Desabastecimento em São Paulo. ONU vai apurar se crise hídrica viola direitos humanos

por María Martín/ El País/ Espanha

O relator da ONU Leo Heller
O relator da ONU Leo Heller

O novo relator das Nações Unidas sobre a água, o mineiro Leo Heller, se reuniu nesta quarta-feira em São Paulo com vários coletivos sociais, ONGs, promotores, procuradores e acadêmicos preocupados com o impacto da crise hídrica sobre a população, especialmente na região metropolitana. Heller encerrou a jornada surpreendido com alguns depoimentos e anunciou que a relatoria apurará possíveis violações de direitos humanos – especialmente o direito universal de acesso à água e ao esgotamento sanitário, mas também questões derivadas da crise, como o direito à saúde. “Não quero afirmar que já há direitos que estão sendo violados, mas muitos depoimentos vão nessa direção e as consequências têm impacto em milhares de pessoas. Isso é incompatível com uma região com o nível de desenvolvimento de São Paulo”, afirmou o relator.

“Ficar sem água é muito estressante para as pessoas: você está sujo, não tem roupa limpa, não dorme direito porque aguarda a madrugada quando liberam um pouco de água para prencher baldes, os vizinhos brigam entre eles pela água…” Mônica Seixas, do movimento Itu Vai Parar

Entre os relatos que Heller ouviu estava o de Mônica Seixas, moradora de Itu e integrante do movimento Itu Vai Parar. Seixas descreveu a realidade do município do interior de São Paulo quando os reservatórios secaram em julho do ano passado. “Houve casos de famílias que ficaram três meses sem receber uma gota de água. E sem informação. Porque pior que não tomar banho é você não saber quando vai poder tomar o próximo. Começaram a surgir doenças porque as pessoas pegavam água de qualquer lugar, saía barro das torneiras por conta dos vazamentos, no local do trabalho não dava nem para dar descarga… Começamos a ver assaltos a caixas de água, filas de quatro horas na bica para abastecer três galões e bandidos que chegavam, não para roubar sua carteira, mas para dizer: ‘Coloca todos os galões no meu caminhão que eu vou levar’. Essa situação é muito estressante para as pessoas. Você está sujo, não tem roupa limpa, não dorme direito porque aguarda a madrugada quando liberam um pouco de água para preencher baldes. Os vizinhos brigam entre eles pela água…”, descreveu Seixas.

Martha Lu, formada em administração e envolvida nas consequências sociais da crise hídrica desde a Copa do Mundo, ilustrou com outros exemplos, como a dificuldade dos moradores de rua para conseguir água, a realidade do desabastecimento em São Paulo. Lu questionou como levar até a ONU evidências de casos de pessoas que não querem aparecer, mas que passam seis dias sem água até o extremo de ter que fazer suas necessidades fisiológicas em sacolas de plástico.

O relator pediu que as organizações civis e ONGs resumam conjuntamente em um relatório, com provas, as situações que representariam desrespeito de direitos básicos, como os cortes de abastecimento nas comunidades mais pobres. “Não estamos falando de estatísticas nem evidências científicas. Os relatos da comunidade são uma evidência clara”, esclareceu Heller. A avaliação da ONU desse relatório-denúncia, que ainda não tem prazo para ser preparado, pode levar à instituição a escrever uma “carta de alegação”, documento que seria enviado ao Governo federal denunciando possíveis violações e questionando o que está sendo feito para evitá-las. “Os depoimentos foram muito fortes, mas tenho que ouvir os Governos”, disse o relator.

As organizações que compilarão os dados para o relator se organizam sob o guarda-chuva da Aliança pela Água, o principal grupo ativo nesta crise, que reune mais de 40 membros entre coletivos, ONGs e sociedade civil. Foi a Aliança quem convidou Heller para ouvir os relatos da São Paulo sem água.

