In Wikipédia: “Marina Silva nasceu pelas mãos de sua avó, que era parteira, na localidade de Breu Velho, em Rio Branco, capital do estado do Acre, em 8 de fevereiro de 1958.
Descendente de africanos e portugueses, foi registrada com o nome de Maria Osmarina Silva de Souza, sendo filha do seringueiro cearense Pedro Augusto da Silva e da dona de casa Maria Augusta da Silva.
Folha de S. Paulo: “Marina nasceu num dia chuvoso do inverno acreano…”. Gostei do detalhe “chuvoso”, para dar veracidade a lenda de “filha da floresta”.
Marina é também chamada de fada da Amazônia, uma encarnação de Iara ou Uiara (do tupi ‘y-îara, “senhora das águas”) ou Mãe-d’água, segundo o folclore brasileiro, uma linda sereia, que vive no rio Amazonas, de pele parda, e que possui cabelos longos e olhos castanhos.



Marina a deusa protetora do rio e da floresta da Amazônia criou um mito que lhe favoreceu na criação do Partido Verde, e arrebatar 19.636.359 votos nas eleições presidenciais de 2010.
MARINA “FERIDA EM NOME DE DEUS”
A natura de Marina sempre foi uma paradisíaca história da exuberância e riqueza do verde da floresta e do azul dos rios, em contraste com uma vida de fome e misérias sem fim, doenças terminais, e vitória contra a morte, que lhe faz ungida pela providência divina, sendo sua última prova de protegida de Deus, o aviso que recebeu para não pegar o √ôo da morte, que matou Eduardo Campos, no azarado dia 13 de agosto último. E para completar o milagre, de vice que era, passou a ser candidata a presidente.
Nos livros biográficos de Marina Silva, ela teve uma vida dolorida de santa. De fome, muita fome. De seringueira, de empregada doméstica. Costumeiramente, uma garota de 16 anos exerce a profissão de babá. E Marina confessa que cuidava das irmãs menores. Uma profissão que se exige saúde, nenhuma doença transmissível.
Um dos livros tem o sagrado e surpreendente título “Feridos em Nome de Deus”, de Marília de Camargo César, que também escreveu “Marina, a Vida por uma Causa”.
Alfredo Sirkis publicou “O efeito Marina”.
UMA NOVA TEOLOGIA PROFÉTICA PARA O BRASIL
Sinopse do livro: Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas.
Carentes de acolhimento são habilmente capturados pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão e ambos seguem de braços dados experimentando religiosidade fútil e meritória, barganhando a todo momento com Deus.
Por ser uma religiosidade descaracterizada da adoração sincera, mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas abertas pelo caminho.
É esta relação doentia que a jornalista Marília Camargo desvenda em seu primeiro livro. Uma reportagem que avança pelos meandros da igreja evangélica brasileira liderada em boa medida por pessoas embevecidas pelo próprio poder de manipular e escravizar aqueles pelos quais Cristo morreu.
Ao lidar com feridas não cicatrizadas, Marília revela a urgência de um novo tipo de liderança, não autocrática, e de um novo membro, mais confiante em Deus e menos dependente do pastor local, a fim de que o espaço da igreja seja saudável, criativo e curador.
Feridos em nome de Deus é leitura obrigatória para quem anseia por um cristianismo saudável e libertador. Uma denúncia do falso evangelho pregado por falsos cristãos; um sopro dos bons ventos da graça de Deus, que definitivamente precisa triunfar entre nós.
Lembra Marília Camargo que Marina chorou muitas vezes durante os depoimentos para o livro.
“Existe o milagre do preparo. E o primeiro milagre do preparo está em ter capacidade de pedir a Deus força e coragem para não nos acomodarmos. Força e coragem para não nos bastarmos. Para estar sempre ali, aos pés dEle, buscando nEle a melhor forma de completar minha missão e de me completar no olhar do outro, na sua escuta e no seu acolhimento”.
Como tantos brasileiros, Marina também teve uma vida de lutas e sofrimentos. Venceu a pobreza, diversos problemas de saúde e a privação dos estudos na infância.
