A primeira bomba sinaliza que o jogo começou cedo nas ruas.
Estilhaços para quem quer cobrir.
Mas a grande mídia não mostra.
Um jogador foi expulso do jeito que a Polícia gosta.
Depois do jogo, é pela rua que o torcedor vai voltar, ainda com o cheiro da repressão dos que se acham juízes da vida.
Policiais Militares do Estado de São Paulo prendem pacifista que nada fez do que se por a frente da formação. O pacifista é um professor, com seu ato de coragem acabou sofrendo escoriações e dois tiros de bala de borracha no peito, quase a queima roupa. FOTO Giovana Meneguim
DEMOCRACIA MILITAR
por Kelly Araújo
____________________________________
D-eturparam o direito de ir e vir do povo
E-nquanto a bola rolava, a policia se descontrolava
M-ilitares com sede de guerra nas ruas
O-primiam pessoas com fome de insubmissão
C-entros sitiados pais à fora
R-epressão do Estado e pancada de todos os lados
A-rbitrariedade em prisões infundadas
C-acetetes, balas e gás eram os donos da rua
I-mprensa brutalmente impedida de mostrar
A-tivistas estupidamente impedidos de manifestar
M-ostraram tirania, coesão, cólera, coação
I-nibiram jornalistas, coletivos, a mídia séria
L-iberdade posta à prova e retirada ferozmente
I-mpetuosidade nos olhos de cada homem de farda
T-raduziram o óbvio: a ditadura nunca morreu
A-inda dizem que vivemos em uma democracia
R-evolução virá com a DESMILITARIZAÇÃO já
____________________________________
Audiodescrição dos Fotógrafos Ativistas: Dois policiais militares e um manifestante. Um dos PMs empurra o manifestante para trás enquanto o outro em primeiro plano, aponta o caminho que devem seguir em tons autoritários
AÇÃO TRUCULENTA DA PM NA ABERTURA DA COPA DO MUNDO
REDE FOTÓGRAFOS ATIVISTAS
Vídeo feito pelo fotógrafo ativistas da nossa rede (Flavio Freire), capta a ação agressiva e sem critérios da Policia Militar do Estado de São Paulo durante a manifestação de 12/06, dia da abertura da Copa do Mundo:
O que mata mais no Brasil violento: morte matada ou morte morrida? A polícia mata, a milícia mata, o assaltante de rua mata, o trânsito mata. É um país de assassinos. Dos desaparecidos. Dos cemitérios clandestinos. Da escravidão. Dos atestados de óbito por causa desconhecida. Das 500 mil crianças prostitutas condenadas a morrer antes da maioridade. Dos filhos da rua e dos f.d.p. nos mais altos cargos dos cinco poderes: o econômico, o judiciário, o executivo, o legislativo, a imprensa.
Dou um exemplo desta semana: assassinaram três jornalistas. Que indenização vão receber as famílias dos mortos?
Sei que um brasileiro vale menos que um argentino. Eis a prova:
Tragedia en Mendoza: pagarán $700 mil por cada víctima fatal del accidente en San Martín
Se calcula que esa cifra deberán abonar los dueños del camión que protagonizó el choque que provocó 16 muertes. Sólo con los fallecidos, el monto ronda los $11 millones. Podría ser más si los sobrevivientes deciden hacer demandas.
Casi $11 millones deberán pagar las empresas brasileñas propietarias del camión y el semirremolque que protagonizaron la denominada “tragedia de la ruta 7” en San Martín. La cifra se calcula sólo para las víctimas fatales, pero ascendería si quienes sobrevivieron anteponen medidas judiciales.
Mientras continúan las pericias para intentar determinar si el camionero Genesio Mariano (35) realmente estaba bajo los efectos de alcohol y drogas como afirmaron varios testigos, el representante legal de las compañías brasileñas en Mendoza le confirmó a Diario UNO que deberán desembolsar unos $700 mil por víctima. Así, sólo por las 15 víctimas fatales (sin contar al camionero, que fue quien ocasionó el siniestro), la suma ascendería a los $10 millones y medio.
“El monto del pago (de las indemnizaciones), ya sea por un arreglo o por sentencia firme que se determine, a ojo experimentado, en promedio va a rondar los $700 mil por víctima. Podrá ser menos o más, dependiendo de cada caso”, especificó Alejandro Miguel Nacevich, representante legal de ACM Transportes y Toso Limitada. Ese monto incluiría los conceptos de daños moral y psicológico, y lucro cesante.
El abogado precisó que, si bien siempre se mencionó a ACM como la propietaria del camión, tanto el chofer como el tractor pertenecían a Toso. Esta empresa alquilaba el semirremolque de ACM, pero ambas serán las responsables legales en caso de que lo determine la Justicia.
Más aportes a la investigación
Según explicó Nacevich, el martes pasado, los dueños de ambas empresas brasileñas llegaron a Mendoza para ponerse a disposición del fiscal que investiga el tremendo siniestro vial.
“Nos apersonamos en la fiscalía de San Martín, adjuntamos la póliza de seguro de responsabilidad civil que les exigen a las empresas de transporte internacional por daños a terceros y vimos el vehículo siniestrado”, detalló el letrado.
De acuerdo con la versión de Nacevich, entre esos aportes también figura el informe de GPS, que echará luz sobre el recorrido que realizó Mariano entre las 15 y las 17.30, lapso en el que se genera el vacío investigativo.
De acuerdo con la información del sistema satelital, los propietarios de ACM indicaron que el enorme transporte de cargas circulaba a unos 50 kilómetros por hora y no a más de 100 como indicaron fuentes policiales tras el incidente. Nacevich indicó que la velocidad no será determinante, debido a que los efectos son los mismos. “Quedó molido. Evidentemente, despacio no iba. Además, están las imágenes de los testigos presenciales donde uno ve que el camión no iba despacio. Si iba a 50 o a 200 (km/h) lo va a determinar una pericia mecánica. De todas maneras, en la responsabilidad y en la indemnización no hace diferencia”, sentenció el abogado especializado en comercio internacional y transporte.
Respecto de la hipótesis que plantearon los empresarios brasileños de que su chofer había sido asaltado, el abogado mendocino se atajó: “No lo descarto, pero tampoco lo afirmo”.
