Fala-se muito em Liberdade de Imprensa, mas nenhuma redação no Brasil tem autonomia para selecionar as mensagens. A política editorial é imposta pelo patronato, via o mando abusivo dos capatazes que exercem cargos de chefia, cargos preenchidos pelos empregados da máxima confiança.
A primeira vez que falei de Estatuto de Jornalismo no Comunique-se, fui tachado de utópico, um velho Dom Quixote, (di)vagando na internete.
Os jornalistas sempre aceitaram que a opinião fica para o editorial. Que não leva assinatura. E deixa a dúvida se escrito pelo patrão analfabeto ou pelo diretor responsável.
No Brasil foi determinado que o jornalista não pode expressar opinião. É bicho que não pensa.
Relata o que viu, com a máxima objetividade, sendo apenas uma testemunha ocular da história, a frase safada repetida na abertura do Repórter Esso.
Ou transcreve, com a máxima fidelidade, o que lhe foi dito.
Um pau-mandado que, muitas vezes, desconhece o nome do proprietário, do amo, como acontece com os jornalistas que trabalham nas rádios, televisões, concessões do governo para laranjas. Idem no jornalismo on line.
Não existe liberdade sem direitos.
Quais são os direitos do jornalista brasileiro? Nenhum dos direitos fundamentais dos jornalistas portugueses, para um exemplo:
ESTATUTO DO JORNALISMO DA REPÚBLICA PORTUGUESA
Artigo 6.º
Direitos
Constituem direitos fundamentais dos jornalistas:
a) A liberdade de expressão e de criação;
b) A liberdade de acesso às fontes de informação;
c) A garantia de sigilo profissional;
d) A garantia de independência;
e) A participação na orientação do respectivo órgão de informação
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O jornalista brasileiro é pau para toda obra, mas não oferece nenhum pitaco na política editorial. Meteu-se a besta vai pra rua.
Adestrado, submisso, conhece o seu lugar: quem deseja opinar, que compre um jornal.
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