Imprensa que golpeu Jango e Arraes cria legenda de Eduardo Campos para eleger um candidato da direita

O FIM DO MITO ARRAES

 

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Michel Zaidan Filho: O sentimento de náusea do mundo político pernambucano

 

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Quando Miguel Arraes de Alencar tomou posse, pela terceira vez, do Governo de Pernambuco, ele citou uma conhecida frase de Carlos Drummond de Andrade que dizia: “tenho duas mãos e o sentimento do mundo”. Se foi mais do que uma mera frase de efeito, significaria que o velho líder do PSB queria dizer que, embora despojado de riqueza e poder, era portador do sentimento fundo das iniquidades sociais e que trabalharia para combatê-las, no exercício do seu último mandato. Infelizmente não pode fazê-lo, em função da política de “terra arrasada” praticada contra ele pelo governo do PSDB e do PFL (leia-se Fernando Henrique Cardoso e Jarbas Vasconcelos). Negaram-lhe até a antecipação de receita da privatização da CELPE, com que ele poderia pagar a folha dos servidores do Estado, no fim do seu melancólico mandato.

É, portanto, com um sentimento de náusea que se pode contemplar o espetáculo degradante em que se tornou o mundinho político de Pernambuco, reduzido aos interesses de uma família (mãe, nora, filho, irmão, primo, cunhada etc.) Foi nisso que se transformou o calvário da prisão e do exílio do velho Arraes: na formação de mais uma oligarquia familiar, que certamente pensa que o estado é seu e pode ser rateado ou distribuído entre os parentes, os amigos e apaniguados. Alguns, muito novos, aliados de vésperas ou de conveniência. É nisso que se transformou o “leão do norte”. Um mero botim para satisfação da ambição e a cupidez de uma minoria, atrelada -na última hora -à carruagem do vencedor.

E as denúncias só se acumulam. Quando vamos desengavetar os processos sobre as licitações fraudulentas, que tratam de propinas aos políticos do PSB e PSDB, entre nós? Quando será apurado a denúncia do propinoduto da Petrobrás e o superfaturamento da Refinaria Abreu e Lima? – E os grampos da Polícia Federal, que surpreenderam as ligações promíscuas entre empresas e políticos do PSB. E o avião fantasma de Eduardo Campos? – E a doação post-mortem do ex-governador à irmã Marina Silva? E o favorecimento do candidato vencedor a empresários que intermediaram a compra da aeronave? – Nada vai ser apurado? Vai tudo para debaixo do tapete, como aconteceu com os escândalos do longo governo do FHC?

Se nada for feito para apurar as denúncias e esclarecer a opinião pública, temos de convir que o processo eleitoral e seus resultados estão sob suspeita. A vitória eleitoral está longe de ser um indulto ou anistia para os crimes cometidos durante a campanha política. Pelo contrário: essa vitória será contestada, a cada minuto, pelas perguntas, dúvidas, incertezas, silêncio em relação aos indícios apresentados, desde o início, do processo eleitoral.Nem a morte, nem a vitória representam a porta larga dos cortesões ao paraíso, por mais atraentes que sejam as burras de dinheiro do erário público, os cargos, as demissões, o tráfego de influência, o nepotismo, o troca-troca de favores e apoios recebidos etc.

Se o Estado for mais do que um mero mercado persa, um balcão de negócios ao arrepio da lei e do controle da sociedade, é preciso agir: dá um basta a este festim alimentado pela memória de um morto, mas a serviço dos vivos, bem vivos – que sobreviveram para contar o dinheiro, as benesses, as vantagens auferidas pela necrofilia política praticada pelos amigos e correligionários.

Os nossos ancestrais indígenas comiam a carne de seus adversários mortos (o banquete totêmico) numa espécie de homenagem à força, a sabedoria e a coragem dos inimigos. Mas esse canibalismo político atual, visa exclusivamente o botim, as vantagens, o lucro. Não a grandeza, despojamento, vocação de serviço, carisma, dom ou seja lá o que for. Apenas interesses. Só interesses.

Quanto tempo mais, estaremos dispostos a suportar esse triste espetáculo?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PSB perde rumo e enterra princípios, diz neta de Arraes

Marília Arraes

 

A vereadora recifense Marília Arraes (PSB) conta que escutou seu avô criticar debandadas de grupos de esquerda para a direita, como agora está acontecendo com o PSB. “A meu ver, o PSB está perdendo o rumo e enterrando os seus princípios.

Escutei Miguel Arraes se referir, algumas vezes, a situações parecidas como ‘o caminho da perdição’.” Marília subiu o tom das críticas e afirmou que dirigentes querem transformar o “S” da sigla em apenas uma letra. O “S” em questão, significa: Socialismo.

Prima de Eduardo Campos, a vereadora em Recife era contra o lançamento de Eduardo à Presidência da República e apoiou as candidaturas do PT no estado. Na última quarta-feira (8), quando o PSB decidiu apoiar a candidatura do tucano Aécio Neves, Marília questionou como uma legenda de esquerda, que teve entre seus quadros Antonio Houaiss, João Mangabeira e Miguel Arraes, pode se unir ao PSDB.

Para ela, o partido de Aécio é ligado aos interesses conservadores da parcela mais privilegiada da população: “Como é possível aliar-se a um partido de direita, que sempre combatemos e que não representa em nada os nossos ideais progressistas e socialistas? Como é possível ignorar todos os avanços sociais do projeto político conduzido por Lula e por Dilma?”

A “nova política” também foi alvo de Marília durante as eleições, por achar um conceito que leva ao descomprometimento. “Acredito que em política a gente tem que ter lado”, dizia ela durante o primeiro turno.

A memória de Arraes e o PSB

Para a nova face do PSB, que ainda mantém o nome de Partido Socialista Brasileiro, foi decisivo o papel da direção partidária de Pernambuco. Nesta nova face, que alguns já chamam de novo fascio, têm lugares decisivos o avô Miguel Arraes e o neto Eduardo Campos. Mas como opostos e ruptura em um processo de morte, enterro e transformação. Façamos um brevíssimo recuo.
por Urariano Mota
O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) cumprimenta Beto Albuquerque, durante reunião em que o partido de Marina Silva declarou apoio a Aécio no segundo turno, nesta quarta-feira Sergio Lima/ Folhapress
O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) cumprimenta Beto Albuquerque, durante reunião em que o partido de Marina Silva declarou apoio a Aécio no segundo turno, nesta quarta-feira Sergio Lima/ Folhapress

 

Em 13 de agosto de 2005, escrevi que os obituários, sempre tão generosos no olho e olfato de abutres, pois sempre esvoaçam e rondam a agonia dos grandes homens, daquela vez haviam falhado no alcance e na mira. Sempre tão bons no faro e argúcia, daquela vez os obituários haviam errado o cadáver do brasileiro Miguel Arraes. No entanto hoje, no mais recente outubro de 2014, que continua o trágico 13 de agosto deste ano, o cadáver é outro. Ou melhor, Eduardo Campos ainda não é um cadáver, como foi o socialista e avô em 2005. Hoje, Eduardo Campos se tornou um fantasma, que ronda o Brasil a partir de Pernambuco.

A mudança no perfil do PSB foi de tal forma, que não devemos falar em diferenças. Talvez devêssemos falar na decomposição de um nobre que gerou um vampiro. Quando era presidente nacional do PSB, Miguel Arraes alertava que as eleições não deviam contaminar o partido. Mas o que Arraes dizia, os valores pelos quais o pensador de esquerda Miguel Arraes lutava têm agora a moldura de marketing. As ideias de Arraes não mais lutam, hoje apenas enlutam. Em lugar da luta, o luto, das suas ideias. Para o luto de Eduardo Campos.

Desde o velório, diante do seu corpo, os sinais de esgotamento do PSB pulavam entre os vivos. De fato, no contexto armado do show mortuário em frente ao palácio do governo de Pernambuco, cujo mote era uma tragédia, entre os telões com os atores políticos e pessoas com bandeiras eleitorais do PSB e de Marina Silva, a ressurreição falava mais perto à terra. Porque o significado era mais simples e baixo, nas condições do show eleitoral criado em torno da missa: a ressurreição era para Marina Silva e a inclinação à direita.

Ali começou a campanha da onipresença da direita no Recife e no Brasil, de modo sufocante e matador da sensibilidade e inteligência. A trágica morte de Eduardo Campos foi usada sem nenhum pudor. Desde o velório, plantaram-se boatos de que Dilma e o PT eram responsáveis pela morte física de Eduardo Campos. Durante toda a campanha, Eduardo Campos se tornou o personagem El Cid, aquele que morto teve o cadáver posto, amarrado a um cavalo, a cavalgar na batalha, para que desse a ilusão de vida e assim melhor ânimo espalhasse na tropa. Mas o caminho à direita já estava aberto bem antes do feito heroico do novo El Cid.

Para o PSB, Arraes como pensamento já era passamento, morte, anterior ao desastre de 13 de agosto de 2014. A sua prática, do avô, a sua destruição, pelo neto, estava em queda antes da tragédia do avião. Aquele abraçar contrários, ex-adversários, inimigos do avô Arraes, como Jarbas Vasconcelos, ao mesmo tempo que se voltava para um lugar distante de aliados, amigos de esquerda e socialistas históricos, a quem antes havia abraçado, isso já estava claro, porque se fazia a olhos vistos. Mas sempre com um sorriso aberto, que era um passaporte para a mordida, que a maioria de nós não víamos.

