no Paraguai. Segundo ele, as taxas atuais são muito baixas, o que favorece o enriquecimento de poucos. Alheios às ameaças do presidente, os brasiguaios seguem trabalhando, e gerando cada vez mais receitas para o Paraguai. Leia mais.

Hoje a imprensa paraguaia destaca que os brasiguaios vão pressionar Dilma, assim como ameaçaram Lugo durante todo seu governo.

“Brasiguayos” brindan apoyo a Franco

Un grupo de productores brasiguayos brindó su apoyo al presidente Federico Franco en una reunión realizada este martes en Palacio de Gobierno. Ratificaron el envío de una delegación para hablar con autoridades de Brasil.

“Brasiguayos” tras la reunión con el presidente Federico Franco. / Andrés Cristaldo, ABC Color, hoy

Un grupo numeroso de productores brasiguayos -liderados por Aurio Fighetto- mantuvo un encuentro este martes con el mandatario Federico Franco, a cuyo gobierno brindó su apoyo.

Esperan que reine la seguridad para continuar trabajando con tranquilidad en el campo. El mandatario les garantizó el respeto de la propiedad privada.

Además, pidieron que se respete los planes de trabajo en el campo.

Según el anuncio del diario ABC Color, una comitiva de industriales, productores, empresarios y comerciantes brasiguayos, además de colonos, se dirigieron a Brasilia para reunirse con la presidenta de Brasil, Dilma Rousseff, con el objeto de que acepte el gobierno de Federico Franco.

Los brasiguayos serán acompañados por los parlamentarios del Mercosur Mirta Palacios, Alfonso González Núñez, Roberto Campos y Eric Salum.

Os brasiguaios são apoiados pelas bancadas ruralistas nos Congressos de Paraguai e do Brasil. É tudo uma coisa só. Uma mesma cobra de duas cabeças.