O pensamento único dos monopólios é a pior censura. A imprensa livre só é possível com a democratização dos meios

Na França, a extrema-direita quer tirar proveito da chacina da revista Charlie Hebdo.

Ex-companheira de redação dos jornalistas mortos, Caroline Fourest afirma, indignada: “Não têm porquê levar o caixão, quando se sabe quantos pregos eles tentaram empurrar quando Charlie estava `vivo”.

O mesmo acontece no Brasil, quando se pretende criticar o projeto de regulamentação da mídia, omitindo que os maiores inimigos da liberdade de imprensa são os monopólios da mídia. Que promovem a censura do pensamento único.

Rachel Sheherazade, jornalista do SBT, compara a Veja, uma revista da direita, com Charlie Hebdo, um veículo de esquerda. É muito cinismo de Sheherazade, versão cabocla da neofascista e racista Marine Le Pen.

Meme do blogue Homem Culto, que tem como lema "Não deixe que um professor comunista adote seu filho. Intervenção militar já"
Meme do blogue Homem Culto, que tem como lema “Não deixe que um professor comunista adote seu filho. Intervenção militar já”

 

Estranha comparação

por Maíra Streit, do Portal Fórum

O ataque à sede do periódico francês Charlie Hebdo, ocorrido na última quarta-feira (7), chocou o mundo. Ao todo, 12 pessoas morreram; entre elas, quatro dos mais brilhantes cartunistas da atualidade. A ação, classificada pelo governo do país como “terrorista”, teria sido motivada pelas sátiras religiosas publicadas pelo jornal, que desagradaram alguns muçulmanos ao fazerem referência ao profeta Maomé.

Muitos profissionais da imprensa manifestaram solidariedade e consternação diante do episódio. A jornalista Rachel Sheherazade, porém, aproveitou a ocasião para estabelecer uma estranha comparação.

Em comentário feito na rádio Jovem Pan e divulgado em seu blogue pessoal, a apresentadora do SBT Notícias afirmou que falta liberdade de imprensa no Brasil, fazendo uma associação entre o revolucionário Charlie Hebdo e a revista Veja. “Há poucos veículos resistentes e independentes. É o caso da revista Veja”, enfatizou, ao citar a matéria em que a publicação acusou os petistas Lula e Dilma Rousseff de terem conhecimento sobre casos de corrupção na Petrobras e por isso, segundo ela, a editora Abril teria sofrido retaliações. “No Brasil, o maior temor da imprensa livre não são os radicais islâmicos, mas os radicais da esquerda”.

Sheherazade não parou por aí. A jornalista, conhecida por suas opiniões conservadoras, disse que a presidenta Dilma não foi ‘coerente’ ao lamentar, em nota oficial, o ataque. “A mesma mandatária que defendeu a liberdade de expressão na França apóia um projeto de regulação da mídia no Brasil, que pode restringir a liberdade de expressão e até evoluir para uma futura censura dos meios de comunicação”, destacou.

Do lado oposto ao representado por Sheherazade, movimentos sociais defendem que a regulação econômica da mídia, anunciada pela presidenta, poderá pôr fim à concentração de poder da imprensa nas mãos de poucas famílias e, assim, garantirá mais diversidade de programação e uma real representatividade da população brasileira nos meios de comunicação.

 

Pour «Charlie», voir le Front serait un affront

 

Pour «Charlie», voir le Front serait un affront (DR)
Pour «Charlie», voir le Front serait un affront (DR)

por Matthieu ECOIFFIER et Laure EQUY / Libération

L’hebdo a toujours dénoncé le parti d’extrême droite, dont la présence à la manifestation fait polémique.

