A RAINHA TINHA UM PÉ NA COZINHA

por Marcia Lobo

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Esta linda e inocente garotinha de 7 anos é Elizabeth Angela Marguerite Bowes Lyon, que se tornaria rainha da Inglaterra e, depois, quando a filha subiu ao trono como Elizabeth II, passou a usar o título de rainha-mãe – embora os súditos gostassem de chamá-la de “a avó de todos os ingleses”. 

Morreu em 2002, com 102 anos e ilibada reputação.  Nunca se disse uma única palavra maldosa sobre ela. Agora, porém, um livro inteiro foi escrito para revelar o segredo de sua origem: a digna esposa do rei    e mãe da atual rainha seria na verdade filha de uma cozinheira francesa.

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Terá a doce velhinha passado 102 anos iludida?

Resumidamente, a história é a seguinte: depois de dar três herdeiros ao marido e perder a primogênita (Violet), vítima de difteria em 1893, lady Cecilia Glamis pirou e os médicos proibiram uma nova gravidez, o que na época significava proibir o sexo. 

Mas lord Glamis, 14o Conde de Strathmore e Kinghorne, não era homem de abstinências e imediatamente botou olho grande na bela francesa Marguerite Rodiere, que trabalhava ali mesmo, na cozinha da mansão de St Paul’s Waldenbury. Tiveram dois filhos – Elizabeth e David –, adotados pela esposa, o que não chegava a ser  raro entre os casais aristocráticos da Inglaterra vitoriana.

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Os irmãos Elizabeth e David, em 1904 e 1915.
Tal filiação explicaria o incomum “Marguerite” no nome da moça, que em nada se parecia com a pobre Cecilia – nem com o pai, a bem da verdade. E certamente era desconhecida da família real, ou George V não permitiria que o filho Bert (segundo na linha de sucessão) se casasse com ela. Parece, porém, que Eduard, o irmão mais velho que abdicou do trono para ficar com a plebéia Wallis Simpson, descobriu a verdade no curto período em que foi rei. Ele e a mulher detestavam Elizabeth (era recíproco) e lhe deram o até agora incompreensível apelido de “Cookie”.

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Com a “mãe”, lady Cecilia.

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Com o noivo (e futuro rei) e os pais.

A obra que está tirando o sono da família real e “ameaça” ser lançada ainda este mês tem um longo e sugestivo título: The Queen Mother, The Untold Story of Elizabeth Bowes Lyon, Who Became Queen Elizabeth the Queen Mother. 

A autora é lady Colin Campbell, mulher indiscreta e habituada com histórias escabrosas que já foi responsável por outras insônias da corte: primeira  a revelar ao mundo os podres do casamento de lady Di, escreveu duas biografias da princesa e espalhou o caso de Diana com o rei Juan Carlos da Espanha durante um cruzeiro em agosto de 1986.

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A biógrafa lady Campbell, que nunca foi exatamente uma dama.

Também conhecida como Georgie Campbell,  a biógrafa várias vezes não-autorizada é ela própria um escândalo ambulante. Nascida em 1949 na família Ziadie, um dos mais influentes clãs da Jamaica, seu nome de batismo é George William, pois teria nascido com “um defeito físico” que carregou até os 18 anos, quando se operou e passou a se vestir como mulher. Tornou-se modelo em Nova York, fisgou o nobre inglês Colin Campbell (irmão caçula do 12o  duque de Argyll), circulou entre a aristocracia durante 14 meses, tempo que o marido demorou para descobrir que “tinha se casado com um travesti”.

Incomparavelmente mais vexaminosa é a saia justa em que a família Windsor está agora. Afinal, se Elizabeth II não sabia da avó cozinheira, foi passada para trás. Se sabia, fez todos os súditos de bobos.

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Transcrito do blogue Antes que eu me esqueça de Marcia Lobo. Conheça outras impressionantes biografias

Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

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