Uma das maiores contribuições de Maquiavel foi abstrair da análise política os propósitos virtuosos, repletos de valores éticos e edificantes. Mas isso não significa que a moral, no reino até dos animais, tenha deixado de existir. Daí que lembramos de passagem a mudança assustadora do PSB em Pernambuco, que se transformou também em partido fincado em laços de amizade e genéticos. Com Arraes, naquele tempo que se apagou definitivo, havia ex-companheiros do tempo da resistência democrática que o acusavam de concentrador, porque não distribuía generoso cargos, valores e representações, e, pior, não abria espaço para que os ex-companheiros também ascendessem ao poder no tempo das vacas gordas. Quanta ironia, quando se compara com o PSB que Eduardo Campos construiu. O neto não seguiu o avô, embora tenha usado a sua memória mais de uma vez para receber apoios na esquerda e receber atenções materiais dos governos Lula e Dilma.

Quando se olha a administração pública, pela incidência de nomes vinculados aos Campos e Arraes, temos a impressão de que estamos diante de novos nobres, ou um clã de novos Kennedys. A comparação, a lembrança do nome Kennedy, não vem por acaso, mas não cabe um aprofundamento nos limites deste artigo. O fato é que o DNA Arraes aparece em todos os caros cargos da administração. Segundo uma pesquisa publicada no site Vi o Mundo, em reportagem de Conceição Lemes, Chico Diniz e Daniel Bento, os parentes de Eduardo Campos se estendiam da mãe Ana Arraes, no Tribunal de Contas da União, a sobrinhos, tia, sogro, cunhada, ex-cunhado e primos em cargos relevantes de Pernambuco. O que mais chamava a atenção na lista era a presença de três gerações de familiares de Eduardo e Renata Campos na administração estadual, inclusive jovens. (Em http://www.viomundo.com.br/denuncias/eduardo-campos-tem-parentes-no-governo-secretario-nega-nepotismo.html ) É uma família de gênios, reconheçamos. Da mãe aos primos e filhos, a quem já prometem um futuro venturoso na política.

Que diferença, para os princípios “atrasados“ do velho Arraes, que exigia da filha Mariana uma prática de jornalismo sem privilégios, pois a deixava correr perigo em programa de rádio de Direitos Humanos, como fui testemunha e com quem trabalhei. Para o velho pensador, para o socialista Miguel Arraes, a família era acima de tudo os trabalhadores espoliados. Uma das maiores dificuldades de Gregório Bezerra, no primeiro de abril de 1964, foi convencer camponeses a não virem ao Recife. Massas de trabalhadores se dispunham a vir à luta armados apenas de facões, facas e enxadas contra fuzis e tanques do exército brasileiro. Bastaria esse fato para dar a dimensão do velho. Mas ainda é pouco. A coisa dita assim, até parece que massas ignorantes, fanatizadas, dispunham-se ao sacrifício, a entregar o próprio corpo ao genocídio. Mas não. Tal amor era manifestação testemunhal por atos concretos do que foi o primeiro governo Miguel Arraes. É com ele que surge o revolucionário, o pioneiro e odiado “Acordo do Campo”: trabalhadores da cana-de-açúcar tiveram os mesmos direitos que os trabalhadores urbanos de Pernambuco: salário, décimo terceiro, carteira assinada… deixavam de ser escravos. Daí o fanatismo daquela grande família.

As últimas notícias falam que na portaria da sede do PSB, a quem os jornais chamam com acerto de “sigla”, na região central de Brasília, chegaram a ser pregadas folhas com a inscrição: “Aqui o socialismo resiste. #nenhumvotonoPSDB”. Coitados dos idealistas, tão inocentes. E tão frágeis, porque afinal se mantiveram neste novo PSB, que nega e renega o que foi o partido de Miguel Arraes. O compressor da direita de Eduardo Campos foi mais pesado.

Há nove anos, em um 13 de agosto, escrevi “Arraes, urgente”. Naquele dia, para a memória de um dos mais ilustres brasileiros, lembrei uma declaração de princípios do velho político: “Como homem público, tenho que esperar tudo, sem queixa, porque é minha obrigação ir pra cadeia, se é pra manter a minha posição de defesa do povo e não capitular diante dele. É minha obrigação ir pro exílio, se não posso ficar na minha terra”.

Quantas ciladas a vida nos prega. Hoje, com o apoio do PSB à direita brasileira, a história responde com o fantasma do neto Eduardo Campos: Arraes, adeus.

Golpe baixo. Marina propõe luto hoje no “Agita 13” da campanha de Dilma

Dinheiro Marina avião Eduardo

Quando Eduardo Campos morreu, acidentalmente em um desastre de avião, no dia 13 de agosto, Marina Silva foi a única que não respeitou os sete dias de luto, espontaneamente decretado por todos os candidatos a presidente da República.

No dia 14, ainda não recolhidos os restos do corpo de Eduardo no local do acidente, Marina já tinha mudado o CNJ da campanha, e transferido para uma nova conta, controlada por ela, mais de 2,5 milhões de reais.

Fez campanha eleitoral durante o velório e o enterro, e cambalachos para consolidar o lançamento do seu nome para substituir o de Eduardo, quando o PSB, partido criado por Miguel Arraes, tem socialistas ideologicamente credenciados.

Marina continua uma hospedeira no PSB, assim como incorporou Chico Mendes para realizar sua campanha presidencial em 2010, pelo Partido Verde, agora diz encarnar Eduardo Campos.

 

Marina foi do Partido Revolucionário Comunista

Marinacomunista

Marina não passa de uma biruta do aeroporto de Cláudio, o escravo. Já foi atéia, quando comunista, e virou católica, sendo noviça de um convento. Atualmente professa o fundamentalismo evangélico dos pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano.

Leia em Wikipédia: “Ingressou no Partido Revolucionário Comunista (PRC), organização marxista e leninista que se abrigava no Partido dos Trabalhadores, então sob o comando do deputado José Genoíno“.

Apoiada por Lula, Marina se elegeu senadora do PT pelo Acre. E Ministra do Meio Ambiente no governo Lula.

Exonerada do ministério, abandonou o PT para criar o Partido Verde, e ser candidata a presidente. Saiu do partido que fundou, e  para se candidatar de novo a presidente, inventou de criar o Partido Rede, mas fracassou.

O candidato do Partido Verde é Eduardo Jorge.

Sem partido, Marina entrou no último dia permitido pela Justiça Eleitoral, para uma nova filiação partidária, apelando para o Partido Socialista Brasileiro, PSB, de Eduardo Campos, e contentando-se em ser candidata a vice.

 

Marina decretou hoje dia de luto

Cellus
Cellus

 

Marina lança hoje dia de luto pela morte de Eduardo quando tradicionalmente  o PT realiza o “Agita 13”

Marina Silva acaba de propor que se “estabeleça, hoje, um dia de trégua na campanha” ao lembrar da morte do então candidato do partido, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que completa um mês neste sábado (13).

”Hoje é um dia muito especial para todos nós. Neste dia, eu quero estabelecer um dia de trégua na campanha”, decretou Marina. Não se sabe se ela vai exibir o programa de sua campanha na televisão. Talvez se limite à propaganda fúnebre, explorando o cadáver de Eduardo.

Marina Silva também disse que é possível achar “pessoas de bem” em todos os partidos. Para ela, “foi preciso Eduardo Campos morrer para que todos os políticos e partidos reconhecessem o seu valor.”

“Esse dia é um dia simbólico para os partidos, para os candidatos do mesmo partido e de partidos diferentes. Então, em memória de Eduardo Campos ofereço neste dia a outra face. A face do diálogo, do respeito, de que acredito nas pessoas”, completou.

Marina costuma citar Jesus. Começou com a frase “ninguém é profeta em sua terra”, para explicar suas derrotas eleitorais no Acre.

Marina o partido deu sozinho. E Neca para o povo

 

AGITA 13 

Marina foi do PT, sabe que, historicamente, no dia 13 de setembro, seu antigo partido realiza o “Agita 13”.

O dia de luto de Marina é um golpe sujo. Que ela não vai parar a campanha hoje. Nem parou nos dias 13, 14, 15, 16, 17, 18 e 19 de agosto.

Registra o portal do PT: “Chegou o #Agita13!, nosso grande dia de mobilização nacional pela reeleição de Dilma. Tem eventos espalhados pelo Brasil inteiro, e você pode conferir o mais proximo de você usando nosso mapa interativo (veja aqui).

É claro que Dilma não podia ficar de fora da programação. Ela passará o sábado em Minas Gerais, sua terra natal, e participa de dois grandes eventos muito especiais. Pela manhã, Dilma estará em Nova Lima para o Ato pelo Dia Nacional de Promoção da Igualdade Racial. No evento, Dilma vai apresentar seus 13 compromissos com o segmento, documento desenvolvido em parceria com diversos movimentos sociais. O Ato acontece na Praça do Rosário e começa às 10h.