Identifican los dos últimos cuerpos
Una semana pasó y sólo entonces los 16 fallecidos tras el siniestro vial pudieron ser identificados. Ayer se confirmó que el cadáver masculino, que no podía ser individualizado por no contar con muestras de ADN que cotejar, es del camionero brasileño y que el cuerpo femenino es de una turista norteamericana.
Genesio Mariano, el chofer oriundo de Brasil, fue identificado luego de que su medio hermano Roberto Fernandes de Jezuz (23) aportara muestras de sangre la tarde del jueves en el Cuerpo Médico Forense.
Los peritos también confirmaron que el cuerpo de mujer que faltaba reconocer es de Tyler Mooney Sabrooke, una turista norteamericana que fue reconocida visualmente por familiares que llegaron de Estados Unidos debido a que no estaba calcinada, sino que fue rescatada del micro y falleció en el hospital.
Federalizar já a investigação do assassinato premeditado do cinegrafista Santiago Andrade. Uma polícia que joga bombas de gás lacrimogêneo, de gás de efeito (i)moral em jornalistas, não tem autoridade moral. Uma polícia que atira balas de borracha para cegar cinegrafistas e fotógrafos não tem nenhuma credibilidade.
Está na internert: Antes do cinegrafista, já tivemos outras mortes em manifestações. Mas quantas foram investigadas e os responsáveis condenados? E os outros jornalistas atingidos? Houve alguma campanha midiática pela punição dos responsáveis por esses crimes? Por que há uma forma diferenciada como são tratados os casos de violência? E por que essa ânsia toda de culpar de todas as formas possíveis os Black Blocks? Por que um advogado ligado as milícias tentou incriminar um político do Rio, Marcelo Freixo, a morte do cinegrafista?
Segue abaixo a lista das pessoas mortas nas manifestações:
1. a gari Cleonice Vieira de Moraes, em Belém (PA), vítima do gás lacrimogêneo lançado pela polícia militar;
2. 13 mortos na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré no Rio de Janeiro (RJ) – neste caso, a imprensa sequer se deu ao trabalho de informar todos os nomes;
3. o estudante Marcos Delefrate, de 18 anos, em Ribeirão Preto (SP), atropelado por um carro que furou um bloqueio de manifestantes;
4. Valdinete Rodrigues Pereira e Maria Aparecida, atropeladas em protesto na BR-251, no distrito de Campos Lindos, em Cristalina (GO);
5. Douglas Henrique de Oliveira, de 21 anos, que caiu do viaduto José Alencar, em Belo Horizonte (MG), por ter sido acuado pela polícia militar;
6. o marceneiro Igor Oliveira da Silva, de 16 anos, atropelado por um caminhão que fugia de uma manifestação, numa ciclovia próxima à Rodovia Cônego Domênico Rangoni, na altura de Guarujá (SP);
7. Paulo Patrick, de 14 anos, atropelado por um táxi durante manifestação em Teresina (PI);
8. a manifestante Gleise Nana, de 33 anos, insultada e coagida por mensagem de facebook de um sargento da polícia no dia 7 de setembro – no dia 18 de outubro seu apartamento pegou fogo e no dia 25 de novembro não resistiu as queimaduras que afetaram 35% de seu corpo e faleceu;
9. Fernando da Silva Cândido, ator, por inalação de gás lançado pela polícia, no Rio de Janeiro (RJ).
10. o idoso que foi atropelado por um ônibus ao tentar fugir da polícia, na mesma manifestação em que o cinegrafista Santiago foi atingido – sobre esta outra vítima, nenhuma linha na imprensa. Chamava-se Tasman Amaral Accioly e era vendedor ambulante.
Conheça vários casos de pessoas mortas e feridas em manifestações no Brasil. Clique aqui
Os soldados mais violentos são comandados pelos governadores corruptos Sérgio Cabral e Geraldo Alckmin.
Federalizar o inquérito sim. Na internet começam a aparecer as dúvidas:
“Esses policias treinados pelo pessoal do filme O Procurado conseguem dar tiro de bomba para fazer o petardo dar uma volta pelas costas do jornalista e acertar a cara dele debaixo pra cima e afundar o crânio. Bomba fazer curva, o cinema americano tem que aprender isso…”
Outra dúvida levantada:
Fotos mostram que foi a PM quem disparou contra o cinegrafista da Band
Jornal Causa Operária: Imagens reunidas por ativistas da internet negam a versão de que foi um manifestante o responsável pela morte de Santiago Andrade. O que reforça que a imprensa burguesa está usando o fato como pretexto para aumentar a repressão
Diante da tentativa da imprensa burguesa de colocar a culpa da morte do cinegrafista Santiago Andrade nos manifestantes, um grupo de ativistas da internet reuniu fotos que atestam justamente o oposto. Nas fotos (veja abaixo) fica claro que se trata de uma munição industrial e não um rojão como se afirmou exaustivamente nos jornais e redes de rádio e televisão.
Em uma das fotos, um destes ativistas segura o artefato com a mão.
Estas fotos corroboram o depoimento dado por outro cinegrafista presente a manifestação do dia 6, Bernardo Menezes, funcionário da Rede Globo. Em uma reportagem da Globo News ele dá o seguinte relato: “Tudo aconteceu no momento em que os manifestantes se aglomeraram no Comando do Leste, um edifício do Exército situado no Centro do Rio, ao lado da Central do Brasil. A Polícia Militar tentava dispersar os manifestantes e lançou várias bombas de efeito moral. E um destes artefatos estourou bem perto do cinegrafista da Band. Eu estava há alguns metros e vi quando isso aconteceu. Ele na mesma hora caiu no chão e ficou com um ferimento na cabeça, perdendo bastante sangue. Colegas e outras pessoas que estavam próximas obviamente correram para tentar ajuda-lo. Cercaram o cinegrafista [que estava] no chão e alguns PMs lançaram ainda mais bomba, o que provocou mais confusão” [grifo nosso].
Além disso, também chama a atenção alguns fatos. Na imprensa burguesa, em particular na televisão, “especialistas” chegaram rapidamente à conclusão de que foi um manifestante quem disparou um rojão que acertou o cinegrafista. O que além de tudo, mostra a disposição desta mesma imprensa em considerar um manifestante culpado mesmo sem qualquer julgamento.
Uma tática comum em campanhas que servem como pretexto para justificar medidas que aumentam a repressão.
