A imprensa ensina
como engavetar uma CPI
Faltam três dias para a divulgação da CPI do Banestado. E tá todo mundo calado. Decidiram que o maior roubo da história universal (dos bancos) não é notícia.
Essa zoeira sobre a acusação feita pelo presidente Lula que houve corrupção no BNDES durante as privatizações no governo FHC parece despiste, MALANdrice, tiro com bala de festim.
O Estadão foi logo avisando: “FHC emitirá nota para se defender das acusações de Lula“.
Vai ser o maior bate-boca. As notas estão sobrando.
O atual presidente da Fosfertil, Francisco Gros, declarou: “O BNDES é uma instituição com mais de 50 anos de existência e, ao longo dessa história, nunca tive notícias de corrupção, nem quando fui presidente, nem como diretor e nem como cliente do banco”.
Não sabia que Gros era cliente do BNDES.
O PSDB, inclusive, quer processar o presidente por “crime de responsabilidade”.
E José Dirceu, chefe da Casa Civil, rezinga: O PSDB “tem de ver se há a base legal para tal pedido, e se o feitiço não vai virar contra o feiticeiro”.
Acho que tudo não passa de GROSseira, que logo passa, e dura no máximo uns três dias, prazo para José Mentor apresentar o relatório da CPI do Banestado que, conforme o esperado, apontará o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco como um dos principais responsáveis pela evasão de bilhões e bilhões de dólares.
Mentor está convencido que o ex-presidente do BC, além de ter tomado a decisão de permitir que cinco bancos pudessem operar as contas CC 5 em Foz do Iguaçu, não fiscalizou as operações feitas pelo antigo Banco do Estado do Paraná (BanEstado), o privatizado Banco do Estado de Minas Gerais, o Banco Araucária, o Itaú e o Banco do Brasil.
Pelos aviões Franco CC-5 foram desviados para o exterior cerca de 250 bilhões de dólares.
A CPI do Banestado foi aberta a mando da Cia, preocupada com a saída de tantos aviões para o exterior. Foz, conforme denúncia da revista Veja, possuía na época “campos de treinamento de terroristas”, e teve o privilégio da “visita de Bin Laden”.
A imprensa não toca mais no assunto. Engavetou a CPI, em nome do sigilo bancário.
Publiquei no Aqui e Agora em 25.02.2005
Que mais sujo, mais imundo, mais corrupto, mais podre, mais putrefato, mais sórdido: a origem ou o destino de 250 (duzentos e cinquenta bilhões de dólares) roubados do pobre povo pobre brasileiro?
E tais ladrões, impunes e blindados, consideram o salário mínimo do mínimo muito alto.
Republicou isso em O jornaleiro.