Logo depois, Dilma vai para Belo Horizonte e participa de um novo ato, agora com a Juventude. O grande encontro será em Belo Horizonte, na praça Nova Pampulha. A chegada de Dilma está prevista para as 16h, mas desde as 11h há atividades no local”.

 

Mario
Mario

 

Marília tomou a decisão certa. Marina tem o apoio dos generais que prenderam Arraes

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A vereadora do Recife Marília Arraes, do PSB, prima de Eduardo Campos, está realizando campanha em favor da candidata do PT, Dilma, no plano nacional, além de pedir votos, no plano local, para o petebista Armando Monteiro Neto, adversário do candidato Paulo Câmara (PSB). A socialista também avisou que vai apoiar o petista João Paulo, deputado federal, para a disputa ao Senado.

Marília desaprovava as alianças realizadas por Eduardo Campos com direitistas. Mais razão tem agora que Marina tem o patrocínio da extrema-direita. Inclusive dos generais que prenderam seu avô Miguel Arraes.

Várias vezes Marília Arraes fez questão de ressaltar que a divergência ideológica não interfere na relação pessoal da família. “Ele foi no meu casamento, eu vou na casa dele”, afirmou, em referência ao primo Eduardo Campos.

Os primos Eduardo e Marília. Foto do álbum da família
Os primos Eduardo e Marília. Foto do álbum da família

Quando Eduardo faleceu, revelou: “Eduardo é o meu primo mais velho, uma pessoa muito querida por mim, alegre, saudável e que amava viver. Apesar de discordarmos politicamente nos últimos tempos, mantínhamos o nosso relacionamento familiar preservado. Sempre deixei claro que qualquer divergência seria menor do que os laços que nos uniriam para sempre – tanto com ele, quanto com qualquer familiar tão próximo. Isso porque, desde cedo, aprendemos a separar os assuntos políticos dos familiares. Era uma das pessoas mais inteligentes que conheci, um pai exemplar, bom marido e filho dedicado, que amava e protegia muito sua mãe. Lamento bastante pela perda, principalmente, por minha tia Ana, por Renata, Eduarda, João, Pedro, José e Miguel. Eduardo morreu em um dia que já era muito doloroso para todos nós, porque é aniversário da morte de meu avô Miguel Arraes. Agora, a dor se tornou insustentável.”

 

Marina só continua perto de Eduardo Campos nas fotos de propaganda que ela explora. Partidariamente está cada vez mais distante. Faz os cambalachos da velha política que Campos jamais imaginária.

 

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247 – Depois de receber o apoio oficial do deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP), conhecido e duramente criticado por entidades que lutam pelos direitos humanos, por suas posições radicais e polêmicas contra os homossexuais, Marina Silva recebe o voto de um setor ainda mais conservador: o Clube Militar do Rio de Janeiro.

Em manifesto divulgado na última quarta-feira, o clube mais conservador do Exército trata a candidata do PSB como “um fio de esperança” para derrotar o PT. “Esperança de algo novo e diferente, que rompa com a tradição negativa representada pelos atuais homens públicos”, diz trecho do texto.

Regi
Regi

Autor do documento, o general da reserva Clóvis Purper Bandeira diz que os militares veem Marina como a grande aposta para tirar os petistas do poder. Entre as reivindicações dos militares está a preservação da Lei da Anistia, para que se evite que os agentes da ditadura militar sejam punidos enquanto ex-militantes da esquerda armada contra o regime permaneçam impunes.

Embora defina Marina como a esperança, o manifesto também aponta “uma nova política misteriosa” comandada pela “figura messiânica” da eventual presidente da República. A candidata, segundo o Clube Militar, faz “declarações vagas” e “propostas esquerdistas e ambientalistas”, com “cheiro de bolivarianismo”, em referência à maior participação popular, como por meio de plebiscitos. Depois, acrescenta que “ser uma incógnita camaleônica é uma vantagem”.

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Leia abaixo ou no site do Clube Militar a íntegra do texto:

UM FIO DE ESPERANÇA

As surpresas que o destino nos reserva são assustadoras. Tudo corre num determinado sentido quando, de repente, um acontecimento totalmente inesperado muda nossa história, nossa vida.

O terrível acidente aéreo que, no meio de agosto (sempre agosto) ceifou a vida do Senador Eduardo Campos, candidato à Presidência da República, bem como as da tripulação e de assessores que o acompanhavam, mudou em duas semanas todo o panorama e as previsões para as eleições de outubro, em nível federal e estadual.

Subitamente elevada à condição de presidenciável, a até então candidata a Vice Presidente, Marina da Silva, foi talvez a pessoa diretamente mais atingida pelas consequências da tragédia.

Relembremos.

Tendo obtido 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais, em 2010, Marina despontou como um fenômeno eleitoral, séria pretendente ao cargo nas próximas eleições.

Para conseguir ser apontada como candidata, procurou fundar um partido próprio, a Rede de Sustentabilidade, ou simplesmente Rede. No entanto, a burocracia – e os problemas reais ou criados pelos cartórios para o reconhecimento de centenas de milhares de firmas necessárias para a criação de um partido – terminaram por impedir que o mesmo viesse à luz no prazo legal para permitir o registro de seus candidatos.

Assim, sem uma sigla que a apresentasse, Marina teve que se contentar em aderir ao PSB, que já apontara Eduardo Campos como candidato a Presidente da República. Ela teve, então, que limitar-se à Vice Presidência.

A morte do cabeça da chapa do PSB a menos de dois meses das eleições determinou sua substituição por Marina, que imediatamente decolou nas pesquisas de intenção de votos.

Atualmente, já empata com Dilma Roussef no primeiro turno e vence folgadamente por dez pontos percentuais no segundo turno.

Na verdade, a nova candidata incorporou o desejo vago de mudanças que levou o povo às ruas em junho do ano passado. Que tipo de mudança, isso já é outro problema.

Não tendo ainda sido atacada pelos demais candidatos – pois sua candidatura não foi, inicialmente, percebida como grande ameaça – navega em mar calmo e vento muito favorável, enquanto o tempo, cada vez mais curto, corre a seu favor.

Sua figura messiânica, suas declarações vagas, suas promessas iniciais muito generosas, mas fora do alcance do cofre nacional, acenam com uma “nova política” misteriosa, mistura de propostas esquerdistas e ambientalistas, entre as quais maior participação direta, governar com pessoas e não com partidos, participação direta popular no governo, por meio de plebiscitos e consultas populares (cheiro de bolivarianismo), criação de conselhos do povo (cheiro dos sovietes petistas), orçamento participativo etc.

Cálculos preliminares orçam suas promessas – entre as quais 10% do orçamento para a saúde, outros 10% para a educação, aumento da bolsa esmola, do efetivo da Polícia Federal – em quase 100 bilhões de reais por ano, cuja origem não é esclarecida.

Seu calcanhar de Aquiles é o fraco apoio político, pois na verdade não tem o apoio firme de nenhum partido. Seus apoiadores são aqueles interessados em pegar carona em sua súbita popularidade, sem nenhum compromisso com a realidade política durante seu possível governo.

Mas uma excelente candidata não será, necessariamente, uma excelente Presidente.

No governo, terá que descer das nuvens “sonháticas” onde flutua e lutar na arena do dia a dia da Praça dos Três Poderes, enfrentando as feras insaciáveis que fazem as leis, sempre cobrando algum preço político por seu apoio.

Na verdade, os políticos temem o populismo de suas propostas e os desvios que promete adotar, para evitar o isolamento de seu governo pelos partidos, percebendo uma ameaça de autoritarismo na ideia de governar sem os mesmos. Será real isso ou será apenas uma ameaça para angariar apoios mais fortes dos partidos, que seriam enfraquecidos com um governo mais populista?

Dona de um discurso inatacável, é a favor de tudo que é bom e contra tudo que é ruim. Como, aliás, todos os candidatos.

Ser uma incógnita camaleônica é uma vantagem, pois o que é conhecido da política e dos políticos é rejeitado pelos eleitores.

A esperança de algo novo e diferente, que rompa com a tradição negativa representada pelos atuais homens públicos, parece impulsionar a subida de Marina nas pesquisas eleitorais.

A desilusão popular procura o novo. As mudanças podem ser para melhor ou para pior, desde que interrompam a malfadada corruptocracia instalada no poder pelo lulopetismo.

Como está não pode continuar. Há expectativa de que novos rumos e novos governantes tragam melhores dias e maior esperança para os eleitores desiludidos.

É um fio de esperança, mas parece que as pessoas a ele se agarram com fé, apostando no futuro para esquecer o presente.

Gen Clovis Purper Bandeira – Editor de Opinião do Clube Militar

Neta de Arraes condena abuso da propaganda fúnebre com o nome de Eduardo Campos

Do álbum de Marília
Do álbum de Marília

A vereadora do Recife Marília Arraes, prima do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, pediu para os candidatos deixarem o ex-presidenciável descansar.”Homenagem não se faz com voto”, disse.

“Querem uma homenagem…? A gente pode levar uma flor; quem for evangélico, católico pode fazer uma oração. Deixem a pessoa descansar e não ficar usando exaustivamente a imagem de uma pessoa que já faleceu”, criticou a vereadora.