Outra questão é que não foram amplamente divulgadas as imagens das câmeras usadas para monitorar o trânsito e, segundo alegam os governos, para garantir a segurança. Certamente elas poderiam fornecer mais dados sobre o conflito no Centro do Rio. O que temos são apenas alguns registros. Por que estas imagens não são divulgadas e analisadas? Por que mostrariam que os disparos partiram da polícia?
Neste sentido, é preciso repudiar tanto a ação da PM como a cobertura da imprensa capitalista, responsável pela propaganda contra os manifestanes, em favor do aumento da repressão.
A tirania se faz com o povo sem liberdade de expressão, com a prisão dos líderes dos movimentos sociais e das lideranças sindicais e estudantis.
A lei antiterror dá validade às versões rocambolescas da polícia. E oferece todo poder aos tribunais militares de coronéis “togados”. É a volta da ditadura disfarçada em “democracia”.
A lei antiterror não valerá para prender bandidos que a imprensa chama de corruptos: os membros das quadrilhas do juiz Lalau, de Salvatore Cacciola, do juiz Mattos, do banqueiro Daniel Dantas, do bicheiro Carlinhos Cachoeira, do mensalão tucano e outras e outras, que o Brasil continua empestado de ladrões do dinheiro público e piratas estrangeiros.
Escrevem Ayrina Pelegrino e Luka Franca: O enunciado do artigo 2 do PLS 499/13 (Projeto de Lei do Senado), também conhecido como Lei Antiterrorismo, define como terrorismo o ato de “provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade da pessoa”. A pena seria de 15 a 30 anos de prisão e, em caso da ação resultar em morte, a punição mínima chegaria a 24 anos.
No sistema penal brasileiro, a legislação mais próxima da Lei Antiterrorismo foi criada ainda durante o regime civil-militar e conseguiu se manter válida durante o processo constituinte de 1988. Trata-se da Lei de Segurança Nacional que, em seu artigo 20, impõe pena de 3 a 10 anos de reclusão, aumentada até o triplo no caso de morte, para quem “devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas”.
Segundo a advogada e membro do Comitê Popular da Copa de São Paulo, Juliana Brito, o Código Penal já serviria para dar tratamento a possíveis entreveros durante o período de grandes eventos no Brasil. “Poderiam muito bem ser enquadrados como dano ao patrimônio, homicídio, tentativa de homicídio ou sequestro. Há outros crimes previstos na legislação que poderiam dar conta [de penalizar algum entrevero durante grandes eventos]”, afirma.
Brito afirma também que o texto do PL não é explícito, ou seja, não designa exatamente o que seriam ações que possam espalhar o terror ou pânico generalizado. “[O projeto] é muito abstrato. Podemos compreender então que uma matéria distorcendo a realidade pode espalhar o terror ou o pânico, e aí a empresa responsável por essa matéria também seria processada?”, questiona.
O advogado Carlos Márcio Rissi Macedo, sócio do GMPR Advogados (Gonçalves, Macedo, Paiva & Rassi), acredita que é necessário que o Brasil tenha uma legislação que efetivamente criminalize e discipline meios de investigação e cooperação internacional contra o terrorismo. Porém, Macedo também aponta que o texto do PL não deixa explícito o que seria definido realmente como terrorismo. Segundo ele, até as manifestações que vem ocorrendo no Brasil poderiam acabar se enquadrando nesse conceito, o que é perigoso. “Tenho sérias dúvidas do que seria ‘provocar ou infundir terror ou pânico’. Este conceito é altamente abstrato, podendo dar margem a interpretações arbitrárias do texto lei, o que coloca em risco o estado de direito”, afirma.
Aumento da criminalização política
Para Juliana Brito o projeto o fato do projeto ser genérico e poderia enquadrar diversas formas de intervenção política que movimentos sociais adotam. “O interesse [deste projeto] é muito claro. É o de criminalizar os movimentos sociais e recrudescer o estado penal no Brasil, aproveitando para isso um período de Copa do Mundo onde os direitos constitucionais estão em suspenso e aí fica valendo uma lei [ em um momento que] a Copa vai passar, mas a lei vai ficar”. Segundo ela, “no momento em que existe um momento de mobilizações e a reação frente a elas não é de diálogo, mas de enfrentamento policial para impedir as manifestações não dá para dizer que nós temos os direitos constitucionais garantidos” e a Lei Antiterrorismo só viria a reafirmar isso. (Transcrevi trechos).
Nossas armas são as lentes.
________________________________________
Eles estão blindados da cabeça aos pés,
do coturno ao capacete.
Eles têm balas de fogo, borracha, pimenta e gás,
Eles estão armados de ódio,
e protegidos pelo poder da farda que os veste.
Trazem nos punhos cerrados e no cassetete
anos de chumbo que não deixam pra trás.
Nós estamos na rua porque a rua é nossa.
Seguimos despidos de medo, e livres de espírito.
Nosso escudo é o grito,
nossas armas são lentes, sempre em riste.
Somos atropelados, pisados, baleados…
Mas não nos calaremos, jamais.
Fotógrafos e Ativistas.
AUDIODESCRIÇÃO: Foto colorida. A foto registra momentos antes de um Policial da ROCAM atirar no chão em direção a um fotógrafo. A bala ricocheteou e atingiu de raspão o rosto do fotógrafo. Atrás do policial outro mídia ativista registra a ação através do celular.
NOTA DO EDITOR DO BLOGUE: Como diferenciar um policial de um black bloc? Ambos se vestem de preto. E usam máscaras. E muitas vezes estão misturados. Na foto: dois policiais armados para uma guerra mortal. Por que o uso de armas letais contra o povo e os jornalistas? (T.A.)
O repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, da Rede Bandeirantes, que ficou gravemente ferido na cabeça nesta quinta-feira (6) durante um protesto no Centro do Rio, continua internado no Hospital Souza Aguiar.
Ele teve afundamento de crânio, passou por uma cirurgia de aproximadamente 4 horas e seu estado de saúde é grave.
Outras seis pessoas também foram levadas para o hospital. Na versão policial, todas as vítimas foram atingidas por bombas caseiras. Briga entre manifestantes. Mas quem acredita em versão policial? Apenas a imprensa vendida. E inimiga do povo.
No fim da tarde, cerca de mil pessoas se reuniram pacificamente na Igreja da Candelária. O protesto foi contra o aumento da tarifa de ônibus que passa, neste sábado, de R$ 2,75 para R$ 3 reais. O reajuste é de 9,09%.
