O considerado Talis Andrade, jornalista de escol e um dos mais inspirados poetas do Brasil, envia um, como direi, desabafo de seu refúgio no Recife:
(…) fui anticandidato a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco, e tive quatro votos dos cinco mil filiados.
Topei a parada para ter motivação para meter o pau nos pelegos. Foi uma eleição comandada pela Central Única dos Trabalhadores – CUT, única no mentiroso nome, que existem mais outras cinco ou seis centrais para comer o imposto sindical, que arrecada, na marra, mais de 2 bilhões de reais, e ninguém presta contas dessa dinheirama. Eta Brasil corrupto.
Na antevéspera do pleito a “democracia radical” de ser impedido de entrar no Jornal do Comércio, onde comecei como foca e terminei diretor responsável e redator chefe. Terminei entrando, por força da lei, para descobrir o lugar que aterrissou uma das urnas volantes.
Mudados tempos: as redações eram abertas, e os jornalistas viviam nas ruas. Sem medo e sem nojo do povo.
As redações viraram gaiolas de ouro para uma meninada que recebe o salário da fome e do medo. Na atual cultura de rejeição dos idosos, como condenou o Papa Francisco, a Chapa Você Sabe Porquê, que encabecei, terminou sendo chamada dos “Velhinhos”. A danação desta contrapropaganda escancara uma cruel realidade. Mas tudo tem seu lado bom. Fez recordar minha vaidade de garoto de trabalhar ao lado de decanos. De Câmara Cascudo, Mauro Mota, Costa Porto, Eugenio Coimbra Jr., Veríssimo de Melo.
Os jornalistas de 40, 50 anos, viviam o batente como se tivessem a mesma idade dos noviços. Ninguém teria a petulância de chamar Newton Navarro, Carlos Pena Filho, Audálio Alves, Abdias Moura, Ladjane Bandeira de encalhe, de imprestáveis. Qual o futuro de uma profissão de beletristas que, aos 30/35 anos, entra na ancianidade?