Filha da psicóloga Sônia Valença Rocha e do administrador de empresas Marcos Arraes de Alencar, Marília é a primeira neta do governador de Pernambuco Miguel Arraes, e sobrinha da ex-deputada e atual ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, e do cineasta e diretor da Rede Globo de Televisão, Guel Arraes.

Nascida em momento de grande efervescência política, participou, desde os 14 anos de idade, das movimentações políticas de Pernambuco, ao lado de Miguel Arraes.

Em 2002, ingressou na Faculdade de Direito do Recife (UFPE), onde atuou no Movimento Estudantil, defendendo o Movimento Faculdade Interativa.

É filiada ao PSB e trabalhou na Secretaria de Juventude e Emprego do Estado de Pernambuco, em 2007, no programa a geração de emprego e renda para mulheres.

Em 2008, deixou a Secretaria para ser candidata nas eleições municipais daquele ano.

Em 2012, reelegeu-se vereadora.

 

Marília pensamento

Marília pretendia disputar eleição à Câmara Federal, mas por não concordar com os rumos que o PSB está tomando com relação ao pleito, renunciou à candidatura. Marília revelou, na ocasião, que não seria possível fazer campanha e, posteriormente, assumir um possível mandato defendendo o que não acredita.

“Sempre fui uma militante disciplinada, durante minha vida respeitei meu partido e a hierarquia (sim, para um militante partidário isso é fundamental!) que havia nele. Cumpri missões. Entretanto, sinto-me com o dever moral e político de divergir, quando as determinações e orientações possam alterar o rumo de nossa caminhada à justiça social”.

Por sua fidelidade aos ideais socialistas do avô, tudo indica que passou a ser a herdeira política de Miguel Arraes.

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LÍDER DA CAMPANHA DE ARMANDO MONTEIRO GOVERNADOR

Marília justificou o seu apoio ao senador petebista: “Eu conheço Armando há 20 anos e eu tenho 30 anos de idade. Desde 1984 estamos juntos. Por que estaríamos separados agora?”, questionou a vereadora, que rechaçou, novamente, a candidatura de Paulo Câmara ao executivo estadual: “Ele pode até ser uma boa pessoa; mas não é suficiente para ser um grande governador de Pernambuco”.

Com o objetivo de fundamentar os seus argumentos contra a postulação de Câmara, Marília lembrou o avô: “Miguel Arraes era um homem preparado. E não ficava apenas atrás de uma mesa cobrando imposto, enfrentando burocracia de Estado, sem colocar os pés na lama e sem conhecer a realidade do povo”.

A parlamentar vem sendo vítima de retaliação. Funcionários do comitê central da campanha do PSB, no Recife, batizaram de “Marília” o nome de uma cadela encontrada na rua por militantes da legenda. O caso foi criticado por organizações de defesa dos direitos da mulher.

Fontes: Wikipédia/ 247

O esquecido impeachment de Arraes

 

A propaganda do mito Arraes criou várias lendas.

1 – Uns dizem que Arraes recebeu convite dos militares para permanecer no governo, mas recusou.

2 – Outros, que foi deposto.

A verdade: Era repórter setorista do Diário de Pernambuco no Palácio das Princesas e, inclusive, escrevia a tradicional coluna “Ontem, em Palácio”.

O golpe militar estava previsto para ter início após uma senha que seria anunciada pelo deputado federal Costa Cavalcanti, em discurso na Câmara dos Deputados. Aconteceu do general Mourão Filho antecipar o movimento armado. Que, em Pernambuco, era do conhecimento dos coronéis ligados a Costa Cavalcanti, sendo ainda articuladores, no Nordeste, os generais Muricy e Golbery. Entre os civis, apenas Cid Sampaio. Costa Cavalcanti foi secretário de Segurança Pública no governo de Cid. Arraes sucedeu Cid no governo, e eleito com o apoio não declarado de Cid, de quem era concunhado.

A antecipação de Mourão possibilitou que o golpe não fosse certeiro, permitindo dúvidas sobre quem assumiria a presidência da República, e impossibilitando a conquista dos governos estaduais pelos coronéis do Exército, com ou sem autorização do comando revolucionário.

Sim, o termo certo era revolução. Esperada desde que Jango, via plebiscito, fez retornar o presidencialismo. O improvisado parlamentarismo não passou de uma condição negociada pelos ministros militares, após a renúncia de Jânio, que não puderam evitar a posse de Jango, imposta pelo movimento de Brizola no Rio Grande do Sul.

Era esperada uma revolução, um confronto dos camponeses de Francisco Julião (brigado com Arraes), a Polícia Militar do Rio Grande do Sul, mais o Exército do Sul, inclusive Kruel em São Paulo, e governadores aliados de Jango contra os militares golpistas. Uma revolução que não aconteceu.

No começo da tarde passei no Diário de Pernambuco para pegar um vale, que estava decidido gazetear um cinema com a namorada. Na redação, na caixa de correspondência havia uma telegrama da Meridional. Abri. Informava: “O general Moura Filho deslocou tropas em direção da Região da Mantiqueira, para treinamento…”. Este o primeiro telegrama da Meridional. O jornalista Moacir Japiassu, no célebre romance “Quando Alegre Partiste”, publica o texto de um segundo telegrama. A narrativa demonstra a preocupação dos jornalistas aliados de Jango quanto ao desconhecimento do golpe, pelo povo e autoridades civis. Era a crença de que o povo iria para as ruas combater o golpe.

Fui correndo para o Palácio das Princesas para entrevistar Arraes, mas não consegui.

Quando apareceu o deputado Aderbal Jurema. Mostrei o telegrama. Não entendeu. Tive que argumentar, para conseguir o encontro com Arraes.

– Aderbal, você foi jornalista. Treinamento de tropas não é notícia nacional. E a Meriodional jamais gastaria dinheiro para mandar um telegrama com esta informação sem nenhuma importância: de que Mourão está treinando soldados…

Aderbal levou o telegrama para Arraes. Esperei inquieto, nada de Aberbal descer da ala residencial do Palácio.

Decidi telefonar para a casa do vice-governador Paulo Guerra. Atendeu a esposa, que revelou que o marido estava na fazenda. Recomendei: Mande avisar que a revolução estourou. Pura loucura o recado. Mas quem me conhece sabe que sou capaz de tais riscos. Sempre confiei no meu “faro” de jornalista.

Nada de Aderbal descer. Era a hora do crepúsculo. Paulo Guerra telefonou. Falei do telegrama e da demora de Aderbal.

Cobri para o Diário de Pernambuco, no Rio de Janeiro, a convenção do PSD, e foi manchete minha: Paulo Guerra lançou as candidaduras de Juscelino presidente, e Arraes vice. Nos bastidores da convenção o assunto cochichado era a revolução, que ninguém acreditava. A imprensa estava voltada para as articulações das candidaturas para presidente de Juscelino e Carlos Lacerda, sendo que, sem chances, Brizola e Arraes buscavam o apoio de Jango. E para as marchas golpistas da Tradição, Família e Propriedade, TFP, e as procissões do povo que reza unido permanece unido.

Finalmente apareceu Aderbal, e pressenti que alguma coisa de sério estava acontecendo. Justificou: – Arraes não pode lhe receber. Está com uma forte alergia nos olhos. Demorei porque estávamos tentando falar com Brasília. Só agora conseguimos, pelo rádio amador. Abelardo (Jurema, irmão de Aderbal, ministro da Justiça de Jango) confirmou que havia um quisto revolucionário em Minas Gerais, mas que seria debelado até às 18 horas. E que Arraes telefonou para Justino. O comandante do IV Exército garantiu que desconhecia qualquer movimentação de tropas, e que em Pernambuco tudo estava em paz.

Acredito que, no momento do telefonema de Arraes, Justino estava por fora. Nesta mesma noite, Edmundo Moraes, chefe de reportagem do Diário de Pernambuco, e ex-secretário de Imprensa de Cid, e amigo de Costa Cavalcanti, me confidenciava que os coronéis estiveram no gabinete do comandante do IV Exército, para comunicar  a quartelada, e cobrar um posicionamento.

Falei para Aderbal, que Paulo Guerra se encontrava na casa do deputado estadual Osvaldo Coelho. Quando passamos pelo prédio do comando do IV Exército, perto da Faculdade de Direito, um tanque de guerra posicionado.

Na casa de Osvaldo, além do anfitrião, Paulo, João Roma, ex-secretário de Segurança de Agamenon Magalhães, e Barreto Guimarães, ex-prefeito de Olinda. Foi uma reunião rápida. Paulo acertou com Aderbal ele se esconder. E Roma assegurou que as delegacias de polícia estavam sob o comando dos delegados da confiança de Costa Cavalcanti, adversário político e inimigo de Paulo Guerra.

Paulo Guerra: – Talis, queria um favor seu. Que presenciasse a minha ida ao IV Exército. Caso seja preso você avisa para Osvaldo na Assembléia Legislativa. Não questionei por que na AL.