Estudantes, integrantes de partidos políticos e black blocs caminharam em direção à Central do Brasil.
Os policiais lançaram bombas de efeito moral, bombas de gás lacrimogêneo, e atiraram com balas de borracha para acabar com a manifestação. Não se sabe ainda se atiraram com balas de chumbo, como sempre acontece.
Mascarados, infiltrados da polícia militar sempre estão entre os blach blocs, o que explica eles não ser o alvo das bombas e tiros.
Relata o G1: Fotos da Agência Globo mostram o momento em que Santiago Ilídio Andrade, da TV Band, é atingido na cabeça.
Cinegrafista da Band é atingido em protesto no Rio (Foto: Agência O Globo)
O cinegrafista está em pé, com a câmera no ombro, trabalhando no meio da praça. No primeiro registro, vê-se um rastro de fogo com faíscas perto das costas dele.
Em seguida, a foto mostra uma explosão na cabeça. Uma grande quantidade de fogo se espalha. Na sequência, ele se curva, ainda com a câmera no ombro, e é possível ver muita fumaça.
Momentos depois, o repórter cinematográfico da TV Globo Júnior Alves se aproxima e registra a imagem do cinegrafista da Band caído no chão.
Comandante do 5° Batalhão da Polícia Militar (BPM), Luis Henrique Marinho, informou à assessoria de imprensa da PM que, na hora do incidente, estava a 30 metros do local onde o cinegrafista foi atingido. O comandante disse ter visto pessoas vestidas de preto lançando morteiros, e um desses explosivos teria caído na cabeça do funcionário da Band.
Ao contrário do que afirmou o comandante, o repórter da Globo News Bernardo Menezes, que acompanhava a manifestação, relatou que no fim da noite de quinta, no Jornal das Dez, as bombas de efeito moral teriam partido da polícia. Segundo o jornalista, que estava a poucos metros da confusão, um desses arteatos estourou perto do cinegrafista da Band, que caiu na hora.
Parece óbvio: a oposição visa tomar o poder; o governo, manter.
Não existe um novo poder quando tudo continua como dantes no quartel de Abrantes, apenas uma troca de pessoas com o mesmo pensamento, o mesmo jeito de ser e de fazer as coisas.
Para saber o futuro de um governo, basta conhecer seus financiadores e marqueteiros. Ninguém financia uma campanha de graça. Se um marqueteiro, como Duda Mendonça, faz campanha para qualquer partido, significa que todos os partidos possuem a mesma ideologia. É o caso do banqueiro Antônio Lavareda.
Numa campanha contra o povo prende-se o líder dos sem terra, dos sem teto, dos sem nada, dos movimentos sociais e estudantis. Basta exemplificar com os recentes protestos de rua, que começaram em junho de 2013, e com a criminalização dos atuais rolezinhos.
Se os citados movimentos fossem realmente politizados votariam contra os governadores que mandaram os soldados estaduais usar armas letais contra o povo nas ruas.
E dos rolezinhos uma campanha de boicote aos shoppings da qual fizesse parte a classe média negra (e parda, que nega sua ascendência nas senzalas e aldeias indígenas) com alto poder de compra. E, principalmente, a classe média baixa, os prestamistas.
O bom propagandista político tem que conhecer bem a alma do povo, a história da propagação das filosofias e religiões, e as ciências encruzilhadas.
Nesta campanha presidencial, que meios deve usar um partido político que não possui tempo nas televisões e rádios, e nem espaço na imprensa?
Ou ainda: como evitar a prisão de um líder, de um agitador, de um propagandista?
Não existe uma única maneira válida para todas as campanhas. Mas este exemplo boliviano é inspirador.
La Paz
CUANDO EL GIGANTE SE DESPIERTA
En octubre de 2003, los vecinos de El Alto, a 5 km de La Paz, forzaron la caída del presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada.
El secreto de la fuerza de El Alto reside en su tejido social, sobre todo en su movimiento vecinal.
“Con el referente de octubre, muchos de los gobiernos que han venido después ya ven El Alto como un gigante que puede levantarse y derrumbar gobiernos”.
Los vecinos bloquearon las calles con autobuses, carrocerías viejas, piedras, maderas, incluso con gigantescos vagones de tren descarrilados.
Miles de mineros celebran la renuncia del presidente boliviano en el centro de La Paz (2003). / Fotografía: Jorge Sáenz (AP)
Casualidades de la historia, fue precisamente en El Alto (Bolivia) donde se instaló en 1781 el campamento de los indígenas sublevados contra la colonia, desde donde Tupaj Katari dirigió el asedio a La Paz. Desde el centro de la ciudad era posible ver, 400 metros más arriba, a los prisioneros españoles ahorcados en altísimas estructuras de madera.
Con la misma mezcla de temor y respeto han seguido alzando la vista los sucesivos ocupantes del Palacio Quemado, sede del Gobierno. El secreto de la fuerza de El Alto, hoy una ciudad de 1,2 millones de habitantes, reside en su tejido social, sobre todo en su movimiento vecinal. Cada zona, en ocasiones apenas una manzana, tiene un presidente elegido por una asamblea, que se reúne cada mes.
Cuando estalló la guerra del gas, en octubre de 2003, Mónica Apaza era secretaria de Juventudes de la Federación de Juntas Vecinales (Fejuve) de El Alto, la integrante más joven de toda la directiva. “Con el referente de octubre –dice– muchos de los gobiernos que han venido después ya ven El Alto como un gigante que puede levantarse y derrumbar gobiernos”.
Evo Morales. Dignidad de América Latina, por Lucas Nine
“El gas es nuestro”
El desencadenante de la revuelta que tumbaría a Sánchez de Lozada fue el plan del Gobierno de exportar gas a EE UU a través de Chile, dos países, según el imaginario popular, enemigos de los intereses bolivianos. Mientras la inmensa mayoría de la población no tenía cubiertas sus necesidades básicas, tres multinacionales, una de ellas la española Repsol, se quedarían con el 82% de los beneficios de la operación.
Aunque las comunidades aimaras del Altiplano llevaban casi un mes bloqueando caminos, el principal impulso para destituir a Sánchez de Lozada provino de un paro indefinido decidido por la Fejuve de El Alto. La organización convocó a todos los presidentes de zona, en representación de cerca de 600 juntas vecinales, a una asamblea general. El 8 de octubre El Alto inició una vez más el cerco a La Paz. La guerra del gas había empezado.