Alckmin e a relatora da ONU

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Heller também se posicionou sobre os contratos de demanda firme da Sabesp que beneficiam grandes consumidores ao oferecerem tarifas que diminuem conforme aumenta o consumo. “Sob a lente dos direitos humanos, que é o que me ocupa, é inaceitável negar acesso a água à população em detrimento de outros usos. Não conheço o detalhe desses contratos, mas se eles levam a esse tipo de consequência é inaceitável.” O aumento de 22,7% da tarifa, pretendido pela companhia estatal, também preocupa a ONU no caso de levar a uma falta de suministro nos consumidores mais carentes.

Heller é o segundo relator das Nações Unidas que assume a responsabilidade de garantir os direitos básicos associados a água e o saneamento, reconhecidos pela ONU em 2010. O brasileiro de 59 anos, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, substituiu em dezembro a portuguesa Catarina de Albuquerque. Alburquerque irritou profundamente o governador Geraldo Alckmin quando, em uma visita à cidade no ano passado, afirmou que a crise hídrica poderia ter sido evitada com um planejamento adequado por parte do Estado. Alckmin chegou a mandar um ofício à instituição exigindo que a relatora se retratasse, mas Alburquerque manteve as críticas e agora, seu sucesor, as reafirma. “Eu endosso completamente o que a Catarina falou sobre que esta crise poderia ter sido evitada com um planejamento adequado. Entre outras coisas ela também disse que não é aceitável que uma prestadora de serviços de fornecimento de água, como a Sabesp, mantenha uma parte da sua população sem acesso à água e transfira recursos para fora. Quer distribuir lucro? Ok, mas só se você tem uma completa universalização dos serviços compatível com os direitos humanos”, disse Heller.

Cao
Cao

A crise hídrica em São Paulo. A vida com três horas de água

por María Martín El País/ Espanha

Farhad Foroutanian
Farhad Foroutanian

Em alguns bairros de Osasco, o quinto município mais populoso do Estado de São Paulo, o sol deixou de marcar o início do dia de seus moradores. Aqui, a jornada começa de madrugada, ainda na escuridão, com os primeiros ruídos da água correndo pelas tubulações. Na casa de Janaína Dias, de 28 anos, o alvoroço das máquinas de lavar roupa, pratos, higiene pessoal e limpeza começa às três e meia da manhã e vai até as seis, as únicas horas do dia em que a casa e o bairro tem fornecimento.

Essas três horas em que as mulheres do Jardim Conceição, o bairro mais povoado da cidade, fazem provisão de água são fundamentais para garantir o abastecimento para o resto da família durante o dia. Elas se queixam de que quase não dormem e de que já não precisam do despertador: a falta d’água, consequência da crise hídrica mais grave dos últimos 84 anos, mudou o sono e a rotina delas. “Faz mais de seis meses que estamos assim, estamos com as costas doendo de tanto carregar baldes”, queixa-se Janaína.

Mailsa Alves Moreira, de 49 anos. MARTHA LU
Mailsa Alves Moreira, de 49 anos. Foto MARTHA LU

Nessa mesma rua, Mailsa Alves Moreira, de 49 anos, arrasta os pés esgotada com uma tina de roupa encaixada em seu quadril ossudo. É meio-dia de sábado e ela ainda não dormiu. “Trabalho sete dias por semana, se não lavar agora não sei quando vou poder fazer isso. Somos 11 em casa”. Desde as três e meia da manhã Mailsa está enchendo a máquina de lavar roupa, aproveitando o “milagre” de um sábado com água nas torneiras, um presente raríssimo nos últimos tempos. “Está cruel, sabe?”. Mailsa diz que não tem dinheiro para comprar uma reserva de água; então, se ela não se levantasse quando começa fornecimento para encher baldes com a mangueira, não teria nem para dar a descarga do banheiro ao voltar para casa.

A prioridade das mães de família desses bairros é, sem dúvida, lavar a roupa e garantir a água para cozinhar. Nem seus armários têm prenda suficientes para atrasar a lavagem, nem seu orçamento lhes permite comer fora quando os cortes de água as pegam despreparadas. Em Osasco, 46,6% dos moradores vive com até um salário mínimo (788 reais), segundo dados da Prefeitura.

