Carlos Costa tem hoje 49 anos. Carlos acaba de se aposentar. De 1999 ao fim de 2003, foi o poderoso chefe do FBI no Brasil.
Carlos Costa sabe os riscos que corre ao falar. Enquanto prepara capítulos de um livro sobre o FBI e sua vida como agente secreto, toma precauções contra uma “gripe súbita”. E mortal.
Carta Capital: Você chefiou o FBI no Brasil? Por quanto tempo? Carlos Alberto Costa: Chefiei o FBI no Brasil. Por quatro anos, até quase o final do ano.
CC: Como eram, são, as relações dos serviços secretos dos Estados Unidos com as polícias do Brasil?
CAC: Você se refere à polícia de vocês ou à comprada por nós?
CC: Comprada?
CAC: Sim, comprada. Nossas agências doam milhões de dólares por ano para a Polícia Federal, há anos, para operações vitais. No ano passado, a DEA doou uns US$ 5 milhões, a NAS (divisão de narcóticos do Departamento de Estado), também narcóticos, uns US$ 3 milhões, fora todos os outros. Os Estados Unidos compraram a Polícia Federal. Há um antigo ditado, e ele é real: quem paga dá as ordens, mesmo que indiretamente. A verdade é esta: a vossa Polícia Federal é nossa, trabalha para nós. Os vossos governos parecem não dar importância à Polícia. Não sei se é herança da ditadura, quando a Polícia era malvista, mas isso é incompreensível. A Polícia, que deve ser uma entidade independente da política, independente de influências internas e externas, está, na prática, em mãos de estrangeiros.
No Brasil, ao rastrear ações dos serviços secretos dos Estados Unidos ao longo dos últimos anos, Carta Capítal deparou-se com a movimentação do então chefe do FBI em reluzentes palácios e salões.
O ex-chefe do FBI pagava as contas, da mesma forma que, revela ele em estarrecedoras páginas adiante, a US Customs, DEA, NAS, CIA, outros “Serviços” e o próprio FBI pagam contas das polícias do Brasil.
Direto como pode ser um norte-americano, Carlos Costa relata: a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é uma “pedinte”, e não apenas dos Estados Unidos.
O Estado brasileiro? Assistiu, assiste, como se tudo corresse na maior normalidade. É preciso cortar gastos, con-tingenciar. Então, que mal há se os Estados Unidos, em troca de acesso total e controle, “doam” alguns milhões de dólares para as polícias e instituições verde-amarelas a cada ano? Transcrevi trechos. Leia mais aqui. Não esquecer que o juiz Sergio Moro chamou o FBI para atuar na Lava Jato. Vale a pergunta: quem grampeou a presidenta Dilma Rousseff foi a vendida Polícia Federal ou o FBI? A PF, diz que recebeu ordens de Moro, e lava as mãos, pondo a culpa em uma agência telefônica de nome desconhecido. Nenhuma companhia tem estrutura ou competência técnica, e muito menos legal, para invadir o Palácio presidencial e colocar grampo.
GRAMPO DE MORO. “Os golpes começam assim”, alerta Dilma
“Quem autorizou, por que autorizou e por que divulgou?”, disse a presidenta indignada com o grampo divulgado pelo juiz Sergio Moro na TV Globo.
Segundo Dilma, a divulgação da conversa telefônica foi uma agressão, não à sua pessoa, mas à democracia, pois feriu garantias constitucinoais. “Os golpes começam assim”, afirmou. Ela ressaltou que, quando os direitos constitucionais da própria presidência são violados , não há garantia nenhuma aos cidadãos. “O Brasil não pode ficar submisso a uma conjuração”. Veja o vídeo do discurso. Clique neste link:
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