Mas a verdade verdadeira é que Marina jamais passou fome no seringual.


A NOVIÇA REBELDE
Em Rio Branco, Marina buscou teve a ajuda do bispo do Acre, dom Moacyr Grechi, que depois se tornou uma espécie de seu protetor e mentor político. “O atendimento hospitalar no Acre era precário. Então, resolvi mandá-la para o hospital Santa Rita, em São Paulo. Consegui as passagens com um amigo diretor da Vasp e as freiras a acolheram lá”, conta dom Moacyr, hoje em Rondônia. Ao voltar, a jovem foi morar durante um tempo com os tios Aurélio e Mariquinha da Rocha Morais. Na casa desse tio, Marina sofreu “maltrato”. Resolveu então ingressar no convento das Servas de Maria Reparadoras. Segundo o livro de registro das freiras, Marina chegou ao convento em 19 de fevereiro de 1976, dez dias depois de completar 18 anos. “Está na 5ª série do 1º grau. É a primeira vez que convive com as irmãs”, escreveu a freira Maria Beatriz da Costa. “Possui oito irmãos vivos e três falecidos”, acrescentou. Maria Beatriz conta que era costume registrar no livro o que ocorria com as alunas. Em 29 de junho do mesmo ano, ela anotou a decisão de Marina de não tornar-se freira. “A própria candidata disse não ter vocação.” Não foi a única. Das sete alunas que frequentavam o curso preparatório, apenas uma seguiu o caminho religioso.
ANTES DE SER NOVIÇA, MARINA RESIDIU NA CASA DO TIO DELEGADO
No convento, a melhor amiga de Marina era Dilma Alves Omar, com quem trocava confidências. Hoje, Dilma vive numa casa humilde da periferia de Rio Branco. Ela diz que a amiga adorava tomar banho no açude e comer em casa. “O baião-de-dois que a minha mãe preparava era seu prato preferido.” Segundo Dilma, o tempo do colégio de freiras foi um período de alívio para Marina. “Ela sofria na mão do tio, que era delegado. Parece que ele judiava um pouco dela, por isso ela foi para o convento”, revela a antiga amiga. As duas adolescentes dividiram o mesmo quarto e as dúvidas sobre a vocação religiosa. “Teve uma época em que a Marina dizia que seria freira e criticava dom Moacyr. Chamava ele de ‘bispo comunista’. Mas depois acabou entrando para as Comunidades Eclesiais de Base, fundou o PT e abraçou a política”, comenta. Dom Moacyr diz que Marina “tinha medo” dele e do teólogo Clodovis Boff. “Um dia foi assistir escondida a uma palestra nossa. Descobriu não só a possibilidade de ser cristão envolvido na política, mas que o evangelho a impelia a se comprometer com as causas sociais”, diz o bispo.
MARINA ERA FELIZ E NÃO SABIA
E na lembrança das irmãs, Marina teve uma infância e adolescência feliz até sair da casa da avó, que era parteira, profissão de prestígio ainda hoje nas cidades sem médico em qualquer parte do mundo.

Irmã e sósia da candidata à Presidência pelo PSB, Maria Lúcia costuma ser confundida com Marina Silva por onde passa. É comum receber abraços e pedidos de autógrafos. O embaraço aumenta quando nega, com a mesma voz aguda de Marina, que não é Marina.
Além de Marina, Maria Lúcia é irmã de Deuzimar, Maria Aurilene, Maria de Jesus, Maria Elisete, Maria do Socorro e Arleir, o único homem da família. Ela mora há dez anos no Taquari, um bairro pobre de Rio branco, com alto índice de violência, que costuma ser atingido por alagamentos durante as cheias do Rio Acre.
Diferente da irmã presidenciável, Lúcia foi apenas alfabetizada. Trabalha como dona de casa e congrega na Assembléia de Deus, assim como Deuzimar, a irmã mais velha, que frequenta a mesma igreja há mais de 30 anos, bem antes da conversão de Marina. Outras três irmãs são da igreja Deus é Amor. Os dois homens da família, o pai Pedro Augusto da Silva, 87, e seu filho Arleir, se declaram cristãos e de vez em quando frequentam igrejas evangélicas ou católicas.
