por Aline Rickly
Um áudio que está sendo veiculado nas redes sociais tem sido motivo de preocupação para os brasileiros. Nele, uma mulher diz que o gerente de um banco dos Estados Unidos, irmão de um deputado brasileiro, advertiu de que nesta quarta-feira haveria um golpe, igual ao que aconteceu no governo do Fernando Collor, onde a presidente Dilma Roussef retiraria todo o dinheiro dos investidores da caderneta de poupança. Em resposta aos constantes boatos, o Ministério da Fazenda emitiu uma nota afirmando que não há risco de confisco da poupança ou de outras aplicações financeiras.
Com medo das especulações, brasileiros estão procurando as agências bancárias temendo que seus bens sejam congelados. No último dia 5, o Banco Central divulgou que a caderneta de poupança registrou a saída líquida – retiradas menos depósitos no valor de R$ 6,26 bilhões no mês de fevereiro, uma das maiores da história.
O gerente-geral da Caixa Econômica em Petrópolis, Pedro Hammes, afirmou que nos últimos 15 dias a agência recebeu, em média, cerca de 15 a 20 pessoas por dia que queriam informações sobre a poupança e, a maioria, pretendia retirar os investimentos da conta. Ele disse que os funcionários do banco estão orientando a população de que existe uma emenda constitucional de 2001 que proíbe que o governo faça um sequestro da conta poupança por meio de Medida Provisória. “Com isso, estamos conseguindo evitar a maioria dos saques”, afirmou. O artigo 62 da emenda determina que é vedada a edição de medidas provisórias que vise à detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro.
Hammes garantiu que não haverá confisco das contas nesta quarta-feira e salientou que a legislação atual é diferente da que vigorava em 1990, quando o Collor sequestrou os investimentos dos brasileiros, assim como a situação econômica, bloqueando contas-correntes e poupanças no prazo de 18 meses. Assim, só era permitida a retirada de pequenas quantias. Na época, a inflação era de 1.476% ao ano e o chamado Plano Collor foi criado com o objetivo de diminuir a quantidade de circulação de dinheiro na economia, inibindo o consumo, o que ajudaria a reduzir as altas taxas da inflação. Atualmente, a inflação está avaliada em 7,14%.
Na época, quem tinha dinheiro no banco teve os investimentos congelados. Esse foi o caso do empresário João Carlos Carvalho, de 64 anos. Na década de 1990, ele lembrou que tinha acabado de vender uma parte de uma sociedade que tinha e colocou o que hoje seria equivalente a R$ 120 mil na poupança.Além disso, ele tinha dinheiro na conta-corrente. “Quando ouvi no noticiário não acreditei e fui até o banco. Cheguei lá e fui informado de que só podia retirar uma quantia”, relatou. Com três filhos para criar, o empresário precisou recomeçar do zero. “Tive que vender o carro que tinha para pagar dívidas. Além disso, estava fazendo uma obra e tive que vender o terreno porque fiquei sem condições de pagar os seis funcionários que trabalhavam na construção. Só não quebrei totalmente porque o gerente do banco era meu amigo e me ajudou. Mesmo assim levei um bom tempo para me reerguer”, contou. Quando conseguiu tirar o dinheiro, ele disse que já não tinha mais o mesmo valor. Desde então, João não colocou mais dinheiro na poupança. Tribuna de Petrópolis
