Quem quer ajudar tem pressa

Ninguém mais acredita na ajuda do próximo. A ajuda desinteressada.

No mundo capitalista e individualista, gente, bicho e coisas se transformam em moedas de troca, e com juros.

Há uma diferença entre oblação (ato de oferecer a Deus), oferenda (aquilo que se oferece a qualquer ente, a qualquer instituição), e oferta (o ato de oferecer e também a coisa oferecida: lei da oferta e procura). Aqui se diz que todo homem tem seu preço.

O marketing dos publicitários criou várias datas para estimular a negociação de presentes (no dia das mães, dos pais, dos namorados e outros). Este ato consumista é mais uma questão de status econômico, exibicionismo, do que de amor maternal, filial, desde que há a espera de quem recebe, e uma latente cobrança.

Um presente verdadeiro não possui dia marcado, e tem que ser expontâneo, e não busca nenhuma vantagem.

Há mais prazer em dar do que em receber.

O presente de uma pessoa fraterna e pura não visa comprar ninguém. Constitui uma oferenda. Uma dádiva (a constatação de que existem pessoas generosas).

Brinde é coisa de um negociante para seus fregueses. Mimo, dos lobistas para uma autoridade. Donativo, uma compensação para fins beneficentes (bolsa família).

Esmola é um auxílio, um óbolo, se entrega às pessoas necessitadas. Mas hoje, egoísta e desumanamente,  se condena a esmola, porque supostamente vicia, e cria o parasita em uma economia que faz do salário um lucro para a empresa, que paga cada vez mais o mínimo do mínimo. Como se quem padece de fome e sede pudesse esperar nas filas do desemprego.

O papa Francisco fala para as periferias que ensinam a realidade.

“Gosto daquilo que me disseste: que a periferia tem um sentido negativo, mas também um sentido positivo. Sabes por que motivo? Porque juntos se entende melhor a realidade não a partir do centro, mas das periferias. Entende-se melhor. Também aquilo que tu disseste: tornar-se sentinela, não?”. O papa discursou para os padres que trabalham nas comunidadees pobres.

– o Pároco fez-me recordar algo de bonito sobre Nossa Senhora. Quando Nossa Senhora, assim que recebeu o anúncio que seria mãe de Jesus, e também o anúncio de que a sua prima Isabel estava grávida – como se lê no Evangelho – partiu à pressa; não esperou. Não disse: “Mas agora eu estou grávida, e devo cuidar da minha saúde. A minha prima terá amigas que talvez a ajudem”. Ela sentiu algo e “partiu à pressa”. É bonito pensar isto de Nossa Senhora, da nossa Mãe que vai à pressa, porque sente algo dentro de si: ajudar. Vai para ajudar, e não para se gloriar e dizer à prima: “Escuta, agora sou eu que mando, porque sou a Mãe de Deus!”. Não, não agiu deste modo. Partiu para ajudar! E Nossa Senhora é sempre assim. É a nossa Mãe, que vem sempre depressa quando nós precisamos dela.

Maria tinha 15 anos quando ficou grávida de Jesus. Isabel estava com uma idade bem avançada
Maria tinha 15 anos quando ficou grávida de Jesus. Isabel estava com uma idade bem avançada

–  Seria bonito acrescentar às Ladainhas de Nossa Senhora uma que reze assim: “Senhora que vai depressa, ora por nós!”. Isto é bonito, verdade? Porque Ela vai sempre à pressa, Ela não se esquece dos seus filhos. E quando os seus filhos se encontram em dificuldade, quando têm alguma necessidade e a invocam, Ela vem à pressa. E isto dá-nos uma segurança, a certeza de ter a Mãe ao lado, sempre ao nosso lado. Vamos, caminhamos melhor na vida quando temos a mãe próxima de nós. Pensemos nesta graça de Nossa Senhora, nesta graça que Ela nos concede: de estar próxima de nós, mas sem nos fazer esperar. Sempre! Ela existe – tenhamos confiança nisto – para nos ajudar. Nossa Senhora caminha sempre à pressa por nós. Ler mais Maria é a mãe que vem sempre apressadamente assistir os seus filhos

Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

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