A Sabesp inclui o bairro em seu mapa de redução de pressão, manobra intensificada no começo deste ano para forçar a economia de água e reduzir as perdas na rede, mas o discurso oficial pouco tem a ver com a realidade relatada nessas casas de tijolo. Segundo a companhia, esses moradores, abastecidos pelo Sistema Cantareira, que opera hoje com 15,3% de sua capacidade, têm água entre seis da tarde e seis da manhã. São, no papel, 12 horas de abastecimento, mais inclusive do que desfrutam os moradores do nobre bairro de Pinheiros, que segundo o horário oficial, têm fornecimento garantido por apenas sete horas por dia.

Mas, na realidade, falta água durante a maior parte do dia e, algumas vezes, durante mais de três dias seguidos. Onze relatos ouvidos no Jardim Conceição (31.441 habitantes), Jardim Santa Maria (22.520), Jardim Maria Tereza e Vila Julia descrevem a realidade da crise hídrica longe dos condomínios. Os cortes afetaram também a rotina e o orçamento da creche do Jardim Conceição, o centro Amélia Tozzeto. Três mães lembram-se das ligações da diretora no meio do dia avisando que mandaria as crianças para casa por falta de fornecimento. Para evitar o infortúnio que se repetiu várias vezes no começo do ano, agora o centro contrata dois caminhões cisterna por semana. A creche informou por telefone que conta com uma reserva de 40.000 litros em caixas d’água, mas a pressão não é suficiente para enchê-las.

A família de Andréia consome muito menos água por dia do recomendado pela OMS. : MARTHA LU
A família de Andréia consome muito menos água por dia do recomendado pela OMS. Foto MARTHA LU

Do primeiro degrau da escadaria que leva à casa da Andreia Aparecida da Silva, moradora da Vila Julia, uma desempregada de 42 anos, sai um cano branco que solta água sem parar. Está conectado ao poço de um vizinho e se tornou ponto de encontro do bairro. Ali chegam diariamente os rapazes para lavar suas motos e carros, caminhonetes com galões, mães com baldes e até com panelas e garrafas de água mineral. “Já cheguei a dar essa água às crianças. Fervida e coada. Não tínhamos outra”, reconhece envergonhada Andreia.

O 'ponto de encontro' do bairro. Foto MARTHA LU
O ‘ponto de encontro’ do bairro. Foto MARTHA LU

O problema no Jardim Conceição não é só a falta d’água, mas que a pouca que chega, já chegou a ser insalubre. Hoje é difícil encontrar nessa região uma mãe que dê água, não do encanamento ao ar livre, mas da própria torneira, aos filhos. Os moradores relatam que em fevereiro, famílias inteiras caíram doentes, com vômitos e diarreia. “A água da rede de esgoto se misturou com a das tubulações”, afirma Nazaré, de 46, anos, uma das afetadas. “A água que saía da torneira tinha cheiro de merda, a rua inteira ficou doente. A companhia de saneamento esclarece que o que poluiu a água foi terra e que a avaria foi consertada em três dias. “Nós não confiamos mais, muito menos para dar às crianças”, diz a jovem Janaina. O estrago, afirma, os deixou 15 dias sem água.

O serviço deficiente e descontínuo que relatam os moradores não se traduziu nas contas. “Chegam 40 ou 50 reais, mas não há água. Faz tanto tempo, que não sei quando foi o último sábado em que abri a torneira e saiu alguma coisa”, diz Andreia. Cada um dos seis membros da família dela gasta aproximadamente 61 litros por dia, menos da metade do que gastavam no ano passado, segundo indica a conta. Seu consumo está muito abaixo da média de 126 litros utilizados por pessoa e por dia na Grande São Paulo, segundo o último relatório da Sabesp, e ainda mais distante do consumo médio recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

A poucas ruas dali, um gigantesco reservatório de água com capacidade para 10 milhões de litros, projetada em 2013 para aliviar os problemas de desabastecimento do Jardim Conceição e arredores, espera desde maio de 2014 para ser inaugurada. A promessa do Governo estadual, como a distribuição de caixas d’água à população mais pobre, está atrasada. O novo prazo acaba no dia 20 deste mês e promete também a entrega de um conjunto de obras que deve garantir a chegada de água a cerca de 100.000 pessoas da região. Se por acaso alguém quiser fazer contas ao passar pelo local, no cartaz do projeto do reservatório, no lugar das datas prometidas – e descumpridas – há um risco.

