Armação da polícia de Sérgio Cabral para justificar o holocausto dos Amarildos
Informa R7 Notícias: A mulher do pedreiro Amarildo, Elizabete Gomes da Silva, disse que todas as acusações de envolvimento dela e do marido com o tráfico de drogas são mentirosas e têm o objetivo de desviar o foco de atenção das investigações sobre o paradeiro do pedreiro, desaparecido há cerca de um mês, após ser abordado por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha.
— Isso é tudo mentira. Para eles falarem isso, têm que ter prova.
Irritada, a mulher de Amarildo declarou que, sem imagens, fica fácil falar qualquer coisa.
— Estão querendo sair do foco e querendo me envolver. Minha casa nunca foi alvo de nada.
Anderson Dias Gomes, de 21 anos, filho de Amarildo e Elizabete, declarou estar angustiado com as insinuações feitas contra a mãe e o pai.
— Nós já estamos sofrendo bastante para eles inventarem uma calúnia dessa sem provas.
Uma favelada mãe de família, por ter sido esposa do falecido Amarildo, a polícia transforma em traficante e torturadora. Foto Alessandro Costa
Veja que infâmia: Escutas telefônicas feitas com autorização da polícia captaram uma conversa na qual um traficante conhecido como Catatau fala com um policial infiltrado no tráfico sobre o desaparecimento de Amarildo Dias. Segundo o criminoso, Boi, como seria chamado o pedreiro, foi morto para jogar a população contra o comandante da UPP da Rocinha. A conversa teria ocorrido quatro dias após o sumiço de Amarildo.
Uma das testemunhas que gravaram depoimento aparece com as duas mãos enfaixadas e diz ter sido torturada na casa onde Amarildo vivia com a família.
— Eles me botaram sentado na escada da porta da Bete. Ela é conhecida minha. Aí ela comentou: “você vai tomar um coro, né?”. Eu falei: “pô, acho que vou”. Então você vai ser o nono [disse ela]. Quebraram minhas duas mãos e me queimaram todo, no peito, na barriga, tudo.
[Jogar a população contra o comandante da UPP. Amarildo, para a polícia, era um estrategista político, e excelente marqueteiro. Ou melhor dito, mais um marqueteiro bandido, traficante de moedas para os paraísos fiscais].
HOLOCAUSTO: SOLUÇÃO FINAL
DE UMA POLÍCIA NAZISTA
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O Papa Francisco, na visita que fez a uma favela carioca, denunciou o terrorismo policial.
Uma polícia que vem ameaçando de morte o cartunista Latuff. Uma polícia que mata.
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Escreve Edu H. Silva: O projeto da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) foi inaugurado em 2008, na Comunidade Santa Marta, zona sul do Rio de Janeiro, e depois se expandiu para outras comunidades.
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De lá para cá, aproximadamente cinco mil pessoas foram mortas pela ação truculenta da polícia. Este é o número de habitantes em várias pequenas cidades país afora. E, certamente, isto corresponde apenas aos dados registrados. Há um ainda mais e mais assustador que sequer se conhece. O fato é que o que tem marcado os quase cinco anos de UPP nas favelas são chacinas, desaparecimentos e intimidação aos moradores.
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A presença das UPP’s nas comunidades cariocas faz parte de uma política do governo estadual – sob aval e o incentivo do governo federal (PT) – de criminalizar a pobreza e não, de forma alguma, para garantir proteção e segurança da comunidade. Isto tudo cercado de muita publicidade e propaganda enganosa.
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Como prova disso, basta lembrarmos de uma ação escandalosa, em novembro de 2011, chamada “Operação Choque de Paz”, na favela do Vidigal, onde além de toda a violência durante a invasão, foi montada (como a imprensa revelou recentemente) uma farsa hollywoodiana, com direito a figurantes e sangues de ficção.
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A realidade, contudo, não tem nada de “filme de ficção”. Nos morros tomados pela UPP, a taxa de desaparecidos aumenta vertiginosamente. E os desaparecidos em sua maioria são jovens negros, que, segundo dados do governo, têm 139% mais chances de serem mortos dos que os brancos.
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Dentre os desaparecidos, a maioria (59%) é do sexo masculino, sendo que 27,4% são estudantes. Os desaparecimentos, em sua maioria, atingem a população com faixa etária superior a 18 anos. Muitos deles trabalhavam em empregos precarizados, sem direitos trabalhistas, garantias de estabilidade e baixos salários. Amarildo, como muitos outros trabalhadores, se encaixa nesses dados.
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Diferente do que defende a grande imprensa, as UPPs estão longe de ser órgãos pacificadores para o combate ao tráfico nas comunidades. Pelo contrário. Não são poucos os exemplos da existência de acordos entre o crime organizado e amplos setores da polícia, inclusive em seu alto escalão.
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O uso cada vez mais freqüente de meios de comunicação “alternativos” (como os vídeos postados nas redes sociais) só tem servido para confirmar algo que os moradores das comunidades negras e pobres do Rio já conhecem há tempos: s UPPs se tornam verdadeiras máquinas de execução em massa, com seus fuzis voltados particularmente para a população negra.
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Uma simples busca na internet apresenta resultados que, literalmente, embrulham o estômago. São cenas de policiais agredindo mulheres, como o caso de um oficial da UPP espancando uma mulher negra sentada em um banco