Le Front national présent dans la marche de dimanche au milieu des pancartes noires «Je suis Charlie» ? Une perspective impossible pour les auteurs et lecteurs de l’hebdo qui bouffe du facho depuis sa création. Mercredi, avant l’irruption des terroristes, «pendant la conférence de rédaction, on a eu un débat sur Houellebecq. Cabu a dit qu’il était révolté par ce livre qui sert la soupe au FN», confiait vendredi Laurent Léger en marge de la première réunion de l’équipe de Charlie Hebdo à Libé. Et ce journaliste d’investigation, rescapé de la tuerie, de rappeler que «le FN n’a jamais défendu les valeurs humanistes, de liberté et de solidarité de Charlie. Ce n’est pas un parti républicain. On a toujours été leur cible. Pour le FN, vouloir défiler dimanche c’est de la récup».«Chez nous, le FN n’est pas le bienvenu. Mais on ne fait pas le service d’ordre de la manif», lâche Gérard Biard, red-chef de Charlie.«On ne fait pas de politique», coupe Richard Malka, leur avocat. Le dessinateur Jul, appelle, lui, à «respecter la sphère de l’autre» : «Il y a le deuil des familles, des gens de Charlie, des amis, des lecteurs et ensuite de la France. Chacun à son niveau doit respecter la sphère de l’autre.»

«Pestiférés». Le politologue Jean-Yves Camus, spécialiste de l’extrême droite, sait bien que les dessinateurs tués à Charlie Hebdo mercredi «auraient été très opposés à une manif avec le Front». Lui veut bien marcher «à côté d’électeurs du FN qui auraient été vraiment touchés par ce qui s’est passé : il ne faut pas leur donner le signal qu’ils sont des pestiférés de la République», prévient le politologue, qui collabore de temps en temps à l’hebdo.

Autre compagne de route de Charlie Hebdo, Caroline Fourest s’indigne de la posture «victimaire» de Marine Le Pen : «Elle a tenté de faire de son caprice un martyr national au lendemain de la mort de mes camarades.» «Ils ne sont pas obligés de se battre pour porter le cercueil quand on sait combien de clous ils ont tenté d’y enfoncer quand Charlie était “en vie”», assène l’essayiste.

On serait curieux d’imaginer comment Cabu, Charb et leur bande caricatureraient le FN furieux de ne pas marcher avec les autres pour la liberté de la presse et la République. Un Jean-Marie Le Pen, gueule patibulaire et chemise brune, comme le croquait Cabu ? Et sa fille dessinée par Charb en merde fumante, comme sur cette une de 2012 portant le titre «la candidate qui vous ressemble» ? Affiche qui a valu un procès à l’hebdo. Certes, Marine Le Pen a dénoncé l’incendie des locaux de Charlie en 2011 – «une atteinte à la liberté de la presse» – et son père, en 2007, reconnaissait, à propos des caricatures de Mahomet, qu’on «ne [pouvait] pas condamner des gens qui usent de leur liberté».

«Gourde». Le Front national a l’humour sélectif, le parti ou ses filiales ayant porté plainte pour diffamation ou injure contre Charlie Hebdo à une dizaine de reprises au moins. L’ancien maire FN de Toulon, Jean-Marie Le Chevalier, a attaqué plusieurs fois le journal en justice, tout comme Mme et M. Mégret, piqués d’avoir été traités de «gourde» et de «petit rat», procès gagné par Charlie. En 1996, l’hebdo avait en revanche été condamné pour avoir qualifié Marie-Caroline Le Pen, la sœur de Marine, de «chienne de Buchenwald».

Charlie Hebdo, depuis sa création, s’amuse à mordre les chevilles des Le Pen et de leur clique. En 1998, le journal avait fait un bon coup en chipant au parti d’extrême droite, alors en pleine guerre entre Jean-Marie Le Pen et Bruno Mégret, la marque «Front national», en la déposant à l’Institut national de la propriété intellectuelle. Deux ans plus tôt, Cavanna, Val, Charb et les autres avaient lancé un appel à «dissoudre le Front national, cette ligue dont le but politique est de faire disparaître la République». La pétition avait recueilli plus de 17 300 signatures.
Rachel Sheherazade 1

Rachel Sheherazade 2

Não existe democracia com censura de programa eleitoral

jornalismo censura polícia

 

Tempo de Tv é para mostrar a realidade. Nada de esconder o passado de candidatos corruptos. O silêncio é conivência. É cumplicidade.

Campanha política é debate. Discutir propostas é discutir promessas. Promessa não é dívida. Ninguém abre falência ou perde votos por prometer. O povo vota em candidato ficha suja porque não conhece o passado do sujeito, ladrão todo!

Censura é coisa de ditadura. Não existe democracia quando um tribunal censura um candidato. E mais grave ainda, um candidato a presidente da República.