Aroeira
Aroeira

Alckmin participa novamente da organização do ato da direita de apoio à terceirização e ao golpe

Alckmin Foto do Cloaca News

 

A polícia militar do Governador de São Paulo bloqueará a avenida Paulista e mudará horário de jogos para favorecer organização de manifestação que pede a derruba de Dilma Rousseff e o retorno da ditadura militar

 

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Governador tucano está favorecendo movimento golpista.
O governo de Geraldo Alckmin já anunciou medidas de apoio à manifestação pelo “Fora Dilma” deste domingo, promovida pelos deputados que votaram a terceirização.

Até o momento, as medidas são similares ao apoio do governo do estado à manifestação da direita do dia 15 de março. Única medida que ainda não se sabe se o governo irá tomar é a liberação das catracas do metrô.

Pelicano
Pelicano

 

Diferente do que ocorre nas manifestações convocadas por organizações de trabalhadores, estudantes e movimentos populares em geral, a av. Paulista, uma das principais vias da cidade, será bloqueada pela Polícia Militar a partir de meio dia para garantir a paz e a segurança dos manifestantes da alta classe. Em protestos realizados contra a falta de água promovida pelo governo Alckmin e contra o aumento das passagens, por exemplo, ao contrário do que acontece nesta manifestação, a Polícia Militar impede até mesmo de ocupar uma via da av. Paulista.

O jogo entre Corinthians e Ponte Preta também deve ter seu horário alterado, como ocorrido com o jogo entre Palmeiras e XV de Piracicaba no dia 15 de março. Marcado inicialmente para 15h, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) quer mudar para 11h da manhã do mesmo dia.

A justificativa para a mudança do horário do jogo na capital, no entanto, agora é outra. Enquanto no mês passado a SSP (SSP-SP) afirmava que precisaria do contingente policial para cobrir o ato, desta vez, o medo é que o deslocamento de torcedores e manifestantes no metrô possa gerar confusão.

Além destas medidas, na última manifestação, o próprio Alckmin elogiou a última manifestação golpista como “um dia inesquecível para a história democrática brasileira”. A Polícia Militar de São Paulo também publicou fotos e declarações a favor da manifestação.

sao-paulo protestos intervenção

Não é por acaso que em São Paulo ocorreu a maior manifestação do país do dia 15 de março último.

Não esqueça: o PSDB é um partido de empresários que votam contra os trabalhadores.

É um partido da extrema-direita e da direita. Os extremistas financiam manifestações favoráveis ao golpe. Os direitistas financiam o fora Dilma, para Michel Temer, o vice de Dilma, assumir a presidência.

 

Genildo
Genildo

Dengue é peste escondida em São Paulo

Sempre fez parte da campanha de combate a dengue não guardar água em balde.

Com a seca na Região Metropolitana de São Paulo, a recomendação passou a não existir.

A verdade verdadeira é que o governador de São Paulo até hoje nega o racionamento no serviço de abastecimento de água.

 Ali Divandari
Ali Divandari

E quando é verão, e quando falta água, a dengue se transforma em uma epidemia. E mortal epidemia.

De repente a imprensa parou de informar sobre a dengue em São Paulo.

Mas Carlos Tramontina furou a censura. O apresentador do telejornal SPTV – 2ª edição, da TV Globo, informou através de sua página no Facebook que está com dengue e, portanto, ficará longe do trabalho por uma semana.

“Meus amigos, o mosquito me pegou. Estou em casa, muito bem, me recuperando da dengue. Repito, estou bem. Na semana que vem eu volto. A gente se encontra. Abraços.”, escreveu em post na rede social.

Tramontina está devendo uma reportagem sobre a dengue em São Paulo.