Nunca vi coisa mais fácil. Na porta, apenas um sentinela. E próximo, outro soldado ou cabo. Paulo Guerra entrou, depois eu. Sem dar a impressão de que estávamos juntos. Ouvi quando Paulo disse andando, e incisivo: – Justino está me esperando. Onde ele está?

Um terceiro praça, talvez um sargento, apontou com um dedo a escada e orientou: – Na primeira sala. Paulo Guerra abriu a porta e estava Justino falando, pelo rádio amador, com Mourão. Junto, a surpresa da presença de Cid Sampaio.

Voz de Mourão: – Quem vai assumir o governo de Pernambuco?

Justino: – Está chegando aqui Paulo Guerra, vice-governador.

Mourão: – Deve ser gente fina. Minha mulher é da família Guerra. Todos os Guerra são boas pessoas.

Ouvindo esta conversa, Paulo solicitou: Diz para João Domingos que decidi pela segunda votação. João, filho primogênito de Paulo Guerra, estava esperando num carro estacionado no Hotel 13 de Maio. Pedi explicação para João Domigos. Primeira votação: o afastamento; segunda era a votação do impeachement de Arraes: 45 votos a favor, 17 contra, e um voto em branco.

Assim entendi o motivo da reunião na casa de Osvaldo, porque desconhecia a convocação extraordinária da Assembleia. E dei o recado porque Paulo Guerra perguntou: você quer que um coronel ou um general assuma o governo de Pernambuco?

Fui para o Diário de Pernambuco escrever o que testemunhei. Beirando a madrugada, Edmundo escalou: – Vai para o Palácio cobrir a posse do governador.

Durante a solenidade, Paulo Guerra fez um sinal que queria falar comigo. Era para um encontro às 7 horas.

Nem todas as minhas reportagens foram publicadas.

Passei o resto da madrugada acordado, e às 7 horas estava esperando Paulo Pessoa Guerra, que chegou com Barreto Guimarães, que seria seu secretário de Governo.

A porta principal do Palácio das Princesas estava fechada, e só havia uma passagem livre, pelo portão da Casa de Guarda, ocupada por soldados do Exército.

Quando Paulo Guerra ia entrando, uns milicos tentaram barrar. Paulo Guerra falou alto: – Sou o governador de Pernambuco, se quiser me prender estou no meu gabinete.

Do gabinete telefonou que estava convocando uma guarda da Polícia Militar. E disse para mim: – Não vou iniciar o governo com tropa do Exército.

Era o começo da articulação de uma política para manter nos cargos todos os governadores nordestinos. Só não teve tempo de evitar o afastamento de Seixas Dória em Sergipe.

Em Pernambuco, os golpistas não cuidaram da política, apenas da estratégia militar de uma guerra interna.  Preferiram, primeiro,  assumir o comando da Secretaria de Segurança e delegacias, o antigo reinado de Costa Cavalcanti, que Paulo Guerra teve que combater.

Arraes negociar com os militares, não aconteceu. Seria confirmar a versão de Samuel Wainer, fundador do Última Hora, de que ele conspirou pela queda de Jango.

 

 

PDS de Agamenon e Eduardo Campos presidente

William
William

A campanha presidencial de Eduardo Campos começa por eliminar, em Pernambuco, as lideranças populares (os Antonios Joaquim de Medeiros, o “Chapéu de couro”, preso pela polícia de Arraes em 1964)  e estudantis (os Demócritos de Sousa Filho) de Dilma Rouseff.

E proteger os  aliados no primeiro e, com certeza, no segundo turno, que são Aécio Neves (PSDB + DEM + dissidência do PMDB) e Marina Silva.

Quero dizer que estarão juntos, seja no primeiro, seja no segundo turno: Eduardo Campos, a família Lira de Caruaru, a família Coelho de Petrolina, Sérgio Guerra, Jarbas Vasconcelos. Para esta aliança faltam os acordos com Armando Monteiro e Marco Maciel.

Uma campanha dos netos. O de Arraes (Eduardo Campos), o de Tancredo (Aécio Neves) e o de Agamenon Magalhães (Armando Monteiro).

Pernambuco continua um feudo político de Agamenon. Vejamos quais os governadores herdeiros do “China gordo“: Barbosa Lima Sobrinho (este sobrinho vem do governador Alexandre José Barbosa Lima, 1892-96); Etelvino Lins, que tentou uma aliança idêntica a de Eduardo Campos para disputar a presidência da República; Miguel Arraes de Alencar (protegido de Barbosa Lima); Paulo Guerra, Nilo Coelho, Moura Cavalcanti, Marco Maciel, Joaquim Francisco, todos da escola do PSD de Agamenon; e Roberto Magalhães (sobrinho de Agamenon).

Um feudo de barões ruralistas, delegados de polícia e de familiares.

Para não repetir o fracasso de Etelvino, de Agamenon (vetado pela poderosa filha de Getúlio, Alzira Vargas), de Arraes (uma história nebulosa, e baseada em uma profecia), Eduardo Campos precisa selar os pactos pernambucanos e nacionais.

Em Pernambuco, calar os gritadores de rua. Daí a repressão policial contra os estudantes.

Tem como trunfos de propaganda o julgamento do Mensalão e, na imprensa internacional, a força do nome do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que preside.

“Para onde quer que se olhe não tem nada que se possa realmente chamar de oposição”

por Luiz Maklouf Carvalho

quem tem medo dele Eduardo Campos

O estilo, a trajetória e as controvérsias que transformaram o governador de Pernambuco num recordista de popularidade, protagonista da política nacional e nome incontornável nas conversas sobre a sucessão presidencial – embora ele insista em negar ser candidato…

O governador Eduardo Campos, de Pernambuco, é um ótimo piloto de cadeira giratória de rodinhas. Logo ao sentar-se, elegante e espaçoso, já sublinha a que veio. A cadeira é uma das 13 de uma grande mesa preta, em forma de U, na sala de reuniões contígua a seu gabinete. Não terá um minuto de sossego por quase três horas. Campos a manobra para todos os lados possíveis, a esporeia com o ritmo acelerado de sua fluência verbal e, quando a leva, num tiro curto, em direção ao interlocutor, o dorso ainda atlético de 47 anos também assoma, enfático. Seus translúcidos olhos verdes são, surrupiando um autor contemporâneo, como pássaros querendo voar para fora da cara. Campos é, sobretudo, olhos. Na beleza variante da cor, que fisga a atenção, e, principalmente, na mirada, no manejo que lhes sabe dar, ora águia, ora cobra, focados na sedução. “Sedutor” é um recorrente qualificativo até entre adversários regionais – como o senador Humberto Costa, do PT, ou o deputado federal Mendonça Filho, do DEM. Campos sabe que, nos dois casos, o sentido é “cuidado com ele!” – ambos, afinal, são vítimas de peia eleitoral. Mesmo assim, não desgosta.

Não é o caso quando é chamado de “coronel”, como fez a revista britânica The Economist em reportagem recente, que também registrou seu lado de gestor dinâmico e empreendedor à frente do Estado que governa pela segunda vez, com aprovação recorde – 89% na ultima pesquisa. Provocado -“O senhor leva mesmo um jeitão de coronel…”-, Campos não esconde o desconforto. Leva a cadeira para a frente e para trás, dá uma brusca freada de general e responde: – Isso só acontece quando alguém nasce por aqui. Nunca vi um rótulo desses num político carioca, paulista ou mineiro. Então lamento, porque é uma coisa desqualificando. Que maneira tenho de botar ordem aqui? “É um coronel.” Tá bom. (Falar) é um direito (deles). Fazer o quê?

Entre dez governadores pesquisados pelo Ibope no final’ do ano passado, Campos obteve a maior aprovação: 34% acham sua gestão “ótima”; 45%, “boa”; 15%, “regular”; 4%,“ruim”; e 3%,“péssima”. É tamanha popularidade que explica por que tantos políticos têm se aproximado dele e que seja impossível discutir a sucessão da presidente Dilma Rousseff sem que seu nome venha à tona. Ele próprio negou, em entrevista publicada por ÉPOCA em dezembro, que pretenda se candidatar à Presidência. Na ocasião, disse que “sem dúvida” apoiaria a reeleição de Dilma. É nessa canoa que os pés de Campos estão, ambos. Antes da eleição municipal de Pernambuco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava disposto a costurar sua candidatura a vice, já em 2014. Depois que Campos praticamente humilhou o PT, ao lançar candidato próprio à prefeitura do Recife – e vencer -, Lula e Dilma sabem que ficou mais difícil. O desejo de ambos é mantê-lo na canoa para, quem sabe?, um voo solo em 2018. Ser ministro de Dilma reeleita, em Pasta de visibilidade, é uma possibilidade.