Lá em Minas Gerais, o Tribunal de Justiça do Estado prendeu o jornalista Marco Aurélio Carone para ele parar de denunciar os crimes de Aécio Neves. Carone continua acorrentado e amordaçada. Uma prisão arbitrária, injusta e cruel, a pedido dos irmãos Aécio e Andréa Neves.

O espancamento de jornalistas e o aprisionamento são mordaças. O Brasil é campeão mundial em censura judicial.

A morte é a solução final da censura.

 

TSE suspende anúncio de Dilma e diz que tempo na TV deve ter propostas

 

censura eleitoral juiz TRE

 

Maioria dos ministros decidiram que horário eleitoral gratuito deve ser propositivo, para a discussão de propostas, não para o ataque entre adversários

 

 

Jornal O Tempo – Por 4 votos a 3 os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram tirar do ar uma propaganda da presidente Dilma Rousseff (PT) em que o senador Aécio Neves (PSDB) é acusado de perseguir jornalistas que o criticavam quando estava à frente do governo de Minas Gerais.

De acordo com a maioria, o horário eleitoral gratuito deve propositivo, para a discussão de propostas, não para o ataque entre adversários. A decisão foi tomada numa representação apresentada pelo PSDB contra a campanha de Dilma.

Ao proclamar o resultado do julgamento, o presidente do TSE, Dias Toffoli, destacou que a corte estava mudando sua jurisprudência, uma vez que ataques nunca foram motivo para a suspensão de propagandas.

Por isso, a corte deverá começar a usar, a partir de agora, um critério mais rígido contra ataques, o que pode levar à suspensão de um maior número de propagandas no rádio e na televisão.

 

Sergei Tunin
Sergei Tunin

Portal Terra – Na quarta-feira (15), o programa de Dilma Rousseff na propaganda eleitoral na TV abordou um ponto sensível de Aécio Neves: a relação do tucano com a imprensa.

“Aécio perdeu as eleições em seu estado. Sabe por quê? Entre outras coisas, porque durante o seu governo, ele levou a imprensa mineira com mão de ferro, processando veículos e jornalistas críticos da sua administração”, anunciou o locutor do programa petista.

Eneida da Costa, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, fez um desabafo em tom de denúncia contra a mordaça em relação ao caso do aeroporto construído em terras de um tio de Aécio.

“Essa história todinha lá da questão do aeroporto de Cláudio, aqui dentro de Minas Gerais a gente tinha essa história. Nós sabíamos disso. Nós, os jornalistas. A gente nunca pôde publicar”, declarou a sindicalista.

Outro jornalista mineiro, Geraldo Elísio Lopes, surgiu na tela para reafirmar a acusação de censura: “Simplesmente castraram a liberdade de imprensa, fazendo com que Minas, durante doze anos, tivesse todos os atos negativos escondidos”.

Ao contabilizar doze anos, Lopes se referiu aos dois mandatos de Aécio Neves como governador e aos 4 anos da gestão de seu sucessor, o também peessedebista Antonio Anastasia, eleito senador no dia 5.

Os conflitos de Aécio Neves com a imprensa antecedem estas eleições. O político já tentou na Justiça a remoção de links em sites de buscas como Google, Yahoo e Bing, nos quais seu nome é associado ao uso de entorpecentes e irregularidades durante sua administração em Minas.

O presidenciável também tentou autorização judicial para obter dados cadastrais de usuários que, de acordo com sua argumentação, formariam uma rede de boatos a fim de prejudicar sua imagem e a candidatura à Presidência.

 

[Aécio Neves comprou jornais e mandou demitir e prender jornalistas. Entrou na justiça com centenas de pedidos de censura. Isso é perseguir. É querer esconder a verdade tendo, muitas vezes, juízes como parceiros. Veja links]

 

 

Pelegos sindicais boicotam passeata dos jornalistas vítimas do terrorismo policial em São Paulo

Os jornalistas livres realizam nesta segunda-feira um ATO PELO FIM DA VIOLÊNCIA EM SÃO PAULO. 

Giuliana Vallone
Giuliana Vallone

CONVOCAÇÃO

“Segunda feira, dia 28 de outubro, realizaremos um ato/intervenção contra as agressões da Polícia Militar aos jornalistas. A concentração do protesto será na Praça Rossevelt, centro de São Paulo, e partiremos para o prédio da Secretaria de Segurança Pública, localizado na Rua Líbero Badaró, 39.