Em Recife, para outro exemplo, são inimagináveis as seguintes cenas de combate ao mosquito noutras cidades brasileiras:

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1 COMBATE A DENGUE

Marcha pela água em S. Paulo

Protesto foi organizado pelo MTST e denunciou que a água já falta nos bairros periféricos e castiga essencialmente a população mais pobre. Empresa responsável pelo abastecimento teve lucros e distribuiu dividendos milionários aos acionistas, investindo muito menos do que devia.

A falta de água vai afetar profundamente as condições de vida de mais de 20 milhões de pessoas, sendo que os principais prejudicados serão os mais pobres
A falta de água vai afetar profundamente as condições de vida de mais de 20 milhões de pessoas, sendo que os principais prejudicados serão os mais pobres

Cerca de 15 mil pessoas participaram quinta-feira em São Paulo numa marcha pela água. Na convocatória do protesto, os organizadores alertaram para a iminência do colapso de todo o sistema de abastecimento hídrico da maior cidade do Brasil, já que “todos os reservatórios que abastecem as cidades da Grande São Paulo encontram-se nos níveis mais baixos de sua história”.

A falta de água, advertem, vai afetar profundamente as condições de vida de mais de 20 milhões de pessoas, sendo que os principais prejudicados serão os mais pobres e os que vivem na periferia. A convocatória recordou ainda que o governador de S.Paulo, Geraldo Alckmin, “atribui a falta d’água a São Pedro” e “chegou a garantir em campanha que não havia crise hídrica e que não faltaria água”.

O principal organizador da marcha foi o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), mas o protesto contou também com o apoio de representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e de diversas outras entidades e lideranças políticas, como a ex-candidata à presidência Luciana Genro (PSOL).

 

 

O racionamento já é facto consumado

Cerca de 15 mil marcharam durante duas horas
Cerca de 15 mil marcharam durante duas horas

A falta de água em S. Paulo já afeta milhões de pessoas. Enquanto o governador alimenta um debate sobre a necessidade ou não de fazer racionamento, este de facto já está a ser aplicado nas periferias, onde vive a população mais pobre e que não tem depósitos de água nas suas moradias. “É facto consumado. O racionamento – ou rodízio, como queiram – já ocorre há mais de um ano e afeta especialmente as regiões mais pobres de São Paulo”, escreve o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, na Folha de S. Paulo. “A tendência, dado o nível dos reservatórios, é que se agrave e tenha que ser oficializado nos próximos meses”, prossegue, mas apontando a existência de um racionamento forçado e drástico em muitos bairros periféricos da cidade, onde chega a haver quatro dias sem água, para dois com água, ou água apenas das 2h às 6h da manhã.

A empresa responsável pelo abastecimento, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), pede economia à população e multa quem consome mais. Mas há empresas que quanto mais consomem, menos pagam porque têm os chamados “contratos de demanda firme”. Isto é: centros comerciais, clubes, a Nestlé, a Rede Globo e até bancos são premiados pelo desperdício. Já os consumidores residenciais são punidos pelo excesso de consumo. O que prevalece neste caso é a busca do lucro que se sobrepõe ao serviço público.

Generosa distribuição de dividendos

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A Sabesp é uma empresa de economia mista e capital aberto com ações negociadas nas bolsas de valores de São Paulo e de Nova York. O governo do Estado de São Paulo detém 50,3 % das suas ações, e as demais são negociadas na BM&F Bovespa (24,3 %) e na NYSE (25,4 %). Vinte e seis milhões de pessoas dependem dos serviços que oferece. É uma das 20 empresas mais rentáveis do país. Nos últimos sete anos, a companhia lucrou quase 10 mil milhões de reais. Desse montante, distribuiu 3,4 mil milhões aos seus acionistas e de uma forma generosa – a lei obriga a um pagamento mínimo de 25% do lucro, mas a empresa distribuiu dividendos que superaram 48% o mínimo legal. Nenhuma das grandes companhias de saneamento com ações negociadas na bolsa de Nova York deu ganhos tão bons em dividendos quanto a Sabesp.