A los pocos días, los bloqueos habían dejado sin gasolina los 58 surtidores de La Paz y El Alto. El problema del abastecimiento empezaba a preocupar también a los vecinos. “Era el tercer día y nosotros no sabíamos cómo iba a hacer la gente para comer”, recuerda Mónica Apaza. No tardaron en encontrar una salida. “Hablamos en los mercados y las caseras [vendedoras] iban a vender a las cuatro de la mañana y hasta las seis y media, cuando cerraban los mercados… Y otra vez a la movilización, todo el día. Al día siguiente, igual: abrían los mercados por la madrugada y los cerraban para las movilizaciones”.
Las mujeres no sólo eran las encargadas de gestionar las despensas y las ollas comunes que se montaban en plena calle con la comida que aportaban los vecinos. También eran mayoritarias en las protestas, señala Apaza. Cuando los presidentes de zona no llamaban a la movilización, “eran las mujeres las que se organizaban y convocaban”.
América Latina de pie, Europa en caída, por Lucas Nine
“Vamos a meter bala”
“Si quieren diálogo sobre el gas, habrá diálogo sobre el gas; si quieren guerra por el gas, habrá guerra por el gas, y vamos a meter bala”, dijo Sánchez de Lozada el 11 de octubre. Ese mismo día, con munición de guerra, el Ejército y la Policía disparaban contra los vecinos que bloqueaban el paso de los camiones cisterna que salían de la planta de gas de Senkata, en El Alto. Las primeras muertes generalizaron la rebelión.
Miles de alteños rodearon el convoy militar, que fue obligado a refugiarse en un cuartel de la zona. Los choques entre las fuerzas militares y los manifestantes se extendieron por todo El Alto y los barrios más elevados de La Paz. Los tanques ametrallaban a los manifestantes por las laderas. Los helicópteros y los francotiradores disparaban sobre los civiles…
Las muertes alimentaban la revuelta. Era un ejército contra cientos de miles de personas desarmadas. Al igual que la tropa de Tupaj Katari, los vecinos tenían palos, piedras, hondas, algún cóctel molotov y algunos “cachorros” de dinamita. Bien colocada, la carga permitió derribar tres de los seis puentes elevados que atraviesan la principal entrada a El Alto.
Los vecinos bloquearon las calles con autobuses, carrocerías viejas, piedras, maderas, incluso con gigantescos vagones de tren descarrilados. En las principales avenidas, inmensas zanjas cavadas en el asfalto y en la tierra hacían imposible el tránsito. 77 muertes y 400 heridos por las balas de la Policía y el Ejército hicieron que la demanda del gas pasara a un segundo plano. La primera demanda ya era innegociable: la renuncia de Gonzalo Sánchez de Lozada.
“Nosotros somos la historia”
“Como un gigante que duerme en el momento en que lo despiertas, no descansa hasta que termina lo que ha empezado”, dice Mónica Apaza. Sánchez de Lozada hablaba de un proceso “sedicioso” financiado desde el exterior, encabezado por el entonces diputado Evo Morales y el líder campesino Felipe Quispe. Pero al cuarto día de movilizaciones ya ni la Fejuve dirigía a los manifestantes, señala Apaza.
“Después de las masacres, ya nos ha sobrepasado la misma base, la misma gente se empezó a organizar; ya no había una dirección”, prosigue Mónica, que se sumó como una más a los bloqueos. “Nuestra lucha ha sido desde abajo, no había alguien arriba.Éramos nosotros, todos nosotros movilizándonos”.
Recordar aquellos días sigue siendo doloroso para ella: “Me ha tocado llevar gente herida al hospital y que en mis manos se mueran muchas personas”. Las noticias y las imágenes de las masacres extendieron las protestas por todo el país. Los cocaleros, los indígenas del Altiplano, los mineros de Potosí y Oruro, dinamita en mano: todos se unían a los bloqueos y avanzaban hacia el Palacio Quemado.
El 16 de octubre, en una gigantesca manifestación, “todo El Alto bajó a La Paz”. Las huelgas de hambre se extendían a todos los rincones de Bolivia. La situación era insostenible para Sánchez de Lozada. La toma militar de El Alto había fracasado. El 17 de octubre de 2003,el presidente escapó en helicóptero. Después de unas breves escalas se instaló en Estados Unidos.
El profesor aimara Pablo Mamani llevaba tiempo viviendo en El Alto, pero confiesa que nunca había imaginado que sus habitantes fueran capaces de una resistencia semejante. “En esos momentos descubrimos que éramos sujetos históricos capaces de hacer más de lo que habíamos pensado. Y en ese momento descubrimos que la historia está aquí, que nosotros somos la historia, no ellos”.
Para Mónica Apaza, sin el levantamiento de octubre la historia del país hubiera sido muy distinta: “Las muertes, todo lo que hemos vivido, valió la pena. Estamos en un proceso que nunca se hubiera dado en Bolivia si no hubiera sido por esto”.
Brasília – Alguém do público gritou: “Traidor!”. Um grupinho o seguiu. Luiz Inácio Lula da Silva os olhava do cenário, sério, muito sério. E escutou de outro setor: “Lula guerreiro/ do povo brasileiro”. Então desprendeu o microfone de seu suporte e começou a caminhar rápido, quase como Mick Jagger. Foi um momento intenso do Fórum Mundial dos Direitos Humanos que aconteceu com milhares de pessoas e centenas de painéis, entre protestos e alegrias, com clima de controvérsia e debate.
Quando Lula fez sua intervenção no Fórum, na quinta-feira pela tarde, já apareciam com nitidez dois temas. Um, o papel das polícias dos estados, que na Argentina se chamam províncias. Outro, as reivindicações de povos originários por suas terras. Os protestos contra Lula partiram de um grupo do segundo setor. No Brasil ainda se fala de índios e não de povos originários, assim como se fala de negros e não de afro-brasileiros. Sem voltas.
Lula entrou de cabeça na discussão porque antes dele a presidenta Dilma Rousseff havia sido alvo de um protesto de uma parte do público pelos mesmos dois temas.
Dilma recebeu os gritos depois de entregar os prêmios aos direitos humanos. Um dos que recebeu o prêmio foi Julio Jacobo, um portenho de Flores Sur da Flacso-Brasil que investiga sobre segurança pública e os níveis altos de vitimização de pobres e negros.