Um Estado que ordena, permite ou é omisso às violências contra profissionais de imprensa é claro em suas intenções com as demais pessoas da sociedade: mais violência, censura, arbitrariedades. Desinformação.
A violência contra um jornalista é uma violência contra todos, aos que estão protestando e aos que assistem.
Apesar dos casos recentes de agressões descabidas da Polícia Militar a jornalistas, não é de hoje que sofremos com tal hábito. Sim, é recorrente. Claro que em um contexto, como o atual, onde protestos tornam-se mais frequentes e, consequentemente, ganham mais cobertura, esses casos são evidenciados.
Lamentamos viver e trabalhar em um país, e um Estado, onde o exercício da profissão seja tão perigoso, e que esse perigo seja oferecido, em grande parte, pelos governos. O Brasil é um país considerado democrático, embora em diversos momentos se pareça com um estado de exceção, trazendo às nossas mentes a lembrança de um passado bruto, obscuro e ainda tão recente em nossa história.
Basta! Basta de violência! Liberdade de imprensa e liberdade de protesto, por um Estado de Direito, pela DEMOCRACIA”.

Pedro Vedova
Pedro Vedova

BOICOTE

Para o mesmo dia e hora, em local diferente, pelegos sindicais pretendem DAR uma coletiva para a Imprensa.

“As direções do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Associação dos Repórteres Fotográficos de São Paulo (Arfoc/SP), Associação dos Jornalistas Veteranos no Estado de São Paulo (Ajaesp), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT/SP) realizam na próxima segunda-feira (dia 28), a partir das 15h30, coletiva à imprensa a se realizar no auditório Vladimir Herzog do SJSP (Rua Rego Freitas, 530 – sobreloja – F: 3217-6299)”.

policia bala perdida indignados

O VERDADEIRO PROTESTO

O ato, idealizado pelo jornalista Mario Palhares, tem o apoio dos mais consagrados jornalistas de São Paulo. Principalmente dos que foram presos, levaram cacetadas, e serviram de alvo para as balas de borracha da polícia de Alckmin, que faz pontaria nos olhos de fotógrafos e cinegrafistas.

Diz Palhares:  “Deixando claro, não sou dono de nada, criei o evento após consenso dos colegas em discussão no grupo de fotojornalistas. Infelizmente, as entidades de classe que deviam ter feito isso, não fizeram. Nada aqui é meu, é tudo nosso”.

É hora de união. De marchar juntos estudantes e professores de Comunicação, jornalistas on line, blogueiros, chargistas, todos os que trabalham nos meios de comunicação de massa. É uma marcha libertária e de confraternização com leitores da grande imprensa e jornais alternativos, telespectadores e radiouvintes.

É uma festa dos amantes da Liberdade. Dos escritores e poetas. Dos que defendem a livre expressão, inclusive nos meios artísticos.

Que o povo participe.

O verdadeiro jornalismo se faz na rua.

É uma idéia que deve ser levada a outros Estados, notadamente o Rio de Janeiro, contra a polícia de Sérgio Cabral, que tem lei ditatorial, exclusiva para prender manifestantes, como acontecia na ditadura militar.

Bala de borracha

SINDICALISMO DE PORTEIRA FECHADA

A coletiva dos sindicalistas pode ser na rua. É mais vibrante, mais autêntico, mais verdadeiro.

Quem apanha na rua, fale na rua.

Jornalista tem que gostar do cheiro da rua, do cheiro do povo. O verdadeiro jornalismo não se faz com ar condicionado.

Não sei o valor de uma TARDIA coletiva, que devia ter sido realizada em junho, no começo da explosão da fúria dos atiradores da polícia.

Por que uma reunião de porta fechada?

Divulgar o ‘furo’ da coletiva onde? Jornalista entrevistando jornalista, que chique! Que moleza! Que exibicionismo! Basta de demagogia!

Jornalismo se faz com coragem. E sonho.

Meu nome não é flor

Bulismo, por Sofia Mamalinga
Bulismo, por Sofia Mamalinga

Fui anticanditato a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco, inclusive, para denunciar os assédios moral, sexual, judicial, e o stalking policial que sofrem os profissionais que trabalham nos meios de comunicação de massa.

