Gustavo de Blase/ Folha Diário/ Es
A desmilitarização da Polícia no Brasil é uma pauta histórica dos movimentos sociais e completamente ignorada pelo poder público.
As últimas mobilizações no Brasil reacenderam este tema e uma grande parte da população teve acesso ao debate. Por fim, o pedreiro Amarildo desapareceu e a história revelada posteriormente poderia tranquilamente ser um roteiro para filme de terror.
Tortura, espancamento e morte. Desde o golpe de 1964, esses três elementos estão cada vez mais próximos do cidadão, infelizmente, como prática institucional. A violência legalizada, estatal.
Entretanto, governos e parte dos movimentos sociais tendem a culpar o trabalhador da segurança pública, como elemento fundamental da barbárie. Mas o problema vai além.
Obviamente, existem pessoas policiais criminosos, que saem de casa premeditando algum crime, mas não refletem a maioria da corporação, principalmente soldados e cabos.
Péssima remuneração e condição de trabalho, impossibilidade de questionar o comando ou reivindicar melhorias, deixa classe fica imobilizada. A polícia militarizada não favorece em nada o policial ou a população.
Os únicos favorecidos fazem parte de uma pequena e poderosa classe que precisa manter as coisas como estão.
A polícia desmilitarizada não significa fim do policiamento ostensivo, rondas e patrulhamento. Significa, sim, uma mudança estrutural na cadeia de comando e na relação Policial / Comunidade. Não é normal ter medo da PM.
Não é normal abusos cotidianos em nome da PAZ. Paz pra quem? Paz por quem? Enquanto este debate não for levado a sério pela classe política e pela sociedade civil organizada, muitos Amarildos desaparecerão. Como disse o Capitão Nascimento, em TROPA 2: “Ainda vai morrer muito inocente…”
A desmilitarização não resolve o problema! Há que mudar a vocação da PM e preparar devidamente a Policia Civil!