Coronel Curió aprova mudança do nome de Stalingrado para Volvogrado

Operários retiran a estátua de Stalin na Geórgia, sua terra natal
Operários retiran a estátua de Stalin na Geórgia, sua terra natal

Fundada em 1589 com a designação de Tsarítsin, por ter se originado de uma fortaleza às margens do rio Tsaritsa. Em 1995 passou a se chamar Stalingrado, por decisão do XIV Congresso do Partido Comunista da União Soviética, para homenagear o então secretário-geral do partido, Josef Stalin, por ter derrotado nesta cidade, em 1920, à frente das tropas do Exército Vermelho, o general Anton Ivanovitch Denikin, comandante do Exército Branco.

Em fevereiro de 1956, após o processo de desestalinização posto em prática no governo de Nikita Khruschov, passou a se chamar Volgogrado, por decisão do XX Congresso do Partido Comunista da URSS.

Uma decisão festejada pelos militares do golpe de 1964 no Brasil, entre eles, o coronel Curió. Que realizaram campanha contra o que denominavam de ouro de Moscou, isto é, o inventado financiamento dos movimentos esquerdistas pelo Partido Comunista da União Soviética.

A troca do nome Stalingrado foi fácil, que Stalin morreu em 1953.

A STALINGRADO DE CURIÓ

Acontecerá o mesmo, cedo ou tarde, com Corionópolis, cidade assim denominada para homenagear o coronel Curió, que foi prefeito do município várias vezes, e continua usando o nome Corionópolis como propaganda política antecipada, violando toda e qualquer decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Pará e do Tribunal Superior Eleitoral.

O nome foi uma imposição do próprio Curió, nos tempos de chumbo. Ele manda no município como se a ditadura de 64 continuasse vigorando.

Não rezou na cartilha dele, qualquer  curionopolitano ou curionopolense está condenado à morte. Aconteceu com o líder sindical Antonio Clenio.

O município tem 17.769 habitantes. E Curió pretende se candidatar, novamente este ano. Uma cidade com poucos eleitores fica fácil de encabrestar, de cercar a boiada, e controlar os votos de curral.

O COMEÇO DO FEUDO

O Coronel Sebastião Rodrigues de Moura foi para o Pará como agente infiltrado, com o nome falso de Marco Antonio Luchini, um engenheiro florestal dos quadros do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Isso lhe permitiu o conhecimento das mais ticas terras que depois seriam de sua propriedade. Não se conhece a versão certa para o apelido Curió, que ele incorporou ao nome de pia. 

 Narra Luiz Carlos Antero:

Na versão divulgada pelo coronel Curió, “a estratégia de longo prazo traçada pelos comandantes da guerrilha para sustentar o território independente que os comunistas pretendiam criar, eram as minas de ouro, diamante, cristais e o manganês do subsolo das serras da confluência entre Pará, Tocantins e Maranhão”.

 Como parte de sua tarefa, ele ganhou uma cidade, de onde foi prefeito (e permaneceu ainda em 2008, resistindo à cassação que culminou um processo por abuso do poder econômico formulado pelo TSE). E persistiu semeando execuções. Depois de comandar as operações de extermínio no Araguaia, construiu um feudo econômico e político, exercendo até hoje forte influência na região conflagrada.

Curió fundou Curionópolis (PA), que se emancipou de Marabá em 1988, exercendo o primeiro mandato de prefeito após uma longa folha de serviços prestados ao regime numa região onde fez muitas vítimas entre os garimpeiros, mantendo-se indiferente a quaisquer sinais de mudança. Exemplo disso foi o assassinato de Antônio Clênio Cunha Lemos, então presidente do Singasp, em Curionópolis, na madrugada do dia 17 de novembro de 2002, com cinco tiros, dois dos quais na cabeça.


Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

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