Este é um dos fatores que explica a atual crise: preocupada em remunerar os acionistas, a empresa descurou o investimento ao ponto da total irresponsabilidade. Só assim se compreende o colapso do abastecimento de água no coração industrial do país.

Plano de emergência

“É facto consumado. O racionamento – ou rodízio, como queiram – já ocorre há mais de um ano e afeta especialmente as regiões mais pobres de São Paulo”, escreve o coordenador do MTST, Guilherme Boulos
“É facto consumado. O racionamento – ou rodízio, como queiram – já ocorre há mais de um ano e afeta especialmente as regiões mais pobres de São Paulo”, escreve o coordenador do MTST, Guilherme Boulos

“Em primeiro lugar, nós queremos um plano emergencial para minimizar o impacto desse racionamento que já ocorre nas periferias”, disse Guilherme Boulos durante a manifestação. “Instalar caixas d’água, cisternas e poços artesianos. Além disso, é necessário ter maior transparência do governo e participação popular no comité de gestão da crise. O movimento exige ainda o fim imediato dos contratos de demanda firme e nenhum reajuste na tarifa, isso é um absurdo”, explicou.

A marcha, que percorreu S. Paulo durante duas horas, até se concentrar diante do Palácio do governo do Estado, decorreu ao som do funk “Não vai faltar água”, em que a voz do governador dizendo que não iria faltar água em São Paulo é mixada com um “batidão” do ritmo funk. Bem humorados, os manifestantes apresentavam coreografias ao estilo de escolas de samba, como Índios fazendo a dança da chuva, um caminhão-pipa desfilando, e até Alckmin na banheira. Texto: EsquerdaNet/ Portugal. Fotos: Contadagua.Org

Luscar
Luscar

 

Escreve Moacir Japiassu

Moacir Japiassu2

 

Chance & risco
Chamada de capa do UOL:

Estocar água
eleva chance de
afogamento
infantil em casa

Janistraquis só não deu risada porque o assunto é sério:

“Para o redator do UOL, se você encher um balde grande e não providenciar cerca de proteção, terá boa chance, ou seja, terá ótimas possibilidades de ver um filho morto. Note bem: o comprador do balde não corre o risco de afogar a criança, só aumenta a chance da tragédia… Pois se eu fosse diretor do UOL, o responsável pela chamada seria escalado para cobrir baile gay na terça-feira de Carnaval!!!”

 

Céu e inferno

Por sugestão do considerado Elio Gaspari em sua coluna, Janistraquis visitou o endereço do YouTube abaixo reproduzido e adorou a “campanha eleitoral” de Maviael Melo, compositor, poeta, cantador e cordelista pernambucano.

 

Samba-enredo

Mais uma do nosso Roldão, em carta publicada na Folha de quinta-feira, 12/2:

Um fantástico patrimônio cultural brasileiro –a música de Carnaval– vem sendo desprezado. Explico: as músicas de Carnaval, com harmonia e melodia, acabaram. Há mais de 50 anos, só existe o samba-enredo, que é uma batucada, uma marcha acelerada para apressar o desfile.

 

(Transcrevi trechos. Leia mais)

São Paulo está economizando até pingo nos iis

 

por Gilmar Crestani

 

 

O racionamento de água em São Paulo evaporou da página dos jornais. É mais fácil encontrar denúncias de que, no futuro, pode faltar energia elétrica do que a presente mais constante na vida dos paulistas, a falta de banho. Os malabarismos linguísticos para secar o governo federal e irrigar o governo de São Paulo com boas notícias é algo que deveria concorrer ao Prêmio Nobel da HiPÓcrisia…

Todos sabemos da parceria entre o Instituto Millenium & o PSDB. Não só pela declaração da D. Judith Brito e da ANJ, mas porque a prática diuturna dos grupos mafiomidiáticos é por demais evidente. Estão todos preocupados em destruir a Petrobrás, mas ninguém ousa levantar um dedo para incriminar os que já estão presos por terem fraudado a empresa. Por que é mais fácil acusar contra quem não só não há qualquer denúncia como há sobejas provas de que fez o que nenhum outro governante tinha feito até agora, do que trazer à luz do sol o papel das maiores empresas no maior assalto à Petrobrás?!