O jornalismo é uma profissão de risco no Brasil. É o primeiro país no ranking de censura judicial, e o quinto em assassinatos de jornalistas. Nas ruas, imperam as agressões da polícia (balas de borracha, gás lacrimogêneo, cacetadas). Nos gabinetes das autoridades, os jornalistas são humilhados. Começa pela espera em ser atendidos.

Nas redações, além do salário da fome e do medo, as torturas física e psicológica dos assédios sexual e moral.

Não venham dizer que uma dedada não seja uma tortura.  A bolinação não consentida é um crime tão grave quanto o estupro.

Tem ainda o bulismo sexual que começa nas escolas de jornalismo. Um grupo de jornalistas criou um blogue para denunciar o preconceito.

Escreve , que participa do projeto De Duas Uma:

“Nenhum projeto é fácil. Quase nenhuma etapa é tranquila e, muitas vezes, cada passo parece ser incerto. Mesmo assim, continuamos. Eu, você e mais algumas milhares de pessoas que lutam por alguma causa, seja ela um projeto de pesquisa sobre animais silvestres ou uma reportagem sobre aeronautas aposentados.

Por isso, acho que deve ser normal se sentir perdido ou frustrado. É claro que as coisas boas que ocorrem ao longo do caminho são animadoras e nos fazem seguir em frente. No caso de uma grande reportagem, uma entrevista pode iluminar todo o caminho e dar ideias incríveis. Pensando bem, eu diria que toda conversa com uma fonte é útil, sendo ela colaborativa para o conteúdo ou não. Nos faz dar um passo a frente ou refletir no que precisamos voltar e repensar.

Quando começamos com o projeto pra valer, meus sentimentos se misturavam. E continuam a se misturar. Ora nervosismo, ora impotência (quando terminava de ouvir a história de uma fonte e sentia pelo menos um terço de seu sofrimento). Aliás, talvez seja por isso que peço desculpas desde já se meus posts parecerem confusos. São devaneios e tentativas de expressar o que acontece dentro de mim ao longo desse período”.

Eis alguns relatos do blogue Meu Nome Não é Flor:

1 – “Estou cumprindo meus últimos dias de estágio. Pedi demissão essa semana por estar sendo assediada por um homem do meu trabalho. Ninguém sabe que esse é o real motivo da minha demissão, e prefiro que fique assim, no silêncio. Me sinto envergonhada.
Estou estudando jornalismo para ser jornalista e não preciso ouvir “elogios” sobre meus seios e minhas coxas.

Adorei a iniciativa da página, tenho certeza que muitas mulheres passam por isso!”

2 – “Sou jornalista, quando estagiária em uma TV, sofri assédio moral, quando editora de vídeo sofri discriminação por ser mulher, quando assistente de assessoria de imprensa sofri assédio moral mais uma vez, e por fim, quando Assessora de Comunicação sofri assédio sexual. Me demiti há cerca de 2 meses e tive minha carreira difamada em toda a cidade.
Como uma colega de profissão disse ‘…assédio sexual não é sobre sexo. É sobre poder.”

3 – A página se chama Meu nome não é flor porque é assim que os homens se referem às repórteres quando querem nos colocar no nosso lugar, ou seja, evitar que a gente faça perguntas mais duras.  Já fui chamada de flor muitas vezes. Nunca foi num tom carinhoso, simpático ou elegante. Não é um galanteio. É uma maneira de lembrar que somos mulheres e, portanto, temos que nos comportar de uma certa forma. Pelo menos na concepção de mundo dessas criaturas.

Censura judicial: pobre professora tem que pagar 2 milhões para Sarney

Toda censura uma só. Na ditadura militar de 64 era realizada por coronéis. Em nome da Tradição, da Família, da Propriedade. Vestiu toga ou farda, o desejo do censor sempre o mesmo: calar uma voz. A solução final da censura é a morte. Vários jornalistas foram torturados e trucidados nos porões da ditadura militar. O Brasil tem o terceiro lugar no ranking mundial de assassinatos de jornalistas no exercício da profissão. Tal classificação é mais danosa ao País do que a legalidade de certas condenações judiciais. Que o Brasil tem o primeiro lugar no ranking da censura.  (T.A.)