Outra das premiadas foi Debora Maria da Silva, mãe de um jovem assassinado em 2006, durante um tiroteio cruzado entre duas instituições policiais. “Se temos uma polícia militarizada, a democracia é falsa”, afirmou com voz forte. “A bala acertou no coração do meu filho, mas não me livrou do compromisso de lutar por este país.” E encerrou assim: “Se comemora o fim da ditadura militar, mas se esqueceram de comunicar à polícia que a ditadura terminou”. A ditadura governou de 1964 a 1985, durante 21 anos ininterruptos.
Polícias
No Brasil, como na Argentina, cada estado tem sua polícia. Só que no Brasil a polícia de cada estado se chama Polícia Militar. O chefe depende do governador do estado, mas antes deve ser aprovado pelas Forças Armadas.
Os dois aspectos criam um duplo problema.
Por um lado, a referência original às forças armadas vertebra polícias não verticais, mas militarizadas nas quais nem sequer os próprios agentes têm forma de defender seus direitos como cidadãos.
Por outro lado, a forte dependência dos governadores faz que o governo nacional careça de instrumentos de mando e controle.
A estrutura política do Brasil acrescenta outro problema aos dois anteriores: muitos governadores pertencem ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro que, a rigor, é uma constelação de forças estaduais. O PMDB é o aliado de centro ou de centro-direita (depende do caso e do Estado) da coalisão de governo que, a nível nacional, é dirigida pelo Partido dos Trabalhadores de Lula e Dilma. Não apenas é um aliado a nível de governações. Também, ou sobretudo, no Congresso nacional.
Dilma, então, como Lula antes, não apenas tem um limite de jurisdição, mas político. O avanço sobre os governadores ou os estados é parte de uma equação onde, além da Constituição, há margens ditadas pela política. Nessa equação, diluir-se em aliados incômodos carrega o perigo de perder identidade e perder aliados sobre o risco de diluir as possibilidades de governar o processo de mudança que tirou da pobreza 40 milhões de brasileiros nos últimos dez anos.
“No Congresso nacional não podemos fazer o que queremos”, disse Lula. “Há algo que se chama correlação de forças. Há que negociar.”
O equilíbrio não impede movimentos como o que protagonizou no próprio Fórum a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes. “O mundo ainda discute a pena de morte, que não deveria existir mais”, disse. E se perguntou: “Não deveríamos reagir porque há uma pena de morte não declarada nos bairros periféricos de Brasil?”. A própria ministra disse:
“As democracias também precisam democratizar-se. O acesso à Justiça é fundamental em um país onde morrem proporcionalmente muito mais negros que brancos. Aproximadamente 82% mais. O racismo é parte da estrutura mais profunda de uma sociedade que foi escravista. A democracia racial não foi assumida e é uma marca profunda”.
Quando entrou uma bateria enquanto pronunciava seu discurso, a ministra olhou para eles e disse que “o Brasil acredita na democracia e no diálogo como princípio”.
Também lembrou que “no Brasil, as violações aos direitos humanos não passam despercebidas para nós, no Estado” e que “nas manifestações de junho aqui, houve uma presidenta que não reagiu com intolerância”.
Em junho, manifestantes que se concentraram primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro e nas principais cidades contra a precariedade do transporte público em alguns Estados, foram reprimidos com ferocidade. A presidenta disse que havia que escutar os protestos e os convocou a dialogar no Planalto, a casa de governo de Brasília.
Dilma chegou ao Fórum depois de ter viajado à África do Sul para os funerais de Nelson Mandela. Mencionou seu nome: “Mandela nos remete ao direito de resistência à opressão e também à capacidade de um líder de construir um país livre do racismo e da opressão”. Disse que com o projeto “Mais Médicos” o governo “leva atenção sanitária às periferias”, enquanto “enfrentamos a violência contra os jovens, sobretudo negros e pobres”.
Pablo Gentili, o secretário executivo do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais, a quem agradeceram Nunes e Lula, falou em nome dos organizadores do Fórum.
Em um dos trechos mencionou o assassinato de Kevin Molina, o menino de 9 anos que, em setembro, morreu assinado enquanto tratava de proteger-se na cozinha de sua casa em Villa Zavaleta durante um tiroteio. “Fechem os olhos e pensem que o menino que está embaixo da mesa, entre os tiros, é nosso filho”, pediu Gentili. “Tem angústia, medo. Não sentimos um vazio? A defesa dos direitos humanos pressupõe essa sensação de indignação. Se não estamos em condições de pensar que é nosso filho não estaremos em condições de desenvolver os direitos humanos. Mas da indignação há que fabricar reflexão e desenvolver estratégias e políticas públicas.”
Sem papeis
Quando Lula chegou ao Centro de Convenções, seus colaboradores já haviam lhe informado que poderia receber vaias ou gritos. Por isso subiu ao palco, olhou fixamente aos que o insultaram e disse que jogaria fora o discurso que trazia escrito. Na verdade, Lula fez isso muitas vezes. Quando era presidente, seguidamente começava lendo e depois improvisava. No Fórum mudou, pareceu decidir pelo gesto de lançar os papéis fora de forma ostensível. Fez, disse e depois de olhar aos que gritavam, gritou ele mesmo, com o microfone na mão:
“Se há algo que não me assusta é o protesto. Na década de 80 e de 90 ninguém protestou mais que eu, e os trabalhadores enfrentaram a polícia. Lutamos duramente pela democracia. Os governantes devem ter consciência de que a democracia permitiu que um índio chegasse à presidência da Bolívia, um negro à presidência dos Estados Unidos, um torneiro à presidência do Brasil e uma torturada pela ditadura à presidência deste país. Me orgulho de ter sido eleito presidente depois de três derrotas. Muitos queriam que desistisse, mas eu queria provar à elite brasileira que um torneiro mecânico sem diploma universitário podia ser presidente da república e fundar mais universidades que qualquer outro”.
Lula se meteu com a história. “Em 1550 o Peru já tinha sua primeira universidade. O Brasil, recém em 1930. Quase 400 anos depois. Hoje acontece que nunca tivemos tanta gente da periferia, tantos negros estudando neste país. Cerca de 50% dos alunos da Universidade Federal do ABC, que acaba de me conceder o doutorado Honoris Causa, são da periferia. Isso se chama direitos humanos. Dar ao pobre o direito de ser engenheiro, de ser diplomata, de discutir o mercado de trabalho em igualdade de condições. Quantos de vocês vieram de avião… Antes para estes fóruns só viajávamos em ônibus e dormíamos em colchões na rua.”