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Seu peso político e sua popularidade são resultados de sua gestão. Pernambuco é a décima economia do país e soma 2,5% do PIB brasileiro – mas tem crescido de modo mais consistente e mais rápido que o país: 4,2% ao ano entre 2002 e 2010, para uma média nacional que beira os 4%, de acordo com o IBGE. Na avaliação do secretário estadual de Planejamento, Fred Amâncio, o crescimento será ainda mais expressivo quando entrarem em operação megainvestimentos em implantação. É o caso da fábrica da Fiat, no município de Goiana, e da Refinaria Abreu e Lima, no complexo industrial de Suape. As duas iniciativas ajudaram a mudar o perfil econômico do Estado. A participação do setor industrial na riqueza de Pernambuco passou de 10% para 25%. Outra mudança significativa implementada por Campos foi na educação. Ele investiu no ensino básico e, num projeto-piloto, 200 escolas do Estado passaram a dar aulas oito horas por dia, em vez de quatro. Também aumentou o salário dos professores e ofereceu-lhes bônus por desempenho. O objetivo é estender essa política a todas as escolas públicas e incentivar as cidades a fazer o mesmo no âmbito municipal.

“Conheço, hoje, categoricamente, cada lugarzinho desse Estado”, diz Campos, apontando um mapa ampliado, com os 185 municípios de Pernambuco, na sala de reuniões onde deu entrevista a ÉPOCA. Salas com mesa em U viraram um ambiente-padrão do governo eduardiano. É nelas que ocorrem as temidas e tensas reuniões de monitoramento – onde Campos controla, um olho no gato, outro no peixe, se seus subordinados estão cumprindo as metas. TPM, lá, ganhou o apelido de Tensão Pré-Monitoramento.“ Falam até em tortura chinesa”, diz o secretário de Imprensa, Evaldo Costa.“Para quem não faz seu dever, né?”, diz Campos.

Não é retórica. Em Pernambuco, em seu primeiro mandato, monitoramento e gestão saíram do discurso para virar leis. Uma detalhou formas de controlar cada ação do governo. Outra criou os cargos técnicos necessários para isso. No ano passado, Campos comandou 36 dessas reuniões, coisa de 148 horas de peroração e 1.300 encaminhamentos práticos. Liga na hora para ministros que possam liberar recursos contratados ou desemperrar a burocracia. Ou então para empresários que não cumprem o cronograma do contrato. No caso de um hospital atrasado, o empresário prometeu pôr a equipe a braços até nos fins de semana. No primeiro domingo, à Jânio Quadros, Campos foi à obra, conferir. Era um deserto – de lá mesmo, por telefone, ele esbravejou. Como conhece em detalhes o varejo e o atacado de todas as metas que pretende atingir – neste ano são 361 -, Campos não tem pejo em falar mais grosso. Muito menos de chamar à fala, até grosseiramente, quem tenta enrolar. “Não dou intimidade a problema”, diz. Para este ano, estão previstas 40 reuniões de monitoramento, somando 150 horas. É claro que essa dinâmica, que estica nervos, impõe uma cascata de reuniões de monitoramento em todos os órgãos da máquina estadual. O estágio de cumprimento das metas recebe cores – verde, amarelo e vermelho. “Estou verde, governador!” – no sentido de ter cumprido a meta – é frase que o enleva.

Campos trabalhou e continua trabalhando para não ter adversários públicos que mereçam o nome. Sua penúltima façanha foi a inacreditável aliança com o senador Jarbas Vasconcelos. Aliado antigo – quando prefeito (1986-1988), Campos, então no PMDB (de 1983 a 1990), ganhou seu primeiro cargo público -, Jarbas virou o renhido e bocudo adversário nos últimos anos. Para só citar um exemplo recente: fez barulho, em 2011, seu pronunciamento no Senado contra a ida de Ana Lúcia Arraes de Alencar, mãe de Campos, para o Tribunal de Contas da União. “Isso não é modernidade”, disse Jarbas. “É nepotismo, é política do compadrio, do coronelismo. É atraso do pior tipo possível. É um exemplo do vale-tudo na política.” Como engolir um sapo desses? “Em hora nenhuma ele fala de minha mãe”, diz Campos, dando palmadas rítmicas no braço direito da cadeira. “Houve um sinal de amigos comuns dizendo que Jarbas queria falar comigo. E aí eu disse: ‘Não tem problema, como ele quiser fazer.”

Ana Lúcia Arraes de Alencar e o quase bacharel em Direito Maximiano Accioly Campos apaixonaram-se, no Recife, em 1963. Marcaram o casamento para 9 de agosto de 1964. Maximiano, boa estampa e filho de usineiro, tinha 23 anos, um temperamento difícil e um romance pronto (Sem lei nem rei, hoje facilmente encontrado pela internet). Ana era linda e tinha 18. Seu pai, Miguel Arraes de Alencar, governador deposto de Pernambuco, era preso político na ilha de Fernando de Noronha. Estava na cadeia desde o golpe militar de 1964, a que não aderiu (ao contrário de seu vice-governador, que assumiu o posto). Órfã de mãe – que morrera, com 36 anos, em 1961 -, Ana Lúcia não se conformou em casar sem a presença do pai. Destemida, foi ao general de plantão. Campos, emocionado, narra assim:

– Não lembro se foi o (general Antônio) Bandeira ou se foi o (general) Justino (Martins). Ela foi lá e disse: “Olhe, ele é um preso político, mas ele é pai. Eu tenho 18 anos, já não tenho mãe e gostaria de ter o direito de meu pai estar no meu casamento”. O general autorizou o casamento na Base Aérea. Doutor Arraes foi levado em avião militar, com um aparato repressivo completo. Porque havia, do lado da repressão, versões de que seria uma oportunidade para ele ser resgatado. Ele só assistiu ao casamento e voltou.

Em maio de 1965, Arraes seguiu para o exílio, com a segunda mulher (Maria Magdalena, a Madá, ainda viva), a primeira filha desse casamento e sete filhos do primeiro. Só a recém-casada Ana Lúcia não foi, mais por Maximiano, introspectivo e avesso a viagens de avião. Eduardo Henrique Accioly Campos (ou Dudu) nasceu em 10 de agosto de 1965, um ano e um dia depois do casamento. Não tem Arraes no nome – nem ele nem seu único irmão, o advogado e escritor Antônio Campos (ou Tonca), três anos mais novo. Maximiano não quis. Por seis anos, a família morou na fazenda Três Marias, no município de Vitória do Santo Antão, a 50 quilômetros do Recife. “Era uma vida bem rural, muito simples, mas muito amena”, diz Campos. Ana cuidava para que escrevesse aos avós e aos tios – e dava ênfase na leitura das respostas que chegavam. “Não tinha Facebook, não tinha Skype.” Em 1976, Ana levou Dudu, com 10 anos, e Tonca, com 6, para conhecer o avô e a família exilada. Foi a primeira vez que todos os filhos de Arraes se reencontraram. Maximiano não foi. Ficaram um período em Argel, outro numa cidade litorânea da França – onde nasceu o segundo filho de Arraes com Madá.

Campos não fica à vontade quando a conversa passa pela história do pai. Escritor compulsivo e angustiado – deixou uma obra extensa, com altos e baixos, que Tonca não cansa de reeditar (com patrocínio do governo federal) – Maximiano sofria de depressão. Nos maus momentos, que não foram poucos, todos em volta sofriam com ele. Nos bons, era ótimo. Campos fica circunspecto e emocionado quando ouve a leitura de frases literárias de Maximiano: “A gente não pode acreditar somente no que vê. O que a gente vê é muito pouco para o que existe no mundo”; “O que dá valentia ao homem não é o lugar que ele nasce. É o gênio que possui e a necessidade da hora”.

“Meu pai deixou para nós um legado de muita austeridade”, diz Campos. “Foi um homem de muita coragem, muito leal, muito sério, um homem que sempre valorizou o conhecimento.” Um de seus amigos, o poeta Ângelo Monteiro, escreveu seu perfil: “Uma de suas características mais notáveis consistia em seu olhar de observador que, logo à primeira vista, deixava as pessoas um pouco perplexas: porque costumava observar, assim que lhe eram apresentadas, dos pés à cabeça. Com aquele seu ar de amável mafioso, as pessoas, arrastadas por sua ágil conversação, terminavam, já descontraídas, bem menos perplexas. Esses e outros ingredientes, entre os quais uma afiadíssima ironia e uma capacidade de imitar tipos e situações vexatórias, faziam dele um dos melhores conversadores que conheci”.

Está aí, afora o “amável mafioso”, uma boa aquarela do filho governador, e socialista, também um craque na arte de contar causos e fazer imitações. Dia desses, em jantar no Planalto, com outros convidados, fez a presidente Dilma dar risada com imitações do ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti. Durante a entrevista, Campos manobrou a cadeira para bem perto da mesa e incorporou um impaciente Doutor Arraes tamborilando nervosamente a borda, falando muito baixinho.

– É verdade que Arraes grunhia, de propósito, para o interlocutor desistir da conversa?

– Isso é o folclore que conta. Na verdade, os sertanejos falam muito baixo, até para gastar menos energia. É fisiológico. Os Arraes falam muito assim. A conversa dele com as irmãs é um negócio que você achava que tinha de botar um aparelhozinho. E se entendiam (imita a conversa). Uma cena bizarra.

Em 1979, aos 13 anos, Dudu reviu o avô quando ele voltou do exílio. O ex-ministro da Justiça Fernando Lyra (e irmão do vice-governador João Lyra) lembra, em seu apartamento com vista para o mar, em Jaboatão dos Guararapes, que o garoto já ajudara na panfletagem de sua campanha vitoriosa a deputado federal, pelo MDB, no ano anterior. “Eduardo foi precoce”, diz Fernando Lyra. O então líder metalúrgico Lula estava presente na concorrida recepção a Miguel Arraes – e essa foi a primeira vez que Campos o viu.