Julio Carrión Cueva
Julio Carrión Cueva

Repórter condenada a pagar Sarney tem conta bloqueada

Por Bruno Paes Manso

O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá determinou o bloqueio das contas da jornalista Alcinéa Cavalcante, condenada a pagar mais de R$ 2 milhões em indenização por danos morais ao senador José Sarney (PMDB-AP). A condenação já transitou em julgado e o processo se encontra atualmente na fase de execução. Alcinéa é colaboradora do Estado no Amapá.

Como Alcinéa não tem bens em seu nome, a Justiça determinou o bloqueio de sua conta corrente. A jornalista precisou juntar seus contracheques para provar que sobrevive somente de sua aposentadoria como professora, de pouco mais de R$ 5 mil. “A lei não permite bloqueio de salário e esse é o único rendimento da jornalista. Ela vai ficar com o nome sujo e proibida de comprar qualquer coisa em seu nome”, afirmou o advogado Ruben Benerguy, que passou a defender Alcinéa na fase de execução do processo.

A jornalista foi condenada por causa de uma nota publicada em seu blog (www.alcinea.com) nas eleições de 2006. Na ocasião, ela mandou fazer um adesivo com os dizeres: “o carro que mais parece comigo é o camburão da polícia” e pediu aos leitores que dissessem qual político deveria receber o adesivo. Vários deles, com nome ligado a escândalos, foram citados. Incluído na lista, Sarney decidiu processar a jornalista.

Alcinéa noticiava o processo em seu blog. A cada nova nota, recebia outro processo. Recorreu nos dois primeiros, mas foram outros 20 processos que determinaram sua condenação. “Acabei perdendo o prazo de recorrer e fui julgada à revelia. Não tinha dinheiro para pagar advogados”, explica a jornalista.

Sem comentários

No Amapá, os principais jornais e concessões de rádio e TV são ligados a políticos. Por isso, blogs e Twitter costumam ser os meios de acesso a notícias com isenção e imparcialidade. Os jornalistas, no entanto, são processados com frequência e acabam tendo de arcar com os custos na Justiça.

“É absurdo o valor da pena pecuniária imposta à blogueira Alcinéa Costa. Trata-se de uma evidente exacerbação, que não guarda nenhuma relação de proporcionalidade com o pretenso delito. Estão querendo calar e não punir”, reagiu o diretor executivo da Associação Nacional de Jornais, Ricardo Pedreira.

Além de Alcinéa, sua irmã, Alcilene, também foi processada por Sarney. Teve de parcelar sua indenização, da qual paga R$ 500 por mês ao senador. No Amapá, o jornalista Antonio Correa Neto, que morreu no mês passado, também foi processado 17 vezes e devia mais de R$ 1 milhão. Não pagou porque não tinha dinheiro nem bens a serem penhorados.

A assessoria de imprensa de Sarney informou que o parlamentar estava em viagem internacional e não poderia ser localizado para comentar o caso.

Acusados de executar o jornalista Paulo Rocaro circulam livremente

Toda morte de jornalista sempre tem a participação de policiais e/ou ex-policiais. Esta a razão de federalizar a investigação e julgamento dos assassinos. São crimes  de repercussão internacional, e que mancham o nome do Brasil, e assinalam que não temos um regime verdadeiramente democrático.

Relata o Portal da Imprensa:

Moradores de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, afirmam ter visto recentemente os acusados pela morte do jornalista Paulo Rocaro na cidade. No dia 12 de fevereiro de 2012, a mando do empresário Claudio Rodrigues de Souza, o Claudinho “Meia Água”, os contratados Hugo Stancatti Ferreira da Silva e Luciano Rodrigues de Souza executaram Rocaro enquanto este dirigia em Ponta Porã (MS).

Leia também

– Empresário mandou matar Paulo Rocaro por motivos políticos, diz polícia do MS
– Polícia Civil de Ponta Porã (MS) revela os nomes dos assassinos de Paulo Rocaro

Assassinos de jornalista (foto) circulam livremente no Paraguai
De acordo com o Mídia Max News, as testemunhas contaram que Silva vinha circulando livremente pelas ruas da cidade paraguaia, mesmo tendo mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira, por outros crimes. Já o outro acusado, Souza, esteve há poucos dias na residência de Claudinho “Meia Água”, em Ponta Porã, passando pelo município de Pedro Juan, até fugir para São Paulo, destino que outras fontes informam ser seu atual paradeiro.