Narrou que, na primeira vez que viu Mandela, “entendi que as pessoas não estavam contentes de que todos houvessem saído da pobreza, porque isso não havia acontecido, mas porque o povo sentia que Mandela havia recuperado a dignidade dos negros”.
Em sua própria opinião, a melhor herança que deixou foram as conferências nacionais para debater temas. “Me diziam que não fosse à LGTB. Fui. Tratei com respeito e me trataram com respeito.”
“Se é pouco? Sim, claro, eu sei que é pouco. Mas também, se quiserem saber, como experimentei em minha própria vida, o que é buscar água em um balde, como é estar sem comer, como é levantar com bichos na cama, perguntem a mim.”
MENSAGEM URBI ET ORBI DO PAPA FRANCISCO
Natal do Senhor, 25 de Dezembro de 2013
«Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14).
Queridos irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, feliz Natal!
Faço meu o cântico dos anjos que apareceram aos pastores de Belém, na noite em que nasceu Jesus. Um cântico que une céu e terra, dirigindo ao céu o louvor e a glória e, à terra dos homens, votos de paz. Convido todos a unirem-se a este cântico: este cântico é para todo o homem e mulher que vela na noite, que tem esperança num mundo melhor, que cuida dos outros procurando humildemente cumprir o seu dever.
Glória a Deus. A primeira coisa que o Natal nos chama a fazer é isto: dar glória a Deus, porque Ele é bom, é fiel, é misericordioso. Neste dia, desejo a todos que possam reconhecer o verdadeiro rosto de Deus, o Pai que nos deu Jesus. Desejo a todos que possam sentir que Deus está perto, possam estar na sua presença, amá-Lo, adorá-Lo.
Possa cada um de nós dar glória a Deus sobretudo com a vida, com uma vida gasta por amor d’Ele e dos irmãos. Paz aos homens.
A verdadeira paz não é um equilíbrio entre forças contrárias; não é uma bela «fachada», por trás da qual há contrastes e divisões. A paz é um compromisso de todos os dias, que se realiza a partir do dom de Deus, da graça que Ele nos deu em Jesus Cristo. Vendo o Menino no presépio, pensamos nas crianças que são as vítimas mais frágeis das guerras, mas pensamos também nos idosos, nas mulheres maltratadas, nos doentes… As guerras dilaceram e ferem tantas vidas!
Muitas dilacerou, nos últimos tempos, o conflito na Síria, fomentando ódio e vingança. Continuemos a pedir ao Senhor que poupe novos sofrimentos ao amado povo sírio, e as partes em conflito ponham fim a toda a violência e assegurem o acesso à ajuda humanitária. Vimos como é poderosa a oração! E fico contente sabendo que hoje também se unem a esta nossa súplica pela paz na Síria crentes de diversas confissões religiosas. Nunca percamos a coragem da oração! A coragem de dizer: Senhor, dai a vossa paz à Síria e ao mundo inteiro.Dai paz à República Centro-Africana, frequentemente esquecida dos homens. Mas Vós, Senhor, não esqueceis ninguém e quereis levar a paz também àquela terra, dilacerada por uma espiral de violência e miséria, onde muitas pessoas estão sem casa, sem água nem comida, sem o mínimo para viver. Favorecei a concórdia no Sudão do Sul, onde as tensões actuais já provocaram diversas vítimas e ameaçam a convivência pacífica naquele jovem Estado.
Vós, ó Príncipe da Paz, convertei por todo o lado o coração dos violentos, para que deponham as armas e se empreenda o caminho do diálogo. Olhai a Nigéria, dilacerada por contínuos ataques que não poupam inocentes nem indefesos. Abençoai a Terra que escolhestes para vir ao mundo e fazei chegar a um desfecho feliz as negociações de paz entre Israelitas e Palestinianos. Curai as chagas do amado Iraque, ferido ainda frequentemente por atentados. Vós, Senhor da vida, protegei todos aqueles que são perseguidos por causa do vosso nome. Dai esperança e conforto aos deslocados e refugiados, especialmente no Corno de África e no leste da República Democrática do Congo. Fazei que os emigrantes em busca duma vida digna encontrem acolhimento e ajuda. Que nunca mais aconteçam tragédias como aquelas a que assistimos este ano, com numerosos mortos em Lampedusa.
Ó Menino de Belém, tocai o coração de todos os que estão envolvidos no tráfico de seres humanos, para que se dêem conta da gravidade deste crime contra a humanidade. Voltai o vosso olhar para as inúmeras crianças que são raptadas, feridas e mortas nos conflitos armados e para quantas são transformadas em soldados, privadas da sua infância. Senhor do céu e da terra, olhai para este nosso planeta, que a ganância e a ambição dos homens exploram muitas vezes indiscriminadamente. Assisti e protegei quantos são vítimas de calamidades naturais, especialmente o querido povo filipino, gravemente atingido pelo recente tufão.
Queridos irmãos e irmãs, hoje, neste mundo, nesta humanidade, nasceu o Salvador, que é Cristo Senhor. Detenhamo-nos diante do Menino de Belém. Deixemos que o nosso coração se comova, deixemo-lo abrasar-se pela ternura de Deus; precisamos das suas carícias. Deus é grande no amor; a Ele, o louvor e a glória pelos séculos! Deus é paz: peçamos-Lhe que nos ajude a construí-la cada dia na nossa vida, nas nossas famílias, nas nossas cidades e nações, no mundo inteiro. Deixemo-nos comover pela bondade de Deus.
SAUDAÇÃO NATALÍCIAA vós, queridos irmãos e irmãs, vindos de todo o mundo e reunidos nesta Praça, e a quantos estão em ligação connosco nos diversos países através dos meios de comunicação, dirijo os meus votos de um Natal Feliz!
Neste dia, iluminado pela esperança evangélica que provém da gruta humilde de Belém, invoco os dons natalícios da alegria e da paz para todos: para as crianças e os idosos, para os jovens e as famílias, para os pobres e os marginalizados. Nascido para nós, Jesus conforte quantos suportam a prova da doença e da tribulação; sustente aqueles que se dedicam ao serviço dos irmãos mais necessitados. Feliz Natal!