Na universidade, onde conheceu e conquistou Renata, ou vice-versa, Campos foi bom aluno e líder estudantil, da esquerda moderada. “lá tinha carisma”, diz o deputado estadual socialista Waldemar Borges, contemporâneo de faculdade e ex-secretário de Campos em seu primeiro mandato. “Com Eduardo não tem espaço para embromation.” Formado economista em 1985, com 20 anos, Campos teve oportunidade de fazer mestrado nos Estados Unidos. A política venceu. Depois de assessor, por alguns meses, na prefeitura de Jarbas Vasconcelos, foi ser chefe de gabinete e depois secretário de Governo de Arraes, em seu primeiro mandato depois do regresso (1986-1990). Campos começou como assessor do tio, Marcos Arraes, secretário de Governo do pai. Logo o jovem de 22 anos o atropelou, assumindo a titularidade. “Desde lá já se via que ele queria mais”, diz Marcos Arraes, orgulhoso do sobrinho. Em 1990, por divergências com os partidários de Jarbas, avô e neto foram para o PSB. Campos foi deputado estadual (1990-1994).

Em 1992, sofreu sua única derrota eleitoral: quinto lugar, com 25.605 votos, na eleição em que 270 mil levaram Jarbas pela segunda vez à prefeitura do Recife. Ele não fica feliz em lembrar. Uma pirueta na cadeira depois, diz: “Eu era um menino, uma criança”. Tinha 25 anos. Em 1994, os deputados estaduais Campos e João Paulo Lima e Silva (hoje deputado federal pelo PT) tentaram impedir, com outros parlamentares, que a polícia do governador Joaquim Francisco – hoje suplente do senador petista Humberto Costa – cumprisse uma ordem de despejo contra posseiros do Sítio Grande, na periferia do Recife. A polícia os espancou. João Paulo quebrou quatro costelas. Campos trincou uma. “Foi pancada de todo lado”, diz Campos.

“Ele foi corajoso”, diz João Paulo, em seu escritório no Ia andar de um hotel três estrelas, na Praia do Pina. João Paulo foi duas vezes prefeito do Recife e secretário no primeiro mandato de Campos. Ele conta que se exonerou porque não conseguiu demitir duas funcionárias protegidas de sua mãe, Ana Arraes. A seu estilo, diz João Paulo, Campos nunca disse a ele que as deixasse em paz. Apenas deixou de recebê-lo. João Paulo sentiu-se desrespeitado – e saiu. Só se reaproximaram na campanha vitoriosa de Dilma. “Eduardo tem um jeito encantador de conquistar”, diz João Paulo. “Ele envolve, valoriza, chama na casa dele.”

No mandato seguinte de Arraes (1995-1999), Campos licenciou-se da Câmara para ser, primeiro, secretário de Governo. Depois, secretário da Fazenda. No cargo, foi denunciado, pelo Ministério Público Federal, por emissão fraudulenta de títulos públicos para pagar dívidas pendentes. O caso entrou para a história como “escândalo dos precatórios” e resultou numa rumorosa CPI no Senado – onde Campos depôs, negando a denúncia (a íntegra do relatório da CPI está disponível na internet). A oposição local fez a festa, Jarbas Vasconcelos à frente. A vida virou um inferno. Campos apagou o fogo elegendo-se deputado federal pela segunda vez, o mais votado do Estado. Em novembro de 2003, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, rejeitou a denúncia. A decisão não evitou que o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o “Conselhinho”, o impedisse, em 2009, de ocupar cargos de administração ou gerência em instituições na área de fiscalização do Banco Central do Brasil (bancos e instituições financeiras). Em março de 2012, os advogados de Campos obtiveram uma liminar que suspendeu a penalidade do “Conselhinho”.

“A adversidade é uma professora extraordinária”, diz Campos sobre o caso dos precatórios. “Sobreviver àquilo, só sendo inocente.” Questionado sobre os rumores de que naquele tempo evitava descer no aeroporto do Recife, com medo de alguma reação, as mãos apertam os dois braços da cadeira. Os olhos, por uns segundos, como que soltam chispas. “Isso é mentira. Nunca houve isso. É folclore.” O que mais doeu – e ele jamais esquecerá – foi a reação de filhos mais velhos de Arraes, seus tios. Eles se indignaram com Campos por ter envolvido Arraes naquele escândalo com dimensão nacional. Queriam que Arraes jogasse o neto aos lobos – o que ele se recusou a fazer.

Maximiano morreu, de complicações cardíacas, em 6 de agosto de 1998. Flavia muito estava separado de Ana, ambos com novos parceiros. Foi naquele ano que escreveu o poema “Para Eduardo”. O filho era deputado federal. O poema está no livro Do amor e outras loucuras. Na última capa de edição recente, organizada por Tonca, com patrocínio do Ministério da Cultura, da Petrobras, dos Correios e da Chesf, a epígrafe é do poeta Ângelo Monteiro: “Os meus estandartes sem culpa te incomodando”. Um trecho do poema diz assim:

Luto limpo, sem calúnias, emboscadas, mentiras, perfídias.

Com Campos livre dos precatórios, pelo Supremo, Lula pôde fazê-lo ministro da Ciência e Tecnologia. Ele assumiu em janeiro de 2004 no lugar de seu companheiro de partido, Roberto Amaral. “Eduardo é um quadro que não precisa de ghost-writers e que não abandona projetos”, diz Amaral. Campos tem sua versão para Lula ter se encantado com ele: o apoio desde a campanha de 1989 – quando o candidato de seu então partido, o MDB, era Ulysses Guimarães. Em 1994, contou, Lula ficou particularmente grato por ele ter assumido a responsabilidade pelo comício de encerramento da campanha, no Recife. Em 1998, Campos também somou. Em 2002, foi de Garotinho, no primeiro turno – “o partido decidiu…” diz -, mas estava com Lula no segundo.

A melhor explicação para o encanto, que ainda é mútuo, é que o santo dos dois bateu na primeira hora. Lula transferiu para ele o carinho que tinha pelo avô – e Campos soube fazer-se sentir como um querido afilhado. Ambos admiram-se em características semelhantes – carisma, bom humor, capacidade de seduzir (Campos menos), autoridade para mandar (Campos muito mais), conversa para boi dormir (no melhor sentido da expressão)” e capacidade de correr atrás e de fazer acontecer. Campos soube ser fiel nos momentos em que Lula precisava. Em 2005, retirou sua candidatura à presidência da Câmara em favor de Aldo Rebelo. Pesou na balança no vendaval de 2005, em meio às denúncias de Roberto Jefferson, acalmando congressistas que queriam pôr na pauta pedidos de impeachment contra Lula.

Campos decidiu ser candidato a governador em 2005, quando ainda era traço nas pesquisas. Com poucos abnegados, palmilhou missionariamente o interior pernambucano, e venceu a disputa. Abatido pelo Escândalo dos Vampiros, o ex-ministro da Saúde e senador Humberto Costa, do PT, não passou ao segundo turno. “Eduardo é um sujeito completamente obcecado pelo poder. Nessa obsessão, são poucos os limites”, diz ele, em seu escritório do Recife. O deputado federal Mendonça Filho, do Democratas, perdeu para Campos no segundo turno. “Eduardo tem mostrado muita astúcia e capacidade de trabalho”, afirma Mendonça Filho.

Como governador, o sedutor Campos soube e sabe atrair os recursos do governo federal petista – de longe o maior investidor na economia local, desde o primeiro governo Lula. Para citar só o PAC 2, dados oficiais do Ministério do Planejamento mostram que, entre 2007 e 2010, o investimento federal foi de R$ 33 bilhões. De 2011 a 2014 a previsão* é de R$ 53 bilhões. Lula gostava tanto de Campos que, em novembro de 2005, dois meses depois da morte de Arraes, ofereceu a Campos, a sua mãe, a três tios paternos e a dois sobrinhos uma supercarona no jato presidencial da época, o Sucatão, para que a família do ex-exilado na Argélia pudesse comparecer à homenagem oficial que lhe ofereceu o Ministério das Relações Exteriores daquele país. Os Arraes aproveitaram uma providencial missão comercial à Argélia, liderada pelo então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan. Na volta, preito cumprido, pagaram avião de carreira.

O reeleito presidente Lula inundou Pernambuco com recursos de causar inveja a governadores petistas, como Jaques Wagner (BA) e Marcelo Deda (SE). No caso da montadora Fiat e da refinaria da Petrobras, a participação de Lula foi decisiva. Campos fez a contrapartida de uma boa gestão. Lula chegou a pensar nele para vice de Dilma, na eleição de 2010. Discretamente sondado, Campos nem deixou a ideia prosperar. Queria a reeleição. Venceu Jarbas Vasconcelos com quase 3 milhões de votos de diferença, no primeiro turno.

