Quando morre uma celebridade da cultura de um país, a imprensa escrita dedica toda a primeira página.
Dou o exemplo da Espanha. Recentemente morreu Antoni Tàpies. Veja
A Espanha repetiu ontem o feito para homenagear outro nome consagrado.
Antonio Mingote.
Mingote, cartunista, escritor e jornalista.
Mingote lembra Millôr Fernandes, cartunista, escritor, jornalista, dramaturgo e poeta. Um dos maiores poetas da literatura mundial. Coisa que o Brasil desconhece. Tanto que os principais jornais apenas deram um chamadinha na primeira página, com ou sem o retrato de Millôr.
Este descaso é proposital, planejado.
Faz parte de um boicote, de um complô contra a Cultura brasileira. De uma política antinacionalista. De valorização de tudo que seja estrangeiro.
Perceba que o Brasil continua sendo a terra de apenas um romancista. Machado de Assis. Não tem mais ninguém.
Este um sozinho vale para as artes e as ciências.
Na arquitetura existe apenas Niemeyer. Será que ele vai ter uma capa inteira de algum jornal?
Na poesia, Augusto dos Anjos continua sendo o mais lido, e Castro Alves o mais conhecido.
Na pintura, Portinari.
Na música, Villa Lobos.
Na escultura, ninguém.
Filósofo? Nenhum.
O importante para a imprensa que estejam todos mortos. Escapa Niemeyer, pela consagração internacional.
Brasil é a terra dos juristas (Francisco Campos, que elaborou várias constituições ditatoriais) e dos economistas (Roberto Campos, Delfim Neto e alunos). Isso explica tudo. Inclusive a crise.