O delegado Odorico Ribeiro de Mendonça e Mesquita, condutor do inquérito do assassinato de Rocaro, disse que a Polícia Civil de Ponta Porã ficou durante muito tempo à espreita, na tentativa de prender Silva.

Mesmo não tendo o mandado de prisão pela morte do jornalista, Mesquita contou com a possibilidade de deter o acusado por seu envolvimento em outros crimes, eventualmente fazendo-o confessar sua participação na morte de Rocaro. No entanto, Silva nunca saiu do território paraguaio e a polícia local também não mostrou interesse em prendê-lo.

Brasil mantém impunidade e volta a ser país perigoso para jornalistas

 Osvaldo Gutierrez Gomes
Osvaldo Gutierrez Gomes

 

Veja que o noticiário destaca apenas cinco mortes. Acontece que o Brasil matou, pelo menos, onze jornalistas em 2012. Neste ano 13, mais de cinco. Vide tags.

E existe, ainda, quem propague que os assassinatos de jornalistas e blogueiros apenas têm destaque na imprensa nacional. Também é uma meia-verdade. Existe muita censura na imprensa. Principalmente no Estado que o jornalista é assassinado.

Publica o Portal Imprensa:

O Brasil é o décimo país onde mais ocorre mortes de jornalistas e os responsáveis não são punidos, revelou relatório anual do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ). A ONG também destacou o “crescentes taxas de impunidade” de assassinos de jornalistas na Somália e no Paquistão.

O CPJ levou em conta os assassinatos ocorridos entre 2003 e 2012 e cujos criminosos não foram condenados, informou o portal da BBC. Apenas países onde ocorreram mais de cinco crimes foram considerados, por isso somente 12 nações aparecem na lista.

Piora
O Brasil contabilizou nove casos e uma média de 0,04 casos por milhão de habitantes, resultado que indica uma piora em relação ao ranking do ano anterior, quando o país figurava no 11º lugar, com um índice de 0,02 casos.

Segundo a ONG, o Brasil tem um histórico de violência contra a imprensa, mas os casos vinham diminuindo, na medida em que a eficiência para esclarecê-los subia.
No entanto, há três anos os assassinatos aumentaram novamente, principalmente contra repórteres de meios de comunicação on-line e blogueiros de cidades pequenas. O ano mais violento foi o de 2012, com quatro crimes registrados.

O Iraque foi considerado o país mais perigoso para exercer a profissão, com 93 casos e uma média de 2,8 assassinatos de jornalistas por milhão de moradores. A nação é seguida por Somália (23; 2,3), Filipinas (55; 0,5) e Sri Lanka (9; 0,4).

Senador Vital do Rêgo é contra o julgamento dos crimes contra jornalistas pela Justiça Federal. Apesar da repercussão internacional. Brasil lidera o ranking, na América Latina, de assassinatos

periodista-indigena-asesinado_ jornalista

 

O ex-senador Roberto Cavalcanti apresentou Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que transfere para a Justiça Federal a responsabilidade de julgar os crimes contra jornalistas.

 

A justificativa que os jornalões destacam: os crimes contra profissionais da imprensa têm dimensão nacional.

 

No entanto, o relator, Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou que a dimensão nacional não justifica os crimes contra jornalistas sejam julgados pela Justiça Federal.

 

Isso não é verdadeiro. Os assassinatos de jornalistas, na maioria dos casos, não têm repercussão nacional, por conta da censura, e envolvimento de políticos, empresários e policiais. São crimes encobertos e impunes. Governadores e a polícia que comandam não estão interessados em investigar. Nem a justiça estadual em punir.

 

No âmbito estadual, os jornalistas têm medo de noticiar. Qualquer denúncia termina em morte.

 

Os crimes têm repercussão internacional. E mancham o nome do Brasil e do governo brasileiro.

 

Nesta última quarta-feira, Primeiro de Maio, Dia dos Trabalhadores, foi divulgado o relatório global do grupo independente Freedom House, que aponta a liberdade de imprensa em risco nos países latino-americanos.

 

O Brasil foi denunciado pelo aumento no número de jornalistas assassinados no ano e pela influência de interesses políticos e empresariais no conteúdo dos veículos.

 

Todo assassinato de jornalista tem policial bandido envolvido. Por quê?

jornalista morte