A primeira estranheza de Lula com Campos foi a insistência empedernida com que ele quis a mãe como ministra do Tribunal de Contas da União. Lula já era ex-presidente, não entendeu, mas apoiou. A segunda – já uma decepção, dele e, até mais, da presidente Dilma – foi Campos ter humilhado o PT, com crueldade, na eleição para prefeito. Geraldo Júlio, ex-secretário de Campos, ganhou, já no primeiro turno, de Humberto Costa. Outro derrotado foi o candidato tucano Daniel Coelho, deputado estadual. “Eduardo não se satisfaz com a maioria, só com a unanimidade”, diz Coelho, em seu gabinete na Assembleia Legislativa.

“Nossa diferença está no conteúdo do governo”, diz Campos. “Pergunte a um secretário meu: quando você foi nomeado, Eduardo lhe deu um envelope com três currículos para colocar lá? Pergunte. Nunca agi dessa forma. Eu delego, desconcentro.” O que mais impressiona, em sua ênfase, além da coadjuvância da cadeira, é que ele e sua mulher, Renata de Andrade Lima Campos, têm, somados, umas duas dezenas de parentes ou aderentes em cargos de confiança no governo. Tudo dentro da lei, registre-se. O pai de Renata, Cyro de Andrade Lima, médico gastroenterologista aposentado, é membro remunerado do Conselho de Administração da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Cunhada, ex-cunhado, sobrinhos, sobrinhas, primos, tios… Faz tempo que essa relação veio a público e circula na internet, sem desmentido dos empregados ou do empregador. O critério de Campos, ao não aceitar a acusação de nepotismo, é que, em nenhum dos casos, as indicações ferem o que determina a lei – que não impede que uma estatal contrate um sogro ou um sobrinho. Um exemplo: no governo federal, seu tio Marcos Arraes de Alencar foi indicado pela presidente Dilma, a pedido de Campos, para diretor da estatal Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia, Hemobras, onde ocupa a diretoria de administração e finanças. A cadeira volta a fazer meio círculo: “Fomos o primeiro governo, dos 27 do Brasil, a aprovar, antes da União, uma lei contra o nepotismo. Você acha que, a esta altura, se eu tivesse algum parente que ferisse a lei de nepotismo, já não tinha umas dez ações na Justiça? Pelo amor do Santo Deus!”

Pernambuco também é, hoje, o único Estado do país onde há um jornalista preso, há quatro meses, sob tutela da Polícia Civil. Ele se chama Ricardo Cesar do Vale Antunes. Tem 50 anos, 30 de profissão, e divide uma cela no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotrel), no município de Abreu e Lima, a 12 quilômetros do Recife. É uma cela para presos com curso superior, conhecida como prisão especial. “Sou o único preso político do país”, diz Antunes. “Ricardo é um pobre coitado, um infame, um miserável”, afirma Campos.

Antunes está condenado, em primeira instância, pelo crime de lesão corporal leve – um tapa no rosto de uma funcionária de uma companhia aérea. Como recorre da sentença, é, tecnicamente, réu primário. Há uma dúzia de outros processos em tramitação com seu nome – ora como réu, ora como autor. Em março do ano passado, criou o blog Leitura Crítica. Um dia escreveu que o “Imperador” EduardoCampos não cuidava da seca como devia. Seu personagem preferido era o cientista político, banqueiro e marqueteiro Antônio Lavareda. Nos meses que antecederam à eleição municipal, Antunes publicou, no blog, que Lavareda apoiava a campanha de Geraldo Júlio, o candidato de Campos a prefeito, e que a mulher de Lavareda fechara um contrato sem licitação com a prefeitura. Publicou também que Lavareda se aproximara de Campos de olho em sua possível candidatura em 2014 – algo que ambos negam.

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Antunes foi preso em flagrante, a dois dias da eleição municipal do último dia 5 de outubro, ao sair do escritório de Lavareda com R$ 50 mil, sob a acusação de extorsão (crime inafiançável) contra ele. Antunes afirma que não houve extorsão nenhuma. “Os R$ 50 mil eram apenas uma parte do que Lavareda me devia, e ainda me deve.” Antunes diz que, quando trabalhou para Lavareda, como assessor de imprensa, agenciou um contrato com a Confederação Nacional da Indústria e que Lavareda ficou lhe devendo R$ 2 milhões em comissões. Lavareda afirma que estavam quites. A Justiça decretou a prisão preventiva de Antunes. Seus advogados entraram com pedidos de habeas corpus. Até aqui a Justiça os rejeitou. A primeira e a segunda instância recusaram o pedido dos advogados de Lavareda para a retirada, no blog Leitura Crítica, de todos os textos em que ele está citado. Seria censura, consideraram. Mas o desembargador da segunda instância proibiu Antunes de voltar a escrever sobre Lavareda. Procurado por ÉPOCA, Lavareda negou que tivesse tratado da questão com Campos.

No final do ano passado, Campos foi espairecer numa viagem à Europa com a mulher e os quatro filhos. Nada de relaxamento no monitoramento rigoroso – seu vice, João Lyra, seguiu o cronograma estabelecido. É claro que o estilo faz alguma diferença – Lyra não tem olhos perscrutadores, agradecem os monitorados -, mas o controle não se perde. Campos e sua família – Renata, Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique e José Henrique, para combinar com o seu Eduardo Henrique passaram 15 dias principalmente na Itália. O sertão de Pernambuco ardia, como ainda arde, na pior seca dos últimos 50 anos.

“A viagem do governador foi um presente dos secretários de Estado”, diz Evaldo Costa, secretário de Imprensa. Ele estima entre R$ 600 e R$ 1.000 quanto cada um pagou. É possível que, em qualquer outro Estado, houvesse estranhamento. Mas não em Pernambuco. Para onde quer que se olhe – imprensa, Legislativo, Judiciário, ONGs, entidades de classe -, Campos não tem nada que se possa realmente chamar de oposição. São esses apoiadores os que mais plantam notícias, na imprensa, sobre sua possível candidatura à Presidência. Campos encerra a questão com uma frase retórica: “Tem gente que parte do eleitoral para o político. Minha verdade é partir do político para o eleitoral”. E dá mais um rodopio na cadeira giratória.

Por que Ricardo Antunes continua preso?

Bacharel em Jornalismo Antônio Lavareda
Bacharel em Jornalismo Antônio Lavareda

O que queria Antônio Lavareda, e lhe foi negado pela Justiça? No país do segredo eterno, a eterna censura para qualquer notícia contra ele e as empresas que é dono ou acionista. A pretensão de que fossem publicadas, exclusivamente, matérias favoráveis de propaganda, de publicidade, de relações públicas. E todo press release baba ovo. Idem dos políticos que ele faz o marketing eleitoral.

Seria um precedente antidemocrático, o fim do jornalismo imparcial, livre e verdadeiro.  Aliás, Ricardo Antunes jamais escreveu qualquer notícia contra Lavareda, colega de profissão que sempre elogiou e considerou como amigo. Leia o blogue Leitura Crítica e confira. Tem uma entrevista de Alexandre Rands. Que deveria ser investigada pela Polícia Federal e anexada aos processos do caso Lavareda versus Ricardo.

Ricardo foi preso no lugar de Rands. Acontece sempre: o entrevistador paga pelas denúncias e opiniões do entrevistado. O pau quebra no lombo do mais fraco.

A prisão de Ricardo Antunes é injusta e inexplicável. Uma prisão política.

Pernambuco sempre teve preso político antes, durante e depois da última ditadura militar. Durante quase todo o ano de 1963, e até março de 1964, o governador Miguel Arraes tinha no Quartel do Derbi da Polícia Militar dois prisioneiros: um agitador político e um líder camponês. O neto, governador Eduardo Campos, deu carta branca para a prisão do jornalista Ricardo Antunes.

Mesmo na cadeia, Ricardo Antunes obtém vitória contra Antônio Lavareda na Justiça

Escreve Jamildo  Melo:

Sem alarde, no final de novembro último, a Juiza da 6a Vara Cível Jaboatão dos Guararapes, Catarina Vila-Nova Alves de Lima, negou pedido do publicitário e empresário Antõnio Lavareda, em ação movida contra o jornalista Ricardo Antunes, preso no Cotel, visando tirar do ar as postagens feitas pelo jornalista no blog Leitura Crítica.

A juiza negou o pedido alegando que as matérias do blogueiro, em princípio, nada continham de ofensivo e representavam o exercício da liberdade de imprensa. Citou, inclusive, diversos trechos da decisão do Supremo Tribunal Federal que revogou a Lei de Imprensa.

Acusado de tentativa de extorsão contra o empresário Lavareda, às vésperas das eleições de outubro último, Ricardo Antunes está no Cotel desde o dia 5 de outubro. Como o recesso forense começa nesta sexta-feira (21/12), a partir das 14hs, o blogueiro deve passar Natal e Ano Novo detido.

Após a prisão preventiva, os advogados de Ricardo Antunes entraram com uma petição pedindo reconsideração da prisão.

O pedido deu entrada no dia 05/12 e desde então a juíza de Jaboatão que analisa o processo não disse nem sim nem não, porque o processo está com a promotora do caso. Os advogados do jornalista tem reclamado que, apesar dos insisitentes pedidos, ainda não devolveu o processo à juíza. Sem o processo, a juíza não tem como analisar o pedido.