Qual a lembrança mais remota que você tem de Marina?
A Marina foi criada por nossa avó, mas a gente morava muito pertinho. Nossas casas, na colocação Breu Velho, no seringal Bagaço, ficava a uns cem metros uma da outra. A gente passava o dia trabalhando e brincando. No final da tarde, ela ia pra casa de nossa avó. Então se despedia e a gente dizia: “Tchau, Marinô”.
Marinô?
Era como a gente chamava ela quando éramos pequenas. Era Marina e Marinô. “Tchau, Marinô”, a gente dizia no final do dia. E ela ia pra casa de nossa avó e nós pra nossa casa.
Você lembra do dia que ela saiu do seringal com um saco de pano nas costas, com poucas roupas dentro, para ir trabalhar como doméstica em Rio Branco?
Lembro muito bem. Aquele foi um dia muito triste pra nossa família. Nós ficamos chorando, todos preocupados porque ela era uma menina, muito jovem. Tinha uns 15 anos, incompletos.
Dona Júlia, a avó de vocês, foi determinante na vida de Marina?
Sim, sim. Ela era analfabeta, mas muito inteligente, sábia. Ela, assim como meu pai, nasceram em Messejana, no Ceará. Meu pai veio primeiro e depois foi lá buscar ela. E meu pai casou no Acre com minha mãe. Ela também era cearense. Minha avó ensinava Marina a rezar, a ser uma pessoa humilde, e ela sempre foi uma pessoal realmente muito humilde.
E por que Marina morava com sua avó e não com seus pais?
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Não sei o motivo dela ter escolhido morar com avó Júlia. Quando Marina veio morar em Rio Branco, a gente já não morava na colocação Breu Velho. Fomos morar em Belém do Pará e quando voltamos fomos morar na colocação São Gonçalo. Meu pai deixou a casa na colocação Breu Velho aos cuidados de uns parentes e quando voltamos ele decidiu que a gente ia morar em outro lugar, lá mesmo, no seringal Bagaço. Até hoje, duas irmãs ainda moram no mesmo seringal. Quando saímos da colocação São Gonçalo, meu pai abriu outra colocação na BR-364. Depois disso, foi quando Marina veio morar em Rio Branco para trabalhar como doméstica.

EXISTE POBRE FELIZ?
Maria Deuzimar da Silva Vieira é a irmã mais velha de Marina Silva, tem quatro filhos e seis netros e ainda vive em uma colônia na BR-364, na área que antes se localizava o Seringal Bagaço, onde a candidata à presidência nasceu.
“Nós gostávamos de brincar de corda, fazer corrida, jogar bola”, lembra Deuzimar. São histórias como essas que as irmãs relembram quando se encontram com a candidata a presidência. “Quando a gente se reúne, aproveita para lembra o que já vivemos, aproveitar o tempo livre. Recordar o seringal, cozinhar. A Marina gosta de ralar milho, fazer canjica e quebrar castanha. Aproveitamos nosso tempo para ficarmos entre nós e deixar essas coisas da política em segundo plano. Para nós, ela é a Marina daquele tempo [do seringal]”, conta Deuzimar.
Deuzimar, Lúcia e Marina foram ensinadas, ainda adolescentes, a cortar seringa para ajudar o pai, Pedro Augusto da Silva. “Nós moramos um tempo em Belém, mas não estava bom lá. Aí ele pediu ajuda para o patrão do Seringal para voltar, iríamos pagar as passagens ao chegar, mas a dívida era muito grande. Naquela época mulher não cortava seringa, só os homens. A nossa mãe começou a se preocupar. Ela disse ‘Você ensina as três mais velhas a cortar seringa, que elas vão te ajudar’. Era eu, a Lúcia e a Marina”, conta Deuzimar.
Pedro ficava responsável por uma estrada com árvores de seringueira, enquanto as três filhas ficavam responsáveis por outra. “Como éramos três, nós costumávamos terminar antes dele e íamos brincar”, lembra.