Preparam os soldados estaduais para uma guerra interna contra o povo. Que a polícia dos governadores não prende os ladrões da equipe e amigos dos seus comandantes.
A polícia dos governadores Tião Viana (Acre), Jaques Wagner (Bahia), Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e Tarso Genro (Rio Grande do Sul) não prende petistas.
A polícia de Teotônio Vilela Filho (Alagoas), Marconi Perillo (Goiás), Antônio Anastasia (Minas Gerais), Simão Jateme (Pará), Beto Richa (Paraná), José de Anchieta Júnior (Roraima), Siqueira Campos (Tocantis) e Geraldo Alckmin (São Paulo) não prende tucanos.
A mesma política de proteção para os aliados e partidários do governador, comandante em chefe da Polícia Militar, vale para os outros Estados. Por exemplo, a polícia não é doida, para prender um líder do PSB em Pernambuco de Eduardo Campos.
A polícia vem sendo adestrada para executar despejos (deslocamentos involuntários), reprimir greves, movimentos estudantis, protestos sociais (como acontece em qualquer ditadura) e prender os condenados da justiça PPV.
Chacina de Pinheiro, São Paulo
Mortes e chicotadas na polícia
A morte de um recruta no Rio de Janeiro chama a atenção para o treinamento abusivo no país
ALGOZ O capitão Leonardo Hirakawa. Ele humilhou um subordinado e foi preso
por Raphael Gomide/ Revista Época
A sensação térmica em 12 de novembro era de 48 graus célsius na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde recrutas da Polícia Militar iniciavam treinamento no dia mais quente do ano. Submetidos à rigorosa sessão de exercícios de ordem-unida, sem água, os alunos do Curso de Formação de Soldados desfaleciam. Logo nos primeiros dias, numa das punições sem sentido, apelidadas de sugas, os instrutores determinaram que os pelotões se sentassem no chão quente do pátio, sobre as mãos. Um urinou sangue. Outro vomitou sangue. Foi aí que o recém-incorporado Paulo Aparecido, de 27 anos, não resistiu e desmaiou. Foi atendido por paramédicos e, como não acordasse, foi levado a um pronto-socorro, com mais 18 alunos – quatro deles com queimaduras nas nádegas. Sem responder aos estímulos, recebeu massagem cardíaca, e seu coração voltou a bater. Pela gravidade do caso, ele foi transferido para o Hospital Central da PM – e, dez dias depois, sofreu morte cerebral.
As longas horas de exercícios ao sol são padrão na semana de adaptação, a primeira dos sete meses do curso do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap). Faltas são punidas com flexão de braços ou perda do final de semana livre. Esse tratamento não é exclusividade da PM fluminense. Em todo o país, denúncias de abusos são corriqueiras nos adestramentos das forças policiais. Algumas levam a casos fatais. A morte de Paulo Aparecido chama a atenção para as consequências funestas dos excessos e equívocos. Os cursos do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro – como foi retratado no filme Tropa de elite – já registraram duas mortes. Morreram também um agente da Polícia Rodoviária Federal, afogado por instrutores, no ano passado, e um soldado e três cadetes em Mato Grosso, em dois episódios distintos, em 2010 e 1998. Os cursos de formação das polícias do Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Ceará já foram investigados por abusos.
Em maio, o capitão Leonardo Hirakawa, então comandante do Corpo de Alunos do 3o Ano da Academia D. João VI, que forma oficiais em três anos, protagonizou um episódio que parece saído de um livro sobre a Idade Média. No deslocamento da tropa no Dia da Cavalaria, Hirakawa irritou-se e deu forte chicotada no cadete Fabio Costa. Humilhado, o futuro oficial venceu o medo de retaliação e queixou-se à administração. Responsável por 164 alunos, Hirakawa foi preso por dez dias e transferido para o Regimento de Cavalaria. A PM afirmou a ÉPOCA que “o oficial usou um rebenque e atingiu de leve um aluno. Segundo o capitão, não houve intenção”. De acordo com a corporação, “assim que tomou conhecimento do fato, o comando da Academia decidiu afastá-lo preventivamente, mesmo não havendo intenção de ferir”. O inquérito administrativo foi concluído – a PM não informou o resultado – e entregue à Justiça Militar.
VÍTIMA O recruta Aparecido. Ele passou mal no treinamento e morreu no hospital
Hirakawa foi o 119º colocado entre 127 aspirantes em sua turma. Fez curso de Policiamento Montado em 2008 na Academia Barro Branco, da PM de São Paulo. É um amante da montaria. Há, em seu perfil no Facebook, fotos a cavalo, fardado ou adestrando potros – numa, ele se diverte de pé sobre os animais, qual um artista de circo. Na equitação, o chicote é instrumento de alerta e comando – como a batuta de um maestro. Deve ser usado com critério pelo cavaleiro. Não é símbolo de ameaça, tortura ou castigo. Um mês antes da chicotada no cadete, Hirakawa retornara de um curso de técnica de ensino na PM paulista. Depois de publicar foto do brevê dourado que passou a usar no uniforme, um amigo escreveu: “Sucesso na aplicação dos novos conhecimentos”.
Tido como um liberal, o coronel Íbis Pereira, o comandante que afastou Hirakawa, proibiu trotes – como forçar novatos a se deitar no pátio para secá-lo com a farda ou a rolar no campo à noite, junto a formigas. Nos anos 1980, alunos dormiam dentro de armários, com a roupa encharcada. Íbis também vetou canções de rivalidade entre turmas – embora persistissem, a sua revelia. Em agosto, foi substituído por um oficial mais tradicional, Cristiano Gaspar, para quem “cadete tem de sofrer por três anos” e “chegar formado ao batalhão, com cara de assustado”. Cristiano impôs regras mais rígidas e aumentou a carga horária do curso. Agora, ele começa às 5h30 e, incluindo palestras, pode chegar até as 21 horas. Na gestão de Cristiano, canções e trotes estão de volta. Uma semana depois da troca de comando, dois alunos foram presos por atacar sexualmente uma recruta, no vizinho Cfap – onde morreu Paulo Aparecido.
Com essa mentalidade até na formação de oficiais, é difícil antever o progresso da polícia esperado pela sociedade. Após a morte do recruta Paulo Aparecido, a ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, disse que “um treinamento que produz sofrimento e morte precisa ser revisto”. Há muito mais a rever na formação policial.