A lista dos maiores envolvidos está aí, gente fina das das empreiteiras: Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, José Aldemário Pinheiro Filho, Mateus Coutinho de Sá Oliveira e José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS; Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC Participações; Dalton dos Santos Avancini, Eduardo Hermelino Leite e João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa; e Gerson de Mello Almada, da Engevix. E ainda falta a principal, a Odebrecht, cereja do bolo empresarial no assalto à Petrobrás. Por que eles não são objeto de reportagens, mostrando o que eram e como ficaram? Por que o apartamento do Lula é matéria de capa mas o enriquecimento deste pilantras com dinheiro da Petrobrás não merece uma linha nas milhares já escritas pelas cinco irmãs (Folha, Estadão, Veja, Globo & RBS)?!

Toda hora Antonio Imbassahy, Álvaro Dias, Fernando Francischini tem mentiras divulgadas contra o Lulinha, que eles divulgaram ser o dono da Friboi, mas nada dizem a respeito dos seus financiadores? Por que não mostram com quem andava Alberto Youssef? Quem eram suas amizades, com quem trabalhava?

Com a mesma desenvoltura com que aplicam a lei Rubens Ricúpero para esconder o que lhes pertence e mostrar por diversionismo em relação à Operação Lava Jato, também a aplicam em relação ao racionamento de água em São Paulo.

Se rir é o melhor remédio, ria de quem não tem rio

.

por José Simão

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Carná 2015! As águas vão rolar!
Paulista não pode mais usar pingo nos is! E estão proibidas as expressões: lavar a égua e lavou tá novo

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E olha essa faixa em Pirangi: “II Concurso de Peidos! Pirangi 2015”.

O problema não é participar, é ser jurado.

E o Palmeiras contratou o Ryder pra fazer dupla com o Valdívia?

Os Chinelos. Próxima contratação será o atacante Havaianas!

E o Ministro do Apocalipse Levy quer a levytação dos preços.

Os preços lá em cima, levytando!

Rarará!

Joaquim Levy
Joaquim Levy

E sabe como se chama o imposto que o novo governo grego quer derrubar? ENFIA!

Verdade! Imposto de grego!

Todo imposto devia se chamar Enfia. “Dilma lança mais um enfia”. Então ENFIA!

Rarará!

E a grande bomba da semana! Rodízio da Sabesp: 2 dias com água e 5 sem água! 5 X 2! Pior que o 7 a 1! Entendi o rodízio da Sabesp: 2 dias com água e 5asec! Rarará!

Paulista vai ser reconhecido no aeroporto pelo fedor. “Tapa o nariz que lá vem um paulista.”

Vou lançar o perfume Alckmi Número 5! Fleur de Chuchu!

E em São Paulo mandar cagar no mato não é ofensa, é economia de água!

Paulista não pode mais usar pingo nos is! Desperdício de pingos.

E estão proibidas as expressões: águas passadas, lavar a égua, nó em pingo d’água (nó em pingo d’água é crime inafiançável), lavou tá novo, olhos rasos d’água e foi tudo por água abaixo.

Estão proibidas as doenças: gota e barriga d’água! Rarará!

E adorei a charge do Nani com o corretor vendendo apartamento: “Dois quartos, sala, cozinha e uma falta d’água maravilhosa”.

Eita! Rarará.

E essa piada pronta: “Cerveró ameaça processar quem produzir máscaras com seu rosto no Carnaval”. A fábrica desistiu e agora vai de Graça Foster!

Quem não tem Cerveró vai de Graça Foster! O susto é o mesmo.

CERVERO/CAMARA

E a minha cara pra máscara de Carnaval só falta o elástico.

Então não falta mais nada. Acabei de ganhar o elástico. Rarará!

E olha a placa na porta do banheiro da empresa de um amigo meu: “Está faltando água! Favor cagar em casa!”. Rarará.

Que situação! Nóis sofre mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!