Vox populi, vox Dei. Voz del pueblo, voz del cielo. Toda heresia precisa ser combatida: “Dieu s’exprime par le truchement du peuple, dont la volunté est sacrée; cette divinisation de l’expression populaire est propre aux démocraties absolues de droit divin”.
Certa estava a igreja medieval que proibia a leitura, pelo povo, dos livros sagrados.
Jango fez um plebiscito para anular o parlamentarismo que lhe foi imposto pelos militares, como condição para tomar posse com a renúncia de Jânio. Terminou exilado.
Na primeira eleição presidencial pós 64, a pergunta: qual o regime ideal: parlamentarismo, presidencialismo ou monarquia? Se o povo tivesse votado na volta do império de Pedro II, Fernando, o Collor, teria sido coroado rei.
A última consulta, para combater a violência: se as armas das agências de segurança e latifundiários deveriam ser made in Brazil ou importadas. O povo votou pela continuação do tráfico.
Metade da população possui um rendimento mensal máximo de 270 reais. As armas do povo sempre foram seus instrumentos de trabalho. As passeatas dos cortadores de cana com suas foices causam espanto e medo na imprensa golpista, desde os tempos das Ligas Camponesas de Francisco Julião.
“Das espadas farão relhas de arado, e das lanças forjarão foices”.
Tudo que for arma para o povo deve ser recolhido pela polícia.
Qualquer cartilha imperialista ensina: não existe revolução pelo voto. O resultado das urnas deve ser previsto, para evitar o remédio amargo de uma ditadura militar.
Plebiscito ou referendo como farsa. Jamais para as reformas de base, para auditar a dívida, para combater o enriquecimento ilícito.